Sophistique, performance, performatif

Autores

  • Barbara Cassin

DOI:

https://doi.org/10.47661/afcl.v3i6.16833

Palavras-chave:

performativo. tradução. logologia. sofística. retórica.

Resumo

Resumo:

“Como fazer coisas com palavras”, pergunta Austin. De certa forma, a sofística ou o discurso sofístico é o paradigma de um discurso que faz coisas com palavras. Não se trata, certamente, de uma simples ação “retórica” ou de um ato perlocutório que move os ouvintes por meio das pathê (paixões) ou toda sorte de emoções, tal como Platão tenta defini-lo. Não é, também, nenhum ato performativo ou ilocutório, como Austin o define (embora suas definições variem e se sobreponham), mas mesmo assim faz ou produz coisas, e possui o que eu chamo de um “effet-monde”. Tentarei retratar este effet monde, que é mais do que um simples efeito retórico de persuasão, a partir do embate primordial entre Górgias e Parmênides, entre logologia (palavra tomada emprestada a Novalis) e ontologia, entre epideixis e (apo)deixis.
A Comissão Truth and reconciliation [Verdade e Reconciliação] na África do Sul oferece-me um exemplo atual em que, para citar Desmond Tutu, “palavras, linguagem e retórica fazem coisas” -- contribuindo para o nascimento de um novo "rainbow-people" [povo arco-íris]. E a minha mais recente obra, uma peça de trabalho coletivo, o Vocabulaire Européen des Philosophies [Vocabulário Europeu de Filosofias], dicionário de termos intraduzíveis, mostrará algo como o impacto performativo da pluralidade de linguagens e línguas, criadoras de culturas e mundos. A relação entre performance e performatividade, bem como o lugar das pathé em meio a essa relação, começará, assim, a ser investigada.

Palavras-chave: performativo. tradução. logologia. sofística. retórica.

Abstract:

«How to do things with words», asks Austin. In a way, sophistics or sophistical discursivity is the paradigm of a discourse which does things with words. It is certainly not a simple « rhetorical » action or perlocutionary act, moving listeners via pathê and all kinds of emotions, as Plato tries to define it. It is neither a performative or illocutionary act, as Austin defines it (although his definitions do change and overlap), but nevertheless it does, or it makes, things, and have what I call an « effet-monde ». I shall try to depict this effet-monde, which is more than a simple rhetorical effect of persuasion by starting from the primary scene between Gorgias and Parmenides, between logology (a word borrowed to Novalis) and ontology, or epideixis and (apo)deixis. The Truth and reconciliation Commission in South Africa will provide me an actual example, where, to quote Desmond Tutu, words, language and rhetoric, does things» — contributing to the birth of the new rainbow-people. And my last piece of collective work, the European Vocabulary of Philosophies, dictionary of unstranslatable terms, will show something like the performative impact of plurality of languages and tongues, creating cultures and worlds. The relationship between performance and performativity, and the place of pathê within it, will thus begin to be investigated.

Keywords: performative. translation. logology. sophistics. rhetoric.

Publicado

2018-04-13

Edição

Seção

Artigos