ECOS COSTUMEIROS : ASPECTOS EM COMUNS DA PRÁTICA CREDITÍCIA ENTRE AS SOCIEDADES DE ANTIGO REGIME E CAPITALISTA
Resumo
O objetivo do presente artigo consiste em identificar e analisar aspectos característicos da lógica de funcionamento das sociedades pré-industriais de Antigo Regime presentes nas sociedades capitalistas atuais. Parte da hipótese de que algumas “práticas culturais” atinentes às relações creditícias atuais apresentam características da lógica de funcionamento das sociedades pré-industriais. Para tanto, o artigo se vale da análise de 100 entrevistas realizadas com comerciantes residentes no município de Três Rios que aturaram no mercado em algum momento entre a década de 1980 até os dias atuais. Na introdução do artigo, apresenta-se o aporte teórico e a metodologia empregados ao longo do texto. Posteriormente, passa-se à discussão, em viés comparativo, da lógica de funcionamento das sociedades pré-industriais de Antigo Regime vis-a-vis a capitalista, tendo como pano de fundo o debate sobre economia formal e economia substantiva. Posteriormente, o texto empreende uma breve contextualização da história econômica brasileira desde a década de 1970 até os dias atuais com o fito de fornecer a base necessária para a compreensão tanto do cenário no qual alguns entrevistados iniciaram seus negócios, como do quadro econômico atual – contexto no qual foram realizadas as entrevistas e em que muitos entrevistados ainda atuam. A seguir, o artigo realiza a análise dos dados em si, empreendendo o cotejamento da natureza da prática creditícia atual face à das sociedades pré-industrial de Antigo Regime. Por fim, conclui-se argumentando que determinados aspectos da prática creditícia de outrora podem ser encontrados na prática creditícia atual.
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