Mineração e reestruturação espacial em Moatize (Moçambique)

Autores

  • Frédéric Monié Universidade Federal do Rio de Janeiro [UFRJ]
  • Maria Daniele Carvalho Programa de Pós-graduação em Geografia (PPGG) da Universidade Federal do Rio de Janeiro

Palavras-chave:

Mineração, Extrativismo, Reestruturação espacial, Tete, Moçambique

Resumo

O século XX e o início do século XXI foram caracterizados por uma intensificação da exploração dos recursos naturais devido ao aumento global da demanda em energia e insumos industriais. Na África austral, os megaprojetos de mineração são tradicionalmente apresentados por seus promotores como vetores de crescimento econômico, progresso tecnológico e reestruturação espacial. Em Moçambique, os investimentos de grande porte realizados na prospecção, extração e escoamento do carvão mineral das minas de Moatize (Província de Tete) são legitimados por essa retórica desenvolvimentista. Autoridades moçambicanas, instituições internacionais e grandes corporações construíram a representação de um país transformado em global player do mercado mundial dos recursos energéticos no contexto de forte expansão da demanda em hard-commodities da década de 2000. Desde 2014, um novo cenário marcado pela queda do preço das matérias primas, por guerras comerciais e pela pandemia de novo Coronavírus abre, no entanto, um período de incertezas para os regimes de acumulação extrativistas.

Biografia do Autor

Frédéric Monié, Universidade Federal do Rio de Janeiro [UFRJ]

Professor do Departamento de Geografia e do Programa de Pós graduação em Geografia da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ;

Professor visitante da Escola Doutoral em Geografia da Universidade Pedagógica, Maputo, Moçambique

Coordenador do Grupo de Estudos Espaços e Sociedades na África subsaariana

 

Maria Daniele Carvalho, Programa de Pós-graduação em Geografia (PPGG) da Universidade Federal do Rio de Janeiro

Geógrafa formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Mestranda no Programa de Pós-graduação em Geografia (PPGG) da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Pesquisadora do Grupo de Estudos Espaços e Sociedades na África Subsaariana – GeoÁfrica.

Referências

BANCO MUNDIAL, Departamento de Desenvolvimento do Setor Financeiro e Privado, Região África. Perspectivas para os pólos de crescimento em Moçambique: Sumário do Relatório. In: Projecto de Desenvolvimento de um Sistema de Documentação e Partilha de Informação, [S.l.], p. 1-21, ago. 2010

BAYART, Jean François. El estado en África: la política del vientre. Barcelona: Ediciones Bellaterra, 2000

CASTEL-BRANCO, Carlos N. (2008). Os mega projectos em Moçambique. Que contributo para a economia nacional? Fórum da Sociedade Civil sobre Indústria Extractiva, Maputo, 27-28/11/2008

CASTEL-BRANCO, Carlos N. Growth, capital accumulation and economic porosity in Mozambique: social losses, private gains. Review of African Political Economy, 2015, pp. 526-548

CHIZENZA, Anselmo Panse. Mineração e conflito ambiental: disputas da implantação do megaprojeto da Vale na Bacia Carbonífera de Moatize, Moçambique. In: Dissertação (Mestre em Sociologia), Porto Alegre, 2016

COELHO, Maria Célia Nunes; MONTEIRO, Maurílio de Abreu. Mineração e reestruturação espacial da Amazônia. 1 ed. Belém: NAEA, 2007.p. 34

CORRÊA, R. L.. Região e Organização Espacial. São Paulo: Ática,2000.

EUSEBIO, Albino José; MAGALHÃES, Sonia Barbosa. Grandes projetos de mineração e direitos territoriais das comunidades locais em Moçambique. Novos Cadernos NAEA, v. 21, n. 1, 2018.

FEIJÓ, João; AGY, Aleia Rachide. Processos Migratórios, Trabalho Agrícola e Integração dos Mercados: Efeitos da Implementação de Grandes Projectos sobre Comunidades Camponesas. Desafios para Moçambique 2015, [S.l.], p. 271-308, ago. 2015. p. 285

GARCIA, Ana; KATO, Karina. Políticas públicas e interesses privados: a partir do corredor de Nacala em Moçambique. In: Caderno CRH, Salvador, v. 29, n. 76, p. 69-86, abr. 2016.

GERVAIS-LAMBONY, Philippe. L´Afrique du Sud et les Etats voisins. Paris: Armand Colin, 2013.

HUMAN RIGHTS WATCH. HRW. “O que é uma casa sem comida? O boom da mineração de carvão em Moçambique e o reassentamento”. In: EUA: Human Rights Watch, 2013. 141p

LAMAS, Isabella. Um caso de sucesso? Políticas neoliberais, setor extrativo e corporações privadas enquanto agentes de desenvolvimento em Moçambique. In: Revisa Crítica de Humanidades. Salvador/Recife, n. 45: 395-426.2018.

MONIÉ, F. Petróleo, industrialização e organização do espaço regional. In: PIQUET, R. (Org.).Petróleo, Royalties e Região. Rio de Janeiro: Garamond, 2003. p. 257-285.

MONIÉ, Frédéric. Dinâmicas institucionais, operacionais e espaciais do processo de modernização do sistema portuário brasileiro. In Silveira, Márcio Rogério; Fernandes Felipe Junior, Nelson: Circulação, Transportes e Logística no Brasil. Florianópolis, Editora Insular, pp.95-121, 2019

MOSCA, João; SELEMANE, Tomás. “Mega - Projectos no Meio Rural, Desenvolvimento do Território e Pobreza: O Caso de Tete”. In: Desafios para Moçambique 2012, [S.l.], p. 231-255

MOSCA, João; SELEMANE, Tomás. El Dorado Tete: os mega projetos de mineração. Maputo: CEDIMA, 2011

MUIANGA, Carlos. Investimentos, recursos naturais e desafios para Moçambique. In: CHICHAVA S. Desafios para Moçambique 2019. Maputo: IESE, 2019, pp.147-164.

OFFNER, Jean-Marc. Les «effets structurants» du transport: mythe politique, mystification scientifique. L´Espace Géographique, vol. 22, nº3, 1993, p.233-242

PIQUET, R. Da cana ao petróleo: uma região em mudança. In: PIQUET, R. (Org.). Petróleo, Royalties e Região. Rio de Janeiro: Garamond, 2003. p. 3

SANTOS CUAMBE, Inês Selça dos. Análise da dinâmica sócioambiental em áreas de mineração: um estudo da exploração do carvão mineral em Moatize, Tete -Moçambique. Dissertação de mestrado, Programa de Pós-Graduação em Planejamento Urbano e Regional, Universidade do Vale do Paraíba, São José dos Campos, 2016.

SANTOS, M. A natureza do espaço. Técnica e tempo. Razão e emoção. São Paulo: Hucitec, 1996.p.63

SOUTHALL, Roger; MELBER, Henning. A new scramble for Africa? Imperialism, Investment and Development. Scottsville: University of Kwazulu-Natal Press, 2009.

Downloads

Publicado

2020-09-11

Edição

Seção

Dossiê