ARTIGOS

 

O ato de brincar na clínica com crianças psicóticas

 

The act of playing in the clinic with psychotic children

 

El acto de jugar en la clínica con niños psicóticos

 

 

Iasmyn Cerutti RangelI; Ana Augusta Wanderley Rodrigues de MirandaII

IMagíster en Psicoanálisis. Universidad John F. Kennedy (UK). Buenos Aires. Argentina. https://orcid.org/0000-0002-3706-4417
IIDocente. Departamento de Psicologia. Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Vitória. Estado do Espírito Santo. Brasil. https://orcid.org/0000-0002-9526-6682

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

O ato de brincar é universal e traz muitos benefícios para as crianças, como a facilitação de seu crescimento e da sua interação com seus pares. Além disso, a brincadeira pode ser usada dentro da clínica como forma de expressão e comunicação da criança, inclusive daquelas consideradas psicóticas. Na psicose, ocorre uma ausência de articulação simbólica e o imaginário aparece de forma hipertrofiada e despedaçada, dessa forma, a brincadeira para essas crianças aparece com muitas especificidades. Este artigo busca estudar, por meio de uma análise teórica sobre o tema, como se dá o ato de brincar para uma criança psicótica, bem como suas características e sua importância para a clínica dessas crianças.

Palavras-chave: Criança; Psicose; Saúde Mental; Brincar.


ABSTRACT

Play is universal and brings many benefits to children in general, such as facilitating their growth and interaction with other kids. In addition, play can be used in the psychologist's office as a form of expression and communication of children, including those considered psychotic. In psychosis, there is an absence of symbolic articulation, and the imaginary appears hypertrophied and shattered; therefore, play for psychotic kids appears with much specificity. This article seeks to study, per a theoretical analysis on the subject, what means play for a psychotic child as well as the characteristics and the importance of this in the psychological treatment of psychotic kids.

Keywords: Child; Psychosis; Mental Health; Play.


RESUMEN

El acto de jugar es universal y trae muchos beneficios para los niños, como la facilitación de su crecimiento y su interacción con otros niños. Además, el juego puede ser utilizado dentro de la clínica como forma de expresión y comunicación del niño, incluso de aquellos considerados psicóticos. En la psicosis, ocurre una ausencia de articulación simbólica y el imaginario aparece de forma hipertrofiada y despedazada, de esa forma, el juego para esos niños aparece con muchas especificidades. Este artículo busca estudiar, por medio de un análisis teórico sobre el tema, cómo se da el acto de jugar para un niño psicótico, así como sus características y su importancia para la clínica de estos niños.

Palabras clave: Niño; Psicosis, Salud Mental; Jugar.


 

 

Introdução

O ato de brincar é universal e próprio dos estados de saúde das crianças, uma vez que facilita seu crescimento e conduz aos relacionamentos com seus pares. Outro fator de importância para a brincadeira é que ela pode ser usada como forma de expressão na psicoterapia (Winnicott, 1975), inclusive com crianças psicóticas. Entretanto, o ato de brincar para estas crianças apresenta algumas especificidades, que este artigo busca analisar por meio de um caminho que vai dos estudos a respeito do ato de brincar, passa pela estruturação do sujeito e a articulação simbólica na psicose e desemboca na repercussão de tais especificidades na clínica com essas crianças.

Freud (1908/1996) considera a brincadeira, juntamente com os jogos, a ocupação favorita e mais intensa da criança, na qual ela é capaz de criar um mundo próprio, onde pode reajustar os elementos de seu mundo de forma que lhe agrade. Winnicott (1975) chega a afirmar que a psicanálise foi desenvolvida como uma forma de brincar a serviço da comunicação com os outros e consigo mesmo.

Para Lacan (1956-1957/1995), as crianças não precisam que lhes sejam dados os brinquedos, pois os criam a partir de tudo que lhes cai nas mãos. Catão (2009) afirma que o brinquedo não é o objeto em si, mas o uso que é feito dele nas encenações infantis. Quando cresce e para de brincar, a pessoa só abdica de objetos reais e substitui a brincadeira pela fantasia (Freud, 1908/1996).

A criança começa a brincar entre seis e dezoito meses, quando passa a reconhecer seu corpo e os limites dele. É na experimentação de gestos lúdicos que a criança vai criando para si uma imagem de corpo que antes ela não tinha e, conhecendo os limites de seu corpo, passa a compreender o que faz parte dele e o que não faz, adquirindo, assim, ao mesmo tempo, uma imagem do mundo ao seu redor (Lacan, 1949/1998).

Nos casos de psicose, a imagem de corpo não é formada completamente, encontra-se hipertrofiada e despedaçada devido à ausência da articulação simbólica que amarre os três registros lacanianos - real, simbólico e imaginário (Souza, 1999). Essa ausência rouba do sujeito a realidade psíquica enquanto experiência e vem se instalar nesse lugar, uma outra realidade, que Souza (1999) apresenta como estranha e extravagante e que é compreendida pela autora como um recurso da estrutura face à carência dessas amarras simbólicas.

O ato de brincar, assim, para uma criança psicótica reflete essa aparente ausência de fantasias (Soares, 2008). Em "O seminário, Livro 3: As psicoses" (1955-1956/ 1985), Lacan afirma que, previamente a qualquer simbolização, é possível que uma parte da simbolização não se faça. Acrescenta que essa anterioridade não é cronológica e sim lógica. "Assim, pode acontecer que alguma coisa de primordial quanto ao ser do sujeito não entre na simbolização, e seja não recalcado, mas rejeitado" (Lacan, 1955-1956/ 1985, p. 97). Segue o autor mencionando uma brincadeira praticada por crianças muito pequenas, de fazer desaparecer e reaparecer o objeto, repetidamente. Essa mesma brincadeira é mencionada por Freud em "Além do princípio de prazer" (1920/1989), a partir da observação que faz de seu neto de dezoito meses, tema que retomaremos mais detalhadamente à frente.

Para ambos os psicanalistas, esse modo de brincar indica a inserção da criança no campo da palavra. Freud afirma que a função de tal brincadeira para a criança é a de representar as ausências e os retornos de sua mãe, já Lacan afirma ser um exercício da apreensão do símbolo e que é importante lembrar que o símbolo já está aí presente antes da inserção que cada sujeito faz nele. Todos estamos imersos no mundo simbólico, mas "na relação do sujeito com o símbolo, há a possibilidade de uma Verwerfung primitiva, ou seja, que alguma coisa não seja simbolizada, que vai se manter no real" (Lacan, 1955-1956/2008, p.100 ). É o que ocorre no caso dos psicóticos.

Para Soares (2008), essas crianças trazem muitas particularidades em seu ato de brincar, como a dificuldade em estabelecer a borda entre a realidade e a fantasia e a narrativa reduzida, sem muitas variações de cena. E são essas particularidades que este artigo busca estudar e demonstrar por meio de uma análise da teoria psicanalítica a respeito do tema, além de abordar os efeitos dessas particularidades na clínica com crianças psicóticas.

 

Sobre o brincar na psicose

O ato de brincar é importante devido a dois aspectos: está implicado na constituição do sujeito e na sua inscrição na ordem simbólica e cultural e ele também é uma forma de expressão na infância. A criança está sempre a brincar. Dolto (1999) afirma que uma criança saudável é uma criança que se ocupa de forma divertida com qualquer coisa e explora tudo que está em seu alcance. Segundo a autora, "privar uma criança de brincar significa privá-la do prazer de viver (Dolto, 1999, p. 110)".

Como trazido anteriormente, o brinquedo e os jogos constituem a ocupação favorita e mais intensa da criança. É por meio desses que a criança cria um mundo próprio ao reajustar os elementos de seu mundo de forma que lhe agrade. Esse mundo próprio é levado bastante a sério e nele é dispensada muita emoção (Freud, 1908/1996). Ao brincar, a criança habita uma área que não pode ser facilmente abandonada, nem invadida. Ela traz para essa área de brincadeira objetos provenientes da realidade externa e usa-os a serviço de algo da realidade interna ou pessoal (Winnicott, 1975).

Apesar de toda a emoção despendida no mundo da brincadeira, essa não é confundida com a realidade, tanto que a criança faz a ligação entre os objetos e as situações imaginadas com o que é tangível e visível no mundo real. Essa conexão é o que diferencia o brincar infantil do fantasiar. Por exemplo, Freud (1908/1996) apresenta a fantasia como a correção de uma realidade insatisfatória que, geralmente, os adultos tentam ocultar por considerarem-na infantil e proibida, como um jovem a caminho de uma entrevista de emprego que, durante seu percurso, fantasia a respeito de seu sucesso na empresa procurada, sua futura promoção e até mesmo seu casamento com a filha do chefe. Já com o brincar, a criança satisfaz um desejo que auxilia no seu desenvolvimento, o de ser grande e adulto. Para o autor, a criança está sempre brincando de ser adulto, ou seja, imitando em seus jogos aquilo que conhece da vida dos mais velhos, como a criança que brinca de ser mãe de suas bonecas ou de dirigir o carro de brinquedo até o trabalho. O brincar tem um lugar e um tempo, não é dentro e nem fora, portanto, não faz parte do mundo repudiado do não eu, do mundo externo fora de controle. Para controlar o que é exterior há de se fazer coisas, não basta apenas pensar ou desejar, à vista disso, o autor declara que brincar é fazer.

Freud (1920/1996), ao analisar a primeira brincadeira de um menino de um ano e meio, observou que o menino brincava com um carretel lançando-o com uma expressão de interesse e satisfação (fort, em alemão, significa "ir embora") para, em seguida, puxá-lo saudando seu aparecimento (da, em alemão, significa "ali"). A brincadeira, então, se constituía em desaparecimento e retorno. Para o médico austríaco, esse jogo estava relacionado à realização cultural da criança, o carretel seria uma representação materna e a realização seria deixá-la ir embora sem protestar. Dessa forma, inicialmente a criança assume uma posição passiva, sendo dominada pela experiência (ausência da mãe), todavia, ao repeti-la por meio do jogo assume uma posição ativa e, fazendo isso, pode dominar tal experiência.

Essa relação de presença-ausência aparece para o sujeito no registro do apelo, quando ele chama o objeto materno em sua ausência por meio de uma vocalização. O apelo, nesse caso, mostra o começo da ordem simbólica para o sujeito, uma vez que permite evidenciar um elemento diverso da relação de objeto real. Ao chamar a mãe ausente, surge para o sujeito a possibilidade de estabelecer uma relação do objeto real, mãe, com as marcas ou traços que dele restam. Ou seja, oferece ao sujeito a condição de conciliar a relação real com a relação simbólica, a relação do objeto materno com sua simbolização em sua ausência (Lacan, 1956-1957/1995). O elemento presença-ausência, entretanto, por si só não é o bastante para constituir a ordem simbólica, uma vez que uma série de acontecimentos subsequentes é necessária. Todavia, ele fornece a condição fundamental para o nascimento de tal ordem (Lacan, 1956-1957/1995).

O jogo do fort-da demonstra a relação do sujeito com a linguagem, na qual algo se perde e é recuperado de outra forma. Durante o desenvolvimento do jogo, um objeto é criado pela criança e lhe permite simbolizar a ausência da mãe (Miranda & Cohen, 2013). Dessa maneira, o jogo está estreitamente associado ao aprendizado da linguagem que vai além do sentido de fala, é a linguagem do código de gestos e comportamentos. O jogo com objetos está relacionado à inteligência de si mesmo e do mundo ao redor. É mediante ele que a função simbólica constrói redes entre a realidade concreta das experiências de manipulação do corpo e as vivências mentais interindividuais (Dolto, 1999). A criança é constituída por meio e a partir do brincar (Catão, 2009).

A criança começa a brincar entre seis e dezoito meses de vida, quando inicia o processo de reconhecimento de seu corpo e dos limites dele. A imagem do corpo próprio, ao ser adquirida, repercute em uma série de gestos lúdicos que a criança experimenta com seu corpo e com as outras pessoas, ou seja, com os objetos existentes próximos a ela (Lacan, 1949/1998). Dessa forma, antes de se abordar as particularidades do ato de brincar nas crianças psicóticas, faz-se necessário um caminho que perpasse o desenvolvimento da imagem de si e do mundo.

Para encontrar sua identidade, seu lugar no mundo, ou simplesmente existir, a criança necessita colocar ordem naquilo que, no começo, parece-lhe puro caos. A criança nasce e se insere num mundo formado por tantos signos e significações que a forma por ela encontrada para dar sentido a esse mundo que ela habita é, em primeiro lugar, dar sentido a seu próprio corpo. E é a partir das etapas da chamada construção narcísica primária que a criança pequena começa a construir sua imagem, habitar, amar seu corpo e torná-lo seu. Essa imagem construída ainda não é a imagem especular, e sim uma imagem inconsciente do corpo, e essa fase está situada antes da fase do espelho (Cordié, 2005).

As questões concernentes à formação do eu e suas relações com os objetos são trazidas por Freud em sua teoria a respeito do narcisismo. Para ele, o narcisismo é um estágio de desenvolvimento da libido posicionado entre o autoerotismo e o amor objetal. Para Freud (1911/1996), o que acontece é que chega uma ocasião do desenvolvimento do indivíduo na qual ele reúne suas pulsões sexuais com o intuito de conseguir um objeto amoroso e o primeiro objeto a ser escolhido é seu próprio corpo. É apenas posteriormente que esse objeto de amor deixa de ser seu corpo e passa a ser outra pessoa. Por isso se diz que está entre essas duas etapas, quando o objeto é o próprio corpo se constitui a fase do autoerotismo; já quando o objeto passa a ser outra pessoa é que se estabelece a fase do amor objetal.

O desenvolvimento do ego depende de um afastamento da fase autoerótica, mas o que torna necessário afastar a libido do próprio corpo e ligá-la a objetos externos? Freud, em seu texto "Sobre o narcisismo: uma introdução" (Freud, 1914/1996), afirma que é o desprazer provocado pelo acúmulo de libido represada no ego que provoca um grau elevado de tensão e faz com que a libido precise ser investida em outros objetos diferentes.

A libido tem sua origem no ego e é a partir dele que ela se estende para os objetos (Freud, 1920/1996). Freud aponta a libido como uma força de quantidade variável que pode mensurar os processos e transformações ocorrentes na esfera da excitação sexual. Essa excitação sexual não é fornecida apenas pelas partes sexuais, e sim pelo corpo como um todo (Freud, 1905/1996).

Essa libido, quando não está investida em objetos externos ao corpo e nem está sendo substituída pela fantasia, forma uma das características fundamentais da psicose, trazida por Freud (1914/1996) como um desvio de interesse do mundo externo. Para ele, nos casos de psicose, os pacientes aparecem com a sua libido desviada de pessoas e coisas do mundo externo. Ao contrário de pacientes que sofrem de histeria ou de neurose obsessiva que, durante a persistência da doença, desistem de sua relação com a realidade, mas de modo algum cortam suas relações com as pessoas e as coisas, uma vez que as retêm na fantasia.

A retirada libidinal de sua função de investir no mundo dos objetos é trabalhada por Freud como o mecanismo responsável pela estruturação de dois tipos clínicos, a paranoia e a esquizofrenia (Souza, 1999). Para Souza (1999), esse recuo é radical ao nível de culminar no autoerotismo e produzir a esquizofrenia ou, interrompendo-se antes, no narcisismo e determinar a estrutura paranoica. Nesta, a libido, após ter sido retirada do objeto, vincula-se ao ego e é utilizada para o seu engrandecimento. "Faz-se assim um retorno ao estádio do narcisismo, no qual o único objeto sexual de uma pessoa é seu próprio ego" (Freud, 1911/1996, p. 79).

A questão do ego, para Lacan (1955-1956/2008), é primordial no caso das psicoses, uma vez que ele é posto fora de ação em sua função de relação com os objetos do mundo exterior. Entretanto, o ego não existe no indivíduo desde o começo, ele precisa ser desenvolvido. Para tal, como trazido anteriormente, é necessário que algo seja adicionado ao autoerotismo de modo a organizar uma imagem de corpo próprio. Ou seja, é necessário que ocorra uma nova ação psíquica a fim de dar continuidade ao desenvolvimento do sujeito (Freud, 1914/1996). Essa nova ação psíquica estruturante do ego foi proposta por Lacan em sua tese a respeito da fase do espelho (Souza, 1999).

A fase do espelho é uma teoria de como se dá a organização imaginária do sujeito, de como se forma o eu (Souza, 1999). É, para Lacan (1953-1954/2009), a primeira vez na qual o homem se vê e se concebe enquanto corpo, instância necessária para estruturar toda sua vida de fantasia. Cordié (2005) apresenta o seguinte sobre essa fase:

Quando Lacan inventa a "fase do espelho", refere-se à descoberta que a criança faz de sua imagem no espelho entre oito e dezoito meses e ao reconhecimento feliz dessa imagem como sendo a sua. Lacan faz desse momento uma etapa essencial no desenvolvimento do sujeito; é o momento em que a criança pequena se apreende numa imagem unificada de si mesma, uma vez que, até então, tinha uma visão fragmentada de seu corpo, podendo perceber apenas seus membros e seu sexo, seu rosto permanecendo desconhecido para ela (p.73).

A visão do corpo enquanto forma total permite ao ser um domínio imaginário de seu corpo, domínio esse anterior ao domínio real. O eu humano se constitui embasado na relação imaginária (Lacan, 1953-1954/2009). Tudo que se relaciona ao eu está inscrito nas instâncias imaginárias (Cordié, 2005).

Essa fase tem sua importância, pois demarca o momento no qual a criança se volta para o adulto que está próximo e lhe demanda um olhar que confirme isso que ela percebe no espelho, a assunção de uma imagem de domínio do corpo. É uma demanda de reconhecimento pelo Outro1 da imagem especular da criança (Laznick, 1991). Assim, o outro traz consigo um valor cativante, dado que representa a imagem unitária tal como é percebida, tanto no espelho, como enquanto realidade do semelhante (Lacan, 1953-1954/2009). Para Laznick (1991), a não instauração apropriada do estágio do espelho representa a não assunção jubilatória perante sua própria imagem, ou a não demanda de reconhecimento por parte do Outro.

O outro na fase do espelho é aquele cuja imagem ao mesmo tempo fixa o ser enquanto eu e o aliena enquanto outro. Sua imagem é aquela na qual o sujeito se reconhece, se deixa cativar e se identifica, visto que essa imagem lhe suscita um sentimento de si pelo qual este se encontra fascinado (Souza, 1999). É essa identificação com o outro que permite ao ser humano situar sua relação imaginária e libidinal com o mundo em geral. O próprio investimento libidinal está ligado a essa identificação, visto que um objeto se torna desejável a partir do momento que se confunde com a imagem que os seres carregam de si mesmos e do mundo ao seu redor (Lacan, 1953-1954/2009).

É através dessa identificação com a imago do semelhante que é possível, ao fim do estágio do espelho, o início, para o sujeito, da inscrição em situações socialmente elaboradas. É nesse momento, no qual o saber humano passa a ser mediado pelo desejo do outro, que o ser começa a construir seus objetos numa equivalência abstrata pela concorrência de outros, o que torna seus impulsos de desejo perigosos para si, sendo necessário sempre estar mediado pela cultura (Lacan, 1949/1998). É a mediação da lei da cultura que barra o sujeito em seu ímpeto de competir por objetos, já que seus objetos são os objetos de desejo do outro.

Dessa forma, a regulação do imaginário depende da ligação simbólica entre os seres humanos. Lacan (1953-1954/2009) explica a relação simbólica ao afirmar que ela se dá na troca de símbolos entre os indivíduos, ou seja, é por intermédio da lei que se define o sujeito. É tal função que define o grau de completude, de perfeição do imaginário.

Os três registros - Real, Simbólico e Imaginário - são trazidos por Lacan (1953) em seu discurso para a Société Française de Psychanalyse como sendo distintos entre si, porém, essenciais para a realidade humana. Na psicose, esses três registros aparecem de forma particular, todavia, para abordar o ato de brincar nessa estrutura, nas linhas seguintes será feita uma explanação a respeito dos dois últimos registros e, em seguida, será discutido como eles aparecem na brincadeira de crianças psicóticas.

Como tratado anteriormente, o imaginário surge a partir do estágio do espelho, fase na qual o sujeito assume uma imagem de si, uma imagem total de seu corpo. É essa relação imaginária que fornece a base sobre a qual o eu humano se constitui (Lacan, 1949/1998). Lacan (1955-1956/2008), em "O seminário, Livro 3: As psicoses", explica o campo do imaginário da seguinte forma:

A relação ao corpo próprio caracteriza no homem o campo no fim de contas reduzido, mas verdadeiramente irredutível, do imaginário. Se alguma coisa corresponde no homem à função imaginária tal como ela opera no animal, é tudo que o relaciona de uma maneira eletiva, mas sempre tão pouco apreensível quanto possível, à forma geral de seu corpo em que tal ponto é dito zona erógena (p. 20).

O imaginário é a ordem constituída pelas imagens e pela libido, lugar onde nasce o eu e sua imagem corporal (Souza, 1999). Onde se abre a possibilidade de diferenciar esse eu do que é não eu e, assim, impor um limite ao corpo (Faria, 2011). Corpo esse que é a referência central para a instância imaginária, uma vez que essa instância está ligada à forma e à consistência do corpo próprio e tudo aquilo de libidinal e de erótico que se organiza e está relacionado a ele (Souza, 1999).

Visto que o imaginário se constitui a partir do estágio do espelho, fase na qual a criança se vê cativada pelo outro, pois ele representa a imagem unitária tal como é percebida, ele se liga diretamente à psicose, pois é o mecanismo imaginário que dá forma à alienação psicótica, "a alienação é o imaginário enquanto tal" (Lacan, 1955-1956/2008, p. 174). Ou seja, nas psicoses, o sujeito é capturado pelo outro, ele fica preso ao valor cativante do outro pelo qual adquiriu fascínio durante a fase do espelho, não conseguindo se separar por completo de suas garras para dar continuidade ao desenvolvimento do ego.

Para Souza (1999), o imaginário aparece na psicose de forma hipertrofiada, como no fragmento a seguir:

A ausência da articulação simbólica que, como um nó, amarre e suporte os três registros - real, simbólico e imaginário - usurpa do sujeito a experiência da realidade psíquica, e nesse lugar usurpado, uma outra realidade vem agora se instalar. Realidade estranha, não raro extravagante, produzida por uma hipertrofia do imaginário, recurso da estrutura face à carência de amarras simbólicas (p. 33).

Quando essa hipertrofia do imaginário aparece, vem de forma violenta e avassaladora, levando o sujeito ao desmoronamento de seus pontos de referência, destruindo seu equilíbrio e levando à falência os seus recursos de significação. Esse se constitui o momento de desencadeamento da psicose, do delírio (Souza, 1999). O delírio, para Santos e Oliveira (2012), caracteriza-se por uma proliferação de elementos imaginários em substituição a uma realidade desprovida de significação simbólica. Para Freud (1924/1996), o delírio seria uma tentativa de remodelamento da realidade, de fazer um remendo que tampasse o buraco existente na relação do ego do psicótico com o mundo externo.

Entretanto, ao mesmo tempo em que o imaginário aparece no psicótico de forma hipertrofiada, ele não cumpre, nesses sujeitos, sua função principal: compor uma imagem constituinte de si, um corpo. Nesse caso, o corpo aparece feito em pedaços, estilhaçado, como descrito na fase anterior ao estágio do espelho, a fase narcísica. Dessa forma, não ocorre uma identificação resolutiva entre o eu e o outro, mas sim uma identificação precária à imagem do duplo, propícia ao dilaceramento e à aniquilação (Souza, 1999).

O sujeito, pelo fato de não conseguir restabelecer de maneira alguma a relação com o outro, por não haver a mediação simbólica, entra em outro modo de mediação, uma substituição por algo completamente diferente que é a proliferação do imaginário. Uma mediação deformada e profundamente a-simbólica, porém, nesse caso, é a mediação possível (Lacan, 1955-1956/2008).

Dessa forma, o campo simbólico também se encontra comprometido no caso das psicoses, visto que há uma etapa na estruturação do sujeito na qual uma parte da simbolização não se faz, ou seja, alguma coisa primordial do ser do sujeito não entra na simbolização (Lacan, 1955-1956/2008).

Mas, o que vem a ser o simbólico? Lacan (1953) o descreve como a estrutura mesma da linguagem, são os símbolos organizados na linguagem. É o que está além de toda a compreensão e, ao mesmo tempo, a estrutura na qual toda a compreensão está inserida. É o responsável por mediar as relações humanas e inter-humanas (Lacan, 1955-1956/2008). Instância psíquica na qual se instaura a Lei, a lei da cultura, a lei da diferenciação dos sexos, a lei da linguagem, a lei dos símbolos e dos significados.

As consequências da ausência dessa Lei aparecem no discurso psicótico de forma devastadora. O sujeito fica sem rumo nem prumo, sem referência, perde-se numa avalanche de significações sem se contentar com nenhuma delas. O excesso e a falta irrompem como termos entrelaçados, homogêneos, que testemunham a catástrofe que se abateu sobre a relação do sujeito com a linguagem. As palavras se transformam em coisas, perdem o sentido. Tudo se mistura, vozes, ruídos e palavras, e invade o corpo (Souza, 1999).

Todas essas características repercutem no ato de brincar das crianças psicóticas, principalmente porque o ato de brincar pode ser pensado dentro dos dois registros lacanianos explícitos - Simbólico e Imaginário - da seguinte forma: o brincar e o brinquedo são representantes da malha discursiva e, assim, fazem parte do plano simbólico; bem como o corpo da criança, elemento do imaginário, que assume função de brinquedo e ocupa espaço dentro da fantasia (Cohen, 2006). Nas crianças psicóticas, nas quais os planos imaginário e simbólico se encontram comprometidos, a brincadeira existe, porém, apresenta algumas particularidades, como a dificuldade de manipular as bordas entre fantasia e realidade e a narrativa reduzida, sem ampliação de cena e quase sem variação de contexto da brincadeira (Soares, 2008).

Nas crianças psicóticas, o imaginário não consegue realizar de forma plena sua função de limitar o corpo. Não há uma imagem formada de si, não há delimitação de separação entre eu e não eu. Dessa forma, sem essa formação completa de uma imago, a criança não alcança a borda entre fantasia e realidade em suas brincadeiras, uma vez que para Lacan (1949/1998), é função dessa imago de corpo estabelecer uma relação com o mundo ao redor e encontrar os limites reais dele. Outro fator decisivo para essa característica da brincadeira de crianças psicóticas é o imaginário hipertrofiado e funcionando como mediação substituta para a mediação simbólica ausente, o que traz a proliferação dos elementos desse registro para a realidade da criança. A relação com os brinquedos pode, por vezes, invadir o sujeito pela via alucinatória. Imaginemos o caso em que uma criança psicótica brinca com animais de brinquedo e, depois, relata que eles a estão perseguindo ou, em uma crise catatônica, assume a posição de um desses animais.

Outra característica que pode ser observada na brincadeira de algumas crianças psicóticas é a narrativa reduzida, sem ampliação de cena e quase sem variação de contexto apresentada acima, ela é exemplificada por Soares (2008) no seguinte fragmento a respeito de um caso de uma criança psicótica a qual a autora atendia:

"Vamos brincar da brincadeira do caminhão?" Pergunta Enos tão logo me vê chegar à instituição. A brincadeira do caminhão, que brincávamos durante o intervalo do almoço, consistia mais ou menos no seguinte roteiro: motorista e copiloto chegam a uma cidade, estacionam o caminhão e saem para cumprimentar os personagens, imaginados: "bonjour Madame, bonjour Monsieur; aurevoir Madame, aurevoir Monsieur". Em seguida, motorista e copiloto voltam para o caminhão e partem para outra vila, alternando-se na direção. Recomeçava, então, a mesma história, que se repetia inúmeras vezes (p. 166).

A árdua relação que as crianças psicóticas têm com o simbólico torna difícil a metaforização de representantes que tornem a brincadeira rica em signos e significados capazes de dar sentido a um enredo necessário e rico à brincadeira. O ato de brincar, assim, acaba por se tornar repetitivo, como no fragmento acima ou em casos de crianças que repetem a mesma ação, como tirar todos os brinquedos da caixa para guardá-los após um espaço curto de tempo, sem montar um enredo para os brinquedos retirados.

Para Soares (2008), essa perda do componente simbólico nessas crianças compromete inclusive o jogo de ausência/presença da brincadeira do fort-da2, uma vez que o objeto real não é simbolizado. Assim, para essa autora, na brincadeira com o carretel, ele não seria um objeto metafórico que simboliza uma ausência, mas apenas um objeto em si, com suas propriedades físicas de carretel. A criança psicótica não veria no carretel a simbolização da ausência do objeto materno, como na brincadeira observada por Freud, mas apenas o objeto físico, o carretel em si.

Além disso, a relação simbólica, aquela que se dá na troca de símbolos entre os indivíduos e aproxima-os das situações socialmente elaboradas, ao estar comprometida, prejudica também o relacionamento com os pares, e torna problemático o brincar com o outro. As crianças podem repetir ações como acender e apagar a luz, ou rir sem uma explicação aparente, ou imitar gestos e trejeitos animais, todas essas ações/brincadeiras elas o fazem sem recorrer à participação do outro. Essa característica foi trazida por Freud (1914/1996; 1911/1996), como uma das principais da psicose, ao afirmar que esses pacientes aparecem com a sua libido desviada de pessoas e coisas do mundo externo e se voltam para seu próprio ego, para o estágio do narcisismo, como explicado anteriormente.

Todas essas particularidades mostram que o brincar é fundamental na clínica de todas as crianças, inclusive das psicóticas. Catão (2009) declara que o brincar não é apenas o modo de dizer da criança, mas na clínica precoce permite ao psicanalista diagnosticar como está se dando a organização psíquica do pequeno paciente.

A brincadeira se constitui enquanto forma de expressão para as crianças. Para Elia (2004), toda produção do campo do sentido é da ordem simbólica: os gestos, as expressões da face e do corpo, a dança, os desenhos, o brincar. Para ele, o domínio do campo verbal não é uma conquista do desenvolvimento cognitivo, mas, uma condição inerente ao falante e, uma vez que os psicóticos também estão imersos nesse mundo simbólico, é possível que se faça uma tentativa de clínica com esses pacientes.

Com as crianças psicóticas não seria diferente. Uma vez imersas no mundo simbólico, mesmo havendo um comprometimento de sua relação com tal mundo, ainda assim, essas crianças usam todos os mecanismos ao seu alcance para se expressar, inclusive a brincadeira, mesmo cercada de todas as especificidades explicitadas acima.

Mirada e Cohen (2013) apontam que o brincar surge como discurso e o importante é o que a criança constrói em seu jogo e não o significado em si, como no fragmento a seguir:

Brincar é discurso e, como tal, promove o enlace entre o brincar e a palavra e, por isso mesmo, na clínica, não se trata de dar um sentido ao brincar, não se trata de interpretá-lo. Assim como um sonho, o brincar já é uma interpretação [...] o que interessa no brincar é o modo como a criança constrói e/ou reconstrói a realidade. Associado a isso, é oportuno notar o que verbaliza enquanto brinca e qual o sentido daquele brincar para aquela criança. Se entre o mundo chamado de "realidade" e o mundo da fantasia, que para psicanálise é da mesma ordem, já que toda realidade é psíquica, para Freud, existe uma correspondência ou uma diferença qualquer, esta deve ser procurada no trajeto que vai do ato de brincar à palavra (p. 212).

Nesse sentido, para as crianças psicóticas, as quais muitas vezes a relação com a linguagem se caracteriza pela fragmentação, com palavras soltas e frases cortadas, o ato de brincar se torna ferramenta fundamental de expressão e de comunicação e pode caracterizar uma tentativa de manejar a realidade sem cair no extremo delirante e, dessa forma, pode ser usado na clínica de tais crianças.

 

Conclusão

O ato de brincar é característico da infância, as crianças brincam, se divertem e, ao fazê-lo, dão um poderoso passo na direção de sua constituição enquanto sujeito. O brincar é importante para seu desenvolvimento, para o desenvolvimento de uma imagem de si e do mundo, de um corpo e dos relacionamentos sociais. Ao brincar a criança expressa e elabora seu mundo, seus objetos, seus desejos, sua vida. Ela se constitui a partir e por meio do brincar, é por meio dele que ela assimila e apreende a linguagem, a cultura, os códigos de comportamentos e de gestos. Mesmo que já nasça envolvida pelo mundo simbólico, a criança necessita de ações lúdicas para dar sentido ao mundo ao seu redor e a si mesma.

O brincar como fato universal aparece ainda na análise enquanto forma privilegiada de expressão da infância. Desse modo, mesmo em casos de psicose, o analista se torna peça importante, pois também faz parte do contexto no qual a criança está inserida, também faz parte do mundo simbólico e, ainda, permite à criança se expressar da forma que lhe convém, sem lhe impor as barreiras de uma interpretação fechada que implicaria uma relação de causa e efeito nos atos da criança. Já que o que interessa no ato de brincar não é o sentido do mesmo, mas a forma como a criança constrói através dele o mundo no qual habita, no caso das psicoses, essa característica se torna ainda mais importante, visto que suas relações com o mundo real são bastante complexas como trazido nesse artigo. Sendo assim, há uma interpretação a ser feita pelo analista, mas não para atribuir um sentido ao ato de brincar e as ações das crianças, e sim para fazer falar o sujeito do inconsciente.

Dessa forma, não se trata de dar um sentido ao brincar, mas de permitir que a criança brinque e, com isso, se expresse e elabore seu mundo. Afinal, é característica fundamental da experiência analítica a possibilidade de dar lugar ao sujeito por meio da escuta do mesmo. E, no caso das crianças psicóticas, permitir-lhes a possibilidade de ocupar um lugar na malha discursiva através de suas brincadeiras e jogos e de todas as formas que elas puderem encontrar para fazê-lo. É proporcionar à criança psicótica a possibilidade de ocupar o lugar de sujeito na análise e fora dela.

Nesse sentido, os desafios na clínica com crianças psicóticas aparecem em cada sessão, quando elas realizam atos repetitivos de acender e apagar a luz sem parar, retiram e recolocam os brinquedos na caixa sem construir um enredo com tais brinquedos, dão risadas sem motivos aparentes, trocam palavras por expressões animalescas, giram como uma bola, não permitem que outras pessoas participem de algumas brincadeiras, dentre tantos outros exemplos. Cabe ao analista continuar investindo na escuta do sujeito para poder fazer advir a fala do sujeito do inconsciente.

 

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Endereço para correspondência:
Iasmyn Cerutti Rangel
iasmyn.cerutti@gmail.com

Ana Augusta Wanderley Rodrigues de Miranda
anamiranda.psi@gmail.com

Submetido em: 28/09/2018
Revisto em: 02/03/2020
Aceito em: 17/03/2020

 

 

1 O Outro, com letra maiúscula, aparece na obra de Lacan enquanto representação do simbólico, ao qual todos estão submetidos e é diferente de outro, com letra minúscula, que na obra do autor é retratado como o semelhante, o outro indivíduo.
2 Como explicado na página 5, o jogo do fort-da foi observado por Freud ao analisar a brincadeira de uma criança que arremessava o carretel com a expressão fort e o puxava com a expressão da. Esse jogo, para o autor, simboliza a ausência e a presença da mãe e marca o início da simbolização para a criança.