ACONTECIMENTO PERFORMÁTICO PARA O NASCIMENTO DE UMA VIDA-VIRILHA: UMA EXPERIÊNCIA COMPARTILHADA / Performative event for the birth of a virilha-life: a shared experience

Autores

  • Sandra Bonomini

DOI:

https://doi.org/10.37235/ae.n41.9

Resumo

O presente artigo é um diálogo com a performance Viril, da performer e escritora brasileira Ana Luisa Santos. Viril faz parte da série de trabalhos da artista sobre masculinidades, sobre a experiência das sexualidades fora do quadro dos binarismos e da heteronormatividade, sistema que governa a estrutura patriarcal. A performance de Santos tem como ação principal a leitura de um manifesto de sua autoria, Viril ou por uma performance queer da masculinidade. Mediante falas-falos, a artista interpela o público, mas também a si mesma, ao expor e tentar desconstruir a ficção violenta de masculinidade tóxica e seu atributo principal: a virilidade. A relação entre o texto da performer e a imagem de si que ela mostra é essencial. É a partir do compartilhamento de uma experiência íntima (autobiográfica), que as palavras adquirem dimensão política, sendo a linguagem da performance o que permite o intercâmbio e o estabelecimento de interconexões. A análise de Viril está inserida na necessidade de questionar quem conforma o(s) novo(s) sujeito(s) dos movimentos feministas hoje, para o que me apoio em pensadoras feministas não hegemônicas e no pensamento decolonial.

Palavras-chave: Performance; corpo; feminismos; descolonização; vida-virilha.

 

Abstract


This article is an analysis and a dialogue with the performance Viril by Brazilian performance artist and writer Ana Luisa Santos. Viril is part of the artist’s series of works on masculinities, on the experience of sexualities outside the framework of binarisms and heteronormativity, a system that governs the patriarchal structure. Santo’s performance has as main action the reading of a manifesto, Viril or by a Queer performance of masculinity. Through falas-falos, the artist challenges the audience, but also herself, by exposing and trying to deconstruct the violent fiction of toxic masculinity and its main attribute: virility. The relationship between the performer’s text and the image of herself is essential. It is from the sharing of an intimate autobiographical) experience, that words acquire a political dimension, with the language of performance allowing an exchange between performer and audience, as well as the establishment of interconnections. Viril’s analysis is inserted in the need to question who shapes the new subjects of feminist movements today, for which I rely on non-hegemonic feminist thinkers, as well as on decolonial thinking.


Keywords: Performance; body; feminisms; decolonization; virilha-life.

Referências

ANZALDÚA, Gloria. Borderlands: the new mestiza = la frontera. San Francisco: Aunt Lute Books, 1987.

BERNSTEIN, Ana. A performance solo e o sujeito autobiográfico. Sala Preta, v. 1, v. 91-103, 2001. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/salapreta/article/view/57010. Acesso em jun. 2021.

BORGES, Hélia. Notas sobre a dança contemporânea e a experiência da queda. Revista Incomunidade, Porto, ano 10, n. 100, 2021. Disponível em: http://www.incomunidade.com/notas-sobre-a-danca-contemporanea-e-a-experiencia-da-queda/. Acesso em abr. 2021.

BUARQUE DE HOLLANDA, Heloisa. Explosão feminista: arte, cultura, política e universidade. São Paulo: Companhia das Letras, 2018.

BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010.

DELEUZE, Gilles; GUATTARI Félix. Mil Platôs: capitalismo e esquizofrenia, v.4. São Paulo: Editora 54, 1997 (Coleção Trans).

DESPENTES, Virginie. Teoria King Kong. São Paulo: n-1 edições, 2016.

FERRERA-BLANQUET, Raúl. Introducción: Ts’aak (sanar) erótico decolonial. In: FERRERA-BLANQUET, Raúl (org.). Andar erótico decolonial. Ciudad Autónoma de Buenos Aires: Del Signo, 2015.

GALINDO, María. La revolución feminista se llama despatriarcalización. In: Descolonización y despatriarcalización de y desde los feminismos de Abya Yala. Madrid: ACSUR Las Sego-vias, 2015. p. 27-50.

GALINDO, María. No se puede descolonizar sin despatriarcalizar: teoría y propuesta de la despatriarcalización. La Paz: Mujeres creando, 2013.

GÓMEZ-PEÑA, Guillermo. En defensa del arte del performance. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, ano 11, n. 24, p. 199-226, 2005. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-71832005000200010&lng=pt&nrm=iso&tlng=es. Acesso em dez. 2018.

JONES, Amelia; SILVER, Erin. História da arte feminista queer, uma genealogia imperfeita.

In: MESQUITA, André; PEDROSA, Adriano (ed.). História da sexualidade: antologia. São

Paulo: Masp, p. 240-271, 2017.

LAURETIS, Teresa de. A tecnologia do gênero. In: Tendências e impasses: o feminismo como crítica da cultura. Rio de Janeiro: Rocco, 1994, p. 206-242.

LUGONES, María. Rumo a um feminismo descolonial. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 22, n. 3, p. 935-952, 2014. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/ref/ article/view/36755/28577. Acesso em jun. 2018.

MIÑOSO, Yuderkys Espinosa. De porqué es necesario un feminismo descolonial: diferenciación, dominación co-constitutiva de la modernidad occidental y el fin de la política de identidad. Revista Solar, Lima, v.12, n.1, p. 141-170, 2016. Disponível em: http://revistasolar.org/wp-content/uploads/2017/07/9-De-por-qué-es-necesario-un-feminismo-descolonial...Yuderkys- Espinosa-iñoso.pdf. Acesso em jun. 2018.

MIÑOSO, Yuderkys Espinosa. Escritos de una lesbiana oscura: reflexiones críticas sobre feminismo y política de identidad en América Latina. Buenos Aires/Lima: En La Frontera, 2007.

MOMBAÇA, Jota. Entrevista com Jota Mombaça (parte 1) Autodefinição, Salvador, 2018. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=vztLJfJYPYs. Acesso em maio 2021.

PRECIADO, Paul B. Por um monumento à necropolítica. Disponível em: https://bixaloka.noblogs.org/por-um-monumento-a-necropolitica-de-paul-b-preciado/.11 out. 2020. Acesso em nov. 2020.

Downloads

Publicado

24-07-2021