Detecção de Mudanças no Manguezal ao Longo do Estuário do Rio Coreaú, Nordeste do Brasil a partir da Classificação Orientada a Objeto em Imagens Orbitais

Authors

  • Suzan Waleska Pequeno Rodrigues Universidade de Brasília, Instituto de Geociências, Campus Darcy Ribeiro, 70910-900, Brasília, Distrito Federal, Brasil
  • Pedro Walfir Martins e Souza Filho Universidade Federal do Pará, Instituto de Geociências, Campus Universitário do Guamá, 66075-110 Belém, Pará, Brasil

DOI:

https://doi.org/10.11137/2020_3_158_169

Keywords:

Sensoriamento Remoto, Manguezal, Carcinicultura

Abstract

Na América do Sul, o Brasil é o país com maior extensão de manguezal, são aproximadamente 7000 km, partindo do rio Oiapoque, na divisa do Amapá com a Guiana Francesa, até à praia do Sonho, em Santa Catarina. Com o crescimento populacional, houve a expansão de cidades em direção ao litoral e com elas o desenvolvimento da agricultura e aquicultura. Com o advento dos sensores remotos, as mudanças detectadas ao longo dos anos na extensa área de manguezais no Brasil e no mundo, tem sido estudada e quantificada. Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi avaliar as transformações ocorridas na floresta de mangue em um estuário de clima semiárido e quantificar as perdas e ganhos de áreas, influenciados tanto pela ação natural, quanto antrópica. O manguezal do estuário do rio Coreaú passou ao longo dos últimos 28 anos (1985-2013) por pequenas e significativas transformações. Houve um aumento de 3% (7,17 km²) em 2013 em relação ao ano de 1985, estas transformações consistiram no ganho de 55% de área de manguezal, devido ao acréscimo de sedimento lamoso, desenvolvimento da floresta de mangue e regeneração das florestas de mangue após a desativação das fazendas/tanques de  camarões, e 45% de perda, correspondendo 38% a perda natural de material lamoso, devido ao crescimento de área de apicum, influência do vento, chuva, vazão e marés, e perda de 7%, relacionada a ação antrópica, representada pelos fazenda de camarões e salinas, construídos ao longo do estuário. A partir do processamento de imagens ópticas foi possível identificar qual a parcela de influência destas transformações (natural e artificial) junto a floresta de mangue e em quais intervalos de anos houve as maiores ou menores alterações.

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Published

2020-09-30

Issue

Section

Article