ENTRE A MIRAGEM E A REALIDADE DA ASCENSÃO SOCIAL: MATRIMÔNIO, CONCUBINATO E ILEGITIMIDADE NO ARRAIAL DO TEJUCO (1725-1762)

Autores

  • Ane Caroline Câmara Pimenta Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
  • Thassio Ferraz Tavares Roque Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

Palavras-chave:

Arraial do Tejuco, Manumissões, Concubinato, Ilegitimidade

Resumo

Desde a década de 70, a historiografia no Brasil vem mostrando vários estudos que intencionam descortinar os caminhos percorridos pelos cativos, isto é, estratégias e tecituras de redes de sociabilidade, como meio de angariar a liberdade, prestígio social e acumular pecúlio. Com intuito de oferecer uma contribuição acerca desta temática, o presente estudo busca analisar duas dessas estratégias adotadas por mulheres livres, libertas e escravas, no Arraial do Tejuco, entre os anos de 1725-1762, a saber: o matrimônio e o concubinato. Além disso, pretende-se ressaltar as consequências da ilegitimidade causadas pelas mancebias e entender se, de fato, estas eram uniões orquestradas dentro da lógica da manumissão. Sendo assim, a partir da análise de assentos batismais e testamentos, localizados no Arquivo Eclesiástico da Arquidiocese de Diamantina, foi possível delinear as nuances que permeavam a dinâmica daquela sociedade, como também, as formas peculiares de driblar as fissuras desse sistema hierarquizado.

Biografia do Autor

Ane Caroline Câmara Pimenta, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

Mestranda pelo Programa de Pós-graduação em História da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

Thassio Ferraz Tavares Roque, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

Mestrando pelo Programa de Pós-graduação em História da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

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Publicado

2022-08-31