Os jogos fúnebres na tradição literária grego-romana: o intertexto entre os cantos XXIII da Ilíada de Homero e VI da Tebaida de Estácio

Autores

  • Ana Penha Gabrecht Universidade Federal do Espírito Santo

DOI:

https://doi.org/10.17074/cpc.v1i33.12797

Resumo

Ao longo da existência humana, todas as sociedades, de diferentes maneiras, criaram práticas e ritos para marcar a finitude da vida. Esses rituais visam amenizar o impacto causado pelo desaparecimento de determinado indivíduo em uma comunidade. O épico homérico nos mostra uma sociedade marcada pelo crivo de uma moral heroica que enaltece valores da aristocracia guerreira, tais como: o gosto pela guerra, valorização da morte em campo batalha, o culto à beleza e juventude que devem ser perpetuadas na memória após o perecimento do herói.  Esses temas serão retomados mais tarde, no século I da nossa era, pelo poeta romano Estácio que, embora viva em uma época com uma moralidade diferente, resgata os ideais aristocráticos helênicos ao construir sua Tebaida, poema épico sobre a disputa entre os filhos de Édipo pelo trono de Tebas. Nesse artigo, analisaremos as relações intertextuais entre o texto grego e o romano, no que se refere aos jogos em honra aos mortos. Na Ilíada, o canto XXXIII é dedicado aos jogos fúnebres consagrados a Pátroclo, guerreiro grego que tombou durante a guerra de Troia. Na Tebaida, os jogos são em honra ao jovem Ofeltes, morto por uma serpente. 

Biografia do Autor

Ana Penha Gabrecht, Universidade Federal do Espírito Santo

Doutora em Letras (UFES). Mestre em História Social das Relações Políticas (UFES). Graduada em História (UFES).

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Publicado

2017-12-29

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Artigos