A PERCEPÇÃO DA VOGAL POSTÔNICA NÃO FINAL EM PROPAROXÍTONAS

Autores

  • José Magalhães Instituto de Letras e Linguística -Universidade Federal de Uberlândia (UFU)
  • Giselly de Oliveira Lima Universidade Federal de Uberlândia (UFU) SEMED-Rio Verde/GO

DOI:

https://doi.org/10.35520/diadorim.2018.v20n2a18297

Palavras-chave:

Percepção, Proparoxítona, Vogais postônicas não finais

Resumo

O presente estudo investiga a percepção das vogais postônicas mediais em palavras proparoxítonas no português brasileiro. As vogais postônicas não finais podem sofrer, variavelmente, três processos: preservação, redução ou apagamento, conforme relatam inúmeros trabalhos já feitos com base em sua produção. Há, contudo, uma lacuna em como tais são percebidas. Este estudo procura preencher esta lacuna ao investigar a percepção das vogais postônicas não finais. Para tanto, contamos com uma amostra de 24 participantes, sendo 12 do sexo feminino e 12 do sexo masculino, com idades entre 15 e 50 anos, nascidos na microrregião Sudoeste de Goiás, municípios de Rio Verde e Santa Helena. Realizamos dois testes de percepção: um teste de discriminação do tipo AX e outro do tipo ABX. A análise fonológica da percepção foi desenvolvida à luz do Modelo de Interação entre Percepção e Fonologia (Hume e Johnson, 2001), o que nos permitiu verificar que os informantes tendem a perceber a presença da vogal, mesmo em ambientes em que ela é apagada. Por este modelo teórico, ficou evidente que forças externas -  percepção, produção, generalização e conformidade -  atuam tanto na neutralização, no apagamento quanto na preservação da vogal postônica não final. Estas forças funcionam como filtros na seleção de possíveis outputs. Assim sendo, a representação cognitiva das proparoxítonas será com a vogal, mesmo que possa sofrer alterações, as quais passam pela filtragem das forças externas referidas, gerando diferentes representações no sistema sonoro linguístico da comunidade de falantes.

PALAVRAS-CHAVE: Percepção; Proparoxítona; Vogais postônicas não finais

Biografia do Autor

José Magalhães, Instituto de Letras e Linguística -Universidade Federal de Uberlândia (UFU)

Mestre em Estudos Linguísticos, sob orientação do Prof. José Olímpio de Magalhães (UFMG); Doutor em Letras, sob orientação da Prof. Leda Bisol (PUCRS), com doutorado Sanduíche pela Tilburg University - Holanda -, sob orientação do Prof. Ben Hermans. Atualmente é professor Associado III da Universidade Federal de Uberlândia, atuando na Graduação em Letras, no Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos - Mestrado e Doutorado - e no Mestrado Profissional em Letras (ProfLetras). Coordenador nacional da Área de Fonologia, Variação e Ensino do ProfLetras;  Coordenador do Projeto 19 da Alfal (Fonologia: teoria e análise).Coordendor Adjunto da Área de Linguística e Literatura da CAPES. Tem experiência na área de Teoria e Análise Linguística, atuando principalmente nos seguintes temas: Fonologia; Variação Fonológica; Fonologia e Ensino; Aquisição Escrita e Oral.

Giselly de Oliveira Lima, Universidade Federal de Uberlândia (UFU) SEMED-Rio Verde/GO

Doutora em Estudos linguísticos (UFU), Mestre em Estudos Linguísticos pela Universidade Federal de Uberlândia, linha de pesquisa - Teorias e análises linguísticas: estudos sobre léxico, morfologia e sintaxe e membro do GEFONO - Grupo de Estudos Linguísticos da Universidade de Uberlândia. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Fonologia, Gramática, Leitura, Literatura e Produção de Textos. Atualmente, é orientadora educacional da Secretaria Municipal de Educação e formadora do PNAIC.

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Publicado

2018-12-28