O primitivismo em Manoel de Barros

Autores

DOI:

https://doi.org/10.35520/flbc.2020.v12n24a38450

Palavras-chave:

primitivismo, alteridade, poesia brasileira contemporânea, Manoel de Barros.

Resumo

Manoel de Barros encontra a originalidade de sua poesia num retorno às origens: as fontes “primitivas” do ser. Essa sua vanguarda primitiva é analisada em O livro das ignorãças, especialmente nos personagens da criança, do louco, do índio, do caboclo e do próprio poeta. Verifica-se que todos esses personagens não possuem uma identidade definida, mas são assemelhados em três traços marcantes: a “ignorãça” ou o desconhecimento das representações convencionais sobre o mundo e a linguagem; o devir em diversas outras formas de vida animal, vegetal ou astral; e a criação poética, com um uso espontâneo das palavras. Conclui-se que Manoel de Barros projeta a si próprio nesses múltiplos personagens, expediente comum entre artistas modernos, segundo teóricos que analisam o primitivismo artístico.

Biografia do Autor

Ricardo Mendes Mattos, Universidade de São Paulo

Pós-Doutorando em Psicologia da Arte pelo Departamento de Psicologia Social e do Trabalho do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo.

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Publicado

2020-12-30

Edição

Seção

Ensaios