Diálogos entre a indianidade de Graça Graúna e a escrevivência de Conceição Evaristo: a experiência em pauta

Autores

  • Karine Aragão dos Santos Freitas Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.35520/flbc.2022.v14n27a47248

Palavras-chave:

Graça Graúna, indianidade, Conceição Evaristo, escrevivência, decolonialidade.

Resumo

Quando se fala em literatura contemporânea produzida por mulheres, dois nomes têm ganhado destaque: o de Graça Graúna, poeta indígena que, em sua realização ensaística e poética, ressalta a ideia de indianidade; e o de Conceição Evaristo, que apresenta o conceito de escrevivência. Tanto a indianidade quanto a escrevivência chamam a atenção para o importante papel da experiência subjetiva na escrita de uma literatura feita pelas minorias, de modo a sugerir que cada um escreve o mundo que enfrenta. Para Graúna, por exemplo, a indianidade é o aspecto textual que subjaz às reflexões sobre a identidade/alteridade indígena e sobre a relação de amor do indivíduo com a terra; já Evaristo destaca que sua escrita nasce do cotidiano, das experiências e memórias suas e de seu povo, ou seja, de um corpo e de uma condição. Tais formulações, além de provocarem um debate já realizado por Gayatri Spivak em Pode o subalterno falar? (2010), onde questionou a produção de um conhecimento centralizado em uma perspectiva eurocêntrica, também ganham novas nuances em discussões que busquem refletir sobre importantes tópicos para a literatura brasileira contemporânea, como a necessidade de uma democracia epistemológica e o lugar da enunciação em um mundo de fluxos.

Biografia do Autor

Karine Aragão dos Santos Freitas, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

Doutora em Letras / Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio e Mestre Estudos de Literatura pela Universidade Federal Fluminense. Possui graduação em Letras também por essa instituição. Os interesses de pesquisa debruçam-se, principalmente, sobre as relações entre: decolonialidade e o corpo feminino; estética e política; e as possíveis (re)construções de novas epistemologias sociais/acadêmicas, com base nos caminhos da decolonialidade.Teve como objeto de pesquisa, no Mestrado, a correspondência entre Clarice Lispector e Fernando Sabino, reunida no livro Cartas perto do coração. No Doutorado, trabalhou com questões relativas à articulação entre Leitura, Literatura e Cidadania, o que resultou no livro-ensaio "Esse nosso jeito bélico de viver: reflexões sobre nossa linguagem e formas de comunicação afetiva" (2020). É, também, autora do romance juvenil "A Teia dos Sonhos" (2016) e cofundadora do Podcast de Ciências Humanas Aplicadas ao Cotidiano: "Nadando na Modernidade Líquida" (2019). Em 2021, criou, em parceria, o espaço virtual Pytá Cultural, que organiza palestras e eventos sobre cultura e decolonialidade.

Referências

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Publicado

2022-12-21

Edição

Seção

Ensaios