A seca e a narrativa do trágico em O Quinze de Rachel de Queiroz

Autores

  • Andrea Teresa Martins Lobato e Eduardo Oliveira Pereira

Resumo

A princípio, parte-se da constatação de que O Quinze, de Rachel de Queiroz, é uma obra que se enquadra nas balizas referentes ao gênero “romance”. Contudo, o “romance”, especificamente considerado, consiste, com subsídio no entendimento de Marthe Robert (2007, p. 11 - 20), em um gênero errante, arrivista a teorizações encasteladoras e arredio a delineamentos estruturais rígidos, ou seja, na História da Literatura tal gênero passou e passa por profundas e constantes transformações, mutações em seus elementos fundantes, tais como em relação ao autor, personagens, tempo, espaço, etc. Em face disso, preferiu-se adotar, como objeto do presente artigo científico o estudo acerca do elemento “narrativa” atinente à referida obra, na medida em que tão-somente o debruçamento sobre a narrativa da obra literária em apreço -- elemento mais rico em significação e, por conseguinte, mais carregado em representações estéticas do texto -- possibilitará o enlace entre os demais elementos estruturais acima mencionados, os quais em torno da própria narrativa se acredita gravitarem.

Referências

ADORNO, T. W. A posição do narrador no romance contemporâneo. In: _________. Notas de Literatura I. Trad. Jorge de Almeida. São Paulo: Duas Cidades; Ed. 34, 2003, p. 55 -- 63.

BARTHES, R. Aula. 10. ed. São Paulo: Cultrix, 2002.

__________. A escrita do romance. In: ________. O grau zero da escrita. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2004, p. 26 -- 36.

__________. A morte do autor. In: ___________. O rumor da língua. Trad. Mario Laranjeira. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2004a, p. 57 -- 64.

__________. O prazer do texto. 4. ed. São Paulo: Editora Perspectiva, 2004b.

BELLEMIN-NÖEL, J. Psicanálise e literatura. Trad. Álvaro Lorencini. São Paulo: Editora Cultrix, 1978.

BENJAMIN, W. Obras escolhidas: magia e técnica, arte e política. Trad. Sérgio Paulo Rouanet. 7.ed. São Paulo: Brasiliense, 1994.

BLANCHOT, M. La literatura y el derecho a la muerte. In: __________. De Kafka a Kafka. Trad. Jorge Ferreiro Santana. México: FCE, 1991, p. 9 -- 78.

____________. O espaço literário. Trad. Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Rocco, 1987.

FARIAS, S. L. R. de. (org). Imagens do Brasil na Literatura. Recife: Programa de Pós-Graduação em Letras da UFPE, 2005.

GAZOLLA, R. Para não ler ingenuamente uma tragédia grega: ensaio

sobre aspectos do trágico. São Paulo: Edições Loyola, 2001.

NIETZSCHE, F. A visão dionisíaca do mundo. Trad. Marcos Sinésio Pereira Fernandes. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

___________. O nascimento da tragédia ou helenismo e pessimismo. São Paulo: Companhia das Letras, 1999.

QUEIROZ, R. de. O quinze. 85ª Ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2008.

KRISTEVA, J. História da Linguagem. Trad. Maria Margarida Barahona. Lisboa: edições 70, 2003.

KUNDERA, M. A insustentável leveza do ser. Trad. Teresa Bulhões Carvalho da Fonseca. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.

ROBERT, M. Romance das origens, origens do romance. São Paulo: Cosac Naify, 2007.

TODOROV, T. Os gêneros literários. In: ______. Introdução à Literatura Fantástica. São Paulo: Perspectiva, 2007, p. 7 -- 27.

____________. As categorias da narrativa literária. In: BARTHES, R. (et. al.). Análise estrutural da narrativa. Trad. Maria Zélia Barbosa Pinto. Petrópolis: Ed. Vozes, 2008, p. 218 -- 264.

WHITE, H. Trópicos do discurso: ensaios sobre a crítica da cultura. Edusp: São Paulo, 2001.

WITTGENSTEIN, L. Investigações Filosóficas. 5. ed. Bragança Paulista: Vozes, 2008.

Downloads

Publicado

2011-08-30

Edição

Seção

Artigos