Autobiografia e imanência

Autores

  • Gabriel Rodrigues Lanhas

Resumo

Escrever à maneira de uma vida é traçar um plano. É ocupá-lo e fazê-lo transbordar em si. É escrever e extravasar a imanência de uma vida que “está por todos os lugares, por todos os momentos que atravessam este ou aquele sujeito vivo e que medem tais objetos vividos: vida imanente trazendo os acontecimentos ou singularidades que apenas se atualizam nos sujeitos e nos objetos” 2 . O plano de imanência é uma vida... Poderia ser também uma mesa que se expande, se refaz, se eleva... Um copo vazio. Ao mesmo tempo em que se basta como mesa e como copo, o plano se mantém aberto. E é por isso que a imanência se entende melhor por uma vida, uma vida repleta por si só e contendo tudo: todos os modos e todos os seres. Sempre aberta, ela permite ao vivente um mundo próprio, sendo ele mesmo aberto para o universo, de uma forma que todos os mundos existam para o todo do universo e viceversa. E se agora a partir de Deleuze enxergamos o caos em todo cosmos, ele deve estar presente como a Abertura de todo macro e microcosmo, como uma entrada para um mundo, que permitirá a extensão das singularidades em sua superfície e a permeabilidade na profundidade dos corpos; em outras palavras, não existirá um mundo propriamente meu, mas somente mundos que possam “se fazer” e/ou “fazer parte” de outros mundos.

Referências

BARTHES, Roland. O rumor da língua. São Paulo: Martins Fontes, 2004.

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BLANCHOT, Maurice. O espaço literário. Rio de Janeiro: Rocco, 1987.

DELEUZE, Gilles. A imanência: uma vida..., Trad. por Alberto Pucheu e Caio Meira. In: Terceira Margem, nº 11. Faculdade de Letras, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2004.

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FOUCAULT, Michel. “A ética do cuidado de si como prática da liberdade”. In: Ditos & Escritos V-- Ética, Sexualidade, Política. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2004.

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Publicado

2011-08-30

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Artigos