ENTRE A CRUZ E A ESPADA, O DESLOCADO

Autores

  • Aline Alves de Carvalho UFRJ

Resumo

Se há algo claro em relação a Florbela Espanca, esse algo é a repetição das injúrias que sofreu, tanto no âmbito pessoal, quanto na recepção de sua obra. Se a época em que viveu está marcada pelo moralismo, a própria Florbela apresenta sua biografia e testemunho. Para seus leitores, em quem acaba provocando a mais profunda e sincera admiração, a descoberta de sua biografia pode vir a representar o fator que sela essa admiração. Florbela apresenta tanto em obra quanto em vida aspectos através dos quais declara seu inconformismo, preferindo a inadequação à aceitação falsa do que lhe era imposto. A quem tem a oportunidade de conhecer sua obra e sua biografia fica atestado que não há um só momento em que ela não tenha sido fiel a seus princípios, e sobretudo, sobriamente consciente de que seu valor consistia em não ter valor. E é esse último fator que a caracteriza como uma mulher excepcional: trata-se de uma vida incomum, mas ao mesmo tempo, e por essa mesma razão, brilhantemente comum.

Referências

ADORNO, Theodor & HORKHEIMER, Max. Dialética do Esclarecimento. Trad. Guido Antônio de Almeida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed, 2006.

BENJAMIN, Walter. Magia técnica, arte e política. Obras escolhidas I. trad. Sérgio Paulo Rouanet. 7ª ed. São Paulo: Editora Brasiliense, 1994. p. 198.

ESPANCA, Florbela. Poemas.Estudo introdutório, organização e notas de Maria Lúcia Dal Farra. São Paulo: Martins Fontes, 1996. FIGUEIREDO, António de. Portugal: 50 anos de ditadura. Trad. de J.M. Martins Dias e Maria Manuela Palmerin. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1976.

ALMEIDA, Hortense de. “A propósito de um artigo sobre Florbela Espanca”. 10 de outubro de 1944. (Nome do periódico não encontrado).

___________________. “Florbela Espanca, a malfadada”. In: Vida mundial ilustrada. 25 de outubro de 1945.

___________________. “O monumento a Florbela Espanca”. In: Boletim da casa do Alentejo. Lisboa

SARAMAGO, José. O ano da morte de Ricardo Reis. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.

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Publicado

2017-04-01