Dando voz à vacilação, ao logos e às máscaras do self: espelhando Kierkegaard e Pessoa
Bartholomew Ryan
Resumo
Na jornada experimental para forjar (no duplo sentido de criar e falsificar) o self e o sujeito na escrita, dificilmente seria possível superar as conquistas do poeta Fernando Pessoa e do filósofo Søren Kierkegaard. Este artigo conecta e espelha os dois escritores — como poeta filosófico e filósofo poético, e como poeta dramático e filósofo dramático. Eduardo Lourenço certa vez chamou Pessoa de “espião de Deus” e Kierkegaard de “espião do Nada”. Este artigo analisa três aspectos expansivos que fazem e desfazem o indefinível self — vacilação, logos e máscara. Pessoa e Kierkegaard são os grandes autores da dúvida e do desespero, e Ryan evoca a palavra dinamarquesa para desespero — Fortvivlelse (que significa literalmente “dúvidas demais”) para entender melhor essas duas obras que, assim como nós, estão situadas e libertadas na modernidade e pós-modernidade. Análogo a Pessoa na literatura, Kierkegaard é único na filosofia ao criar uma gama tão ampla de personagens vívidos que muitas vezes tiveram mais impacto na filosofia do que o que ele escreveu com seu próprio nome. O mesmo pode ser dito de Pessoa, em cuja alteridade total de si — através dos seus heterônimos — se concretiza a sua maior expressão poética. Finalmente, por meio de uma análise da máscara, Ryan mostra a intenção estética e espiritual desses dois autores polifônicos.
DOI:
https://doi.org/10.35520/metamorfoses.2021.v1n18a51001
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