NARRATIVA ORAL E PROSÓDIA

Autores

DOI:

https://doi.org/10.61358/policromias.v3i1.13577

Palavras-chave:

prosódia, entoação, narrativa oral, língua portuguesa

Resumo

Vansina propôs que as formas orais da transmissão tradicional do conhecimento estabelecessem distinção entre forma e conteúdo de um lado, e liberdade e fixidez de outro: a narrativa compreendendo o improviso prosódico e lexical, e o poema, rejeitando o improviso.  Poema e narrativa, segundo Jakobson, diferem exclusivamente quanto à mensagem, deixando referências fregianas e interpretantes peircianos além de seu escopo. Na medida em que variações prosódicas e lexicais não atingem referências, a narrativa se caracteriza como uma sucessão de eventos representados simbolicamente. Na fala, a produção da voz e as representações lexicais estabelecem dois sistemas que se integram no ritmo tonal:  a sustentação da voz condiciona-se com as condições do falante e a distribuição lexical decorre do acordo entre as necessidades expressivas do falante e as possibilidades de construção sintática que a língua apresenta.  Em narrativas orais, a integração desses sistemas permite-nos associar a entoação na fala com a entoação musical: finalizações autênticas visam a um tom descendente finalizador, enquanto que finalizações plagais não buscam esse mesmo tom, reproduzindo na fala a mesma tendência que se verificou para a música ocidental.

Biografia do Autor

Waldemar Ferreira Netto, Universidade de São Paulo

Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas

Area de Filologia e Língua Portuguesa

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2018-06-30

Edição

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Artigos