REVISÃO INTEGRATIVA: EXPERIÊNCIAS EXITOSAS EM EDUCAÇÃO EM SAÚDE

INTEGRATIVE REVIEW: SUCCESSFUL EXPERIENCES IN HEALTH EDUCATION

Gardênia Chagas Marques Carvalho Marques

ORCID: https://orcid.org/0000-0002-1171-0628

Psicóloga. Mestranda do Programa de Mestrado Profissional em Ensino em Saúde, pelo Centro Universitário Dr. Leão Sampaio - UNILEÃO.

e-mail: gardeniacmc@gmail.com

Kassandra Lins Braga Lins Braga

ORCID: https://orcid.org/0000-0003-3413-9249

Médica. Mestranda do Programa de Mestrado Profissional em Ensino em Saúde, pelo Centro Universitário Dr. Leão Sampaio - UNILEÃO.

e-mail: kassandralins@gmail.com

Alessandra Aparecida de Souza Klafker

ORCID: https://orcid.org/0000-0001-8717-1053

Enfermeira. Mestranda do Programa de Mestrado Profissional em Ensino em Saúde, pelo Centro Universitário Dr. Leão Sampaio - UNILEÃO.

e-mail: marlenesouza@leaosampaio.edu.br

Moisés Ederlanio Tavares de Araújo

ORCID: https://orcid.org/0000-0001-6432-6868

Médico. Mestrando do Programa de Mestrado Profissional em Ensino em Saúde, pelo Centro Universitário Dr. Leão Sampaio - UNILEÃO.

e-mail: moises_ederlanio@yahoo.com.br

RESUMO: Buscando atender às necessidades da população, seja entre indivíduos acometidos por doenças ou entre aqueles que não apresentam outras patologias, as ações de educação em saúde vêm sendo desenvolvidas por equipes multiprofissionais com o intuito de sanar dúvidas, esclarecer o processo saúde-doença e encorajar o autocuidado, por meio de ações inovadoras e experiências vivenciadas pelos profissionais. Dessa forma, o objetivo é analisar as experiências exitosas durante ações de educação em saúde. A metodologia foi feita a partir da Revisão integrativa da literatura, que teve como base a pergunta norteadora: Quais experiências exitosas estão presentes na educação em saúde? Em seguida foi realizada uma pesquisa por artigos nas bases de dados SCIELO, LILACS e BVS, no mês de janeiro de 2021, sendo encontrados 6.451 artigos, utilizando os seguintes descritores: “Educação em Saúde” “Promoção da Saúde” e “Atenção Primária à Saúde”, devidamente cadastrados nos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS), empregando o operador booleano AND. Foram utilizados como critérios de inclusão: artigos completos e gratuitos, publicados em português, entre 2017 e 2021 e que abordaram as experiências exitosas na educação em saúde. Sendo excluídos artigos que tratavam apenas de outras ações desenvolvidas na atenção básica, bem como aqueles que não relatavam a educação em saúde. Ao final foram selecionados 9 artigos para compor o estudo. A educação em saúde é desenvolvida por uma equipe multiprofissional com a realização de orientações compartilhadas através de práticas de incentivo ao autocuidado e mudanças no estilo de vida. Para isso, são utilizadas técnicas de comunicação que permitirão a reflexão e o compartilhamento de saberes entre o profissional de saúde e o paciente, favorecendo a multiplicação de informações na comunidade. Deste modo, essas ações promovem, de forma positiva, a adoção de hábitos saudáveis, mudanças no comportamento e na autonomia, abrindo caminhos para uma atenção diferenciada e individualizada levando ao aumento da confiança entre pacientes e profissionais. Além disso, a utilização das mídias digitais para a propagação desse tipo de informação vem sendo muito utilizada, havendo uma diminuição na distância entre o paciente e os serviços de saúde. No entanto, a educação em saúde ainda é pouco praticada em algumas regiões, onde a carência por informações é gigantesca. O desenvolvimento das ações para o acompanhamento da população, por meio da educação em saúde, fornece experiências extraordinárias e reflexões entre a equipe multiprofissional, visto que há uma troca de saberes entre a população, sendo essas ações marcadas por ações de interesse e entusiasmo.

PALAVRAS-CHAVE: Educação em Saúde. Promoção da Saúde. Saúde Pública.

ABSTRACT: Seeking to meet the needs of the population, whether among individuals affected by diseases or among those who do not have other pathologies, health education actions have been developed by multi-professional teams in order to answer questions, clarify the health-disease process and encourage self-care, through innovative actions and experiences lived by professionals. Thus, the objective is to analyze the successful experiences during health education actions. The methodology was worked out from the integrative literature review, which was based on the guiding question: What successful experiences are present in health education? Then, a search for articles was conducted in the SCIELO, LILACS and BVS databases, in January 2021, and 6,451 articles were found, using the following descriptors: “Health Education”, “Health Promotion” and “Primary Health Care”, duly registered in the Health Sciences Descriptors (DeCS), using the Boolean operator AND. The inclusion criteria used were: complete and free articles, published in Portuguese, between 2017 and 2021, and which addressed the successful experiences in health education. Articles that dealt only with other actions developed in primary care, as well as those that did not report health education, were excluded. At the end, nine articles were selected to compose the study. Health education is developed by a multi-professional team, with shared guidance through practices that encourage self-care and lifestyle changes. In this regard, communication techniques are used, allowing reflection and sharing of knowledge between the health professional and the patient, favoring the dissemination of information in the community. Thus, these actions promote, in a positive way, the adoption of healthy habits, changes in behavior and autonomy, paving the way for differentiated and individualized care, leading to an increased trust between patients and professionals. In addition, the use of digital media for the propagation of this type of information has been widely used, with a decrease in the distance between the patient and health services. However, health education is still little practiced in some regions, where the lack of information is huge. The development of actions to monitor the population, through health education, provides extraordinary experiences and reflections among the multi-professional team, since there is an exchange of knowledge among the population, and these actions are marked by actions of interest and enthusiasm.

Keywords: Health Education. Health Promotion. Public Health.

1 Introdução

A educação em saúde é um fator importante e decisivo em todos os âmbitos, uma vez que ela possibilita a abertura para o caminho de novos conceitos e proporciona aos demais indivíduos a possibilidade de adquirir conhecimentos com os quais não estão familiarizados, mas que podem normalmente fazer parte de seu dia a dia, o que permite uma melhoria em sua qualidade de vida (CASTRO et al., 2012; CHRISTOFOLETTI et al., 2020).

Visto isso, a educação em saúde se apresenta como o meio mais importante para a ampliação de conhecimentos e de práticas que se relacionam com os comportamentos saudáveis dos indivíduos. Frente a esse contexto, as ações desenvolvidas durante o processo de educação em saúde possuem um caráter persuasivo, uma vez que procuram preceituar comportamentos considerados pertinentes na prevenção ou diminuição dos agravos ocasionados por diversas doenças (GUETERRES et al., 2017).

No entanto, a falta de escolaridade, aliada a uma linguagem inadequada e às diversas formas de interação entre os profissionais de saúde com os pacientes, está relacionada diretamente com a baixa adesão de práticas farmacológicas e não farmacológicas no processo de educação em saúde em doenças como diabetes mellitus (DM) e hipertensão arterial sistêmica (HAS), criando assim uma barreira no autocuidado. Visto isso, é indispensável a execução de ações educativas de fácil entendimento, por meio de profissionais qualificados, que melhorem a capacidade dos pacientes em autogerenciar as suas doenças, sendo essas práticas adaptadas ao seu cotidiano, o que permite uma melhora significativa na qualidade de vida do indivíduo (MAGRI et al., 2020).

Diversos autores compactuam da mesma ideologia quando o assunto se trata de educação em saúde. Castro et al. (2012) mostram que o processo educativo consiste na conscientização, informação e motivação. Deste modo, a existência de uma força que motiva o indivíduo provoca mudanças na atitude e, consequentemente, no comportamento do mesmo, resultando em uma alteração nas atitudes e nos hábitos diários que levam a prevenção de doenças.

As ações podem ser realizadas em grupo, com dinâmicas que irão proporcionar relatos entre os participantes, fazendo com que haja um processo de integração entre eles, uma vez que a situação relatada por um paciente ajuda o outro a entender melhor o processo saúde-doença, além de auxiliar no entendimento de complicações que podem surgir em decorrência de sua doença, servindo para alertar os indivíduos para que tenham uma preocupação melhor com a saúde (SEABRA et al., 2019).

Visto isso, a educação em saúde é indispensável em todos os níveis da atenção, uma vez que esta proporciona bem estar e qualidade de vida através da adoção de hábitos saudáveis, mudanças no comportamento e incentivo ao autocuidado. Além disso, através da educação em saúde há a criação de vínculos que irão aumentar a confiança entre a população e o profissional. Desse modo, o presente estudo tem como objetivo analisar as experiências exitosas durante ações de educação em saúde.

2 Metodologia

Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, que foi elaborada com base nas fases do processo de construção: criação da pergunta norteadora; delimitação dos critérios de inclusão e exclusão; realização de busca por artigos nas bases de dados; análise e interpretação dos resultados; análise crítica e discussão dos resultados; e a apresentação da revisão integrativa (SOUSA; SANTOS, 2016).

Visto isso, a revisão foi baseada na seguinte questão norteadora: Quais experiências exitosas estão presentes na educação em saúde? A coleta dos dados ocorreu no mês de janeiro de 2021, utilizando-se as bases de dados: Scientific Eletronic Library Online (SCIELO), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), onde foram empregados apenas descritores devidamente cadastrados nos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): Educação em Saúde, Promoção da Saúde e Atenção Primária à Saúde, além disso foi utilizado o operador booleano AND.

Na tabela 1 pode-se observar as bases de dados utilizadas para obtenção dos artigos, apresentação dos descritores empregados e o número de artigos encontrados através do cruzamento desses descritores com o operador booleano.

BASE DE DADOS

DESCRITORES

Nº DE ARTIGOS

SCIELO

Educação em Saúde and Promoção da Saúde and Atenção Primária à Saúde

176

LILACS

Educação em Saúde and Promoção da Saúde and Atenção Primária à Saúde

929

BVS

Educação em Saúde and Promoção da Saúde and Atenção Primária à Saúde

5.346

Para compor a revisão integrativa foram selecionados apenas artigos que se enquadraram aos critérios de inclusão definidos: artigos completos e gratuitos, publicados em português, entre 2017 e 2021, e que abordaram as experiências exitosas na educação em saúde. Além disso, foram excluídos os artigos que tratavam apenas de outras ações desenvolvidas na atenção básica, bem como aqueles que não relatavam a educação em saúde.

Em seguida, a busca pelos artigos científicos ocorreu de forma em que se adequassem os critérios de inclusão nas bases de dados LILACS, SCIELO e BVS utilizando os seguintes descritores: Educação em Saúde and Promoção da Saúde and Atenção Primária à Saúde, sendo encontrados 16 artigos na LILACS, da qual foram aplicados 6 artigos no estudo. No SCIELO foram obtidos 3 artigos, sendo selecionados 2 artigos. Por conseguinte, na BVS foram encontrados 17 artigos, da qual foi selecionado apenas 1 para compor o estudo, visto que os demais artigos que se enquadraram aos critérios de inclusão estavam em duplicata com a LILACS.

Vale ressaltar que, após a aplicação dos filtros nas bases de dados, os artigos selecionados para compor a revisão passaram por uma análise que inicialmente avaliou o título, em seguida, os artigos selecionados nesse quesito passaram por uma leitura dos resumos e, daqueles que continham as informações relevantes para o estudo, foi realizada uma leitura na íntegra para posteriormente compor a revisão.

No fluxograma estão explícitos os resultados das buscas nas bases de dados, na qual foram utilizados os descritores acima citados, pelos quais foram encontrados 6.451 artigos. Em seguida foram excluídos 5.855 artigos por não compreenderem os critérios de inclusão definidos no estudo e 596 artigos por não conterem o título adequado para a temática adequada. Após a análise desses critérios restaram 36 artigos para uma avaliação mais detalhada, após a leitura dos resumos foram excluídos 27 artigos, restando apenas 9 para compor a revisão integrativa.



3 Resultados

Base de Dados

Autor/Ano

Título

Objetivo

Método

Resultados

BVS

MARQUES et al., 2021

Orientações às gestantes no pré-natal: a importância do cuidado compartilhado na atenção primária em saúde

Analisar a associação entre a adequação das orientações recebidas durante o pré-natal e o profissional que atendeu a gestante na maioria das consultas na Atenção Primária à Saúde.

Estudo quantitativo, do tipo transversal

Foi identificado pelos autores que a realização das orientações compartilhadas promove melhores condições de saúde para a gestante durante o pré-natal, parto e puerpério. Tendo em vista que antes da realização dessas orientações, havia grande perca da oportunidade de empoderar essas gestantes quanto ao aceso a informações de qualidade que contribuem para uma boa gestação.

LILACS

BARCELOS et al., 2020

Blogs e redes sociais na atenção à saúde da família: o que a comunicação online traz de novo?

Observou-se que a comunicação estabelecida mantém uma tendência difusionista, característica do modelo informacional de comunicação, especialmente nos blogs, evidenciando que é mesmo possível tender à reprodução de antigos modelos e sentidos de comunicação e saúde.

Estudos de apropriação tecnológica

A utilização das mídias digitais proporcionam diversidade de participação entre profissionais e usuários para a produção de interações e conteúdos desenvolvidos para esse tipo de ferramenta. As publicações on-line colaboram para a construção de interações mais dialógicas, que abrangem diferentes componentes do processo saúde-doença.

LILACS

MAGRI et al., 2020

Programa de educação em saúde melhora indicadores de autocuidado em diabetes e hipertensão

Validar um programa de autocuidado para pacientes diabéticos e hipertensos.

Estudo de

coorte prospectivo

Através da aplicação do programa de educação em saúde, do autocuidado e do conhecimento para a mudança no estilo de vida dos pacientes ocorre a prevenção de complicações decorrentes das doenças.

LILACS

PEREIRA et al., 2020

Educação em saúde para a criança/jovem/família: necessidades formativas dos enfermeiros

Identificar necessidades de formação dos enfermeiros em Educação em Saúde para a criança/jovem/família.

Estudo quantitativo

A educação em saúde permite o desenvolvimento das estratégias técnico-pedagógicas e das técnicas de comunicação, além de permitir reflexões e o compartilhamento de saberes sustentados nas evidências.

LILACS

GOMES et al., 2019

Desenvolvimento das ações de um grupo de autocuidado em hanseníase como ferramenta de promoção da saúde

Apresentar as ações desenvolvidas em um ciclo anual do grupo de autocuidado para pessoas atingidas pela hanseníase de uma Unidade de Saúde de Família (USF) de um município do estado de Alagoas.

Relato de experiência

O acompanhamento e o desenvolvimento do grupo proporcionaram experiências extraordinárias e diversas reflexões entre toda a equipe envolvida. Onde a preparação dos encontros, estudo da temática e o desenvolvimento das ações foram marcadas por entusiasmo e interesse.

SCIELO

MARQUES et al., 2019

Intervenção educativa para a promoção do autocuidado de idosos com diabetes mellitus

Avaliar a eficácia de uma intervenção educativa de enfermagem no autocuidado de idosos com Diabetes Mellitus.

Estudo quase-experimental

Através da realização desse estudo os autores contaram com o envolvimento dos idosos que fizeram parte da amostra, onde a troca de saberes levou estes a multiplicarem as informações com amigos e familiares com DM que não estavam presentes durante a atividade educativa. Assim a realização da intervenção promoveu, de forma positiva, adoção de hábitos saudáveis, mudanças no comportamento e promoção do autocuidado.

LILACS

OLIVEIRA JÚNIOR et al., 2019

Educação em saúde do paciente com diagnóstico de câncer de pele

Avaliar a educação em saúde ao paciente com diagnóstico de câncer de pele fornecida pela atenção primária.

Estudo qualitativo

A educação em saúde para o paciente diagnosticado com câncer de pele na ESF ainda é muito falha e de baixa qualidade, onde a carência de informações são gritantes. A realização de uma educação em saúde de qualidade proporcionou a estes pacientes: segurança, fortalecimento do auto cuidado e o esclarecimento de dúvidas.

SCIELO

MENDONÇA et al., 2017

Educação em saúde com idosos: pesquisa-ação com profissionais da atenção primária

Avaliar o desenvolvimento e implementação de ações de educação permanente.

Estudo quantitativo-qualitativa

A realização da educação em saúde é uma ferramenta enriquecedora que permite a troca de experiências, incentiva o autocuidado e a autonomia dos idosos. Isso demonstra que a educação em saúde abre caminhos para uma atenção diferenciada a cada grupo da população, levando ao aumento do respeito e da confiança entre profissional e população.

LILACS

PEUKER et al., 2017

Construção de um material educativo para a prevenção do câncer de colo do útero

Descrever o processo de elaboração de um material educativo produzido por profissionais da psicologia, enfermagem e design, direcionado a usuárias da atenção básica.

Estudo empírico

O material desenvolvido esclareceu diversas dúvidas sobre o CCU, onde foi indispensável a utilização de materiais que aproximaram os casos de todas as mulheres, suprindo assim essa necessidade em conhecimento apresentada.

4 Discussão

O diagnóstico de doenças implica mudanças significativas na vida das pessoas. Dessa forma, o paciente necessita de mais cuidados e monitorização, muitas vezes integral, envolvendo aspectos biológicos, econômicos, sociais e psicológicos, por causa dos quais muitas vezes a mudança em seu estilo de vida e a adaptação ao tratamento vêm sendo necessárias para a realização de técnicas que estimulam o autocuidado e promovem mudanças no comportamento dos pacientes, proporcionando assim a autonomia deles. (OLIVEIRA et al., 2018).

A utilização das mídias digitais em saúde vem representando uma estratégia muito adotada atualmente. As informações são divulgadas com maior frequência nas redes sociais, onde podem chegar facilmente às pessoas, principalmente entre jovens de 18 e 30 anos, visto que esta população está mais inserida no meio tecnológico. Desse modo, essa estratégia se mostra extremamente eficaz tendo em vista o grande alcance populacional para a divulgação desse tipo de conteúdo informativo (BANDEIRA NETO et al., 2018).

Além disso, Chaves et al. (2018) complementam que a utilização de ferramentas digitais como forma de promover a educação em saúde entre a população potencializa e agiliza a comunicação entre a comunidade e os profissionais de saúde, fazendo com que haja uma diminuição na distância entre a população e o profissional, levando informações mais seguras e que favorecem a qualidade do autocuidado, o empoderamento e o acompanhamento do processo saúde-doença.

Barreto et al., (2019) evidenciam em seu estudo que a realização da prática de educação em saúde é desenvolvida por uma equipe multiprofissional, na qual há a inserção de uma maior diversidade de conhecimentos, o que contribui para aprimorar a criatividade em obter uma maior adesão dos usuários.

No entanto, as principais dificuldades para a realização das atividades de educação em saúde estão relacionadas com a sobrecarga de trabalho, pouco apoio e motivação da gestão, metas que devem ser atingidas, falta de entendimento da população e a escassez de recursos materiais e estrutura física. Esses fatores desestimulam os profissionais e originam uma barreira entre a equipe de saúde e a população, dificultando o desenvolvimento das ações de educação em saúde. Visto isso, é indispensável frisar que a educação em saúde deve abranger ambientes, culturas, sujeitos e também planejamentos com apoio de gestores e com recursos para atender com eficácia a população (AZEVEDO et al., 2018).

A prática da educação em saúde é uma estratégia que pode contribuir para a prevenção e a redução de complicações de diversas doenças, tendo em vista que é capaz de criar ferramentas que incentivam o autocuidado. Além disso, a sua implementação de forma correta e com profissionais capacitados contribui para a reflexão e o incentivo a mudanças no estilo de vida, acréscimo de conhecimentos e troca de experiências (LOPES et al., 2009).

Há diferentes formas efetivas para promover a educação em saúde, como a formação de grupos educativos, monitoramento telefônico e assistência individualizada em visitas domiciliares e consultas. Além disso, a participação ativa da equipe multiprofissional se apresenta como um grande diferencial no desenvolvimento adequado de diversos temas relacionados a tratamentos e doenças. Desse modo, o envolvimento de diversos profissionais, durante o processo educacional, com a presença de habilidades de comunicação e criatividade é indispensável para a formação de vínculos e estímulos às mudanças no estilo de vida dos pacientes (SOUZA; FIGUEIREDO; MACHADO, 2017).

Além disso, Lopes et al., (2009) apontam que o processo de educação em saúde além de incentivar a autonomia do paciente, também influencia na troca de experiências entre os profissionais, uma vez que essa assistência é prestada de forma individualizada e diferenciada, contribuindo para o aumento da confiança entre esse profissional e a população.

No entanto, em muitas localidades a educação em saúde ainda é muito limitada às doenças crônicas, como DM e HAS, deixando de lado temas pertinentes que pode ser fatais, tendo em vista que a carência de informações não alerta a população a respeito da doença, uma vez que a educação em saúde deve atuar fornecendo segurança, estímulo do autocuidado, suprindo as necessidades individuais e coletivas e esclarecendo dúvidas pertinentes entre a população (RODRIGUES et al., 2012).

5 Conclusão

A educação em saúde é uma ferramenta indispensável em todos os níveis de atenção à saúde, através da qual são desenvolvidas ações que fortalecem a autonomia, o autocuidado, a adoção de práticas saudáveis e o esclarecimento de dúvidas existentes entre a população. Além disso, o desenvolvimento das ações para o acompanhamento da população fornece experiências extraordinárias e reflexões entre a equipe multiprofissional que pode realizar a troca de informações com a população, sendo essas ações marcadas por interesse e entusiasmo, quando bem aplicadas.

Referências:

AZEVEDO, P. R. et al. Health education shares in the context of chronic diseases: integrative review/Ações de educação em saúde no contexto das doenças crônicas: revisão integrativa. Revista de Pesquisa: Cuidado é Fundamental Online, v. 10, n. 1, p. 260-267, 2018.

BANDEIRA NETO, E. P. et al. Utilização de mídias digitais como meio de educação em saúde no contexto de emergências: extensão universitária. Cidadania em Ação: Revista de Extensão e Cultura, v. 2, n. 2, p. 47-57, 2018.

BARCELOS, P. E. L. et al. Blogs e redes sociais na atenção à saúde da família: o que a comunicação online traz de novo?. Reciis – Rev Eletron Comun Inf Inov Saúde, v. 14, n. 1, p. 126-49, 2020.

BARRETO, A. C. O. et al. Percepção da equipe multiprofissional da Atenção Primária sobre educação em saúde. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 72, p. 266-273, 2019.

CASTRO, C. O. et al. Programas de educação e prevenção em saúde bucal nas escolas: análise crítica de publicações nacionais. Odontologia Clínico-Científica (Online), v. 11, n. 1, p. 52-56, 2012.

CHAVES, A. S. C. et al. Uso de aplicativos para dispositivos móveis no processo de educação em saúde. Humanidades & Inovação, v. 5, n. 6, p. 34-42, 2018.

CHRISTOFOLETTI, M. et al. Simultaneidade de doenças crônicas não transmissíveis em 2013 nas capitais brasileiras: prevalência e perfil sociodemográfico. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v. 29, 2020.

GOMES, N. M. C. et al. Desenvolvimento das ações de um grupo de autocuidado em hanseníase como ferramenta de promoção da saúde. Revista de APS, v. 22, n. 2, 2019.

GUETERRES, É. C. et al. Educação em saúde no contexto escolar: estudo de revisão integrativa. Enfermería Global, v. 16, n. 2, p. 464-499, 2017.

LOPES, E. M.; ANJOS, S. J. S. B.; PINHEIRO, A. K. B. Tendência das ações de educação em saúde realizadas por enfermeiros no Brasil. Rev. enferm. UERJ, p. 273-277, 2009.

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MENDONÇA, F. T. N. F. et al. Educação em saúde com idosos: pesquisa-ação com profissionais da atenção primária. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 70, n. 4, p. 792-799, 2017.

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SOUSA, M. N. A.; SANTOS, E. V. L. Medicina e pesquisa: um elo possível. 1.ed. Curitiba: Editora Prismas, 2016.

SOUZA, L. O.; FIGUEIREDO, W. S.; MACHADO, M. L. T. As práticas de educação em Diabetes vivenciadas no SUS: Uma discussão da literatura com ênfase na Atenção Primária à Saúde. Revista de APS, v. 20, n. 3, 2017.

Tabela 1 - Identificação das bases de dados utilizadas no estudo, com descritores e número de artigos encontrados.

Fonte: Dados da pesquisa (2021)

Fluxograma -Distribuição da pesquisa e artigos utilizados no estudo.

Tabela 2 - Descrição detalhada dos artigos selecionados para compor a revisão, contendo bases de dados, autor e ano de publicação, título, objetivo, metodologia e resultados.

Fonte: Dados da pesquisa (2021)