Após o Comunismo: A Biblioteconomia e a Ciência da Informação nas Antigas Repúblicas Soviéticas (1991-2021)

After Communism: Librarianship and Information Science in Former Soviet Republics (1991-2021)

Roberto Lopes dos Santos Junior

ORCID: : http://orcid.org/0000-0001-6063-920X

Doutor em Ciência da Informação pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia/Universidade Federal do Rio de Janeiro (IBICT UFRJ)

Professor da Faculdade de Arquivologia e do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade Federal do Pará

Email: bobblopes@hotmail.com

RESUMO: Análise histórica – a partir de levantamento bibliográfico e revisão de literatura em fontes secundárias – identificando as principais características que marcaram a Biblioteconomia e a Ciência da Informação nas 11 repúblicas pertencentes à Comunidade de Estados Independentes (CEI) nas décadas de transição para o capitalismo. O período analisado foi entre 1991, com a dissolução da URSS, até o final dos anos 2010, com ênfase nos órgãos e institutos de pesquisa, nos serviços de informação e bibliotecas, nos periódicos científicos, na legislação e na formação profissional. O artigo focou sua análise em cinco principais áreas ligadas à Comunidade dos Estados Independentes: Rússia, Belarus/Bielorrússia, Ucrânia, Cáucaso e Ásia Central. A pesquisa identificou que, apesar de problemas e vícios oriundos do período comunista ainda serem percebidos, tantos os acervos documentais quanto os projetos de renovação da infraestrutura e atualização legal das bibliotecas nesses países sinalizam para um novo horizonte informacional, se adaptando, parcialmente, à realidade capitalista.

PALAVRAS-CHAVE: Comunidade dos Estados Independentes; Biblioteconomia; Informação científica; pós-comunismo.

ABSTRACT: Historical analysis – based on literature and bibliographic review – identifying the main characteristics in librarianship and information science in the 11 republics related to the Commonwealth of Independent States (CIS), during the decades of transition to capitalism. The period of analysis is between the second half of 1991, with the dissolution of the USSR, until the late 2010s, with focus on research institutes, information services, scientific journals, legislation and professional training in these countries. The article analyses Russia, Belarus, Ukraine, Caucasus and Central Asia. This research identifies that, despite some problems inherited from the communist era, the libraries and information services, including the professional formation and legal structure, were open to a new horizon, adapting, partially, to the capitalist reality.

Keywords: Commonwealth of Independent States; librarianship; scientific information; post-communism

1 Introdução

Em 31 de dezembro de 1991, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas deixou de existir, sendo desmembrada em 15 repúblicas, 12 delas incorporadas à Comunidade de Estados Independentes (CEI). O final da então superpotência comunista não ocorreu de uma hora para outra – consequência de décadas de problemas econômicos, políticos e sociais –, não se devendo superestimar a extensão dessas mudanças aos países envolvidos. Conforme Judt (2008), o estado soviético não desapareceu, sendo que suas ex-repúblicas continuaram sendo governadas por experientes autocratas comunistas, que realizaram uma defeituosa transição desses países para a democracia.

O sistema informacional soviético, com origem nos anos 1920, a partir de ampla reestruturação feita pelos líderes Vladimir Lenin e (após 1924) Josef Stalin, atingiu seu ápice após 1945, com o país possuindo ampla rede de bibliotecas (fortemente organizadas pelos ditames marxistas-leninistas), centenas de cursos de graduação e pós-graduação em atividade, milhares de centros de informação em funcionamento, institutos de grande porte ligados a informação cientifica, e iniciativas de inserção de suas teorias e conceitos nos países ligados ao antigo bloco comunista, criando, segundo Richards (1999), um “império soviético da informação”.

Contudo, no início dos anos 1990, essa realidade informacional, com o fim do bloco socialista, dos governos comunistas e das políticas centralizadoras outrora existentes, entrou em um período de abrupta mudança, no qual esses novos países, a duras penas, seguiram por uma fase de readaptação.

A partir dessa contextualização, objetivando identificar o estado da arte do campo informacional dos países que pertenceram a União Soviética no pós-comunismo, essa pesquisa – atualizando trabalhos que abordaram a evolução da Ciência da Informação na União Soviética/Rússia (SANTOS JUNIOR, PINHEIRO, 2009, 2010; SANTOS JUNIOR, 2012) – analisou o desenvolvimento da Biblioteconomia e da Ciência da informação nas ex-repúblicas soviéticas, entre os anos de 1990 até as primeiras décadas do século XXI, a partir de levantamento bibliográfico e revisão de literatura em periódicos de língua inglesa, russa e portuguesa.

A pesquisa abordará as realidades informacionais das respectivas 11 repúblicas separadas em cinco tópicos: Rússia, Belarus/Bielorrússia, Ucrânia, Cáucaso e Ásia Central.

2 Rússia

A Rússia, durante as primeiras décadas do século XXI, apresenta uma dinâmica e instável situação política, social e econômica, ainda sofrendo com a difícil transição da realidade oriunda da União Soviética.

Por um lado, o país conseguiu considerável recuperação econômica, revertendo parcialmente as perdas advindas de um quase colapso durante os anos 1990, durante o qual o forte sistema educacional, científico, esportivo e militar herdado do comunismo, mesmo com reveses, pôde ser preservado. No escopo internacional, o país impôs restrições à presença estadunidense na antiga esfera de influência soviética, e sediou importantes eventos como, por exemplo, a Olimpíada de Inverno, realizado em Sochi (2014), e a Copa do Mundo de Futebol (2018) (SERVICE, 2015; SANTOS JUNIOR, 2019).

Por outro lado, o país apresenta resquícios de um sistema político autoritário, repressivo e centralizador, visíveis nos mandatos do presidente Vladimir Putin, além dos problemas sociais (baixa natalidade, alta taxa de criminalidade e corrupção, elevados índices de alcoolismo e pobreza, hostilidade a minorias e opositores políticos, fuga de cérebros), que apenas recentemente começaram a ser revertidos (SERVICE, 2015; SANTOS JUNIOR, 2019).

A antiga República Socialista Federativa Soviética da Rússia foi uma espécie de “matriz” do campo informacional comunista, enviando e recebendo profissionais das outras repúblicas e países do bloco socialista, realizando cursos, sediando eventos científicos e gerenciando projetos informacionais e automatizados. Após 1991, a Federação Russa, mesmo herdando parte considerável dessa grandiosa infraestrutura, teve que arcar tanto com uma abrupta mudança ideológica, com o fim ou reavaliação de antigas parcerias, quanto teve que manter sua relevância na grave crise financeira ocorrida durante os anos 1990 (SANTOS JUNIOR, PINHEIRO, 2009). Três caminhos podem ser identificados nesse sentido: bibliotecas e serviços de informação, em seu principal organismo em informação, o Instituto Estatal de Informação Científica e Técnica, e em seu campo teórico.

2.1 Bibiliotecas e serviços de informação

As bibliotecas russas, logo após a dissolução da União Soviética, entraram em um período de modificações e ajustes. Houve considerável decréscimo do número de bibliotecas no país, de 119.500 em 1991 para 95.200 em 2011, em parte devido a cortes de investimentos do governo russo (ZVEVERICH, 2014).

Em março de 1992, foi promulgado o decreto presidencial “Biblioteca Nacional da Rússia” instituindo-a na cidade de São Petersburgo, e a Biblioteca Lenin, localizada em Moscou, transformada em Biblioteca Estatal da Rússia, ambas consolidadas em nova lei promulgada em 2008. Em dezembro de 1993, a lei federal sobre Bibliotecas definiu a organização e funcionamento dos organismos em território russo, permitindo o financiamento privado, retirada do papel de “local de transformação social” para a de fortalecimento cultural da sociedade, e redução do número de bibliotecas regionais. Em outubro de 1994 criou-se a Associação dos Bibliotecários na Rússia, reunindo profissionais na esfera pública e privada, com a missão de dar suporte à implantação dessa legislação no país (ZVEVERICH, 2014; KOLLAR, 2012).

Em 2009, com a criação (e coordenação) da Biblioteca Federal Boris Yeltsin, em São Petersburgo, iniciou-se o programa de “rede de bibliotecas na Rússia”, no qual os resultados, anos depois, mostram-se ambíguos. Knutson (2007), em pesquisa ligada à biblioteca regional de Bryansk, Zveverich (2014), baseando-se na biblioteca F. M. Dostoevsky e na biblioteca e centro de informação de Prospekt, ambas em Moscou, e Pape e Smirnova (2018), focando no projeto privado de reforma das 448 bibliotecas de Moscou entre 2013-2015, discutiram a tentativa de implantação dessa rede e dos prós e contras da renovação estrutural desses organismos. Os artigos confluem em indicar que, positivamente, as bibliotecas apresentaram melhorias estéticas e uma automatização eficiente. Contudo, em relação aos principais problemas dessa nova realidade, os autores indicam a relação muitas vezes distante com os usuários – que por vezes criticaram não serem consultados nessas modificações ou renovações –, a incerteza da atualização tecnológica nesses locais e os serviços de referência mostrarem descontinuidade.

Os currículos dos cursos em Biblioteconomia e Informação Cientifica no país também foram drasticamente modificados durante os anos 1990 e 2000, tendo praticamente todas as disciplinas ligadas ao marxismo-leninismo retiradas, além da inclusão de disciplinas e práticas ligadas a automação de acervos (RICHARDSON JR., 1998, 2006a). Em relação aos periódicos, houve poucas mudanças, com o Nauchno-Tekhnicheskaya Informatsiya (Informação científica e técnica), em atividade desde 1961, mantendo-se como o principal relacionado a Ciência da Informação na Rússia.

No âmbito informacional, Chernyi, Gilyarevskyi e Korotkevich (1993) realizaram extensivo relatório, apresentado à presidência da Federação Russa, onde foram apresentadas propostas de adaptação do campo informacional do país para uma realidade capitalista. Nele, os autores focam em três pontos principais: substituição de elementos marxistas-leninistas para uma realidade onde os serviços devem ser direcionados a um mundo globalizado; adaptação dos centros de informação russos para atividades em âmbito interno, ou seja, nas regiões ligadas ao país; e necessidade de automatização mais efetiva no campo informacional da Rússia.

Baseando-se nesse relatório, o governo Yeltsin promulgou a lei “fundamentos das políticas estatais de informação”, em 1994, e a lei federal “informação, tecnologia da informação e proteção da informação”, promulgada em 1995 e atualizada em 2006. Apesar de não totalmente implantada, essa legislação permitiu que o país mantivesse políticas de informação mesmo com a grave crise financeira sofrida nos anos 1990 (ZVEVERICH, 2014).

Nos anos 1990 e 2000, o país passou a redistribuir seus profissionais em informação, transferindo-os dos centros de informação existentes no período soviético (em que vários foram desativados e outros viraram centro de referência) para institutos de pesquisa e projetos ligados a patentes, pesquisa e publicação científica. Mesmo com problemas como baixa remuneração, automação deficitária e fuga de cérebros, somente diminuindo em meados dos anos 2000, a manutenção de parte da infraestrutura informacional russa conseguiu ser mantida (BRUNSHTEIN, 2018).

Nos primeiros anos do século XXI, o governo Vladimir Putin, com o projeto “Estratégias de Desenvolvimento da Sociedade da Informação na Federação Russa até 2015”, em atividade entre 2008 e 2015, e o programa “Sociedade da Informação (2011-2020)”, ofereceu considerável aporte financeiro ao campo científico e tecnológico russo, criando projetos em conjunto com o Ministério da Comunicação, institutos de informação e organismos privados (ABDULGALIMOV, 2015).

2.2 Instituto estatal de informação científica e técnica (VINITI)

O principal órgão de pesquisa e estudo sobre a informação na União Soviética foi o Instituto Estatal de Informação Científico e Técnica, ou VINITI. Criado em 1952, o organismo foi uma espécie de “órgão central” que coordenou a maior parte das pesquisas e projetos ligados à Ciência da Informação tanto na URSS como em grande parte do antigo bloco socialista. No seu ápice, entre 1975 e 1980, o VINITI obteve o número de aproximadamente 20 mil funcionários trabalhando na instituição (SANTOS JUNIOR, PINHEIRO, 2010).

Segundo Chernyi (2005), na primeira década do pós-comunismo, o VINITI não somente reorganizou sua estrutura e objetivos, como também buscou reutilizar seus funcionários e pesquisadores que realizavam atividades no antigo bloco comunista. Devido à severa crise financeira que a Rússia sofria nos anos 1990, boa parte desses funcionários preferiram não retornar, mantendo suas atividades em outros países da Europa ou emigrando para os Estados Unidos. Antigas sedes do VINITI fora da Rússia ou foram desativadas, ou se fundiram a cursos ou institutos nesses países.

Curiosamente, o número de funcionários trabalhando atualmente no VINITI mostrou-se impreciso e com dados contrastantes (inclusive em seu site www.viniti.ru/). Contudo, estima-se que entre 5 e 10 mil funcionários estejam, direta ou indiretamente, no organismo, sugerindo que, apesar da diminuição em seu funcionamento, ele ainda apresenta uma respeitável estrutura interna. O VINITI continua participando de eventos em âmbito internacional e realizando parcerias com institutos estadunidenses, europeus, chineses e, em menor medida, no Oriente Médio.

Um exemplo que mostra as dificuldades do VINITI na era pós-URSS se relaciona ao seu periódico secundário Referativnyi Zhurnal (em inglês, Abstract Journal). Criado em 1953, em alguns anos se tornou o principal periódico de revisão soviético e um dos principais em âmbito internacional. Schuko (2018) afirma que o periódico teve queda considerável de publicação, aparentemente não sendo mais tratado como prioridade pelo instituto, de 1.297.317 publicações identificadas em 1990 para 658.258 em 2017. Para o autor, novas formas de análise bibliográfica, tentativas de criação de base de dados para essas publicações e restrição do escopo de análise apenas para o russo foram alguns dos fatores que justificam a queda de produção do Referativnyi Zhurnal.

Porém, apesar das dificuldades, o instituto, nos anos 2010, principalmente durante a gestão de Yurii Arskii como seu diretor (entre 1993-2016), apresentou sinais de estar se adaptando a uma realidade automatizada. Nesse aspecto, destaca-se a ordem 616 da Agência Federal de Organização Científica, de outubro de 2014, autorizando o plano de atuação do VINITI para um contexto informatizado. Biktimirov, Gilyarevskyi e Syuntyurenko (2016), que formularam esse plano, afirmam que o programa se separa em três níveis – infraestrutura, informacional e analítico – criando um Sistema de processamento e armazenamento de dados, na atualização dos softwares e hardwares do instituto, e na criação de um novo e mais abrangente banco de dados para digitalização e inclusão de produção científica, permitindo assim a criação de um Centro de Acessibilidade Científica.

Egorov et. al. (2020) citam que o VINITI desenvolveu, entre 2018 e 2019, um sistema de indexação computadorizado, a Classificação Temática Automatizada de Textos (ATCT), do qual foram indicados bons resultados nos acervos onde foi introduzido.

3 Campo teórico

A Ciência da Informação soviética, a partir de 1966, guiou seu estudo teórico com base na nomenclatura Infromatika proposta por A. I. Mikhailov, principal nome da área na URSS, com a colaboração dos autores A. I. Chernyi e R. S. Gilyareviskyi, tendo sido apresentada como

Disciplina científica que estuda a estrutura e as propriedades (não especificamente o conteúdo) da informação científica, assim como as leis que regem as atividades ligadas à informação cientifica, sua teoria, história, metodologias e organização. O objetivo da Informatika é a de desenvolver métodos e meios eficientes de registro, processamento analítico sintético, armazenamento, recuperação e disseminação da informação científica (MIHAILOV, 1967, p.241)

Contudo, apesar de ter sido a principal vertente, frisa-se que não foi a única na União Soviética. Moreiro González (1995), Smutny (2016), e Smutny e Vahovar (2020) afirmam que existiram correntes divergentes, a partir dos anos 1970, em especial nas ideias ligadas ao pesquisador A. V. Sokolov, que propunha o afastamento de análises ligadas à informação científica e a criação de uma Informatika social, baseada na prática social, na observação da sociedade, e na interligação da área com a Biblioteconomia, Arquivologia e Museologia. Ambos os conceitos seriam utilizados tanto na URSS quanto no Leste Europeu, porém caíram em desuso após o comunismo.

Em relação à produção intelectual pós-1991, cita-se que, apesar da consolidação de uma nova geração de pesquisadores que ajudaram a renovar o campo informacional russo, seriam autores ligados à “velha guarda”, ou seja, com suas formações entre os anos 1960 e 1970, os “líderes” teóricos, no sentido de adaptar a Informatika para uma realidade pós-comunista. Desses pesquisadores, A. I. Chernyi (1929-2013), A. D. Ursul (1936-2020), Irina Marshakova (1941-2019), o já citado A V. Sokolov, E. P. Semenyuk, Ruggero Gilyareviskyi e Valentina Markusova recebem destaque por terem conseguido, com suas pesquisas e projetos, realizar a transição teórica entre os anos 1990 até meados da década 2010.

No geral, substituiu-se a informação social (no contexto marxista) e informação científica da Informatika soviética para uma subdivisão da disciplina em informatika técnica, informatika biológica, informatika social (no âmbito filosófico e cultural), informatika física, e fundamentos teóricos da informatika, nos quais o conceito informação, inserido em um contexto global e fortemente envolvido em aspectos relacionados a ecologia/sustentabilidade, seria identificado em três principais vertentes: como parte e aspecto de qualquer tipo de reflexão (conceito atributivo); como uma forma e tipo de gerenciamento de uma reflexão (conceito cibernético ou funcional); e como uma característica inerente apenas à consciência humana (conceito semântico, culturológico e sociocêntrico) (URSUL, 2012; SEMENYUK, 2015).

4 Belarus/Bielorrússia

A Bielorrússia talvez tenha sido a ex-república soviética que mais tenha mantido resquícios de seu passado comunista. Apesar dos promissores, mesmo que tímidos, passos democráticos tomados entre 1991-1994, a ascensão ao poder do autoritário Aleksander Lukashenko viu um estranho retorno a símbolos ligados ao passado soviético (hino, bandeira, brasão), acordos de criação de uma comunidade de nações russa-bielorrussa, perseguição a desafetos políticos, posturas negacionistas sobre a pandemia de Covid-19 (com o presidente dizendo que a doença poderia ser curada com vodca, sauna e trabalho no campo) e repressão aos protestos populares que contestaram sua reeleição em 2020 (WILSON, 2021).

Em 1992, foi criada a Associação de Bibliotecas Bielorrussa, que centralizou as demandas profissionais dos bibliotecários e que deu suporte governamental a projetos, programas e legislação ligados à Biblioteconomia no país. Em 1995, foi promulgada a “lei das Bibliotecas”, que foram identificadas como locais de cooperação cultural e social, com a criação de uma “rede de bibliotecas” na Bielorrússia. Essa rede, consolidada no início dos anos 2000, consistiu nas bibliotecas regionais das cidades de Brest, Gomel, Grodno, Mogilev, Vitebski e na capital Minsk, com suporte e coordenação das bibliotecas da Universidade Estatal Bielorrussa, da Academia de Ciências da Bielorrússia, e da Biblioteca Republicana de Ciência e Tecnologia. Em 2006, a Biblioteca Nacional foi reinaugurada em uma nova, suntuosa e futurista sede e, em 2015, o país apresentava 9.000 bibliotecas em atividade (MOTULSKJI, 2015).

No âmbito informacional, dois caminhos foram traçados pelo governo de Belarus.

O primeiro, ligado ao Sistema Nacional de Informação, focando na implantação de uma base de dados e informatização das bibliotecas no país, sob a liderança da Biblioteca Nacional, permitiu acesso dos pesquisadores bielorrussos a periódicos internacionais (de forma semelhante a iniciativas feitas no Brasil como, por exemplo, na Plataforma Lattes) e, a partir de 2002, na criação da Biblioteca Nacional Digital, que busca oferecer um ambicioso projeto de digitalização de todo o acervo permanente do país (MOTULSKJI, 2015).

O segundo se relaciona à consolidação do Sistema Estatal de Informação Científica e Técnica, com raízes no final dos anos 1970, que pretende interligar bibliotecas, centros de informação, centros industriais e regionais, pontos de telecomunicação e canais de produção e publicação de pesquisa científica em uma rede informacional única, com amplo escopo digital e interacional. Os resultados mostram ambiguidade onde, por um lado, cita-se a criação de centros de informação, ligados a órgãos do governo, que conseguem agregar diferentes organismos públicos e privados, mas, por outro, verificou-se a eficiência problemática desses centros, com baixa inserção tecnológica, projetos descontinuados e, em casos localizados, forte intervenção governamental que prejudicou o desenvolvimento de algumas pesquisas (MAKAREVICH, 2020).

5 Ucrânia

Apesar de nem sempre lembrado, a Ucrânia teve papel importante para o final da URSS, a partir da votação popular, em referendo realizado em primeiro de dezembro de 1991, apoiando a saída da república da União Soviética, e da determinação de seu recém- eleito presidente, Leonid Kravchuk, de manter a decisão, o que selou o acordo de criação da CEI (PLOKHY, 2015). Em posição estratégica na Europa, o país sofre com um agressivo jogo de poder entre os Estados Unidos, União Europeia e Rússia, causando tensões políticas e sociais, que no fim eclodiram em conflitos ligados à “Revolução Laranja” (2004) e Euromaidan (2013-2014), esta última gerando violentos confrontos internos, culminando na invasão e ocupação russa na Crimeia em junho de 2014.

Segundo Danylova e Salata (2016), o país apresenta, em dados de 2015, 32 mil bibliotecas, divididas em rurais, estatais e regionais. Apesar do alto número de organismos, e de estes apresentarem tendência de atualização em sua estrutura, são percebidos problemas como, por exemplo, o cabo de força entre qual idioma deve ser comunicado nesses locais (ucraniano e russo), continuidade da centralização e práticas soviéticas nesses locais, em especial na Biblioteca Nacional (reinaugurada em 1996), diminuição do número de profissionais em consequência das crises políticas, e luta por influência entre a União Europeia e Rússia nesses organismos, visíveis principalmente na biblioteca da cidade de Chernivsti, uma das mais ocidentalizadas do país (HAIGH, 2009b).

Contudo, mesmo com esses contratempos, mudanças na realidade bibliotecária e informacional foram visualizadas. Em 2002, foi promulgada a lei “Bibliotecas e Biblioteconomia”, que definiu parâmetros de organização dos acervos na Ucrânia, e na reformulação de currículos e projetos nos seus centros de informação, retirando elementos marxistas e substituindo-os por pesquisas ligadas a Europa, Estados Unidos e China (CHUKANOVA, 2015; DANYLOVA, SALATA, 2016). Contudo, anos de conflito e intervenção externa, na segunda metade dos anos 2010, tiveram impacto nos acervos documentais ucranianos onde, segundo Nazarovets, Silva e Nazarovets (2018), foram percebidas quedas contínuas de investimento desde 2013, apesar da promulgação pelo governo de leis e decretos localizados de renovação profissional, tentando atenuar a situação.

Entre os anos 1990 e 2000, quatro cursos de graduação e pós-graduação em Biblioteconomia e Informação foram instituídos, servido de base para a formação desses profissionais: Universidade Nacional de Arte e Cultura de Kiev, Academia Estatal de Cultura de Carcóvia, Academia Estatal de Cultura de Rivne e Academia de Mykolaiv (ligada à Universidade Nacional de Kiev). Os cursos, divididos em especialização de dois anos e de formação de quatro anos, ligados ao currículo “bibliografia, biblioteconomia e referência”, separam-se em dois tópicos de pesquisa, definidos em 1993: livros, referência e bibliotecas; e sistemas automatizados e tecnologia da informação (HAIGH, 2007, 2009a).

6 Cáucaso ( Armênia, Azerbaijão e Georgia)

A região do Cáucaso, que mistura populações católicas, ortodoxas e islâmicas, entrou em uma realidade pós-comunista com crises políticas internas (marcadas ou por golpe de estado ou confrontos entre a presidência e o parlamento) e em amargas guerras ligadas a questões territoriais ou relacionadas à intervenção russa. Armênia e Azerbaijão tiveram dois violentos conflitos ligados ao controle da região de Nagorno-Karabakh, entre 1988 e 1994 e em 2020, deixando um legado de destruição e morte para ambos os países. Na Georgia, sua realidade transitou entre forte relação econômica com os Estados Unidos e União Europeia nos anos 1990 e duradouros conflitos internos, em especial nas regiões da Abkhazia e Ossetia (desde 1989) e, externamente, com a Rússia, que invadiu o país em breve confronto em 2008 (ATKINS, 2010).

A Armênia foi um dos países que mais sofreram com a transição do comunismo. Nos anos 1990, queda abrupta no número de bibliotecas (de 248 em 1991 para 15 em 1995), infraestrutura deficitária e praticamente nenhum suporte governamental marcaram a Biblioteconomia armena. Nos anos 2000, contudo, a situação apresentou parcial melhora, com o surgimento de “bibliotecas regionais” nas 10 regiões do país, considerável número de projetos internacionais em conjunto com a Alemanha, Estados Unidos, Suíça e França, que permitiu renovação teórica dos profissionais e projetos de modernização documental, além de estímulos a congressos no país ligados a bibliotecas, informação e bibliografia, que ajudaram na criação do primeiro mestrado em Ciência da Informação, na capital Erevã, em 2009, e no desenvolvimento de acervos digitais entre 2008 e 2015 (JOHNSON, 2013b; ZARGARYAN, ASTSTRYAN, MATELA, 2020).

O Azerbaijão, nos primeiros anos do pós-comunismo, também sofreu perdas em sua estrutura, com redução do número de bibliotecas (de 4.605 em 1990 para 4.035 em 2008) e de leitores (de 4.415 em 1990 para 2.517 em 2003) (CALIMERA COUTRY REPORT, 2004; PENDSE, GOYUSHOV, 2012). Contudo, como na Armênia, houve parcial recuperação nos anos seguintes, em especial com a reestruturação das três principais bibliotecas do país – a Biblioteca Estatal de Literatura Científica de Baku, a Biblioteca da Universidade ADA, e a Biblioteca e Centro de Informação da Universidade de Khazar – (ISMAYLOV, ISMAYLOV, MAMMADOVA, 2019). Decretos promulgados em 1996, 1999 e 2007 criaram parâmetros de organização dos acervos no país, buscando incluir práticas e teorias regionais em detrimento das estrangeiras, e com a Biblioteca Nacional, a Biblioteca do Parlamento e a Biblioteca presidencial como os principais centros de formação de bibliotecários, sendo também sedes do projeto de catalogação nacional e da implantação do E-library, programa de informatização das bibliotecas e centros de informação no país (PENDSE, GOYUSHOV, 2012; FATALYEV, 2017).

Na Georgia, nos anos 1990, a criação da Associação dos Especialistas em Informação estimulou a renovação teórica e prática dos profissionais, além do desenvolvimento do projeto “bibliotecas globais” (1998-2000), buscando a internacionalização das bibliotecas no país. A Biblioteca Estatal de Tbilisi estimulou a continuação dos sete bancos de dados existentes no país entre 1991 e 2001 (GIBRADZE, 2001). Os anos 2000 indicam que, apesar de melhoras localizadas, foram identificados problemas dos bibliotecários em obter suas graduações e exercer seu trabalho sem influência das tensões entre Estados Unidos e Rússia, que disputam pela hegemonia política e econômica na região (HOPKINSON, ZARGARYAN, 2009).

7 Ásia Central

As cinco repúblicas ligadas à Ásia central, com sua população oriental/asiática, intensa inserção no islamismo e, em diferentes regiões, com hábitos e rotinas originados durante a ocupação mongol no século XIII, tiveram a transição política mais problemática do pós-comunismo. Todos os seus presidentes, antigos secretários-gerais do Partido Comunista de seus respectivos países, mantiveram regimes autoritários, com um agressivo culto à personalidade, alto índice de corrupção, perseguição a desafetos políticos, além de forte dependência aos ditames de Moscou. Saparmurat Niyazov no Turcomenistão (no poder entre 1985 e 2006), Nursultan Nazarbaev no Cazaquistão (1989-2019), Askad Ajaev no Quirguistão (1990-2005), Islam Karimov no Uzbequistão (1990-2016), e Emomali Rahmon (desde 1992) no Tajiquistão – que sofreu uma sangrenta guerra civil entre 1992 e 1999 pouco fizeram para que uma realidade mais democrática se solidificasse (ATKINS, 2010).

Sobre o Turcomenistão, o país apresenta políticas de informação fechadas, havendo críticas sobre a impossibilidade de análises mais aprofundadas sobre sua estrutura. Richardson Jr. (2006b, 2013), em viagens ao país, indica que suas cinco principais cidades (Turkmenbashy, Dashoguz, Türkmenabat, Mary e Ashgabat) possuem considerável número de bibliotecas e cursos de graduação e pós-graduação em Ciência da Informação, além da construção de novas bibliotecas, em geral ligadas a ministérios ou organismos do governo. A partir de decretos publicados em 2000 e 2005, o país regulamentou o funcionamento das bibliotecas e a profissão de bibliotecário e arquivista. O autor identificou que, nos anos 2000 e na primeira metade da década de 2010, a Biblioteca Nacional do Turcomenistão (reinaugurada com bela arquitetura em 2005), o Arquivo Nacional, o Instituto Estatal de Cultura Turcomena, a Biblioteca Científica Central do Conselho em Ciência e Tecnologia, e organismos privados localizados como os principais locais de reorganização dos acervos documentais turcomenos, na formação de novos profissionais, e na tentativa de criação de um fluxo informacional mais eficiente no país.

Sobre o Quirguistão, Salisbury (2011) indica, a partir de visitas entre 2004 e 2005, bibliotecas e centros de informação, em especial na capital Bishkek, com problemas de infraestrutura, porém receptivos a pesquisadores ocidentais, utilizando práticas de classificação e indexação russas (BBK) em detrimento das norte-americanas e europeias. Pun (2018), em visita à Universidade Estatal e Biblioteca Nacional, identificou divisões ligadas a correntes de estudo russo, asiático, europeu e estadunidense, divisão essa refletida nos currículos dos cursos de graduação em Biblioteconomia. Bekbalaeva (2017a, 2017b) indica mudanças substanciais ligadas à internacionalização dos acervos, cursos de graduação e profissionais, a partir da criação, em 2002, do consórcio em bibliotecas e informação, o qual estimulou políticas de interrelação de acervos com outros países, além de forte participação norte-americana em projetos de digitalização, inserção tecnológica e estímulo a congressos nacionais como, por exemplo, no encontro dos bibliotecários quirguizes, em atividade desde 1999.

No Tajiquistão, apesar de algumas medidas terem sido feitas durante os anos 1990, somente após a violenta guerra civil no país foi que o governo atuou de forma mais incisiva em políticas informacionais. Mahmadullo (2019) afirma que, entre 2001 e 2017, seis leis foram promulgadas estimulando a “informatização” nacional, além de iniciativas práticas de reconstrução e reestruturação de bibliotecas, museus e arquivos, visíveis na criação do portal educacional unificado (2016-2017), e da institucionalização, em 2016, do Centro em Ciência e Tecnologia, na capital Dushanbe, reunindo cursos e projetos interdisciplinares, com bibliotecários, arquivistas e técnicos em informática.

Sobre o Cazaquistão, segundo Emmelhainz e Bukhtoyarova (2016) e Emmelhainz (2020), o país possui doze editoras cientificas em atividade, cinco periódicos e 10 cursos de graduação em Biblioteconomia, sugerindo variedade de espaços de formação para os profissionais cazaques. Segundo entrevistas feitas pela autora, entre 2016 e 2019, com bibliotecários e profissionais de informação ligados à Biblioteca Nacional Cazaque, foi verificado que diversos profissionais indicavam sua adesão ao curso por questões financeiras, por acidente ou, em casos localizados, por interesse pessoal, e que percebem desvantagens na transição pós-comunista, como baixo salário, legislação em transição ou presa à realidade socialista, além de informatização problemática, fazendo com que alguns bibliotecários busquem suas pós-graduações na Rússia.

Em relação ao Uzbequistão, o país, no início dos anos 2000, tinha o considerável número de 12 mil bibliotecas em atividade, dessas, sete mil públicas. O decreto presidencial “Organização dos Conjuntos Biblioteconômicos e Informacionais da República” (2006) estimulou a reformulação das bibliotecas e centros de informação no país, além de iniciativas de renovação tecnológica, obtendo sucesso parcial. Essas políticas continuaram com o decreto “Estratégias e Ações de Desenvolvimento para o Uzbequistão” (2016). Em 2011 e 2015, legislações especificas ligadas ao funcionamento das bibliotecas e centros de informação, além da implementação de cursos de graduação em biblioteconomia e pós-graduação em Ciência da Informação foram promulgados (JOHNSON, 2013a; ALENZUELA et. al. 2018).

Alenzuela et. al. (2018), Rahmatullaev, Ganieva e Khabibullaev (2017) e Johnson (2013a) indicaram três caminhos que marcaram as adaptações na realidade informacional uzbeque: a primeira, ligada à Biblioteca Nacional, apesenta decretos presidenciais promulgados entre 2001 e 2017 que atualizaram o funcionamento e estrutura do organismo, expandindo essa renovação às bibliotecas regionais, rurais e aos centros de informação do país; o segundo, nos cursos de graduação, com reformulações nos currículos em Biblioteconomia, Arquivologia e Ciência da Informação, retirando elementos ligados ao marxismo presentes nas antigas ementas soviéticas, com ênfase agora em educação tecnológica e inserção de autores estadunidenses; e, por fim, organismos como a Biblioteca/Centro de Informação de Bilim, a Biblioteca da Academia de Ciências e o Centro de Informação em Tecnologias da Universidade de Tashkent, sendo não somente locais de suporte a essas inciativas, mas também oferecendo cursos e projetos ligados a inovação.

Considerações finais

Trinta anos após o fim do comunismo, a Biblioteconomia e Ciência da Informação nos países anteriormente pertencentes à União Soviética, de maneiras diferenciadas, continuam trilhando o caminho de consolidar sua identidade em uma nova realidade capitalista. A presente pesquisa buscou apresentar um breve panorama de como está sendo essa transição.

Inicialmente, cita-se que uma análise comparativa, ou seja, sobre qual república teve maior ou menor abertura, ou sobre qual se saiu melhor durante esse período de transição mostrou-se difícil de ser produzida, evitando essa abordagem na pesquisa. Em parte, isso é explicado por esses países, mesmo com as políticas centralizadoras oferecidas durante o período soviético, apresentarem realidades históricas e sociais distintas. Somadas a isso, há particularidades também na construção e manutenção das bibliotecas, ou da formação em profissionais em informação, que dificultam afirmar quais estão em melhor ou pior situação. Obviamente, não é ignorado que a Rússia, a qual, conforme citado, herdou uma significativa infraestrutura em informação, saiu em vantagem (mesmo com perdas), mas frisa-se que pesquisas mais aprofundadas podem apresentar quantitativamente e/ou qualitativamente essa “vantagem” em comparativo a outras regiões pertencentes à antiga URSS.

Outro aspecto identificado na bibliografia levantada foi o baixo número de referências a projetos em bibliotecas ou informação científica entre os países da Comunidade de Estados Independentes, ou sobre a influência russa nesses locais. Grande parte dos artigos frisam projetos em colaboração com os Estados Unidos e União Europeia, o que sugere maior abertura a essas parcerias (e o interesse dos EUA em atuar nessa região), e, muitas vezes, quase nenhuma menção a acordos de cooperação com a Rússia, leste europeu, ou outras ex-repúblicas soviéticas. Existem exceções, em especial na Ásia Central, com amplos projetos de colaboração a partir de 2016, e de associações ligadas a bibliotecários russos, ucranianos e bielorrussos durante os anos 1990, de curta duração. Porém, no geral, a literatura indica que os antigos vínculos existentes durante o período comunista ou foram encerrados, ou consideravelmente diminuídos.

A pesquisa conclui que a Biblioteconomia e Ciência da Informação nesses países trilham novas alternativas, por vezes readaptando, substituindo ou atualizando antigas políticas do período comunista, indicando que essa fase transitória ainda terá um longo caminho a ser percorrido.

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