O fenômeno da internet na religião oral: a influência das mídias sociais no candomblé

The phenomenon of the internet in oral religion: the influence of social media in candomblé

Fernando Corteze

ORCID: https://orcid.org/0000-0002-1905-5461

Graduado em Arquivologia pela Universidade Federal Fluminense, Brasil .

Email: fernandocorteze@id.uff.br

Carlos Henrique Juvêncio

ORCID: https://orcid.org/0000-0003-2376-4823

Doutor em Ciência da Informação pela Universidade de Brasília (UnB). Docente da Universidade Federal Fluminense (UFF), Brasil.

Email: carloshjuv@gmail.com

RESUMO: Objetiva debater como as novas tecnologias e a exposição exacerbada propiciada pelas mídias sociais influenciam as práticas do candomblé, sobretudo na sua cultura de segredo e na perpetuação de sua tradição oral. Parte do pressuposto de que é latente que as religiões estão passando por grandes mudanças com o advento da Internet e o candomblé é uma delas. Observa como a oralidade, base filosófica da prática do candomblé e um dos seus fundamentos primordiais, esbarra com os grandes fluxos informacionais que as mídias digitais proporcionam para a sociedade moderna. Aborda a utilização da Internet para a divulgação e disseminação dos conteúdos religiosos, além da propagação causada devido ao mau uso das tecnologias ao expor ritualísticas de uma religião antes fundamentada na oralidade e na vivência nos terreiros. Utiliza a pesquisa bibliográfica em base de dados de universidades e bibliotecas digitais para obter artigos e periódicos, além de pesquisas em plataformas de streaming para coleta de dados. Conclui que o ciberaxé tornou-se uma realidade do candomblé e de outras religiões de matriz africana que diverge em partes da gênese da religião e é observado como locais de relevância para essas comunidades, considerando que os espaços tradicionais orais, de memória religiosa, podem entrar em harmonia com a contemporaneidade.

PALAVRAS-CHAVE: candomblé; ciberaxé; memória e tradição oral; internet; mídias sociais.

ABSTRACT: It aims to discuss how new technologies and the exacerbated exposure provided by social media influence the practices of candomblé, especially, in its culture of secrecy and in the perpetuation of its oral tradition. It assumes that it is latent that religions are undergoing major changes with the advent of the Internet and candomblé is one of them. It observes how orality, the philosophical basis of candomblé practice and one of its primary foundations, runs into the large informational flows that digital media provide for modern society. It addresses the use of the Internet for the dissemination of religious content, in addition to the propagation caused by the misuse of technologies by exposing ritualistics of a religion previously based on orality and living in the terreiros. It uses bibliographic research in the database of universities and digital libraries to obtain articles and journals, as well as research on streaming platforms for data collection. It concludes that the ciberaxé has become a reality of candomblé and other religions of African origin, which diverges in parts of the genesis of religion, and is observed as places of relevance to these communities, considering that traditional oral spaces, of religious memory, can come into harmony with contemporaneity.

Keywords: candomblé; ciberaxé; memory and oral tradition; internet; social media.

1 Introdução

A afro-religiosidade presente em todo território brasileiro é plural e deriva-se da diáspora africana, o que reflete até nos dias atuais com o culto religioso denominado Candomblé. A Internet e as mídias sociais fazem as religiões, principalmente aquelas como o candomblé, entrarem em conflito com seus pilares que as mantêm latentes hoje: a tradição oral. Não apenas a oralidade, mas todo o sistema de dogmas — fora do pensamento cristão a que a palavra está associada — que a doutrina está inserida é o segredo e todo misticismo que está atrelado a ele.

Apesar disso, as novas tecnologias nas afro-religiões trouxeram pontos positivos e que precisam ser salientados, como o combate à intolerância religiosa por meio de grupos em redes sociais, a valorização da memória religiosa, a difusão cultural na web, além do debate a respeito da religião nesses espaços. Porém, existem alguns pontos negativos com a disseminação e exposição exacerbada das religiões que possuem uma tradição e hierarquia já institucionalizada, e que afetam diretamente na maneira como ela é organizada no âmbito religioso. Toda essa massificação informacional1 pode comprometer os segredos2 e a exposição dos fundamentos3religiosos do candomblé.

Nos anos 1950, o fotógrafo e antropólogo Pierre Verger divulgou, com as devidas autorizações, uma série de fotografias de iniciações e ritualísticas de membros da comunidade religiosa do candomblé para a revista francesa Paris Match, até então nunca vistas publicamente, causando impacto e críticas devido ao seu conteúdo. Desde então, podemos considerar uma forma de exposição (por um outro suporte) dos fundamentos da religião afro-brasileira pelas tecnologias e as mídias existentes na época.

É importante ressaltar a globalização das mídias sociais em um contexto geral e não apenas nos terreiros de candomblé, onde grande parte da sociedade está inserida, mas de maneira geral como um fator determinante para a difusão de inúmeros valores fundamentais.

O debate a respeito do que pode ou não ser discuto nas mídias sociais de uma religião hierarquizada e ainda tão tradicional, voltada à oralidade e ligada à ancestralidade é pauta diversas vezes em barracões4, devido ao nível de postagens e de segredos expostos naquelas publicações. Freitas (2019, p. 163) questiona sobre o “[...] uso das mídias digitais pelo povo de santo reside na exposição de questões que extrapolaram a ordem da vida cotidiana, ao exporem no âmbito do privado [...] o segredo e o interdito religiosos”, o que está associado à evidenciação exacerbada do sagrado, sem o devido filtro, incluindo a assimilação da imagem religiosa com a pessoal nos espaços digitais, o que acaba sendo prejudicial para a religião.

A era digital tornou-se um divisor de águas para as religiões de matriz africana, principalmente quando tratamos da oralidade e da vivência nos terreiros de candomblé. As mídias digitais e sociais são aliadas na disseminação da informação, e o estudo desse contraste é importante para analisar como a oralidade e a memória estão presentes em um ambiente extremamente contemporâneo. Com isso, os segredos, pilares da religião oral e hierárquica estão em risco, pela grande exposição, desta forma, nosso objetivo com esse artigo é debater como as novas tecnologias e exposição exacerbada propiciada pelas mídias sociais influenciam as práticas do candomblé, sobretudo, na sua cultura de segredo e na perpetuação de sua tradição oral.

Utilizamos como referencial teórico básico Castillo (2010), que se debruça em estudos etnográficos sobre o Candomblé, Cavallaro Filho (2013), que descreve a história da Internet e das mídias digitais. Utilizamos como exemplos as plataformas digitais de streaming, como Spotify e YouTube.

Este artigo justifica-se pela necessidade de estudos na Ciência da Informação (CI) voltados à produção documental e aos impactos das novas tecnologias no social, seguindo uma linha que busca compreender os fenômenos informacionais e sua relação com a sociedade. Ao discorrermos sobre a tradição oral e as novas tecnologias, representadas pelas mídias sociais, estamos investigando os fluxos informacionais e seu impacto, em alusão à definição clássica da CI para Borko (1968).

2 Tradição oral e o Candomblé

Quando o assunto é candomblé ou religiões advindas do continente africano, é quase imediata a ligação delas à tradição oral e à senioridade. A oralidade é um elo nessas comunidades religiosas, presentes não só na comunicação, mas também em todas as particularidades da religião, pela forma como são passadas as informações e os conhecimentos, inclusive, é vinculada à memória. Lima (2020, p. 25) atrela a memória e a oralidade aos fatores da vivência e de repetição, que são métodos para perpetuação. Ao tratar da tradição oral, Vansina (2010) exemplifica a respeito dos conceitos e da complexidade desta tradição, assim como é árduo para as ciências estudarem e analisarem as sociedades orais devido à dificuldade dos relatos:

A tradição oral foi definida como um testemunho transmitido oralmente de uma geração a outra. Suas características particulares são o verbalismo e sua maneira de transmissão, na qual difere das fontes escritas. Devido à sua complexidade, não é fácil encontrar uma definição para a tradição oral que dê conta de todos os seus aspectos. [...] Mas um documento oral pode ser definido de diversas maneiras, pois um indivíduo pode interromper seu testemunho, corrigir-se, recomeçar, etc. Uma definição um pouco arbitrária de um testemunho poderia, portanto, ser: todas as declarações feitas por uma pessoa sobre uma mesma sequência de acontecimentos passados, contanto que a pessoa não tenha adquirido novas informações entre as diversas declarações (VANSINA, 2010, p. 140).

Na memória religiosa e oralidade é importante ressaltar que, em sociedades iletradas — as comunidades que fazem o uso da tradição oral —, era comum a transmissão das histórias por meio da palavra falada, contando com a dificuldade de manter as tradições latentes e resguardadas. Le Goff (1990, p. 43) comenta a respeito da importância e da confiabilidade das histórias orais para diversos grupos e que, segundo o autor, “[...] não devemos, pois, opor uma história oral, que seria a da fidelidade e do imobilismo”. Ainda assim, na religião afro-brasileira, a oralidade tem um destaque de relevância, na qual a fala e a palavra possuem “poder”, e no sentido visceral, possuem axé5, por serem condutoras de sapiência.

Os testemunhos oculares, os boatos, as novas tradições criadas baseadas em novos textos preexistentes (VANSINA, 2010, p. 141) fazem parte da criação da história oral e, consequentemente, influenciam a formação metodológica do candomblé no seu processo linguístico, em que a vivência nas ritualísticas religiosas é importante e necessária para manter a religião viva desde a sua gênese até a atualidade.

O mundo do candomblé é estritamente fechado e baseado em fundamentos religiosos, dos quais os seus adeptos estão cientes enquanto membros, um deles é o segredo. A palavra assume não apenas o sentido literal de sua existência, mas também o peso do “tabu” para as casas que se denominam tradicionais. Esse saber está atrelado a manter a memória e os fundamentos religiosos protegidos dos olhares curiosos, incluindo a democratização do saber, a respeito da qual Castillo (2010, p. 32) traça a ligação entre o saber e a hierarquia, em que apenas determinados grupos sociais possuem o conhecimento, levando a um domínio e ao controle de outros grupos, “a posse de conhecimento religioso se traduz em status, dentro de uma rede de relação de poder” (CASTILLO, 2010, p. 33). Por outro lado, a autora reverbera a respeito das questões externas, e todo histórico de perseguição e repressão pela qual a religião sofreu durante décadas.

A presença da oralidade nos candomblés do Brasil era considerada exclusiva até então como a única via e fonte de transmissão de conhecimento religioso nos barracões. Castillo (2010, p. 25) trata de como conflita com a escrita e instrumentos etnográficos produzidos dentro e fora desses espaços, e a autora ainda destaca que os limites do segredo e da oralidade são ameaçados pelas modernidades que surgem no candomblé, que são as etnografias, “[...] a estabilidade dos limites do segredo é prejudicada não apenas pela mera existência de formas escritas ou visuais de per se” (CASTILLO, 2010, p. 25) mas pela preocupação das informações transitarem fora dos ambientes religiosos.

Outra questão que é muito debatida nos terreiros é a vivência no candomblé, no qual a experiência precisa ser vivenciada e assimilada com o passar do tempo, de acordo com as atividades e aprendizados que aquele adepto reproduz. Ao contrário dos registros escritos, que por muitas vezes determinado indivíduo reproduz alguma atividade sem ao menos ter a experiência “[...] no mundo do candomblé, o aprendizado precisa ser vivenciado o mais integralmente possível, ou seja, não deve priorizar a prática individualizada e isolada da escrita” (ARAÚJO; LIMA, 2018, p. 188).

3 A globalização das mídias sociais

Sabe-se que a Internet é um fenômeno mundial, utilizada para diversas finalidades que variam desde a comunicação entre pessoas nas mídias sociais, até a transmissão oficial utilizada pelos governos, o que vem mudando no decorrer dos anos, em contraposição à comunicação que era feita via carta, telefonemas, fax e outros meios. Com a Internet, a facilidade para a expressão e expansão da informação e do conhecimento tornou-se maior, proporcionando a uma parte privilegiada da população acesso a dados antes quase impossíveis de serem resgatados por meios tradicionais.

Existe uma diferença entre internet e Internet, na qual a primeira restringe-se à rede de computadores interligados, e a segunda está diretamente ligada à “rede global e única, o conjunto de todas as redes” (CAVALLARO FILHO, 2013, p. 1). O termo mais conhecido e utilizado é o primeiro, mesmo o segundo definindo com maior precisão a abrangência da tecnologia. De acordo com a definição da Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL), a Internet pode ser compreendida como:

[...] nome genérico que designa o conjunto de redes, os meios de transmissão e comutação, roteadores, equipamentos e protocolos necessários à comunicação entre computadores, bem como o “software” e os dados contidos nestes computadores (BRASIL, 1995).

A Guerra Fria (1947-1989) foi fundamental para o boom informacional que alavancou uma série de inovações científicas e tecnológicas, incluindo a Internet, na década de 1970, mas, ao contrário de países tecnologicamente avançados, como os Estados Unidos, no Brasil o contexto de chegada da revolução tecnologia ocorreu em passos lentos. Nasser e Rincón (c2021) esclarecem a origem dessa ferramenta até a vinda para o território brasileiro:

Na primeira metade do século XX, por sua vez, temos o boom da propagação da informação, com a invenção do rádio e da TV, e para a década de sessenta o desenvolvimento da internet, iniciada de forma efetiva nos Estados Unidos para auxílio na proteção de informações durante a Guerra Fria, ao respeito é importante sinalar que países como o Brasil tiveram acesso a esta tecnologia com baixa acessibilidade somente na década de oitenta, tendo a sua disseminação acelerada na década de noventa (NASSER; RINCÓN, c2021, p. 02).

Com a expansão desse advento, a maneira de conectar, compartilhar e comunicar entre as comunidades — principalmente as governamentais, pela dificuldade de acesso e escassez tecnológica da época — tornou-se maior e mais prática. Porém, ainda na década de 1990, o uso da tecnologia era restrito apenas a determinados grupos6, “[...] sua atuação se limitava à comunidade de educação e pesquisa do país” (CAVALLARO FILHO, 2013, p. 01). O uso e a popularização da Internet em território nacional abriram caminho para empresas de iniciativa privada providenciarem a conexão para fins comerciais, mudando completamente o cenário virtual do país, onde nos Estados Unidos a World Wide Web (www) já estava difundida para o uso comercial. Com o passar dos anos e com os avanços científicos nas áreas da computação, informática e tecnológica, a Internet se modificou gradativamente, até chegar à que é utilizada nos dias atuais e, como Cavallaro Filho (2013) salienta:

Com o passar dos anos, a Internet cresceu vertiginosamente em nosso país, estabelecendo-se de forma definitiva e sendo utilizada para os mais diversos fins, muitos deles, inclusive, não planejados originalmente (CAVALLARO FILHO, 2013, p. 01).

Essas mudanças podem ser observadas em diversas atividades do cotidiano, que transformaram bruscamente o modo de viver das pessoas. A intervenção tecnológica inseriu mudanças no meio de como a relação entre a população se relaciona, e com isso, as redes sociais surgem nesse contexto, como os blogs7 e as wikis8, na década de 1990 nos Estados Unidos e, chegando mais tarde no Brasil, com o intuito de os usuários compartilharem informações pessoais ou profissionais, públicas ou privadas, cabendo-lhes a mediar o grau de sigilo.

As redes sociais emergiram durante a década supracitada com o intuito de estreitar a relação entre pessoas de diferentes regiões, e essa interatividade deu origem a sistemas populares como o ClassMates (1995), Fotolog (2002), Myspace (2003), Orkut (2004), Facebook (2004), YouTube (2005), Twitter (2006), WhatsApp (2009), Instagram (2010) (COPEL TELECOM, c2021) e entre outras diversas redes sociais que tiveram relevância.

A globalização das tecnologias é de suma importância para a sociedade contemporânea, tendo em vista a dependência do uso que é feita desses dispositivos. Em contrapartida, as mídias sociais aliadas às redes, moldam e oferecem uma gama de informação para seus usuários, “controlando” como esses grupos irão se relacionar e agir, afetando expressivamente os indivíduos. Tonet e Melo (2014) ressaltam o papel mediador das mídias sociais na vida das pessoas e como elas atuam:

A mídia assumiu o papel de mediadora do conhecimento, já que está cada vez mais inserida no dia a dia das pessoas, desempenhando uma grande influência na sociedade, transmitindo comportamentos, moda e atitudes. As mensagens da mídia respondem à sensibilidade dos jovens, são dinâmicas e dirigem-se antes à emoção do que à razão (TONET; MELO, 2014, p. 5).

Thompson (2002) relaciona a comunicação e mídias sociais com o fluxo informacional gerado por elas, tendo grande influência desde o final do século do século XX, onde a produção radiofônica, televisiva e editorial estava em grande destaque. O autor ainda deduz que a questão da globalização não é homogênea, porque “beneficiou mais a uns que a outros” (2002, p. 143), e fica evidente a forma como países não tão evoluídos tecnologicamente, como o Brasil e outros países da América Latina, tiveram impactos com a ausência de investimentos nessa área.

4 O Candomblé e as mídias sociais

É preciso salientar que o primórdio da população do candomblé nos meios de comunicação está com Nina Rodrigues9 em O animismo fetichista dos negros baianos (1900) e João do Rio10, com suas séries de publicações que posteriormente tornaram-se livro, em uma época em que a religião afro-diaspórica não era conhecida e tampouco falada. Outra questão é a primeira incorporação pública que foi feita em rede nacional em 1971, “Seu Sete Rei da Lira, incorporado em Mãe Cacilda de Assis, transformou os programas do Chacrinha na TV Globo e do Flávio Cavalcante na TV Tupi” (PAI PAULO DE OXALÁ, 2020), além de outras personalidades da religião que foram importantes para popularizá-la de alguma forma nos meios de comunicação nas décadas passadas.

A transformação cibernética favoreceu diversas camadas sociais com estudos, inclusões, trocas de informações, combate de intolerância e entre outras diversas oportunidades, um desses grupos beneficiados foi o povo do candomblé ou o povo do axé11. Esses métodos não tradicionais contrapõem o que é aprendido e repassado nos espaços sagrados, os terreiros, que é por meio da oralidade e da vivência. A Internet propicia a religiões pontos positivos e negativos, que devem ser questionados pelos adeptos. E na metade da última década [2000] a temática religiosa apareceu em massa nas redes sociais, como Freitas (2003) enfatiza:

A aparição do candomblé na grande rede mundial de computadores, a Internet, através de suas comunidades virtuais (sites, chats, mailing lists sobre temas relacionados ao universo religioso afro-brasileiro), propagou-se a partir da metade da última década. Sob a égide da democratização do conhecimento, proporcionou uma real publicização e usurpação dos segredos de culto, que já vinham tomando vulto desde a invasão pelas indústrias editorial, radiofônica, cinematográfica e televisiva das religiões afro-brasileiras. Contribuiu, também, para a reelaboração do universo religioso afrobrasileiro, no momento em que a veiculação de informações sobre métodos de culto, indispensáveis à boa realização dos eventos rituais e estruturantes do sistema hierárquico dos terreiros, proporcionou novas possibilidades de aprendizado litúrgico e de transmissão e arquivo (agora, digital) das tradições religiosas afro-brasileiras (FREITAS, 2003, p. 80).

Sabe-se que, com o advento das redes sociais, a interação entre os indivíduos tornou-se maior, incluindo no âmbito religioso, o Orkut e Facebook permitiam que seus usuários criassem comunidades para compartilharem suas experiências e relações pessoais, facilitando a aproximação entre desconhecidos e estreitando laços afetivos e religiosos, ademais, outras redes sociais tinham a mesma função, de instruir e unir seus usuários com a mesma funcionalidade, e Silva (2014, p. 02) descreve sobre a relação dos internautas com as mídias sociais:

Atualmente é possível navegar em inúmeros espaços, cujo interesse central é o culto aos orixás, como sites oficiais de terreiros ou blogs de sacerdotes e iniciados, salas de bate-papos, fóruns de discussão e comunidades ou grupos em redes sociais, onde circula,uma infinidade de conteúdo disponíveis em arquivos de texto, áudio ou vídeo, desde e-books ou TVs online. Além da procura e da oferta de produtos e serviços religiosos, nestes espaços de interação digital, o internauta afro-religioso pode ostentar sua pertença religiosa, buscar seus pares, expressar suas opiniões e exibir seus conhecimentos litúrgicos (SILVA, 2014, p, 02).

Essa aproximação entre os internautas religiosos criou uma grande cadeia de produção editorial e midiática na religião que antes restringia-se nos espaços sagrados. No que diz respeito à troca de informações e conhecimentos nos ambientes virtuais, o candomblé muda de cenário e tradições, em que seus adeptos restringiam o culto apenas aos terreiros, hoje os espaços de culto podem estar associados também às redes sociais.

A transposição de espaços e locais de aprendizados pode ser analisada de forma emblemática, devido ao fato de o candomblé ser uma religião tradicional e estar sempre associada à oralidade e práticas presenciais. Silva (1995, p. 246) observa que, após a aproximação da religião às áreas urbanas, as etnografias tornaram-se presentes e a estruturação da religião mudou completamente, e a educação nesses ambientes começou a ser repassada por meio da escrita, e, com o decorrer do tempo e os avanços tecnológicos, a cibernética foi sendo introduzida nos terreiros de candomblés do Brasil. Essa comunicação entre uma página de uma mídia social e os usuários de modo geral produz uma rede de compartilhamento de informações que, de certa maneira, valida aquele conhecimento. Ainda está tornando comum a propagação e criação de lives e conhecido pelos adeptos como o ciberaxé:

O ciberaxé são as homepages, os blogs, os espaços online em plataformas digitais (de vídeo, imagem e texto) que veiculam serviços religiosos, compartilham as atividades do terreiro (fotos e vídeos dos rituais, dos membros, das festas, das comidas, dos objetos e vestuários sagrados, etc.) propiciam interação com outros membros e simpatizantes, troca de saberes do culto, denuncia [sic] e combaterem violências, discute temas diversos, etc. O ciberaxé são, portanto, os diferentes espaços online, nos quais se dá a difusão de sons, imagens, vídeos e textos com conteúdo sobre candomblé (CONCEIÇÃO, 2018, p. 65).

Paralelamente, é preciso pautar que os membros e simpatizantes das religiões afro-brasileiras estão inseridos nas comunidades cibernéticas para, além de criar uma nova forma de culto ou tradição, somar forças para combater preconceitos como o racismo religioso e a xenofobia, que são presentes nesses espaços, sobre os quais Tramonte (2014) salienta:

Em meio a este intenso desenvolvimento tecnológico, que serve de base a esta construção planetária, convivem formas brutais e primitivas de combate xenófobo, em cuja lógica prepondera a intolerância e a incapacidade absoluta de conciliar, dialogar e fazer conviver a diversidade quer seja ela de tipo cultural, religiosa, étnica ou social com articulações promotoras da diversidade humana em direção a um maior igualitarismo de direitos e oportunidades (TRAMONTE, 2014, p. 94).

Há também problemáticas que podem ser pautadas no universo do candomblé, como a superexposição da religião tradicional, da qual os fundamentos e segredos estão sendo mostrados em páginas da web, conforme demonstrado na Figura 1, como em redes sociais populares. O segredo é o pilar da religião e, como foi visto e descrito nos capítulos supramencionados, e a Internet com o auxílio das redes sociais. Outra grande problemática para os membros da religião é a falta de embasamento, sites de buscas disponibilizam apostilas pagas ou gratuitas com “ensinamentos”, assim como vídeos na plataforma YouTube. Outros programas que são frequentes na exposição de fundamentos religiosos são o Facebook, Twitter e o Instagram, onde os usuários publicam livremente em páginas voltadas para grupos religiosos partes de rituais, apostilas ou fotografias. Tais condutas distanciam os não adeptos dos costumes tradicionais da religião dos orixás, além de propagar ensinamentos que nem sempre estão corretos.

Grandes terreiros do Brasil apresentam sites com o intuito de propagar informações históricas e culturais, segundo Freitas (2003) as casas: Ilê Omolu Oxum, o Ilê Axé Opô Afonjá, o Gantois e a Casa de Oxumarê fazem parte das grandes instituições religiosas afro-brasileiras que mantêm um acervo digital disponível para consulta. Além disso, os três primeiros, por serem barracões antigos, possuem um pequeno centro de memória no espaço onde são construídos (FREITAS, 2003, p. 80), o que valida as informações passadas, já que não são ritualísticas e tampouco parte de fundamentos religiosos, ao contrário do que é visto nas redes sociais “descredenciadas” desses espaços.

Nas redes sociais como o Facebook, há diversas comunidades onde religiosos disponibilizam informações a respeito de cultos, rezas, oferendas, fotografias, cantigas, entre outros rituais, além de relatar o dia a dia e procedimentos que podem ser demonstrados para o público do universo interno dos terreiros. Ao contrário das casas tradicionais supracitadas, é preciso estar atento ao que é consumido na Internet, especialmente quando se trata de uma religião de vivência e oralidade. Outra questão a ser destacada no contexto digital é, segundo Silva (2014, p. 18), que, mesmo com as etnografias digitais do candomblé, a vivência é de suma importância para os adeptos, incluindo a experiências e os “longos anos de pesquisa e familiarização com o universo religioso” (apud CAPONE, 1999, p. 2).

O ciberaxé “esbarra” na tradicionalidade das religiões de matrizes africanas, todavia, no cenário tecnológico é fundamental reinventar e criar laços com outros grupos. As plataformas de streaming13, como Spotify e YouTube, são populares entre adeptos e leigos, a exposição de conteúdos como “magia para o amor”, “como fazer feitiço para o inimigo”, “amarração amorosa” (Figura 2), é comum e pode ser encontrada livremente na segunda plataforma, acarretando um uso indevido da religião para esses fins:

Ao contrário do Youtube, a plataforma Spotify, é destinada para músicas e podcasts, nos quais membros de terreiros discutem e passam seus conhecimentos a respeito da religião, como debate sobre os orixás, espaço do sagrado e profano nos terreiros, racismo religioso, perseguição aos adeptos do culto, entre outros assuntos. Por fim, a criação do aplicativo “Igbá – Heranças Ancestrais14” para dispositivos móveis com a imersão da população dos terreiros e dos turistas servindo “como divulgador do património material e imaterial das práticas culturais dos povos de matrizes africanas presentes no estado do Rio de Janeiro” (c2021).

A proximidade da população leiga com a religiosidade é colocada em pauta quando o ciberaxé também é tratado como um tabu na religião, Silva (2014, p. 105) questiona a respeito da senioridade e a desmistificação da religião. Anteriormente algo que só poderia ser realizado por favoritos e escolhidos dos sacerdotes, o que é evidente no fazer intelectual das décadas passadas, hoje é facilitado na produção e trânsito do conhecimento.

5 Considerações finais

O candomblé, como religião majoritariamente oral, é fruto da herança da colonização europeia no continente africano, é analisada com uma série de fundamentos que auxiliam o embasamento e a formação da religião. Pode-se salientar o segredo, a tradição oral e a hierarquia nesses espaços de devoção, sendo eles pilares para a manter o candomblé ainda latente.
Esses três fatores estão interligados, quando o segredo e a hierarquia estão entrelaçados na disseminação do conhecimento nos terreiros, onde para saber é preciso ter idade de iniciado, e não apenas isso, mas a vivência na religião, que é fundamental. O outro fator, a oralidade, é visto como o primordial, devido ao fato de a fala ser o principal meio de comunicação e difusão de conhecimento dos mais velhos para os mais novos — hierarquia e senioridade —, e em determinados barracões os registros escritos não são bem-vistos como meios de manter o conhecimento documentado.

Por outro lado, no final dos anos 2000 e início dos anos 2010, a ascensão das mídias e redes sociais com a popularização da Internet tornou a realidade dos adeptos das religiões afro-brasileiras diferente, a inserção deles no ambiente virtual e a criação de comunidades voltadas para fins de interação entre eles, além da propagação e troca de informações a respeito do culto. Porém, com o passar do tempo e a evolução das redes sociais, foi possível observar a exposição exacerbada dos candomblecistas nesses espaços virtuais, o que pode ser visto como um problema, indo contra os fundamentos religiosos, que é o segredo.

A exposição de fotografias, rituais internos, etnografias e conhecimentos que antes eram necessários à vivência nos centros religiosos aparece de forma emblemática. Não apenas a hiperexposição, mas a como esses conteúdos são compartilhados e com qual finalidade, tendo em vista que diversos adeptos utilizam as redes sociais para lutar pelos direitos e visibilidade da religião. A Internet permitiu que as casas matrizes criassem uma rede de transmissão formal para que elas compartilhassem seus conteúdos no ambiente virtual.

O ciberaxé é uma nova realidade entre os adeptos do candomblé e de outras religiões de matriz africana, que diverge em partes da gênese da religião, e é observado como locais de relevância para essas comunidades, considerando que os espaços tradicionais orais, de memória religiosa, podem entrar em harmonia com a contemporaneidade proposta pelas mídias sociais, atentando apenas para o conteúdo que será exposto.

Dentro dessa perspectiva, os estudos sobre os impactos das novas formas de produção, circulação e uso das informações, sobretudo no contexto religioso, devem ser um mote de pesquisa em Ciência da Informação, uma vez que os termos são caros à área. O candomblé, sob a perspectiva da CI, pode ser estudado sob a ótica da memória, dos fluxos informacionais, da produção e difusão do conhecimento, bem como a sua gestão, portanto, este artigo busca instigar pesquisadores a lançarem novos olhares sobre este rico objeto de pesquisa.

Referências:

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NASSER, Renata; RINCÓN, Ana Cevelyn León. Redes Sociais Digitais, novo cenário de poder. In: ENCONTRO DE GEOGRÁFOS DA AMÉRICA LATINA, 14., Lima, Peru. Anais […] Lima: EGAL, 2013. Disponível em: http://observatoriogeograficoamericalatina.org.mx/egal14/Geografiasocioeconomica/Geografiacultural/12.pdf. Acesso em: 16 mar. 2022.

RODRIGUES, Marcela Fransen. Raça e criminalidade na obra de Nina Rodrigues: Uma história psicossocial dos estudos raciais no Brasil do final do século XIX. Estudos e Pesquisa em Psicologia, v. 15, n. 3, p. 1118-1135, 2015, Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/epp/v15n3/v15n3a19.pdf. Acesso em: 16 mar. 2022.

SILVA, Patricia Ferreira e. Axé on-line: a presença das religiões afro-brasileiras no ciberespaço. 2014. Dissertação (Mestrado em Antropologia Social) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2014. Disponível em: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8134/tde-02072014-090834/pt-br.php. Acesso em: 16 mar. 2022.

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THOMPSON, John B. A mídia e a modernidade: uma teoria social da mídia. 5. ed. Petrópolis: Vozes, 2002. Disponível em: http://celacc.eca.usp.br/sites/default/files/images/john_b._thompson_-_a_midia_e_a_modernidade_uma_teoria_social_da_midia-vozes_1998.pdf. Acesso em: 16 mar. 2022.

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TRAMONTE, Cristiana. Complexidades da religiosidade afro-brasileira no ‘terreiro’ do ciberespaço. Revista Brasileira de História das Religiões, ano 7, n. 20, set. 2014. Disponível em: https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/RbhrAnpuh/article/view/25130/13569. Acesso em: 16 mar. 2022.

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Pode-se analisar o termo como fator da grande produção informacional da era digital.

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Pode-se analisar o termo como fator da grande produção informacional da era digital. Os segredos do candomblé estão ligados aos fundamentos religiosos e a hierarquia, presentes na religião. Esses segredos ajudam a manter os preceitos da religião de maneira mais segura.

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Os fundamentos religiosos estão atrelados aos segredos e aos princípios da religião.

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Também chamados de terreiros, casas de santo, ilê, inzo, kwe, entre outras denominações do espaço físico e geográfico do culto às divindades das religiões afro-brasileiras.

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Termo utilizado pelos religiosos para saudação entre os adeptos, além de significar força vital.

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A internet inicialmente foi pensada para fins de pesquisa e educação e, posteriormente, disponibilizada para uso nas residências nos Estados Unidos, na década de 1980.

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Weblogs, blogs ou blogues, são páginas-diários na web, em que um responsável ou autor tem acesso à área restrita do software, onde podem ser feitas as atualizações. No blog, é possível encontrar os textos ou atualizações (posts) escritas pelo blogueiro. CLEMENTE, Ana Priscila. Origem e desenvolvimento do blog como uma mídia digital e sua contribuição para a construção de uma cultura feminina na web. Fortaleza, Trabalho apresentado no VII Congresso Nacional de História da Mídia, GT de História da Mídia Digital, ago., 2009.

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Enciclopédias virtuais colaborativas, como o Wikipédia.

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Raimundo Nina Rodrigues (1862-1906) foi um médico e escritor baiano responsável por estudos de cunho racistas e eugenistas. Rodrigues tentou analisar o transe e a religião dos negros baianos no século XX e os descreveu com uma visão conservadora (RODRIGUES, 2015).

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Denominação para comunidade religiosa do candomblé, umbanda e religiões afro-brasileiras. Axé é uma palavra yorubá, que significa força vital. religiosa do candomblé, umbanda e religiões afro-brasileiras. Axé é uma palavra yorubá, que significa força vital.

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Paulo Barreto (1881-1921), conhecido como pseudônimo de João do Rio, foi um escritor e cronista, pertencente à Academia Brasileira de Letras (ABL), em 1904 escreveu uma série de reportagens cuja finalidade era retratar as religiões da então Capital Federal, intitulada “As Religiões do Rio”.

Fonte: SlideShare12

Figura 1: Apostila de fundamentos encontrada em site da web.

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Disponível em: https://pt.slideshare.net/eliesersilva2007/01-apostila-de-fundamentos-do-camdombl

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Tecnologia que permite a recepção de dados, sobretudo de áudio e vídeo, em fluxo contínuo à medida que vão sendo enviados, sem necessidade de baixar o conjunto total dos dados. STREAMING. IN: Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. 2008-2021. Disponível em: https://dicionario.priberam.org/streaming. Acesso em: 28 out. 2021.

Fonte: YouTube. Editado pelo autor para manter a integridade dos usuários.

Figura 2: Vídeos da plataforma YouTube relacionados a amarrações amorosas.

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Disponível em: https://appigba.com.br/.