Que profissão é essa? As relações entre (in) visibilidade e gênero na prática bibliotecária
What profession is this? The relations between (in)visibility and gender in library practice
Adriana Lima Costa
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-4198-4029
Bacharel em Biblioteconomia pela Universidade Federal de Goiás (UFG), Brasil.
Email: drikalima45@hotmail.com
Erinaldo Dias Valério
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-6553-3778
Doutor em Ciência da Informação pelo Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal do Rio de Janeiro e do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (PPGCI/IBICT-UFRJ), Brasil.
Docente da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e Professor Colaborador do Programa de Pós-Graduação em Biblioteconomia da Universidade Federal do Cariri (UFCA), Brasil.
Email: erinaldodiasufc@yahoo.com.br
RESUMO: Apresenta um estudo que procura refletir sobre a profissão bibliotecária e as relações de gênero. Objetiva, de forma geral, discutir sobre a profissão bibliotecária, sua (des)valorização, (in)visibilidade, e as relações de gênero, a partir da percepção das/os bibliotecárias/os. Aborda alguns aspectos sobre a profissionalização da Biblioteconomia no Brasil, (des)valorização da profissão, e as relações de gênero na área. Classifica como pesquisa bibliográfica e exploratória, com abordagem qualitativa. Expõe a percepção das/dos bibliotecárias/os sobre as temáticas discutidas por meio de um questionário eletrônico com 24 perguntas. Utiliza o método da Análise de Conteúdo para analisar os depoimentos coletados. Observa-se que para as/os bibliotecárias/os a profissão ainda segue sendo desvalorizada/invisibilizada por motivos de: falta de investimento do setor de políticas informacionais e de educação; precariedade e desvalorização das bibliotecas; falta de conhecimento sobre suas as práticas; e alocação de não bibliotecárias/os nos espaços de atuação (bibliotecas). Percebe-se que as/os bibliotecárias/os participantes desta pesquisa não associam que o fato da profissão bibliotecária ser majoritariamente feminina tenha surtido efeito negativo a ela, mas reconhecem que profissões consideradas femininas são menos valorizadas do que as ditas masculinas. Conclui-se através dos resultados obtidos que, apesar dos discursos otimistas sobre a realidade profissional, os problemas elencados pelas/os bibliotecárias/os não são novos. Infere-se que os fatores que contribuem para a desvalorização estão além da compreensão externa da sociedade sobre as práticas profissionais, são fatores de ordem econômica, social e cultural.
PALAVRAS-CHAVE: Profissão bibliotecária; (Des)valorização social e profissional; Relações de gênero; Percepções das/os bibliotecárias/os.
ABSTRACT: It presents a study that seeks to reflect on the librarian profession and gender relations. It also aims to discuss the librarian profession, its (de)valuation, (in)visibility, and gender relations from the perception of the librarians. It addresses some aspects about the professionalization of Librarianship in Brazil, either the enhancement or depreciation of the profession and the gender relations in the area. It is classified as bibliographic and exploratory research, focusing on a qualitative approach. It exposes the librarians’ perception on the issues discussed through the data collection instrument/tool (questionnaire). It uses the Content Analysis method to analyze the collected statements. It is observed that to the own librarians, the profession is still being devalued/made invisible concerning to the lack of investment in the areas of informational and educational policies, precariousness and devaluation of libraries, lack of knowledge about their practices, allocation of non-librarians in the performance spaces (libraries). It was noticed that the librarians/participants in this research do not associate the fact that the librarian profession which is mostly performed by females has had a negative effect on it, but they recognize that professions considered female are less valued than the so-called male ones. It is concluded through the obtained results that, despite the optimistic speeches about the professional reality, the problems listed by the librarians are not new. It is inferred that the factors that contribute to the devaluation are beyond society’s external understanding of the professional practices, once they are economic, social, and cultural factors.
Keywords: Librarian profession; Social and professional (de)valuation; Gender issues; Perceptions of librarians.
1 Introdução
Quando se ouve o termo “profissão”, o senso comum está sujeito a pensar que qualquer trabalho exercido pelo indivíduo que seja remunerado poderia ser considerado profissão. Mas diferente deste pensamento, as/os sociólogas/os elencaram muitas atribuições para que uma atividade viesse a ser considerada profissão. O termo profissão tem origem da palavra latina profesione, que está relacionada à crença, ocupação especializada, que exige preparo e formação específica (TARGINO, 2006). Profissão é mais que realizar atividades específicas demandadas pela sociedade, é uma atividade social. É certo que algumas profissões são mais reconhecidas, portanto, aos olhos da sociedade e mercado são consideradas de maior “valor” e, consequentemente, têm maior visibilidade no mercado e nos espaços sociais.
Com a industrialização do país, a entrada das mulheres nos cursos de graduação aumentou. O início da Biblioteconomia foi marcado pelo protagonismo masculino e, depois da década de 1930, o curso foi deixando de ter o caráter humanista no currículo, adotando um caráter mais técnico segundo Maria Mary Ferreira (2003). Consequentemente, o perfil da/o profissional foi se modificando, cada vez mais mulheres foram ingressando nos cursos de Biblioteconomia até o curso e a profissão com o tempo se tornarem “majoritariamente feminina” (SOUSA, 2014, p. 28). As profissões consideradas femininas como: enfermeira, professora, e bibliotecária, apesar de suas qualificações, enfrentam maiores desafios no mundo competitivo quando comparadas às profissões ditas masculinas. Ferreira (2003), aponta que esses desafios e a desvalorização se dão devido a carga de preconceitos que as mulheres sofreram ao longo da história. Até hoje o mercado e as políticas ainda tendem a ser regidos pelas relações do patriarcado.
De acordo com Marta Lígia Pomim Valentim (2000, p. 31), “[...] bibliotecário, aos olhos da sociedade, denomina-se todo aquele que trabalha no espaço da biblioteca, independentemente da existência ou não de uma formação específica”. Apesar dos avanços da profissão, a/o bibliotecária/o ainda é vista/o por uma parcela da sociedade como alguém dispensável e de pouca importância. Essa mesma parcela da sociedade desconhece as práticas exercidas pelas/os bibliotecárias/os, pois muitas pessoas não sabem que para exercer a função é necessária uma formação a nível superior. Percebe-se que há uma grande distância entre o imaginário social e as reais funções da/o bibliotecária/o.
Diante disso, observa-se que ainda há uma grande falta de reconhecimento social da/o bibliotecária/o. Apesar das regulamentações sobre o exercício da profissão da/o bibliotecária/o, sabe-se que na prática as/os profissionais muitas vezes não ocupam seus respectivos espaços de trabalho. As bibliotecas escolares são teoricamente locais de atuação da/o bibliotecária/o, mas na realidade o que se vê são outras/os profissionais ocupando esses espaços e exercendo práticas que são da/o bibliotecária/o. Diante disso, as questões que norteiam esta pesquisa são: Quais as possíveis causas da (des)valorização da profissão bibliotecária? As relações de gênero influenciam nesse aspecto? Qual a percepção das/os bibliotecárias/os sobre: valorização profissional; visibilidade; e gênero na profissão? O fato de ser considerada feminina impacta no seu reconhecimento? Se faz necessário refletir sobre estas questões e respondê-las, para enfim atingir os objetivos propostos neste estudo. Esta pesquisa tem o intento de respondê-las a partir da literatura científica da área e por meio do instrumento de coleta de dados, aplicado às pessoas bibliotecárias.
Desse modo, o estudo tem como objetivo geral discutir sobre a profissão bibliotecária, sua (des)valorização, (in)visibilidade, e as relações de gênero, a partir da percepção das/os profissionais sob esses aspectos. Sendo os objetivos específicos: apresentação por meio da literatura científica da área uma discussão sobre os termos reconhecimento e visibilidade da profissão; demonstração sobre as percepções das/os bibliotecárias/os do país sobre o tema; e reflexões se o fato de a profissão ser considerada feminina impactaria no seu reconhecimento. Se a sociedade é patriarcal e domina as relações de poder e do trabalho, maior é a probabilidade de uma profissão considerada feminina ser desvalorizada. O estudo não tem o intuito de esgotar a temática, no entanto, acredita-se que poderá ser útil para fomentar as discussões de gênero na Biblioteconomia e na Ciência da Informação. Discutir estas questões se faz necessário, assim como, refletir como elas impactam na profissão bibliotecária.
2 (in)visibilidade, (des)valorização, e as relações de gênero
Há muito tempo na literatura especializada vem se discutindo sobre o reconhecimento e a valorização das/os bibliotecárias/os e procurando identificar fatores que contribuem para isso (LIMA; LIMA, 2009). Para Francisco das Chagas de Souza (2006), a visibilidade social das/os bibliotecárias/os está diretamente ligada a fatores econômicos e sociais:
a visibilidade de bibliotecário e cientista da informação tem relação direta, sobretudo, com o modo como a sociedade está organizada economicamente (pelo tamanho e pela complexidade de produção de bens e serviços). Fatores econômicos quando articulados com muitos investimentos em educação, e que induzam a sociedade a ser cada vez mais leitora e produtora de muito mais literatura e registros escritos e a deter grandes acervos documentários e certamente, fixarão melhor a necessidade das profissões e dos bibliotecários e cientistas da informação. (SOUZA, 2006, p. 28).
Ou seja, em uma sociedade onde há um desenvolvimento econômico e investimentos na educação, a população passa a necessitar e a reconhecer esses indivíduos. Parece então haver um conjunto de fatores que contribuem para a Biblioteconomia no Brasil ser o que é hoje: a pouca força de suas instituições no país juntamente com as desigualdades sociais (iletrismo, falta de acesso à informação, o não entendimento da importância dos serviços informacionais, etc.). Consequentemente, para uma profissão ser valorizada é necessário que se saiba a importância do seu exercício, e assim, é gerado o reconhecimento social. No Brasil “[...] os serviços bibliotecários são pouco entendidos pelos governantes, redundando em baixo status profissional” (AMARAL, 1995a, não paginado).
Paralelamente, em um estudo realizado por Carlos Cândido de Almeida (2005), perguntou-se qual era importância e para que servia a Ciência da Informação, área que se aproxima em alguns pontos da Biblioteconomia, para a sociedade brasileira: “alguns respondentes argumentaram que o campo quase não tem significado para a sociedade brasileira, e muito menos é valorizado pelos grupos que estão à frente das decisões políticas e científicas, mas, principalmente, pela população em geral” (ALMEIDA, 2005, p. 278).
Essas informações mostram que a falta de conhecimento sobre o campo informacional é imensa, sobre os motivos disso, Souza (2006, p. 30) acredita que, por grande parte da sociedade brasileira estar na “periferia do sistema econômico global”, não saberão de fato para que serve e o que fazem as/os cientistas da informação, pois as condições estruturais não permitem. Define “periferia global” como:
[...] não se garante escolarização para todos; não se garante qualidade educacional, no mesmo patamar, para quem está na escola e em ambientes geográficos ou sociais distintos; não se garante a presença dos meios de reforço e estímulo ao aprendizado, como a oferta de bibliotecas, com bons acervos presenciais ou à distância em todas as escolas; não se garante a presença de bibliotecas públicas em todos os municípios ou em todos os bairros de uma cidade; não se investe em pesquisa básica que dependa de bons e amplos acervos bibliográficos presenciais ou a distancia[sic], não se garante a inclusão digital para quem está em idade escolar, etc. Nestas circunstâncias, são poucas as pessoas que formaram e formarão proximamente os hábitos de estudo e de uso de informação e que saibam ou saberão da existência de especialistas em Biblioteconomia e Ciência da informação. Esse desconhecimento lhes impede de recorrer a eles em caso de precisarem, até porque muitos não sabem distinguir o momento em que uma necessidade desta natureza se estabeleceria [...] (SOUZA, 2006, p. 30).
Esta afirmação retrata o atual contexto brasileiro e suas políticas públicas. Não há um planejamento adequado para a formação dos indivíduos, e quando há é impactado pelos interesses meramente políticos que não garantem de forma eficaz uma base que sustente uma educação de qualidade. Há um desconhecimento generalizado sobre a profissão bibliotecária como também grandes equívocos sobre a função dos seus espaços de atuação, por exemplo, as bibliotecas geralmente não possuem recursos adequados para servir a população, resultando em um ciclo vicioso de desinformação. Todos esses fatores são interferências que impedem a visibilidade e a valorização das/os bibliotecárias/os no Brasil.
Outro ponto interessante no país é que, quando se fala em educação, esse termo geralmente está associado somente à escola, a biblioteca é deixada de lado: “[...] a biblioteca é uma instituição educativa básica, apesar de não ser reconhecida deste modo, sendo considerada apenas como complementação ao ensino” (AMARAL, 1995b, p. 222). Uma complementação de ensino, portanto, que recebe pouquíssimo investimento, não tem incentivo, ou recursos do Governo e consequentemente não é tão valorizada como deveria. De acordo com Amaral (1995b, p. 222):
Nem todos tem uma visão ampla da biblioteca e o Estado não a reconhece como segmento responsável pela ação continuada e integrada de ensino e cultura. Constata-se que tanto nos programas de ensino, quanto nos programas culturais a biblioteca não é encarada como tendo mérito suficiente para adquirir direitos de prioridade (AMARAL, 1995b, p. 222).
Ou seja, sem recursos, sem investimento, sem incentivo, a biblioteca não consegue exercer com excelência a manutenção de seus serviços, essas variáveis fazem com que o espaço de trabalho das/os bibliotecárias/os seja afetado por inúmeros fatores sociais externos. O trabalho e a manutenção desses espaços que tendem a prestar um serviço social à comunidade são afetados, contribuindo para a não eficácia de seus serviços, impactando na visão das/os usuárias/os com relação ao valor da instituição biblioteca.
Como se pode observar, o espaço de trabalho da/o bibliotecária/o tem poucos incentivos e investimento, essa cadeia de fatores reflete diretamente no ofício da/o profissional, se o seu espaço de trabalho não é reconhecido socialmente como útil, dificilmente terá incentivos, ou terá seu trabalho valorizado. Se a biblioteca não tem apoio e não tem investimentos, consequentemente, estará fadada ao esquecimento, impactando diretamente na demanda das/os bibliotecárias/os.
Diante desse contexto, as políticas de informação e pesquisa são deixadas muitas vezes em segundo plano no país. A escola que é um espaço de educação e conhecimento, em um país em desenvolvimento como o Brasil, enfrenta sérias dificuldades desde a estrutura física, quanto à qualidade do ensino. As/os bibliotecárias/os atuam como mediadoras/es de informação e cultura, a escola, mais precisamente a biblioteca escolar, é um dos espaços que a/o bibliotecária/o atua, porém, nem mesmo nesses espaços as/os alunas/os e, por vezes, funcionárias/os conhecem os seus serviços e a importância desses/as profissionais.
Da mesma forma que a biblioteca escolar dificilmente é tida como prioridade, também faltam profissionais nesses espaços de trabalho. Isso reflete um sério problema quanto à relação do Estado e da Educação para com a/o bibliotecária/o.
Os dados levantados pelo Censo comprovaram, ainda, o inexpressivo número de profissionais bibliotecários que atuam nessas poucas bibliotecas. Apenas 1,4% das bibliotecas de escolas brasileiras de ensino básico e profissionalizante possuem bibliotecários como responsáveis pelo setor, sendo que deste percentual, 71% são privadas e 29% são públicas (GARCEZ, 2007, p. 27).
Ou seja, nem sempre a/o profissional está atuando no seu espaço de trabalho. A realidade que se vê são outras/os profissionais, realocadas/os não qualificadas/os exercendo essa função que originariamente é da/o bibliotecária/o. Frequentemente, quando se vê profissionais nas bibliotecas, estes/as não são bibliotecárias/os, costumam ser professoras/es realocadas/os (GARCEZ, 2007). Isso faz com que os serviços prestados às/aos alunas/os sejam afetadas/os, pois só a/o bibliotecária/o tem as competências necessárias para gerir e atuar na biblioteca. “O fato é que empresas públicas e até mesmo privadas, na tentativa de diminuir os custos com pessoal, têm buscado soluções paliativas para suas bibliotecas, contratando apenas auxiliar (es)” como aponta Eliane Fioravante Garcez (2007, p. 31). Esses fatores afetam até mesmo na imagem da profissão, pois as/os outras/os profissionais que ocupam esses espaços são consideradas/os erroneamente como “bibliotecária/o”.
Quando se tem bibliotecária/o ocupando seu espaço de trabalho, nesse caso - a biblioteca - essa/e profissional consegue, através de sua qualificação e habilidade, engajar e propor medidas que sejam efetivas e que façam com que a comunidade possa pensar criticamente a respeito desses espaços e suas funções. Observa-se então que, os problemas políticos, a falta de um projeto político pedagógico escolar que inclua a biblioteca, e a falta da/o profissional capacitada/o atuando nesse local, influenciam diretamente na visão das/os usuárias/os e não usuárias/os acerca da/o bibliotecária/o e da biblioteca, afetando negativamente na imagem profissional, na real função da biblioteca e os demais espaços de trabalho.
2.1 Relações de gênero e as profissões femininas
Segundo Joan Scott (1995, apud ARAÚJO 2005, p. 43), “gênero é um elemento constitutivo das relações sociais fundadas sobre as diferenças percebidas entre o sexo e também um modo primordial de dar significado as relações de poder”. Ou seja, das relações sociais e a forma como elas são conduzidas, por conta da divisão de gênero, o poder é estabelecido aos homens sobre as mulheres, sendo estas consideradas inferiores e submetidas à posição de submissão com relação aos homens. Essa divisão social se faz presente em todas as camadas da sociedade e atua de forma decisiva nas relações sociais e no comportamento dos indivíduos, e ainda foi formulada para que as mulheres fossem consideradas inferiores (SANTOS, 2016).
Essas associações se tornam ‘natural’, e, em vista disso, a sociedade atribui através desses comportamentos às respectivas identidades sociais dos homens e mulheres (SAFFIOTI, 1987 apud SOUSA, 2014). E, portanto, se espera que eles sejam desempenhados com base na divisão sexual do trabalho, limitando o espaço da mulher.
Apesar de todas as limitações impostas, com o tempo as mulheres foram conquistando seu espaço na sociedade, votaram, começaram a trabalhar, e frequentar as universidades, e durante os anos de 1960 emergiu a luta do feminismo como movimento social (LAZARI, 1993). O Feminismo se configura em um “movimento favorável à equidade dos direitos civis e políticos da mulher aos do homem” (FERREIRA, 2001, p. 317).
Percebe-se que as lutas feministas foram de grande importância para a ocupação das mulheres nos espaços públicos, essas lutas permitiram com que elas pudessem ir rompendo e desmistificando conceitos retrógrados criados para inferiorizá-las. Apesar dessas conquistas, as mulheres ainda enfrentam muitas barreiras quando se trata da divisão do trabalho no espaço público, muitas pesquisas ainda confirmam diversas desigualdades entre homens e mulheres no mundo do trabalho.
Pelos estudos de gênero compreende-se os mecanismos e “[...] como se dão os processos que têm, historicamente, submetido a mulher às posições de inferioridade” (FERREIRA, 2003, p. 197). Os estudos de gênero na Biblioteconomia realizados no Brasil ainda são poucos, o que também dificulta e limita as discussões sobre o tema, isso se dá pela maioria das/os bibliotecárias/os não associarem a desvalorização da profissão à sua feminização.
Estudar essa temática é importante na medida que amplia as análises acerca da profissão bibliotecária. Mesmo as mulheres que possuem um nível maior de escolaridade seu trabalho é considerado inferior ao dos homens, ainda que estas estejam atuando em áreas técnicas, o caráter excludente é expresso nas diferenças salariais, na desvalorização do trabalho considerado feminino, no desprestígio social de suas ocupações, somando ainda a dificuldade ao se instalarem ou terem acesso a ocupações ou “postos masculinos” (ARAÚJO 2002, p. 136).
Cada profissão tem seu valor no mercado, esse valor pode ser medido pelo prestígio ou pela média salarial (OLINTO, 1997, apud FERREIRA, 2003). No caso das profissões que são majoritariamente femininas ocorre uma tendência de desvalorização, independente dos anos de estudo dedicado (FERREIRA, 2003). As profissões femininas enfrentam dificuldades para se impor no mercado “[...] que é a marca das sociedades capitalistas em cujo mercado de distribuição de papeis e funções especializadas são cada vez determinados pela estrutura da desigualdade” (FERREIRA, 2003, p. 194). O sistema capitalista é marcado pela desigualdade e pela competição, portanto, a distribuição de determinados papéis carrega uma marca desigual já que as formas de acesso são delimitadas. O mercado em si já assume um caráter excludente quando delimita a distribuição de papéis e funções.
Ferreira e Veiga (2013, p. 6), apontam também que na Biblioteconomia “[...] mais de 80% dos profissionais bibliotecários no país são mulheres,” porém, os cargos de chefia das principais instituições como, por exemplo, a Biblioteca Nacional, Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia entre outros são comandados por homens. O que se faz necessário pensar sobre as relações de gênero e como elas afetam a categoria, pois essas realidades parecem estar naturalizadas no inconsciente das mulheres e de várias outras pessoas.
3 Procedimentos metodológicos
Lakatos e Marconi (1992), pesquisar é se utilizar de métodos formais e científicos para encontrar as respostas das questões formuladas, pesquisa é um procedimento que inclui métodos de pensamento reflexivo, que exigem tratamento científico como meio para se encontrar respostas e verdades parciais do que se pesquisa. Para Pedro Demo (1985), a metodologia trata-se de um processo. É o cuidado quanto aos procedimentos e as ferramentas. Trata-se, portanto, do zelo instrumental para se fazer ciência.
Dessa forma, a pesquisa teve por objetivo discutir sobre a profissão bibliotecária, sua (des)valorização, (in)visibilidade e as relações de gênero, a partir da percepção das/os profissionais sob esses aspectos. A pesquisa foi exploratória: tem como finalidade tornar algum problema visível, trazê-lo à tona; é também uma das pesquisas mais flexíveis, que permite o/a pesquisador/a considerar diversos pontos estudados (GIL, 2002).
Quanto aos procedimentos técnicos, foi uma pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo. É bibliográfica, pois utiliza pesquisas já publicadas sobre o tema, vários materiais podem ser utilizados como: livros, periódicos, teses, monografias, entre outros. Apesar de existirem pesquisas somente de cunho bibliográfico, todas as pesquisas necessitam de referencial teórico (GIL, 2002). As buscas foram feitas na Base de Dados Referencial de Artigos de Periódicos em Ciência da Informação (BRAPCI). A pesquisa deste estudo foi realizada em 2020, especificamente no mês de setembro. Durante as buscas foram utilizados dois termos em cada consulta, são eles: Profissão e Bibliotecário; Valorização e Bibliotecário; Reconhecimento e Bibliotecário; Visibilidade e Bibliotecário; Profissões e Informação; Gênero e Bibliotecário; Gênero e Bibliotecária. Recuperou-se a partir das buscas diversos tipos de pesquisas, entre elas: artigos, teses, dissertações, capítulos de livros e trabalhos apresentados em congressos. Não foi feito um recorte de tempo/período nas buscas.
Nessa pesquisa utilizou-se Trabalhos de Conclusão de Curso, Teses, Dissertações e Livros. Quanto à abordagem utilizou-se o método qualitativo, que possui diversas formas de investigação. A pesquisa qualitativa é totalmente interpretativa, os fenômenos sociais são vistos de forma holística pela/o pesquisadora/or, perguntas abertas são usadas para a coleta de dados (CRESWELL, 2007). Várias pesquisas podem utilizar da abordagem qualitativa que não está associada à rigidez específica dos procedimentos metodológicos, mas está associada à fundamentos epistemológicos (SEVERINO, 2007).
Para a coleta de dados o instrumento utilizado foi o questionário, disponibilizado do dia 30 de outubro a 3 de novembro de 2020. De acordo com Maria Lúcia Seidl de Moura e Maria Cristina Ferreira (2005), os questionários podem ser utilizados de diversas maneiras, via telefone, pessoalmente, em grupo ou ainda eletronicamente. Os questionários podem ter perguntas sobre percepção e opiniões dos indivíduos a respeito de si mesmos ou de objetos (GODDARD; VILLANOVA, 1996, apud MOURA; FERREIRA, 2005). Como tem o objetivo de demonstrar as percepções das pessoas bibliotecárias que atuam nos estados brasileiros sobre as questões de desvalorização da profissão e as relações de gênero, acredita-se que o questionário seja a forma de coleta mais viável, pois permite que as/os participantes respondam a qualquer hora e lugar. A escolha foi motivada para conhecer as percepções dessas/es profissionais sobre o tema proposto na pesquisa. Pesquisou-se o grupo de bibliotecários/as que possuem registro no CRB, a coleta de dados se deu através de questionário eletrônico com 24 perguntas mistas, sendo 18 fechadas e 6 abertas. Este instrumento foi disseminado via redes sociais virtuais, como o Facebook, Instagram e WhatsApp.
O método utilizado para realizar as análises dos dados coletados foi a Análise de Conteúdo (AC). Laurence Bardin (1977, p. 31) define a AC como um “[...] conjunto de técnicas de análises das comunicações”, analisa diferentes conteúdos, a partir de mensagens que podem ser verbais ou não verbais. Com processos sistemáticos visando a objetividade, esse conjunto pode ser aplicado em abordagens quantitativas e qualitativas. Com essa flexibilidade diversas áreas adequam essa técnica em suas pesquisas.
Na fase da pré-análise se prepara o material a ser utilizado, e realizou-se uma leitura flutuante visando um contato com o ele. Concluída a primeira fase, a segunda fase foi de codificação do material, em que se realizou os recortes do texto, que são as análises de registro, estipula-se as regras de contagem e logo em seguida o agrupamento das informações nas categorias correspondentes. E a última fase foi a de interpretações e inferências das categorias com base no referencial teórico. A próxima seção apresenta as informações obtidas e analisadas por meio do questionário eletrônico aplicado.
4 Análise de dados e discussão dos resultados
A análise de dados se trata de um processo meticuloso que tem a intenção de organizar os dados transformando-os em informação, com intento de responder os questionamentos de pesquisa. Dessa forma, a estrutura do questionário foi dividida em cinco partes, a primeira se refere a caracterização das/os participantes; a segunda diz respeito a valorização no trabalho; a terceira foi voltada para temas como visibilidade social e valorização/reconhecimento social da profissão; a quarta parte se tratava de questões sobre a temática de gênero na profissão, e a última parte, intitulada de questões gerais. É importante ressaltar que o questionário foi construído no Google Forms e encaminhado pelas redes sociais virtuais para bibliotecárias/os de todo o país, desse modo, foram obtidas 28 respostas.
Na primeira parte – “Caracterização das/os participantes” – a questão indique sua identidade de gênero tratava de saber sobre a identidade de gênero das/os participantes. Pode-se perceber que as mulheres(cis) lideram no quesito quantitativo, com 53,6%, sendo 15 do total de 28, seguido por 12 homens(cis) que representam 42,9%, e uma pessoa não binária representando 3,6%. Diversas pesquisas apontam que a Biblioteconomia é uma profissão feminina, como Helena Lewin (1980), que apresenta uma escala de profissões majoritariamente femininas, essas profissões são aquelas que a quantidade de mulheres gira em torno de 80 a 100%. Hugo Avelar Cardoso Pires e Lígia Maria Moreira Dumont (2016), também apresentam um panorama do curso nas 5 regiões brasileiras, o resultado da pesquisa mostra que nas 5 regiões o curso é altamente feminizado, em sua pesquisa as mulheres representavam 84,42% do curso. Apesar de todas essas pesquisas o nosso índice não apresentou uma variação alta, apesar das mulheres ainda serem a maioria.
Foi solicitado para as/os participantes indicarem sua raça/cor conforme os critérios do Instituto Brasileiro de Geografia e Estática (IBGE). São elas: Preta/o, Parda/o, Branca/o, Amarela/o, Indígena. Participantes de cor branca são 11, representando um total de 39,3%, com pouquíssima diferença 10 pessoas se consideram pretas, representando 35,7%, seguido de 7 pessoas que se consideram pardas, representando 25% no total.
Na questão Faixa etária, as/os respondentes indicaram ter entre 31 e 41 anos, sendo 67,9%, e 21,4% o equivalente a 6 pessoas que tinham entre 26 e 30 anos, 2 pessoas com idade acima de 40 anos sendo 7,1%, e a pessoa mais jovem do grupo tem entre 20 e 25 anos sendo esse índice de 3,6%. Esse resultado se diferencia da pesquisa realizada por Maria Tereza Machado Teles Walter (2008), em que a maior média de faixa etária se concentrou entre 40 e 49 anos representando 33,3% dos dados válidos, mostrando que cada vez mais jovens têm ingressado na profissão.
A questão Formações Acadêmicas não era obrigatória, no entanto, ٢٦ pessoas responderam. Sendo ١١,٥٪ indicando - Pós-graduação stricto sensu - Doutorado, 38,5% indicando - Pós-graduação stricto sensu - Mestrado, e 50% - Pós-graduação lato sensu – Especialização. Percebe-se que as/os bibliotecárias/os estão buscando cada vez mais pela formação continuada, a pesquisa de Marina Lima Soares (2016), mostrou que 78,3% do total dos pesquisados fizeram algum curso após a graduação, 57,9% optaram pelo curso de especialização.
A pesquisa procurou saber também qual a natureza, o tipo de instituição que as/os bibliotecárias/os trabalhavam, e apontou que a maioria desse público trabalha em biblioteca universitária, 67,9% da categoria. Em segundo lugar, ficaram as bibliotecas escolares.
Foi questionado qual Estado e cidade de atuação das/os bibliotecárias/os. Desse modo, os estados foram: Rio de Janeiro (2); Rio Grande do Norte (3); Pernambuco (4); Bahia (2); Ceará (7); Paraíba (4); Maranhão (1); Santa Catarina (2); Paraná (2); Amazonas (1).
Na parte dois do questionário – “Valorização no trabalho” – as questões eram voltadas para a valorização no trabalho. Assim, foi questionado se as/os participantes estavam satisfeitas/os com sua remuneração. A maioria se diz satisfeita, esse resultado contrapõe o estudo realizado por Zita Catarina Prates de Oliveira (1983), que analisa 7 grupos de bibliotecárias/os que trabalhavam em vários ramos, e a autora concluiu que a/o bibliotecária/o é mal remunerada/o já que nenhum dos grupos de sua pesquisa mostrou-se satisfeito com os seus respectivos salários.
Neste questionário, percebeu-se que a maioria das/os profissionais trabalham em bibliotecas universitárias, essas instituições possuem uma realidade diferente dos outros tipos de bibliotecas. Walter (2008), em sua pesquisa aponta que as faixas salariais das/os profissionais que atuam em bibliotecas universitárias são maiores quando comparadas a outros tipos. Além disso, as bibliotecas universitárias fazem parte do organograma da Universidade sendo uma instituição pública que proporciona concursos, e consequentemente oferecem melhores salários. No caso das instituições privadas, esse cenário é variável, já que depende de quantos recursos a Universidade privada irá alocar para suas bibliotecas.
Foi perguntado às/aos participantes se elas/es se sentiam valorizadas/os em seu local de trabalho. Curiosamente os resultados são os mesmos da pergunta anterior. A maioria se mostra satisfeita com relação ao reconhecimento em seu local de trabalho. É possível inferir que a partir desse resultado comparado à outra questão, que 32.1% das/os bibliotecárias/os não estão satisfeitas/os com suas devidas remunerações, e que para além de outros benefícios, consideram o salário importante quando se fala em valorização no trabalho.
Ainda na segunda parte do questionário, foi perguntado se as/os participantes mudariam de profissão. Do total, 50% diz que não; 28,6% talvez, ou seja, estariam inclinadas/os a essa possibilidade, e 21,4% mudariam. Diferente da pesquisa de Cátia Cristina de Lima e Katianne de Lima (2009) em que 100% das/os respondentes não mudariam de profissão, nesta pesquisa, algumas/ns das/os entrevistadas/os já estão de certa maneira, inclinadas/os a mudar. No caso das respostas indicadas como “sim” e “talvez”, não foi aberta uma pergunta para que elas/es expressarem o motivo das suas inclinações.
Na parte três – “Visibilidade social, e valorização/reconhecimento social da profissão”, as questões se voltavam para as temáticas de (des)valorização e (in)visibilidade social, ou seja, na visão das/os respondentes como o conjunto social os via. Desse modo, a primeira questão procurou saber se as/os bibliotecárias/os acreditavam que sua profissão era valorizada socialmente. Todas/os responderam que não, e este dado é extremamente preocupante.
É percebido que a teoria e realidade nesse caso estão totalmente alinhadas, pois, a literatura científica aponta essa desvalorização social. Ainda nessa parte, foi questionado se as/os respondentes acreditavam que a sociedade em geral saberia da existência curso superior para exercer o cargo de bibliotecária/o. A maioria respondeu que não, totalizando 64,3%, talvez 21,4% e a minoria representada por 14,3% acreditava que sim. Como na questão anterior, as/os bibliotecárias/os responderam que não são valorizadas/os socialmente, essa questão mostra que elas/es percebem esse desconhecimento da sociedade com relação a formação delas/es.
Mais adiante, procurou saber o que as/os bibliotecárias/os tinham a dizer sobre o que o imaginário popular pensava sobre seu ofício, diversas opções foram disponibilizadas e a alternativa “ler o dia inteiro” alcançou 85,7%, seguido por “atendimento” que obteve 39,3% de respostas. De acordo com Mara Eliane Fonseca Rodrigues et al. (2013), o público em geral tem uma visão ainda muito estereotipada da/o bibliotecária/o, que sempre está ligada aos livros e à organização física das estantes, ou puramente no atendimento. Considera-se então que, por meio destes dados, a percepção é de que as práticas das/os bibliotecárias/os ainda não são conhecidas pela sociedade em geral.
Em seguida, perguntou-se sobre a valorização dos espaços de atuação: 82,1% acredita que esses espaços não são valorizados, em contrapartida 17,9% pessoas acreditam que sim. Como observado na literatura científica, parece que esses espaços não são valorizados como deveriam. Amaral (1995a) afirma que a biblioteca escolar, por exemplo, não tem estruturas ideais para o seu pleno funcionamento, é vista sempre como algo secundário.
A maioria das bibliotecas não recebem incentivos que deveriam receber. Percebe-se que há problemas estruturais de todos os tipos nas mais variadas bibliotecas do país, principalmente quando se pensa nas bibliotecas públicas; esses problemas vão desde a estrutura física até os recursos humanos. No caso das privadas essa realidade pode mudar conforme os investimentos da instituição/órgão mantenedor dessas bibliotecas.
Na parte quatro – “Relações de gênero na profissão” – a temática tratava sobre a questão de gênero. Foi perguntado se com o fato da Biblioteconomia ter sido representada inicialmente por homens e que com o tempo esse perfil tenha se modificado, sendo hoje considerada uma profissão feminina, tenha surtido algum efeito negativo.
De acordo com os resultados, 75% não acredita que o fato da profissão ser majoritariamente feminina gere impacto negativo a ela. O estudo de Ferreira (2003) e Beatriz Alves de Sousa (2014) afirma que as/os profissionais da informação não costumam associar a desvalorização social da classe bibliotecária por ela ser majoritariamente feminina. Observa-se que a diferença de respondentes entre homens e mulheres neste questionário não foi alta, sendo cerca de quinze mulheres, doze homens, e um não binário. Surpreendentemente, a maioria das mulheres respondentes desta pesquisa não acreditam que a feminização na profissão surta efeito negativo a ela. Comprovando a teoria de Sousa (2014) e Ferreira (2003).
Em seguida interrogou-se a opinião das/os bibliotecárias/os sobre os estudos que dizem que profissões femininas tendem a ser menos valorizadas que as profissões majoritariamente masculinas. Mesmo não associando a imagem negativa da profissão pelas questões de gênero, essas respostas apontam que as/os bibliotecárias/os reconhecem que as profissões femininas de forma geral não recebem o mesmo prestígio que as consideradas “masculinas”.
Ainda sobre gênero, objetivou saber se o mercado de trabalho favorecia os homens (bibliotecários) para cargo de chefia nas instituições. Os resultados: 42,9% responderam talvez, 32,1% afirmam que sim, e 25% acham que não. Como foi uma pergunta fechada, não se sabe se tais resultados/respostas são com base na realidade das/os participantes ou por inferência.
E a última questão desta parte quatro, pergunta a elas/es se homens e mulheres possuem as mesmas oportunidades de trabalho. Segundo as respostas: 50% afirma que não, a outra metade ficou dividida sendo 25% sim e 25% talvez. No momento da análise, percebeu-se que a pergunta necessitava ser modificada, pois, apesar da maioria afirmar que há diferenças, não se sabe como se pensa essa diferença, se mulheres bibliotecárias têm mais oportunidades ou vice-versa. Considera que a pergunta deveria ter sido formulada de uma maneira diferente como: “Você acredita que os bibliotecários têm mais oportunidades de trabalho que as bibliotecárias?” a partir disso seria possível perceber de forma mais específica essas percepções sobre o assunto.
A quinta parte intitulada – “Questões gerais” – foi perguntado se ocorriam preconceitos relacionados à profissão. Desse modo, 92,9% responderam que sim e 7,1% talvez. Esses resultados ainda são extremamente assustadores para os dias de hoje, considerando que as informações estão mais acessíveis, possibilitando a desmistificação de muitos estereótipos. Observa-se que as/os bibliotecárias/os ainda percebem o preconceito por parte da sociedade quanto a sua profissão e as suas práticas. O estereótipo sobre a profissão ainda permanece. Não foi criada uma pergunta para que as/os entrevistadas/os citassem os principais preconceitos vivenciados, desse modo, infere-se apenas que, de acordo com as/os participantes, existe sim um alto preconceito sobre a profissão bibliotecária.
Procurou saber também se o Estado proporcionava condições para as/os bibliotecárias/os atuarem de forma eficaz. A maioria, equivalente a 96,4%, diz que não, e 3,6% afirma que sim. Esse resultado reflete o quanto o Estado é falho na percepção das/os bibliotecárias/os. De acordo com Amaral (1995a), o governo brasileiro não dá a devida importância aos serviços bibliotecários. Percebe-se isso quando se fala da falta de manutenção e tratamento dos espaços da prática bibliotecária, como as bibliotecas. Essa falta de investimento contribui para desvalorizar ainda mais o setor e os profissionais que nele atuam, de acordo com a autora.
Terminado essas partes das questões de múltipla escolha, as próximas perguntas são abertas, apesar de elas estarem originalmente espalhadas por todo o questionário, foi decidido que sua apresentação seria descrita de forma separada para facilitar a organização do processo de análise. Mesmo as quatro justificativas sendo obrigatórias, nem todas as respostas foram utilizadas nesta análise, pois, muitas eram repetidas, as que foram escolhidas conseguiram responder com completude as questões. A análise temática e categorial foram os métodos utilizados. Como recorte, o tema foi a unidade de registro utilizada.
BIBLIOTECÁRIA/OS |
RESPOSTAS |
PROFISSIONAL A |
Sou reconhecida/o pelo trabalho desenvolvido. |
PROFISSIONAL C |
Hoje estou como coordenador/a de uma das Bibliotecas da [Universidade] e sinto que a minha ida pra lá foi pelo reconhecimento do meu trabalho. |
PROFISSIONAL E |
A instituição ao qual faço parte tem me possibilitado oportunidades que me fazem sentir valorizada/o no trabalho. |
PROFISSIONAL H |
Meu trabalho é constantemente reconhecido e elogiado pelos colegas e usuários (alunos e professores) |
PROFISSIONAL V |
Os gestores apoiam minhas decisões em relação aos trabalhos da biblioteca. |
PROFISSIONAL S |
Não me dão verba, não me chamam para reuniões para repasse e decisões. Me sinto tolhido. |
PROFISSIONAL Q |
Atuo no setor privado, eles valorizam o financeiro, somente, nada cultural é levado em consideração, atividades, eventos, e outros são barrados por não arrecadar nenhum custo pra instituição, eles querem somente alguém que atenda ao público, organize e guarde os livros, enfim... frustrante. |
PROFISSIONAL Y |
Acho q a instituição só enxerga bibliotecário/a apenas como meros operadores. Falta mais apoio as iniciativas da equipe da biblioteca. |
As/os bibliotecárias/os consideram que a valorização se dá por meio de trocas, ou seja, quando há um reconhecimento, que se manifesta de forma prática pela organização, quando esta lhe proporciona oportunidades de crescimento - progressão de carreira, autonomia na realização do ofício, liberdade e apoio para executar suas ideias práticas, participação na tomada de decisões, etc.
BIBLIOTECÁRIAS/OS |
RESPOSTAS |
PROFISSIONAL C |
Muitas pessoas ainda desconhecem o valor da profissão e consequentemente baixos salários são oferecidos na esfera privada. |
PROFISSIONAL E |
Ainda se colocam professores cumprindo licença saúde ou afastados de sala de aula para ocupar as bibliotecas escolares, dentre outras questões que me fazem afirmar a existência da desvalorização social do bibliotecário. |
PROFISSIONAL I |
A profissão é muito boa, porém o mercado de trabalho ainda é pouco escasso, devido à falta de valorização e conhecimento da profissão de bibliotecário. |
PROFISSIONAL S |
As pessoas não conhecem, não sabem o que fazemos, acham que qualquer um pode cuidar de Bibliotecas. |
PROFISSIONAL Q |
As pessoas acham que a área é somente organizar e guardar livros, atender ao público e nada mais. (Ao menos grande parte dos leigos que falam comigo tem essa visão) |
PROFISSIONAL P |
Porque todos os dias temos que fazer as pessoas entenderem o quanto é importante o papel da biblioteca, e por sua vez o trabalho do profissional da informação. |
PROFISSIONAL G |
A profissão, como tantas outras, segue sem visibilidade no contexto social. Mas creio que isso seja comum. Não me incomoda. |
PROFISSIONAL M |
Há uma invisibilidade da profissão perante a sociedade. |
PROFISSIONAL N |
A maioria da população não sabe o que fazemos ou sequer que existimos |
Justificativa das respostas à questão: Você acredita que os espaços de atuação da prática bibliotecária são valorizados? |
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BIBLIOTECÁRIAS/OS |
RESPOSTAS |
PROFISSIONAL B |
Depende de quais espaços. Nas universidades por exemplo são mais valorizados que nas bibliotecas escolares, públicas e comunitárias. |
PROFISSIONAL E |
Podemos citar também as bibliotecas escolares que embora haja a Lei de Universalização das bibliotecas, percebe-se que por exemplo na esfera municipal não há bibliotecas escolares, por exemplo. |
PROFISSIONAL N |
Em geral não são. Apenas em espaços já consolidados, como bibliotecas universitárias ou algumas especializadas |
PROFISSIONAL P |
as bibliotecas não são tratadas como essenciais dentro de algumas instituições, é sempre deixada em segundo plano. Portanto, não valorizam os profissionais que nelas atuam |
PROFISSIONAL U |
A biblioteca é o primeiro local onde os gestores veem a necessidade de reduzir o quadro dos colaboradores. E é o último setor a ser investido pelos gestores da unidade. |
PROFISSIONAL T |
Geralmente há pouco investimento nesses espaços |
As/os bibliotecárias/os possuem respostas semelhantes quando se trata sobre a valorização social da profissão. Observa-se que, de modo geral todas/os acreditam que a profissão não é valorizada socialmente, fatores como desconhecimento do ofício; o senso comum sobre a prática; a alocação de profissionais não capacitadas/os nos espaços de trabalho; os baixos salários na esfera privada; escassez do mercado de trabalho; a necessidade de se provar o tempo todo; e a invisibilidade, são os principais fatores que geram esse ciclo de desvalorização segundo as/os participantes.
Na literatura é possível perceber que esses discursos não são novos, esse desconhecimento da prática gera consequentemente uma desvalorização social. Na pesquisa de Walter (2008), as/os bibliotecárias/os respondem que são sempre surpreendidos com o famoso “biblio o quê?” quando relatam sobre o desconhecimento da sociedade quanto às práticas profissionais, ou seja, há um desconhecimento generalizado sobre o ofício da profissão, o que consequentemente torna a/o bibliotecária/o invisível socialmente.
Na pergunta sobre a valorização dos espaços de atuação, as respostas de modo geral conversam entre si. Essa (des)valorização dos espaços pode variar. Sem dúvida, as bibliotecas públicas e escolares estão no topo quando o assunto é desvalorização, os discursos das/os profissionais traduzem essa realidade. Talvez o não entendimento da importância dos serviços informacionais para a sociedade seja a força motriz da (in)visibilidade e (des)valorização das/os bibliotecárias/os e seus espaços de atuação. No caso do setor público, especialmente nas bibliotecas universitárias, o cenário tende a melhorar de acordo com as falas das/os respondentes.
BIBLIOTECÁRIAS/OS |
RESPOSTAS |
PROFISSIONAL B |
Divulgação positiva da profissão, desenvolvimento de projetos pelos próprios bibliotecários, ou seja, o próprio bibliotecário buscar destacar-se e mostrar a importância da sua profissão. Porém faltam investimentos governamentais para impulsionar cada vez mais o status dos bibliotecários |
PROFISSIONAL E |
Políticas públicas voltadas para o Livro e Biblioteca, investimentos no âmbito da cultura onde as bibliotecas possam ser contempladas, que as bibliotecas possam estar nos planos de governo dos candidatos a cargos públicos e que possam ser executados, dentre outros. |
PROFISSIONAL O |
Políticas públicas que reitere a obrigatoriedade do profissional, bem como a efetiva aplicação de penalidades junto as empresas |
PROFISSIONAL Z |
Criação de sindicatos, engajamento maior por parte dos conselhos e também dos profissionais em evidenciar a atuação de bibliotecário. |
PROFISSIONAL S |
Valorização mais ampla da educação. |
PROFISSIONAL C |
É preciso comunicar mais sobre os valores da profissão. O profissional também deve se atualizar com as novas ferramentas tecnológicas. No entanto, o mais importante é que o bibliotecário se aproxime mais das pessoas e desenvolva as habilidades humanas que a Biblioteconomia oferece e não se aprofundar só na parte técnica |
Respostas à questão: Utilize o espaço para acrescentar informações que considere importante |
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BIBLIOTECÁRIAS/OS |
RESPOSTAS |
PROFISSIONAL E |
É preciso que haja políticas públicas onde a biblioteca possa ser contemplada. |
PROFISSIONAL G |
Embora tenha apresentado respostas relativamente otimistas, creio que o principal ponto ainda está na formação. Há uma lacuna enorme hoje entre o perfil do aluno de Biblioteconomia e o esforço docente para formar o aluno. É um verdadeiro “cabo de guerra”. De um lado alunos com uma carga de deficiência enorme no aprendizado, e do outro professores desmotivados com esta realidade |
PROFISSIONAL N |
Precisamos institucionalizar a biblioteca escolar, conjuntamente com o bibliotecário preparado para tal atuação, de modo que este possa fazer parte do cotidiano escolar, se fazendo presente desde cedo para crianças e jovens |
PROFISSIONAL Q |
É importante pesquisas, orientações e acesso a informações sobre a biblioteconomia e seus profissionais. |
PROFISSIONAL U |
Não consigo vislumbrar que na profissão as mulheres são preferidas porque estou no serviço público. Talvez em Bibliotecas privadas isso seja mais perceptível. |
PROFISSIONAL V |
A profissão precisa ser melhor divulgada. A começar pelas escolas de Biblioteconomia que dão maior ênfase nas disciplinas técnicas. A erudição desta profissão que possivelmente valorizava mais este profissional perdeu espaço para o saber técnico. |
As informações apresentadas, dialogam muito com a literatura apresentada e as teorias que fundamentam as profissões, autoras/es que comentam sobre a importância da atuação do Estado como Maria Lúcia Magalhães Bosi (1996); Marcelo Jacques M. da Cunha Marinho (1986); e Amaral (1995a). Cobranças por parte do Governo/Estado, a criação de mais sindicatos e atuação mais rígida dos conselhos em suas fiscalizações são falas que estiveram presentes nos discursos. As políticas públicas e as ações efetivas por parte do Governo são importantes para o fortalecimento e valorização da profissão.
Outro destaque importante se refere a divulgação da profissão. Nice Menezes Figueiredo (1961) afirma que as práticas bibliotecárias e sua formação não são de conhecimento popular, e que se faz necessário uma ampla divulgação da profissão, além de propor que se cobre políticas públicas imediatas para a obrigatoriedade dos diversos tipos de bibliotecas e que sejam comandadas pelas/os bibliotecárias/os. A divulgação da profissão é extremamente necessária, é importante salientar que os CRBs têm um papel fundamental não só na fiscalização, mas também podem contribuir na divulgação da profissão e no desenvolvimento da Biblioteconomia brasileira.
Nota-se que os discursos são amplamente voltados para as políticas públicas com relação aos espaços de atuação, da necessidade de tornar a Biblioteconomia mais conhecida, mais próxima da sociedade, na competência das escolas de Biblioteconomia e dos/as próprios/as profissionais para essas mudanças.
De forma geral, os resultados desta análise conversam com a literatura da área, as temáticas de desvalorização social e profissional das/os bibliotecárias/os já vinham sendo discutidas na Biblioteconomia de forma que essa invisibilidade já era notada pela classe. Apesar de algumas falas se mostrarem otimistas quanto a realidade profissional do grupo, muitas percepções apontam que ainda há um baixo reconhecimento social e profissional, isto se reflete na falta de autonomia no local de trabalho, ocupação dos postos de trabalhos por não profissionais, os baixos salários na esfera privada, o desconhecimento da maior parte da sociedade sobre as práticas profissionais, atuação pouco efetiva do Estado, pouca eficiência das políticas públicas, etc.
Assim sendo, os encaminhamentos apontados para as possíveis mudanças continuam os mesmos, como a institucionalização dos espaços de trabalho (as bibliotecas), políticas públicas de leitura e livro, fiscalização efetiva dos Conselhos, além da divulgação mais ampla da profissão. Por trabalhar com cultura e educação, que são áreas com pouco investimento público no Brasil, entende-se que isto seja um fator de alto impacto que contribui para a desvalorização das/os bibliotecárias/os principalmente quando se pensa nas bibliotecas públicas.
Quanto às questões de gênero na área, constatou-se que a maioria das/os bibliotecárias/os não associam a desvalorização da profissão pela sua predominância feminina. Mesmo não fazendo essa associação direta, as/os bibliotecárias/os reconhecem que as ditas profissões femininas são menos valorizadas. Então, entende-se que os fatores que contribuem para a invisibilidade e desvalorização que permeiam a área estão para além da compreensão da sociedade sobre a profissão, pois, o fator de gênero também contribui para isso, são questões que estão atreladas ao contexto econômico, social, e cultural.
5 Considerações finais
Mesmo não conceituando diretamente os termos “desvalorização social/profissional e invisibilidade” as pesquisas feitas nas áreas da Sociologia das profissões, Psicologia organizacional, e da própria Biblioteconomia, ajudaram trazendo o conceito de reconhecimento, para a partir disso se construir aqui uma noção de desvalorização e invisibilidade. Tendo acesso às percepções das/os bibliotecários sobre essas temáticas pode-se entender o que era considerado desvalorização e invisibilidade na profissão bibliotecária para elas/es.
Foi percebido através da história da Biblioteconomia no Brasil que ocorreram diversas lutas para que a classe bibliotecária tivesse sua ocupação reconhecida, no entanto os desafios ainda parecem continuar. As percepções das/os bibliotecárias/os trouxeram considerações importantes; o fato das/os participantes não associarem a desvalorização da profissão as interferências de gênero foi uma surpresa, a maioria se mostrou valorizada no trabalho, já socialmente, as respostas são unânimes em destacar a invisibilidade e a desvalorização social no cenário brasileiro.
Neste estudo, procurou-se discutir sobre a profissão bibliotecária, sua (des)valorização, (in)visibilidade, e as relações de gênero sob a ótica das/os bibliotecárias/os sobre essas temáticas. Para isso, realizou-se um estudo bibliográfico acerca destas questões para se ter um direcionamento mais conciso. Portanto, a teoria da Sociologia das profissões serviu como base para iniciar a discussão e entender conceitualmente o que determinou e fez com que as ocupações se tornassem profissões, a profissionalização da Biblioteconomia no Brasil, as relações da/o bibliotecária/o para com os atores sociais (Estado e sociedade), as relações de gênero e as profissões femininas foram temas abordados, e que sustentaram a pesquisa.
A problemática foi respondida por meio da literatura científica da área em conjunto com as respostas das/os bibliotecárias/os, obtidas por meio do questionário. Sendo os questionamentos da pesquisa: Quais as possíveis causas da (des)valorização da profissão bibliotecária? As relações de gênero influenciam nesse aspecto? Qual a percepção das/os bibliotecárias/os sobre: valorização profissional, visibilidade, e gênero na profissão? O fato de ser considerada feminina impacta no seu reconhecimento?
Quanto aos objetivos, o geral era discutir sobre a profissão bibliotecária, sua (des)valorização, (in)visibilidade, e as relações de gênero, a partir da percepção das/os profissionais sob esses aspectos. E os objetivos específicos visavam apresentar por meio da literatura científica da área uma discussão sobre os termos reconhecimento e visibilidade da profissão; demonstrar as percepções das/os bibliotecárias/os do país sobre o tema e refletir se o fato de a profissão ser considerada feminina impacta no seu reconhecimento. A apresentação da literatura da área sobre a temática foi exibida, o referencial teórico trouxe autoras/es que tratavam sobre (des)valorização e invisibilidade na Biblioteconomia. Na literatura essas discussões sobre valorização da profissão bibliotecária já vinham sendo discutidas há um bom tempo, diversas/os autoras/es afirmam que essa desvalorização se dá pelas condições de desigualdades no país e o pouco investimento na educação e nas políticas informacionais.
Por outro lado, as temáticas de gênero na Biblioteconomia são recentes, as/os autoras/es justificam que as profissões ditas femininas, que é o caso da Biblioteconomia, são menos valorizadas porque o sistema que domina as relações sociais e políticas ainda é formado majoritariamente por homens, ou seja, é dominado pelo patriarcado. Assim, para esta pesquisa as/os bibliotecárias/os acreditam que a profissão é desvalorizada e invisível, atribuem essa desvalorização a causas como: a falta de investimento do poder público para com as políticas de informação, para com os equipamentos sociais (bibliotecas), além da sua passiva atuação nas políticas de leitura. Percebe-se também que a classe considera que o desconhecimento por parte da sociedade e os estereótipos atribuídos contribuem para o ciclo de desconhecimento do ofício da categoria, gerando escassez no mercado de trabalho.
A institucionalização das bibliotecas é o ponto chave para a visibilidade profissional. Faz-se necessário a valorização dos espaços de trabalho da/o bibliotecária/o, a institucionalização das bibliotecas possibilitaria, também, a ampliação de vagas na área, e consequentemente a divulgação direta e indireta da profissão, que em conjunto com as políticas públicas são capazes de começar a mudar o cenário da profissão hoje no Brasil.
Observa-se pelo contexto histórico que, mesmo a Biblioteconomia tendo alcançado seu status de profissão, não foi lhe dado seu real valor; considera-se que fatores internos e externos tenham contribuído para a profissão ser o que é hoje, entender estes fatores e mudar este cenário é o desafio.
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WALTER, Maria Tereza Machado Teles. Bibliotecários no Brasil: representações da profissão. 2008. 345 f. Tese (Doutorado em Ciência da Informação) - Departamento de Ciência da Informação e Documentação, Universidade de Brasília, Brasília, 2008. Disponível em: http://repositorio.unb.br/handle/10482/5288. Acesso em: 10 out. 2019.
Quadro 1 – categoria – (Des) valorização no trabalho.
Justificativa da resposta à questão: Se sente valorizado em seu local de trabalho?
Fonte: Dados da pesquisa (2021)
Quadro 2 – Categoria – (Des) valorização social da profissão e (in)visibilidade
Justificativa da resposta à questão: Você acredita que sua profissão é valorizada socialmente?
Fonte: Dados da pesquisa (2021)
Quadro 3 – Categoria – propostas e considerações
Respostas das/os participantes à questão: Em sua opinião o que pode ser feito para que a nossa profissão possa ter mais alcance, reconhecimento e visibilidade social?
Fonte: Dados da pesquisa (2021)