Community libraries: systematic literature review and notes for university extension actions in the Sisal Territory – Bahia

Tiago Santos Sampaio

ORCID: https://orcid.org/0000-0002-7777-5897

Doutor em Difusão do Conhecimento pelo Programa de Pós-graduação em Difusão do Conhecimento pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Brasil. Professor do curso de Comunicação Social da UNEB (Campus XIV), Brasil.

E-mail: tssampaio@uneb.br

BIBLIOTECAS COMUNITÁRIAS: REVISÃO SISTEMÁTICA DE LITERATURA E APONTAMENTOS PARA AÇÕES DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA NO TERRITÓRIO DO SISAL – BAHIA

Vilbégina Monteiro dos Santos

ORCID: : https://orcid.org/0009-0001-0490-7115

Mestre em Cultura e Sociedade pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), Brasil. Doutoranda em Comunicação e Cultura Contemprâneas (UFBA), Brasil. Docente do curso de Comunicação Social - Rádio e TV da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Brasil.

E-mail: vmonteiro@uneb.br

Abraão Carneiro do Carmo Rodrigues

ORCID: https://orcid.org/0000-0001-7230-1812

Bacharel em Psicologia pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Brasil. Licenciado em Ciências Biológicas pela UNEB, Brasil. Mestrando em Educação (UFBA), Brasil. Professor da rede de educação básica do Estado da Bahia, do município de Salvador, Brasil.

E-mail: rodrigues.a.c90@gmail.com

RESUMO: Bibliotecas comunitárias caracterizam-se por serem espaços geralmente situados em locais periféricos, formados por e para as comunidades, sem vínculos com o poder público, e que têm na participação dos sujeitos seu principal vetor de articulação para realização de ações culturais. Tendo em vista a obtenção de informações para o desenvolvimento de ações de extensão universitária junto a estes espaços no Território do Sisal, foi realizada uma revisão sistemática de literatura pautada pela seguinte questão: qual o estado das investigações sobre bibliotecas comunitárias na produção stricto sensu no Brasil em relação a aspectos acadêmico-institucionais e epistemológicos? A base de dados escolhida foi a Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD) e, a partir dos critérios de inclusão, foram selecionados 29 trabalhos, sendo 4 teses e 25 dissertações. Os resultados apontam para: a) do ponto de vista acadêmico-institucional, maior concentração de trabalhos no eixo sul-sudeste e na área de Ciência da Informação, com regularidade na produção e expressiva presença de dissertações e b) do ponto de vista epistemológico, a quase ausência de explicitação do posicionamento epistemológico, a variedade temática, de objetos e de recursos metodológicos de produção, análise e de proposições. As conclusões da revisão agregam contribuições para pensar as ações extensionistas, dentre as quais destacam-se compreender as bibliotecas comunitárias a partir de suas características próprias; elaborar, junto aos sujeitos, estratégias que potencializem suas atuações, como a construção de uma rede territorial de bibliotecas comunitárias e o compartilhamento de conhecimentos que favoreçam a produção de atividades culturais e o fortalecimento da cidadania.

PALAVRAS-CHAVE: bibliotecas comunitárias; extensão universitária; Território do Sisal; cultura; cidadania.

ABSTRACT: Community libraries are characterized by being spaces, generally located in peripheral locations, formed by and for communities, without ties to the government, and which have the participation of individuals as their main vector of articulation for carrying out cultural actions. In order to obtain information for the development of university extension actions in these spaces in the Sisal Territory, a systematic literature review was carried out guided by the following question: what is the state of research on community libraries in stricto sensu production in Brazil in relation to academic-institutional and epistemological aspects? The database chosen was the Digital Library of Theses and Dissertations (BDTD) and, based on the inclusion criteria, 29 works were selected, being 4 theses and 25 dissertations. The results indicate: a) from an academic-institutional point of view, a greater concentration of works in the south-southeast axis and in the area of Information Science, with regularity in the production and significant presence of dissertations; and b) from an epistemological point of view, the almost complete absence of explicit epistemological positioning, the variety of themes, objects and methodological resources for production, analysis and propositions. The conclusions of the review add contributions to thinking about extension actions, among which the following stand out: understanding community libraries based on their own characteristics; developing, together with the subjects, strategies that enhance their actions, such as the construction of a territorial network of community libraries and the sharing of knowledge that favors the production of cultural activities and the strengthening of citizenship.

Keywords: community libraries; university extension; Sisal Territory; culture; citizenship.

1 INTRODUÇÃO

Este artigo objetiva apresentar os resultados de uma revisão sistemática de literatura sobre bibliotecas comunitárias no Brasil, circunscrita à produção da pós-graduação stricto sensu, como um dos primeiros passos para o desenvolvimento de um projeto de extensão em andamento no âmbito do Departamento de Educação no Campus XIV da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), situado no município de Conceição do Coité, que integra o Território do Sisal na Bahia1.

Tal projeto se volta a ações extensionistas em torno do eixo temático Comunicação, Formação e Políticas e tem como objetivo central atuar, junto a agentes do Território do Sisal, sobre a comunicação pública de instituições com fins sociais e educacionais, a fim de criar e fortalecer políticas e ou ações de comunicação que, por conseguinte, possam contribuir para o desenvolvimento territorial, a gestão da comunicação e estratégias de mobilização social. Entre seus objetivos específicos, consta a proposta de identificar instituições com fins sociais e educacionais – como associações, coletivos, sindicatos, colégios, bibliotecas comunitárias e instituições educacionais públicas – que apresentem a demanda de criação e fortalecimento de políticas e/ou ações de comunicação voltadas à consecução de suas missões sociais.

De acordo com Henriques (2013), a extensão universitária precisa convocar as universidades a transcenderem noções ultrapassadas de transmissão de conhecimentos, assistencialismo e prestação de serviços e, nesse sentido, importa ancorar-se em quatro diretrizes: o impacto e a transformação social; a interação dialógica; a interdisciplinaridade e a indissociabilidade entre os três pilares da universidade, a saber: ensino, pesquisa e extensão. Por essa razão, compreende-se que as ações extensionistas demandam uma implicação política e ética, além do desenvolvimento concomitante dos três pilares que perfazem a vida acadêmica.

Tendo em vista esses princípios, na ocasião de uma atividade de mapeamento inicial de instituições com fins sociais no Território do Sisal, ocorrida no ensino do componente curricular Comunicação Comunitária, no semestre 2024.1, foi identificada uma biblioteca comunitária, definida assim em virtude de as ações apontarem aspectos recorrentemente utilizados por Machado (2009): a) ser um local criado efetivamente pela e para a comunidade e que resulte em diversas ações culturais; b) ter ênfase no combate à exclusão informacional e na luta por igualdade e justiça social; c) ter a participação como vetor de articulação e envolvimento dos sujeitos, geralmente situada em locais periféricos, e d) não possuir vinculação direta com instituições governamentais de municípios, estados ou da União.

Ao ter essa iniciativa identificada, resolveu-se, a partir do ensino, iniciar algumas atividades de extensão2 junto a estas instituições, já previstas no projeto, o que demandaria não apenas uma ação preliminar, e ainda em curso, de levantamento das bibliotecas comunitárias no Território do Sisal, mas a própria compreensão e apreensão, via pesquisa, sobre o tema. Para alcançar tal objetivo, procedeu-se a uma revisão sistemática de literatura pautada pela seguinte questão-guia: qual o estado das investigações sobre bibliotecas comunitárias na produção stricto sensu no Brasil em relação a aspectos acadêmico-institucionais e epistemológicos? Os balizadores dessa questão serão explicados na seção sobre as escolhas metodológicas, sendo, por ora, evidenciado o percurso deste texto. Inicialmente, com o fito de breve delineamento teórico, serão esboçados alguns conceitos e características das bibliotecas comunitárias. Em seguida, serão explicitados os caminhos metodológicos adotados para a revisão sistemática. Ato contínuo, serão apresentados os resultados e discussões da revisão, enfatizando os achados acadêmico-institucionais e epistemológicos e, finalmente, serão esboçados alguns apontamentos que entrelaçam os resultados da revisão realizada com as proposições das ações extensionistas do projeto acima mencionado.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

A produção acadêmica brasileira nos programas stricto sensu está no percurso para a consolidação dos estudos sobre as bibliotecas comunitárias e alguns destes trabalhos empenham-se, dentre os variados esforços empreendidos, para diferenciar esses espaços das bibliotecas públicas e universitárias. Algumas revisões já foram realizadas nesta direção, entre as quais menciona-se aqui a dissertação de Ferreira (2017), voltada para o mapeamento da produção científica sobre bibliotecas públicas nos programas de pós-graduação em Ciência da Informação no Brasil. Neste trabalho, a autora caracteriza a biblioteca pública como local de informação pautado na gratuidade e acesso aos serviços de cultura oferecidos e como um espaço democrático, devendo “[...] seu acervo deve ser diversificado, de maneira a atender às necessidades informacionais dos públicos infantil, juvenil, adulto e idoso que estejam em busca de leitura informativa e também de lazer [...]” (Ferreira, 2017, p. 56), mantido, segundo a autora, pelo poder público.

Por se aproximar da proposta deste artigo, destaca-se a revisão realizada por Machado (2009), sobre o conceito de bibliotecas comunitárias. Nesta, a autora já demarcava certa dificuldade em firmar um conceito para as bibliotecas comunitárias, por muitas vezes confundirem-se, nas pesquisas, com as bibliotecas públicas e populares de iniciativas, geralmente, enquadradas no contexto acadêmico. A partir de Badke (1984), que situa a biblioteca comunitária também como popular, na medida em que é feita pelo e para o povo com sua efetiva participação, Machado (2009) passa a repertoriar diversos conceitos que reiteram esse sentido e evidencia, além da noção de biblioteca pública, nos termos já mencionados, a biblioteca universitária e a especializada, respectivamente, como espaço criado por lei federal que,

[...] independente de ser vinculada a uma instituição de ensino superior pública ou privada, atende prioritariamente a comunidade de docentes, estudantes e funcionários que a integram, enquanto a biblioteca especializada está necessariamente atrelada a uma instituição e atende às demandas informacionais do grupo de técnicos e especialistas vinculados formalmente a essa instituição (Ferreira, 2009, p. 85).

Ao fim, a autora caminha para firmar o seu conceito de biblioteca comunitária como um empreendimento social oriundo do desejo e da necessidade de um grupo de pessoas em ter “[...] acesso ao livro, à informação e à prática da leitura num real exercício de cidadania. Em outras palavras, podemos identificar as bibliotecas comunitárias como projetos vinculados a um grupo particular de pessoas, sem vínculo direto com o Estado [...]” (Ferreira, 2009, p. 91). Nesse sentido, o trabalho desta autora é bastante profícuo para compreender a genealogia das bibliotecas comunitárias, uma vez que, na revisão sistemática aqui realizada, verifica-se o espelhamento das conceituações pesquisadas pela autora em diversos trabalhos no momento de definir esses espaços.

Os dois trabalhos citados nesta seção trazem importantes contribuições, sendo o primeiro uma revisão que se aproxima do tema, embora o foco não seja propriamente as bibliotecas comunitárias, mas o método de mapeamento temático, enquanto o artigo de Ferreira (2009), publicado em periódico que foca nesses espaços, objetiva o levantamento de definições que a subsidiem a elaborar um conceito próprio sobre as bibliotecas comunitárias. Não obstante essas contribuições, conforme afirmam Costa e Zoltowski (2014), é relevante que as revisões sistemáticas de literatura sejam atualizadas não somente com o fito de incrementar novas informações com os mesmos escopos de revisões anteriores, mas também com o intento de contribuir com outros olhares e recortes que adensem epistemologicamente um tema.

De passagem, é salutar mencionar outros trabalhos que desdobram o conceito para embasar análises empíricas sobre a atuação de bibliotecas públicas, bem como iniciativas inovadoras e experiências de gestão desses espaços. Nesse sentido, pontua-se: a) a monografia de Ribeiro (2018), que analisa as práticas de incidência política da Rede de Bibliotecas Comunitárias em São Luís, a Ilha Literária, no estado do Maranhão, e a luta popular pelo acesso ao livro e à leitura como direitos, apontando, no resumo, a conclusão de que a Rede “vem se colocando como um novo ator social nos espaços de construção e monitoramento de políticas públicas/planos relativos ao livro, à leitura e à biblioteca no Estado” (Ribeiro, 2018, p. 8); b) o artigo de Jesus (2007, p. 4) sobre a implantação de 11 bibliotecas comunitárias no município de Salvador, na Bahia, demarcando esses espaços “[...] como porta de entrada para o conhecimento [...]”, os quais fornecem “[...] condições para o desenvolvimento educacional e cultural dos indivíduos, através do acesso à informação [...]” e da “[...] promoção de leitura [...]” ; c) o artigo de Maia e Barradas (2022, p. 28) sobre a gestão de bibliotecas comunitárias a partir das experiências de três desses espaços, que conclui que o diferencial das bibliotecas comunitárias “[...] são as atividades culturais oferecidas ao público e que as maiores dificuldades residem na escassez de recursos financeiros e na manutenção dos espaços [...]” , compensadas essas dificuldades , de acordo com as autoras, pelo empenho de profissionais reunidos em redes, como a Rede Nacional de Bibliotecas Comunitárias (RNBC).

Finalmente, embora muitos trabalhos não o citem como parte dos seus referenciais teóricos, as definições sobre bibliotecas comunitárias trazem a implícita noção de comunidade de Buber (2012) como premissa para esses empreendimentos do comum, uma vez que, segundo este filósofo,

O sistema comunitário é a legítima união de uma pluralidade de comunidades concretas de todo o tipo [...]. Uma grande associação de homens pode considerar-se um organismo e ser denominada sistema comunitário somente se e enquanto for construída com células vivas e formadas com a imediaticidade da vida comum. (Buber, 2012, p. 48).

A aderência teórica a este entendimento de Buber (2012), enquanto premissa das bibliotecas comunitárias, mostra-se pertinente, pois o autor enfatiza a importância de dois componentes no seu entendimento de comunidade: a concretude associativa em torno de problemas comuns e a composição plural. É ainda neste sentido que se pontua, brevemente, um outro entendimento de comunidade, esse de natureza sociológica e fundado por Tönnies (1973), que, embora trate a comunidade em termos idealizados, a aborda como um amálgama de laços firmados para além do parentesco e do lugar, demarcando a sua coesão, a exemplo de pactuações da amizade para o estabelecimento de um organismo vivo.

Esta seção teórico-conceitual que aqui se finda, apenas pelo formato deste texto, poderia ser estendida na medida em que encontra guarida em muitos trabalhos acadêmicos e pensamentos de diversos autores em variadas áreas do conhecimento que transversalizam epistemologicamente a Ciência da Informação. Tendo ciência deste fator, segue-se para a explicitação do percurso metodológico que balizou a revisão de literatura.

3 PERCURSO METODOLÓGICO

Enquanto recurso metodológico para esta pesquisa, foi adotada a revisão sistemática de literatura como “[...] método que permite maximizar o potencial de uma busca, encontrando o maior número possível de resultados de uma maneira organizada [...]” (Costa; Zoltowski, 2014, p. 56). Seus resultados, de acordo com esses autores, não devem se restringir, no entanto, a uma exposição linear sobre uma temática, mas devem constituir um trabalho reflexivo, crítico e compreensivo. Em artigo sobre este método, Sampaio et al. (2022, p. 117) defendem que as revisões, mais que sistemáticas, podem ser integrativas na perspectiva de subsidiar

[...] análises lastreadas pelo pensamento epistemológico, teórico e metodológico, compreendendo-os como dimensões interligadas. Para além disso, significa pôr em diálogo diversos métodos e técnicas advindas de diversas áreas do conhecimento, concretizando, na prática científica, a integração de uma série de gestos interpretativos de dados, metadados e de demais informações produzidas pela combinação de formas de sistematização e análise através de usos de softwares, planilhas de controle, leituras etc. (Sampaio et al. 2022, p. 117).

Além disso, a sistematicidade deste método compreende a consecução de ações planificadas que traduzem uma sequência de etapas que, guardadas algumas diferenças de perspectivas, referem-se, de modo geral, a um percurso bastante semelhante. Para o Centro Cochrane no Brasil3 e autores como Akonberg (2005), estas fases seguem o seguinte curso: a) delimitação de uma questão-guia; b) localização de bases de dados; c) escolha de palavras-chave para a busca; d) prospecção nas bases de dados escolhidas a partir destas palavras; e) estabelecimento de critérios de inclusão e exclusão e f) análise e interpretação dos resultados. Nesta última etapa, recomenda-se a consulta ao roteiro de sistematização e normas de redação definidas pelo Prisma Statement4, instituição internacional que estabelece padrões para a realização de revisões sistemáticas e metanálises, isto é, o tratamento estatístico dos dados a partir dos metadados dos trabalhos incluídos numa revisão.

Em última análise, esses passos referem-se às etapas definidas por Kitchenham (2004) para a realização de revisões sistemáticas, quais sejam, o planejamento, a condução e a sumarização, por meio dos quais, respectivamente, se estabelecem a) os objetivos da revisão, as strings – ou seja, a combinação de termos de busca formados pelas palavras-chave e organizados de acordo com as métricas de busca de cada base de dados, e os critérios de inclusão de trabalhos; b) a busca propriamente dita, segundo o planejamento, e c) a apresentação e análise dos resultados. Para Ridley (2012), a sistematicidade das revisões de literatura permite não somente obter informações gerais sobre o estado atual do conhecimento em cada área, inclusive identificando lacunas e tendências teórico-conceituais, mas também avaliar criticamente os trabalhos encontrados e incluídos com vistas a realizar novas proposições investigativas que permitam o conhecimento avançar.

No caso da revisão sistemática de literatura realizada, essas diretrizes gerais foram seguidas, sendo feitas as adaptações necessárias para melhor responder à questão-guia indicada na introdução deste artigo. Assim, a partir da literatura mencionada sobre a condução de revisões sistemáticas, serão indicadas as escolhas pragmáticas e as razões que as motivaram na fase de planificação.

Primeiro, foi escolhida como palavra-chave, ou descritor de busca, a expressão “biblioteca comunitária”, considerando também sua variação no plural, “bibliotecas comunitárias”. Apenas este termo foi escolhido, sem combinação com outros termos que formassem uma string, pois essa escolha amplia as possibilidades do aparecimento de uma maior quantidade de trabalhos possível. Esta decisão também se justifica à luz da escolha da base de dados ser a Biblioteca Digital de Teses e Dissertações5 (BDTD), já que, em função de se optar por verificar, neste primeiro momento, apenas a produção da pós-graduação stricto sensu no Brasil, a expectativa foi de que, embora o descritor pudesse permitir um número ampliado de trabalhos, a opção por uma base de dados voltada à produção de teses e dissertações, e não de artigos indexados, resultaria em uma quantidade manejável para o escopo da questão que guiou a revisão.

A escolha de uma base dados do tipo de produção buscada também se justifica na medida em que a intenção, por ora, é mapear exatamente este tipo de trabalho, uma vez que são os programas de pós-graduação das Instituições de Ensino Superior (IES), notadamente de universidades públicas, que produzem a maior parte do conhecimento científico no Brasil, conforme atestam o Plano Nacional de Pós-Graduação (PNPG) 2011-2020 e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES, 2018).

Para melhor explicar os aspectos subjacentes à questão-guia desta revisão, cabe recordá-la: qual o estado das investigações sobre bibliotecas comunitárias na produção stricto sensu no Brasil em relação a aspectos acadêmico-institucionais e epistemológicos? Deste modo, no que tange ao aspecto acadêmico-institucional, buscou-se mapear as seguintes informações: a) quantitativo por tipo de produção; b) região da produção; e c) distribuição por natureza da instituição e suas IES, por área do conhecimento em correlação com o tipo de produção e por período de produção. Quanto ao aspecto epistemológico, a intenção foi mapear as seguintes informações: a) evidenciação e discussão sobre posicionamentos epistemológicos; b) delimitação da pesquisa quanto ao tipo, abordagens e níveis; o que se delimita como objeto da pesquisa; escolhas teórico-conceituais; e c) evidenciação dos recursos metodológicos de produção, análise e, eventualmente, de proposição e principais conclusões. Não custa ressalvar que os dados encontrados e as inferências produzidas advieram dos resultados obtidos dentro dos recortes e critérios estabelecidos para a busca em uma base de dados específica, o que pode apontar tendências, mas não uma representação fenomênica exata sobre o estado das pesquisas em relação ao tema.

Após o estabelecimento do descritor para a busca, da base de dados e da questão-guia, foram definidos os seguintes critérios de inclusão para a seleção dos trabalhos, dentre os encontrados: a) aqueles que apresentassem o descritor em um dos seguintes metadados: título, resumo, palavras-chave e sumário; b) trabalhos em língua portuguesa; e c) o não estabelecimento de recorte temporal, a fim de possibilitar a identificação de todos os trabalhos presentes na base de dados enquanto eventual índice do início do tratamento do tema no âmbito da pós-graduação stricto sensu brasileira.

Explicitadas as escolhas metodológicas adotadas, serão apresentados os resultados e discussões tendo os aspectos acadêmico-institucionais e epistemológicos como balizadores da sistematização realizada.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

A partir dos balizadores metodológicos delimitados, foram encontrados 41 trabalhos, sendo 8 teses e 33 dissertações. Desses, a partir dos critérios de inclusão, foram selecionados 29 trabalhos, sendo 4 teses e 25 dissertações. Foram rejeitados, portanto, 12 trabalhos, sendo 4 teses e 8 dissertações. Os trabalhos incluídos perfizeram 70,73% dos trabalhos localizados. Não foram encontrados trabalhos duplicados e apenas 1 trabalho incluído (tese) não foi encontrado na íntegra, pois, a pedido do autor, o acesso direto foi restrito aos metadados na base de dados pesquisada. Assim, os trabalhos incluídos foram os seguintes:

Trabalhos Incluídos

Tipo

Autoria

Ano

Bibliotecas comunitárias em Belo Horizonte – atores em cena

Dissertação

H. M. Vieira

2007

Bibliotecas Comunitárias como prática social no Brasil

Tese

E. C. Machado

2008

Jovens leitores em meios populares – paradoxais constituições leitoras

Dissertação

A. Renesto

2009

Bibliotecas Comunitárias: espaços de interação social e desenvolvimento pessoal

Dissertação

R. Madella

2010

Biblioteca de caráter público e práticas leitoras

Dissertação

L. M. R. Costa

2011

É preciso estar atento: a ética no pensamento expresso dos líderes de bibliotecas comunitárias

Dissertação

A. C. P. de O. da Silva

2011

Formação de comunidades leitoras na Baixada Fluminense – O PMLL e as bibliotecas comunitárias

Dissertação

M. C. do N. Gomes

2012

Bibliotecas comunitárias – espaços alternativos de acesso aos saberes registrados em Manaus

Dissertação

R. C. P. Vieira

2013

Escola em rede – Bibliotecas comunitárias e as demandas sobre a gestão escolar

Dissertação

G. L. de Santana

2014

Capital social e capital cultural na Biblioteca Comunitária Paulo Coelho das favelas Pavão-Pavãozinho/Cantagalo no Rio de Janeiro

Tese

A. Senna

2015

A contribuição da biblioteca do IFMG – Campus Bambuí – para o desenvolvimento local e regional

Dissertação

A.M. Sima

2015

Tecnologias Criativas em Bibliotecas: processos informacionais e modos de produção de subjetividades

Tese

R. L. Silva

2016

Proposta para aplicação de desbaste no acervo da biblioteca comunitária da UFSCar

Dissertação

V. H. Gonçalves

2016

Práticas leitoras e informacionais nas bibliotecas comunitárias em rede da releitura – PE

Dissertação

M. de S. Alves

2017

As bibliotecas comunitárias e o fomento à leitura: uma análise da rede leitora terra das palmeiras de São Luís-Ma

Dissertação

C. D. Coelho

2018

Dimensões da mediação da leitura em bibliotecas comunitárias – Um estudo de múltiplos casos na cidade de Salvador

Dissertação

E. P. Nascimento

2018

Biblioteca como infraestrutura de apoio para a educação a distância

Dissertação

L. Ferreira

2018

Desafios da formação leitora em bibliotecas comunitárias – registro, arquivo e memória de leitura da literatura infantil

Dissertação

R.Toigo

2019

Crowdsourcing – como a sabedoria das multidões pode interessar ao campo de pesquisa e ação da ciência da informação

Dissertação

Y. C. LU

2019

Bibliotecas comunitárias – atuação cultural, contribuição social e humana a classes populares

Dissertação

B. T. de Carvalho

2021

Agora é nós por nós! A insurgência da Biblioteca Comunitária Zeferina Beiru

Dissertação

L. L. Barbosa

2021

Parelheiros idas e vi(n)das: ler, viajar e mover-se com uma biblioteca comunitária

Dissertação

I. A. dos S. Mayer

2021

Dimensões da mediação da informação em projeto de extensão para leitura: o caso do projeto lapidar

Dissertação

I. P. de Jesus

2021

Organização da informação em bibliotecas comunitárias – relações a construir para uma função social a cumprir

Dissertação

G. B. A. Martins

2021

Práticas informacionais em bibliotecas comunitárias: o discurso do sujeito coletivo sobre desinformação e empoderamento

Dissertação

F. C. Cabral

2022

Contação de histórias no ensino superior: o florescer de conhecimentos sobre a primeira infância sob a luz de Vygotsky

Dissertação

M. da S. Barros

2022

Nem tudo que parece é: as bibliotecas comunitárias caxienses e as suas relações com o poder público municipal

Tese

J. P. B. da Silveira

2022

Mundos-Conjuntos: Ecologias Atencionais e a Coemergência de Territórios Existenciais com Bibliotecas Periféricas e suas (In)Comunidades

Dissertação

C. D. Casal

2023

Sozinha eu ando bem, mas com você ando melhor – as práticas informacionais de bibliotecárias e mediadoras de leitura da Rede Nacional de Bibliotecas Comunitárias (RNBC)

Dissertação

Y. W. Finger

2023

4.1 ASPECTOS ACADÊMICO-INSTITUCIONAIS

Respondendo ao primeiro aspecto da questão-guia, referente aos aspectos acadêmico-institucionais, após leitura dos metadados, foram verificadas as informações que seguem e feitas algumas inferências:

a) quanto ao tipo de trabalho, houve a predominância de dissertações entre os trabalhos encontrados (80,49%) e incluídos (86,20%);

b) quanto à distribuição dos trabalhos incluídos por região, foram obtidos os seguintes dados: na Região Sul: 8; na Região Sudeste: 12; na Região Nordeste: 8; na Região Norte: 1; na Região Centro-Oeste: 0. Nota-se, portanto, maior concentração de trabalhos no eixo Sul-Sudeste, de onde foram incluídos 20 trabalhos, perfazendo 68% dos incluídos. O gráfico a seguir expressa essa distribuição:

c) quanto à distribuição dos trabalhos incluídos por natureza da instituição, houvepredominância das universidades públicas, sendo incluído um total de 27 trabalhos, dos quais 22 são de universidades federais e 5 de universidades estaduais, contendo apenas 2 de instituições privadas. O Gráfico 2 expressa tal distribuição por IES:

d) quanto à área dos trabalhos incluídos, foi verificada a predominância das ciências humanas e sociais, com maior concentração em Ciência da Informação, com 15 trabalhos selecionados (51,72% dos incluídos), e da área de Educação, com 7 trabalhos (24,13% dos incluídos); posteriormente a área de Letras, com 2 trabalhos (6,89% dos incluídos), e, na sequência, as demais áreas: Psicologia, Antropologia, Turismo, Administração e Saúde (Medicina), um trabalho de cada (3,44% por cada área dentre os incluídos). Graficamente, essa distribuição pode ser representada da seguinte forma (Gráfico 3):

Em termos percentuais, nota-se a concentração de produções sobre o tema – dissertações (62,02%) e teses (13,79%) – nas áreas de Ciência da Informação e Educação, sendo o aparecimento das primeiras teses verificado a partir de 2008. Tal concentração aponta para uma informação esperada, dada a própria aderência temática sobre as bibliotecas como objeto de estudos nestas duas áreas, disciplinarmente constituídas de modo a abranger o tema da revisão, já que as bibliotecas, de modo geral, são comumente delimitadas no campo da Ciência da Informação e suas potencialidades educacionais, também por adesão, são mais afeitas à área da educação, provavelmente em decorrência das suas potencialidades inscritas em suas funções e finalidades.

e) em relação ao período da produção, foi observada a seguinte distribuição temporal: 25 dissertações produzidas entre 2007 e 2023 e 4 teses produzidas em 2008; 2015; 2016 e 2022. Com isso, infere-se certa regularidade na produção sobre o tema, considerando que esse, no âmbito da pós-graduação stricto sensu, aparece, na base de dados escolhida, apenas a partir de 2007, com tendência de crescimento a partir de 2017. O Gráfico 4 traduz esses dados da seguinte forma:

4.2 ASPECTOS EPISTEMOLÓGICOS

Após o tratamento dos aspectos acadêmico-institucionais indicados, serão abordados os aspectos epistemológicos mencionados na seção metodológica. A escolha pela verificação desse aspecto se justifica pois a compreensão que perpassa esta revisão é de não somente descrever linearmente os resultados sobre os objetos encontrados e suas marcas institucionais, mas tentar refletir a partir de indícios que permitam uma leitura mais ampliada. Para tanto, a definição do posicionamento epistemológico significa “[...] apontar para o estudo crítico de princípios, hipóteses e métodos implicados nos resultados do conhecimento científico [...]” (Peruzzo, 2017, p. 178), o que se traduz na prática para a explicitação das perspectivas metateóricas que indicam para um trabalho de reflexão autoral sobre as condições de produção do conhecimento científico. A partir daí, seria possível adotar, com maior consistência, um conjunto de teorias como “modos de ver” que “[...] se disponibiliza ao praticante de um campo, antes mesmo que ele possa lançar mão de um igualmente repertório de ‘modos de fazer’ que corresponde à metodologia [...]” (Barros, 2018, p. 8).

Nessa direção, embora diversos trabalhos posicionem seus recortes teóricos e metodológicos, apenas um trabalho o faz, a partir de uma inscrição explícita que antecederia esses recortes em uma “epistemologia da decolonialidade” (Carvalho, 2021). Quanto ao tipo de pesquisa, de acordo com a classificação de Gil (2008), verifica-se apenas uma pesquisa que tende a ser de natureza mais básica, com realização de uma discussão de natureza mais teórico-conceitual. Já as demais, firmam-se como pesquisas aplicadas, com delimitação de objetos empíricos analisados, após posicionamentos teóricos e metodológicos de diversas ordens. Todos os trabalhos também podem ser enquadrados, segundo classificação de Flick (2013), como pesquisas do tipo social, uma vez que atendem, com ênfases variadas, ao menos a três princípios elementares, quais sejam: buscam produzir conhecimentos por meio da descrição e entendimento de diversos fenômenos investigados; têm uma orientação prática que se materializa em pesquisas aplicadas em diversos contextos e situações sociais, incluindo, diversas vezes, modalidades participativas nos momentos de ida ao campo; e geram informações que podem subsidiar processos decisórios no âmbito da definição de políticas sociais voltadas ao aprimoramento das condições das bibliotecas comunitárias.

Em relação à abordagem, ainda a partir de Gil (2008), há uma predominância em relação às qualitativas, com menção direta de apenas cinco dissertações com abordagens mistas, isto é, com a sobreposição de recursos de produção e análise quantitativos e qualitativos. Já em relação aos níveis de pesquisa, segundo a classificação de Gil (2008), em pesquisas descritivas, exploratórias e explicativas, trata-se de uma tarefa de mapeamento mais impreciso, por duas razões: primeiro, porque uma série de trabalhos não deixa claro esse posicionamento, e depois porque, ao ler os metadados, percebem-se características que permitiriam enquadrar esses trabalhos em mais de um desses níveis. Por esta razão, arrisca-se, aqui, inferir que a maioria tende para níveis mais exploratórios e descritivos em suas rotas investigativas.

Rastreados, ainda que genericamente e na medida do possível, os aspectos que inscrevem as pesquisas em seus traços epistêmicos mais gerais, cabe verificar o item que define a identidade dos trabalhos por compor os seus temas e objetos de investigação. Nesse sentido, dentro da temática geral, foram encontrados diversos objetos que sinalizam para variadas direções: o estudo de representações sociais dos gestores, bem como práticas e proposições de gestão; a biblioteca como território de experimentações criativas mediadas por tecnologias digitais; o uso dessas tecnologias para o combate à desinformação; as políticas de atenção e modos de funcionamento dos espaços; a distribuição de capital social; a dimensão da articulação local; as mediações de leitura; a formação de leitores e práticas de leitura; a genealogia das favelas enquanto espaços de localização de bibliotecas; os estudos de recepção sobre motivação do público frequentador; contextos de formação propícios à criação de bibliotecas; as estratégias de inovação e uso de softwares, além de relações com modalidades como a educação a distância; as atividades culturais como a contação de histórias em suas relações de ensino-aprendizagem; as bibliotecas como espaços de formação para a cidadania etc.

Estes temas e objetos apresentam relação direta com o acionamento de recortes teórico-conceituais e, para fins de representação, foram aqui reunidos em quatro grandes eixos em torno dos quais essas escolhas orbitam. Sem a necessidade de propor uma divisão estanque e com fronteiras bem delimitadas, a distribuição proposta aqui se expressa da seguinte forma:

Eixo epistêmico e interdisciplinar

Eixo das mediações de leitura e suas interfaces

Eixo conceitual e de gestão

Eixo político-educacional

• Sociologia do conhecimento; teoria das representações sociais e coletivas;

• Sociologia do conhecimento; representações sociais; processualismo histórico e construcionismo social;

• Ética-estética das tecnologias de informação;

• Teorias sobre empoderamento e políticas da informação;

• Ecologia da atenção; cognição inventiva; antropologia; psicologia e filosofia;

• Capital Social.

• Mediações sociais e culturais e leitura;

• Mediação de leitura e decolonialidade;

• Mediações e práticas de leitura;

• Mediações de leitura e literatura;

• Leitura, participação social e integração comunitária;

• Comunidade e práticas sociais;

• Mediação de leitura e práticas informacionais;

• Mediação de leitura, leitura e letramento e desenvolvimento humano, escolarização e letramento.

• Ambiente das Bibliotecas Comunitárias;

• Bibliotecas comunitárias: contextos e condições de surgimento;

• Gestão de bibliotecas; bibliotecas comunitárias, indicadores de desempenho;

• Paradigma das novas mobilidades, espaço público, turismo, biblioteca comunitária;

• Bibliotecas comunitárias, políticas de desbaste.

• Bibliotecas comunitárias e cidadania;

• Educação a distância e biblioteca comunitária;

• Bibliotecas comunitárias, cidadania, educação não-formal;

Crowdsourcing: colaboração coletiva e “sabedoria da multidão” e inovação;

• Redes sociais, comunidades de aprendizagem, escola em rede, gestão escolar e educacional e democracia;

• Contação de histórias, promoção à saúde, ensino-aprendizagem e infância.

Quanto aos recursos metodológicos utilizados, é igualmente difícil uma delimitação bem demarcada, isso porque, não raro, alguns trabalhos não evidenciam certas distinções conceituais entre metodologia, métodos, instrumentos e técnicas de produção de informação – etapa também denominada como coleta de dados –, de análise e, em alguns casos, de proposição. Certa ausência em relação a essas distinções é apontada por Martino (2018), naquilo que o autor define como uma espécie de vício reiterado nas seções metodológicas das pesquisas que, comumente, toma uma noção por outra, emaranhando, ainda mais, a complexidade dos pontos de contato entre cada uma destas fases e procedimentos. Assim, de modo análogo ao Quadro 2, apresentam-se, por eixos, os recursos de produção de informação e de análise destas informações mapeados nos trabalhos, tal como esses recursos foram citados, respectivamente, nos Quadros 3 e 4.

Fonte: Elabora do pelos autores (2024).

No que diz respeito às proposições advindas das pesquisas, a maioria dos trabalhos não procedeu na perspectiva de enunciar sugestões decorrentes dos atos de investigação, presumivelmente por ser a pretensão inicial a realização de uma análise mais exploratória ou descritiva que, não necessariamente, resultasse em proposições de natureza prática. Como esperado, essas foram oriundas dos trabalhos firmados em metodologias com maior implicação política, como as pesquisas-ação ou participantes, ou as que, teoricamente, efetivavam problematizações e leituras de ordem ética, social e política.

Assim, pontuam-se aqui algumas das proposições encontradas nos trabalhos: a) a realização de reuniões, visitas, oficinas para agregar modos de subjetivação coletiva em apropriação de tecnologias digitais livres, colaborativas e abertas (Silva, 2016); b) futuras pesquisas que ampliem o entendimento sobre bibliotecas comunitárias, desinformação e empoderamento (Cabral, 2022); c) a implantação de políticas que fortaleceçam a diversidade e pluralidade cultural, assim como a valorização da dimensão comunitária do espaço público e dos processos participativos, bem como políticas públicas para consolidar o Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas e as bibliotecas comunitárias (Machado, 2008); d) mais bibliotecárias atuando em bibliotecas comunitárias enquanto ação de políticas públicas (Nascimento, 2018; Finger, 2023); e) a ideia de que, no âmbito das bibliotecas comunitárias, as culturas locais podem ajudar a humanizar e sensibilizar o ser humano, promovendo ações de transformação coletiva (Toigo, 2019); f) as bibliotecas comunitárias podem potencializar produtos e serviços para geração de conhecimentos e inovação, além da necessidade de as bibliotecas adotarem mecanismos de aproximação de seus usuários, acolhendo-os e tornando-se um equipamento de compartilhamento e de resolução de problemas em conjunto (Lu, 2019); g) a necessidade de realização de estudos futuros, no que se refere ao uso e à aplicabilidade da contação de histórias em outros contextos formativos e de cuidado no ensino superior (Barros, 2022); h) a importância em fazer um melhor uso do espaço físico da biblioteca, como a inclusão de novas aquisições e/ou ampliação de espaços de estudo aos usuários (Gonçalves, 2016); i) que as bibliotecas se desenvolvam da maneira mais completa possível, de modo a prover maiores possibilidades de acesso qualificado à informação (Martins, 2021).

Como parte das conclusões deste trabalho apontam não somente para padrões identificados na própria revisão, logo de síntese metodológica dos resultados encontrados, mas também se referem a conceituações sobre bibliotecas comunitárias – evidenciadas ou subjacentes nos trabalhos incluídos –, alguns dos resultados destes trabalhos serão reiterados, sobrepondo alguns dos entendimentos que também foram gerados sobre o tema. Ademais, serão pontuadas algumas possíveis ações de extensão universitária que podem ser melhor balizadas a partir dos achados desta revisão.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para concluir, algumas inferências serão realizadas e retomadas a partir das informações obtidas na revisão. Primeiro, do ponto de vista acadêmico-institucional, predomina, como era esperado, um maior quantitativo de trabalhos na área de Ciência da Informação, seguido pela área de Educação. A concentração nestas áreas – dados os próprios processos de objetivação que as definem – se reflete nos temas e objetos tratados, que focam aspectos de funcionamento das bibliotecas comunitárias do ponto de vista da gestão da informação, mas, ainda, das suas dimensões formativas. Também, percebe-se uma maior incidência de produções do tipo dissertação, o que pode indicar um caminho a ser trilhado no sentido de ampliar as investigações no âmbito das pesquisas de doutorado que permitam um maior aprofundamento para compreender as variadas dimensões que perpassam as bibliotecas comunitárias.

Em seguida, verifica-se que, embora haja relativa regularidade na produção da temática, inclusive com tendência a crescimento, a produção stricto sensu brasileira sobre as bibliotecas comunitárias aparece, na base de dados consultada, com maior concentração no eixo sul-sudeste, o que indica lacunas e a necessidade de pesquisas sobre a temática em territórios das outras regiões do país. Ainda sobre o aspecto acadêmico-institucional, são as IES públicas as maiores responsáveis pela produção de pesquisas na temática investigada.

Quanto aos aspectos epistemológicos observados, percebe-se a quase ausência de explicitação dos posicionamentos epistemológicos assumidos nos trabalhos incluídos, a evidenciação de aportes teórico-conceituais que, de modo subjacente, indicam para filiações epistemológicas que estão no espectro das tradições fenomenológicas ou crítico-dialéticas, além de uma maior tendência a pesquisas exploratórias e descritivas, aplicadas, de tipo social e de abordagens qualitativas. Quanto aos objetos abordados, foram percebidos uma miríade de escolhas que apontam para a diversidade de possibilidades de objetivação. A leitura desses objetos pelas lentes teóricas e conceituais foi aqui reunida, por certa aproximação, nos seguintes eixos: epistêmico e interdisciplinar; de mediações de leitura e suas interfaces; conceitual e de gestão e político-educacional.

Igualmente, diversas são as escolhas metodológicas para produzir e analisar informações, no entanto, a repetição de alguns recursos por instituição indica uma eventual predileção por tratar as informações que podem ter relação com as linhas de pesquisa dos programas de pós-graduação aos quais cada trabalho se filia. Por exemplo, percebemos uma recorrência considerável de trabalhos que optam pelas abordagens da análise de conteúdo, do discurso e diversas que utilizam a noção de mediações de leitura para compreender os fenômenos que estudam. De qualquer modo, a variedade de modos de produzir informações e analisá-las também aponta para o tratamento do tema “bibliotecas comunitárias” por diversas áreas do conhecimento que investem um olhar transversal adequado para melhor entender um objeto de múltiplas dimensões sociais, políticas e culturais.

Alguns trabalhos realizam críticas e sugestões atinentes ao percurso das pesquisas realizadas e úteis enquanto diretrizes para o aprimoramento das bibliotecas comunitárias no Brasil, considerando as suas condições de criação, manutenção e relevância social. Além da importância dessas proposições, serão pontuadas, genericamente, algumas conclusões destes trabalhos que, em conjunto, lastreiam um panorama geral sobre os diversos entendimentos relacionados às bibliotecas comunitárias no Brasil, considerando a diversidade de olhares investigativos sobre este tema. Essas conclusões foram sistematizadas de modo a também contemplar o entendimento dos autores deste artigo.

Desse modo, a conjugação das conclusões dos trabalhos verificados com as inferências aqui produzidas em relação às bibliotecas comunitárias são as seguintes: a) são instituições criadas pela e para a comunidade que, na maioria das vezes, por estarem situadas em locais periféricos, padecem de maior apoio por parte do poder público para robustecer aspectos ligados à gestão, composição de acervo e ao desenvolvimento de diversas atividades ligadas à produção cultural popular; b) constituem um ambiente que fortalece a cidadania por meio da criação de sentimentos de corresponsabilidade, pertencimento comunitário, participação e cooperação; c) possuem abertura para um público heterogêneo e plural e oportunizam a convivência respeitosa com a diferença; d) favorecem um ambiente formativo de diversas dimensões: estéticas, éticas, políticas e afetivas que podem propiciar a construção de um tecido social mais coeso. Produzem, assim, capital social, cultural e educacional; e) ampliam as possibilidades de formação de público leitor, por meio de diversos tipos de mediação de leitura, e do conhecimento de diversos gêneros textuais, dentre os quais destaca-se a literatura; f) produzem conhecimentos na perspectiva da coletividade, favorecendo variados modos de aprendizagem; g) podem estabelecer parcerias com diversas instâncias formativas e culturais como bibliotecas públicas e universitárias que tendem a gerar inovação no campo da educação e em diversas outras áreas; h) são instituições que potencializam o alcance das suas ações quando estão organizadas em redes colaborativas; i) podem funcionar como importantes espaços para o combate à desinformação e ao desenvolvimento de uma leitura mais crítica e autônoma do mundo.

Finalmente, como decorrência deste mapeamento, alguns breves apontamentos são relevantes para as ações de extensão em curso no Território do Sisal, no âmbito acadêmico delimitado na introdução deste trabalho. Primeiro, é importante compreender que quaisquer ações extensionistas que atuem com bibliotecas comunitárias precisam visualizá-las a partir das suas diferenças em relação a outros tipos de bibliotecas, o que significa estar sensível para perceber que a atuação comunitária agrega às bibliotecas maior complexidade e transcende, e muito, a noção de letramento pautada na centralidade do livro. Isso também implica em não preconceber ou idealizar a noção de comunidade como espaço livre de conflitos e integralmente coeso, mas buscar aproximações com a disposição de verificar e valorizar as nuances e as diferenças de cada espaço como um constante devir decorrente das atuações moventes de cada sujeito implicado com as bibliotecas comunitárias. A partir das conclusões dos trabalhos pesquisados, é possível perceber, portanto, que o tecido societário que atravessa as bibliotecas comunitárias não somente reitera, mas amplia o entendimento desses espaços na perspectiva conceitual mencionada na introdução.

Assim, além de visar o mapeamento das bibliotecas do Território do Sisal, a ação extensionista em curso visa conhecer as suas formas de gestão das informações, do acervo, suas formas de comunicação e de mobilização à luz de diversas contribuições advindas desta revisão. Além disso, compreende-se como fundamental articular-se com os sujeitos envolvidos nas bibliotecas comunitárias para discutir estratégias que potencializem suas ações, tais como: a) elaborar, conjunta e colaborativamente, planos e ações de comunicação e mobilização sociais; b) contribuir para a construção e fortalecimento de uma rede territorial de bibliotecas comunitárias, além de verificar a possibilidade de incluí-la em redes já constituídas como a RNBC – uma vez que, considerando as que, até o momento, foram mapeadas, nenhuma encontra-se inserida em redes formais; c) compartilhar conhecimentos advindos das experiências dos sujeitos que desenvolvem habilidades fundamentais para as bibliotecas comunitárias, como a prospecção de recursos, por meio de editais, e a gestão do espaço e do acervo e d) realizar atividades de teor cultural que fortaleçam os laços comunitários e favoreçam a construção da cidadania.

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SILVA, Ana Claudia Perpétuo de Oliveira da. É preciso estar atento: a ética no pensamento expresso dos líderes de bibliotecas comunitárias. 2011. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) – Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2011. Disponível em: https://bdtd.ibict.br/vufind/Record/UFSC_df794e60a0481b621803794890e26242. Acesso em: 8 maio 2024.

SILVA, Roosewelt Lins. Tecnologias criativas em bibliotecas: processos informacionais e modos de produção de subjetividade. 2016. Tese (Doutorado em Educação) – Programa de Pós-graduação em Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2016. Disponível em: https://lume.ufrgs.br/handle/10183/152731. Acesso em: 4 maio 2024.

SILVEIRA, João Paulo Borges da. Nem tudo que parece é: as bibliotecas comunitárias caxienses e as suas relações com o poder público municipal. 2022. Tese (Doutorado em Educação) – Programa de Pós-graduação em Educação, Universidade de Caxias do Sul, Caxias do Sul, 23 fev. 2022. Disponível em: https://repositorio.ucs.br/xmlui/handle/11338/9947. Acesso em: 10 maio 2024.

SIMA, Aline Michele. A contribuição da biblioteca do IFMG – Campus Bambuí – para o desenvolvimento local e regional. 2015. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) – Escola de Ciência da Informação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2015. Disponível em: https://repositorio.ufmg.br/handle/1843/BUBD-A8SJG8. Acesso em: 4 maio 2024.

TOIGO, Renata. Desafios da formação leitora em bibliotecas comunitárias: registro, arquivo e memória de leitura da literatura infantil. 2019. Dissertação (Mestrado em Letras) – Programa de Pós-graduação em Letras, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 10 jan. 2019. Disponível em: https://tede2.pucrs.br/tede2/handle/tede/8460. Acesso em: 4 maio 2024.

TÖNNIES, Ferdinand. Comunidade e sociedade como entidade típico-ideais. In: FERNANDES, Florestan (Org.) Comunidade e Sociedade. São Paulo: Cia Ed. Nacional, 1973.

VIEIRA, Heloisa Maria. Bibliotecas comunitárias em Belo Horizonte: atores em cena. 2007. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) – Universidade Federal de Minas Gerais, 2007. Disponível em: https://repositorio.ufmg.br/handle/1843/ECID-79CNHN. Acesso em: 4 maio 2024.

VIEIRA, Rita Cintia Pinto. Bibliotecas Comunitárias: espaços alternativos de acesso aos saberes registrados em Manaus. 2013. Dissertação (Mestrado em Letras) – Programa de Pós-graduação em Letras, Universidade Federal do Amazonas, Manaus, 8 ago. 2013. Disponível em: https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/5480. Acesso em: 4 maio 2024.

1

De acordo com dados da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), o “ Território da Cidadania d o Sisal - BA abrange uma área de 21.256,50 Km² e é composto por 20 municípios: Monte Santo, Nordestina, Queimadas, Quijingue, Serrinha, Teofilândia, Valente, Barrocas, Biritinga, Conceição do Coité, Ichu, Lamarão, Retirolândia, Santaluz, São Domingos, Tucano, Araci, Candeal, Cansanção e Itiúba, com uma população de 570.720 habitantes, sendo 58.238 agricultores familiares, 2.482 famílias assentadas, 2 comunidades quilombolas e 1 terra indígena”. Em relação às atividades econômicas, predomina o setor agropecuário, no qual “a produção de sisal se destaca, no entanto, a exploração de culturas de subsistência como mandioca, milhos e feijão são comuns em todo o território. Entre as criações destaca-se a criação de caprinos, ovinos e bovinos” (https://www.embrapa.br/agencia-de-informacao-tecnologica/territorios/territorio-sisal/carcateristicas-do-territorio/).

2

Estas atividades buscam atender às diretrizes estabelecidas na Resolução 2 018/2019 da UNEB que regulamentou a curricularização da extensão nos cursos de graduação e pós-graduação. A resolução pode ser encontrada em: https://proex.uneb.br/wp-content/uploads/2022/02/RESOLUCAO-DA-CURRICULARIZACAO-ABA-DOCUMENTOS.pdf

3

Organização não governamental e sem fins lucrativos que mantém e divulga revisões sistemáticas de ensaios clínicos randomizados, bastante utilizadas na área de saúde.

4

https://www.prisma-statement.org/

5

De acordo com o site da instituição, “A Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD) foi concebida e é mantida pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT) no âmbito do Programa da Biblioteca Digital Brasileira (BDB), com apoio da Financiadora de Estudos e Pesquisas (FINEP), tendo o seu lançamento oficial no final do ano de 2002. [...] hoje, a BDTD se consolida como uma das maiores iniciativas, do mundo, para a disseminação e visibilidade de teses e dissertações”. (https://bdtd.ibict.br/vufind/about/home).

Quadro 1 – Relação dos trabalhos incluídos por ordem crescente de ano de publicação

Fonte: Elaborado pelos autores (2024).

Gráfico 1 – Distribuição dos trabalhos por região

Fonte: Elaborado pelos autores (2024).

Gráfico 2 – Distribuição dos trabalhos incluídos por IES

Fonte: Dados da pesquisa. Elaboração dos autores (2024).

Gráfico 3 – Distribuição das teses e dissertações por área

Fonte: Elaborado pelos autores (2024).

Gráfico 4 – Distribuição temporal das teses e dissertações

Fonte: Elaborado pelos autores (2024).

Quadro 2 – Distribuição dos trabalhos 6 por eixos teórico-conceituais

Fonte: Fonte: Elaborado pelos autores (2024).

6

Dada a repetição teórico-conceitual, alguns trabalhos foram reunidos em torno de uma mesma nomenclatura que expressava um sentido similar de tratamento.

Produção de informações por eixo

Eixo entrevistas, grupos focais e questionários

Eixo pesquisas interventivas

Eixo pesquisas de percepção, de campo e observações

Eixo pesquisa documental e registros videográficos

Eixo pesquisas comparativas

Eixo pesquisas bibliográficas

• Entrevistas;

• Entrevistas

semiestrutura-das;

• Entrevista narrativa;

• Questionários;

• Grupo focal.

• Pesquisa-ação;

• Pesquisa participante.

• Pesquisa de percepção;

• Observação;

• Observação direta;

• Observação indireta;

• Observação participante;

• Pesquisa de campo;

• Caderno de campo.

• Pesquisa documental;

• Análise documental;

• Registros visuais, fotográficos;

• Pesquisa documental (registros de mediação de leitura).

• Método de múltiplos casos.

• Pesquisa bibliográfica;

• Revisão de literatura e bibliográfica;

• Revisão sistemática de literatura;

• Revisão de literatura.

Quadro 3 – Recursos metodológicos de produção informações

Fonte: Fonte: Elaborado pelos autores (2024).

Análise de informações por eixos

Eixo análise de conteúdo, discursos e narrativas

Eixo cartográfico e antropológico

Eixo estudos de caso, comparativos e observacional

Eixo organizacional, documental e bibliográfico

• Análise de discurso do sujeito coletivo (DSC);

• Análise de conteúdo;

• Análise de narrativas;

• Análise das entrevistas.

• Método cartográfico;

• Mapeamento das ações;

• Análise da observação de atos de leitura;

• Análise do nível de mediação de leitura;

• Análise dos registros e narrativas;

• Análise antropológica do contexto da biblioteca.

• Análise do perfil de pesquisadores;

• Análise da observação e ações de participação;

• Estudo de caso parcial da biblioteca universitária como biblioteca comunitária;

• Análise comparativa entre bibliotecas públicas e comunitárias.

• Diagnóstico a partir da matriz SWOT;

• Análise das revisões e documental;

• Análise da revisão;

• Modelo bidirecional de práticas informacionais.

Quadro 4 – Recursos metodológicos de análise de informações

Fonte: Fonte: Elaborado pelos autores (2024).