RESUMO: O presente artigo colabora com a discussão sobre os fundamentos teóricos e metodológicos do método de pesquisa ciência-ação, reconhecido como uma das cinco formas de fazer pesquisa-ação no Brasil por Almeida, Perucchi e Freire (2020) e por Brandão (2022), no campo da Ciência da Informação. Tem por objetivo apresentar uma abordagem analítica sobre o potencial e a viabilidade de aplicação do método de pesquisa ciência-ação no campo das Ciências Sociais Aplicadas. Integra uma agenda de pesquisa interinstitucional entre universidades e institutos federais, idealizada no âmbito da tese de Brandão (2022), defendida no Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação na Universidade Federal da Paraíba. Esta foi a primeira tese no Brasil a fazer uso da ciência-ação como método de pesquisa. A finalidade é aprimorar o método que foi desenvolvido e aplicado no campo da Ciência da Informação e possibilitar que seja aplicável em investigações científicas de outras áreas de conhecimento e atuação no abrangente e diverso campo das Ciências Sociais Aplicadas. Metodologicamente, a pesquisa que originou este artigo é de natureza qualitativa, nível exploratório, ancorada na perspectiva humanista de Rubem Alves e na perspectiva metodológica de Michel Thiollent, que possibilitaram desenvolver uma análise teórico-reflexiva sobre o potencial e a viabilidade de aplicação do método. Os resultados validam o potencial de aplicação, por meio de quadros teóricos e rede conceitual, e apontam que a viabilidade de aplicação depende do uso do método pelos pesquisadores em suas pesquisas, sendo necessárias divulgação e comunicação científica deste, bem como monitoramento contínuo da literatura científica.

PALAVRAS-CHAVE: método ciência-ação; pesquisa-ação; método científico; inovação científica; ciências sociais aplicadas.

ABSTRACT: This article contributes to the discussion on the theoretical and methodological foundations of the action-science research method, recognized as one of the five approaches to action research in Brazil by Almeida, Perucchi, and Freire (2020) and by Brandão (2022) in the field of Information Science. Its objective is to present an analytical approach to the potential and feasibility of applying the action-science research method in the field of Applied Social Sciences. It is part of an interinstitutional research agenda among universities and federal institutes, conceived within the scope of Brandão’s (2022) doctoral thesis, defended at the Graduate Program in Information Science at the Federal University of Paraíba. This was the first doctoral thesis in Brazil to use action-science as a research method. The aim is to refine the method that was developed and applied in the field of Information Science and to enable its applicability in scientific investigations in other areas of knowledge and practice within the broad and diverse field of Applied Social Sciences. Methodologically, the research that gave rise to this article is qualitative in nature, at an exploratory level, anchored in Rubem Alves’ humanistic perspective and Michel Thiollent’s methodological approach, which allowed for a theoretical-reflective analysis of the method’s potential and feasibility. The results confirm the method’s applicability through a theoretical framework and conceptual network and indicate that its feasibility depends on researchers adopting the method in their studies. Therefore, scientific dissemination and communication, as well as continuous monitoring of the scientific literature, are necessary.

Keywords: action-science method; action research; scientific method; scientific innovation; applied social sciences.

1 INTRODUÇÃO

A interseção entre a filosofia da ciência e a pesquisa científica, especialmente por meio do método ciência-ação, constitui um campo fértil para o desenvolvimento de abordagens inovadoras nas Ciências Sociais Aplicadas. A partir da crítica de Rubem Alves à neutralidade científica, compreende-se que a pesquisa deve ser comprometida com contextos sociais, históricos e políticos, visando à transformação da realidade (ALVES, 2015). Ao lado de Bronowski (1977), que afirma que “a ciência é uma característica humana”, Alves reforça que a atividade científica é intencional e ética, e não meramente técnica.

Partindo desta premissa, Aquino (2013) argumenta que o fazer científico envolve conhecer, agir e resolver problemas, integrando observação, formulação de conceitos e construção teórica em uma prática criativa. A autora defende que, nas Ciências Sociais Aplicadas, o pesquisador precisa dialogar com múltiplos campos do saber e articular conceitos para interpretar transformações socioculturais. Nesse sentido, Wersig (1993) propõe a rede conceitual como uma estratégia de estruturação teórica capaz de articular ação e conhecimento na Ciência da Informação.

As contribuições de Michel Thiollent também fundamentam esta discussão. Em transmissão pública realizada em 2020, o autor alertou para a necessidade de atualizar os fundamentos da pesquisa-ação frente às mudanças no cenário político, tecnológico e científico contemporâneo. Destaca-se o papel das tecnologias digitais e o surgimento de desafios como as cidades inteligentes e a inteligência artificial, o que demanda revisão das técnicas e fundamentos filosóficos do método (THIOLLENT, 2020).

O presente artigo está vinculado ao projeto de pesquisa “Método Ciência-Ação nas Ciências Sociais Aplicadas”, registrado no Edital nº 02/2024 do IFPB campus João Pessoa, e busca contribuir para o aprimoramento do método ciência-ação como instrumento de pesquisa transformadora, para além de sua aplicação originária na Ciência da Informação. Adota-se a perspectiva de que o conhecimento científico deve emergir da ação, envolvendo engajamento com os sujeitos da pesquisa, a partir da interação entre teoria e prática. Neste processo, torna-se possível confrontar as teorias proclamadas com as teorias em uso, promovendo um ciclo dinâmico de aprendizagem, produção de conhecimento e inovação contínua.

Ao combinar os aportes da filosofia da ciência com os princípios do método ciência-ação, pretende-se oferecer uma base teórico-metodológica aos pesquisadores das Ciências Sociais Aplicadas interessados em uma ciência comprometida com a transformação social e com o avanço epistêmico em seus campos de atuação.

2 O MÉTODO CIÊNCIA-AÇÃO PARA ALÉM DA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO

Nesta seção, estruturada em duas partes, delineia-se o referencial teórico, com apresentação dos conceitos basilares ao método e dos argumentos que reforçam o método ciência-ação como uma forma promissora de fazer pesquisa-ação.

2.1 AÇÃO CIENTÍFICA E OUTROS CONCEITOS BASILARES AO MÉTODO

Durante o desenvolvimento da pesquisa de tese de Brandão (2022), identificou-se, na literatura científica, a ausência de uma explicação conceitual sobre o que se entende por ação científica. Tanto no campo da Ciência da Informação e nas Ciências Sociais Aplicadas como um todo, quanto em outros campos científicos que se destacam por suas abordagens metodológicas qualitativas, tais como a Educação, a Sociologia e demais Ciências Humanas, observou-se que o termo é utilizado em textos científicos de forma trivial, como se fosse auto explicável, sem a preocupação em defini-lo com pormenores e implicações conceituais. 

Em se tratando do conhecimento científico, um conceito pode assumir diferentes direcionamentos, a depender da abordagem e da perspectiva adotada pelo pesquisador, e até mesmo da corrente filosófica e da área do conhecimento em que a obra se encontra e se aplica. Esta barreira começou a ser superada a partir da primeira pesquisa de tese a utilizar essa forma de fazer pesquisa-ação, a saber: a de Brandão (2022), no campo da Ciência da Informação. 

Partindo, portanto, da necessidade de maior compreensão do método Ciência-Ação, a partir da leitura das obras de Argyris, Putnam e Smith (1985), de Friedman e Rogers (2008), e de Enders, Ferreira e Monteiro (2010), este artigo está a se constituir como uma proposta de referencial teórico para as Ciências Sociais Aplicadas. Começa por considerar, como ponto de partida, a rede conceitual (Fig. 1) elaborada por Brandão (2022), nos moldes teóricos estruturantes propostos por Gernot Wersig e utilizados pela pesquisadora Isa Maria Freire na Ciência da Informação, que representa visualmente as relações conceituais da ação científica no método Ciência-Ação. Dado que o método foi utilizado pela primeira vez no campo científico da Ciência da Informação no Brasil em 2022, tal aporte teórico também é fundamental para possibilitar pesquisas futuras com uso deste método para outras áreas do conhecimento no âmbito das Ciências Sociais Aplicadas.

De acordo com Bachelard (2000, p. 47) “a ação científica é, por essência, complexa.” Para fins de compreensão do método em discussão e análise, considera-se a definição de Brandão (2022, p. 82) sobre ação científica, que pode ser definida como

o ato ou o efeito de agir cientificamente, com o uso de métodos e técnicas de pesquisa, no decorrer de um conjunto de atividades humanas, intelectuais e intencionais, baseadas em projetos e regidas por normas institucionais, cuja finalidade é a criação, a comunicação e a disseminação do conhecimento científico para os pares e para a sociedade (BRANDÃO, 2022, p. 82). 

Diagrama

O conteúdo gerado por IA pode estar incorreto.

O conceito acima reforça a perspectiva de responsabilidade social dos cientistas/pesquisadores em relação a produção do conhecimento e sua devida comunicação com os pares e, também, sua divulgação para a sociedade. Afinal, o contexto atual demanda uma postura proativa, crítica e democrática da Ciência perante a sociedade civil, divulgando os benefícios da mesma e os resultados de toda ação científica realizada.

No Brasil, há diferentes sistemas e instituições de fomento, que estão ligadas direta ou indiretamente aos ministérios brasileiros, a saber: CNPq, FINEP, CAPES, FNDCT, BNDES, além das agências estaduais que constituem as FAPs – Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa agrupadas no CONFAP (DUDZIAK, 2018). O fato das pesquisas científicas, em grande parte no Brasil, receberem financiamento público, reforça ainda mais o argumento de defesa da divulgação científica como responsabilidade social do cientista/pesquisador.

O conceito central (ação científica), atrator da rede conceitual (Fig. 1), portanto, pode ser compreendido como um conceito guarda-chuva, assim denominado por abrigar outros conceitos relevantes e necessários ao método Ciência-Ação. Em torno do conceito atrator da rede conceitual (ação científica) estão acima o método e o campo científico, e abaixo, em ancoragem teórico-conceitual, o estágio de reflexão na ação, os indícios e o insumo básico deles. Lateralmente ao atrator da rede, estão os conceitos equivalentes (agir científico e prática científica), os quais desdobram-se no lado esquerdo de quem vê em: ações polimórficas e documento; e no lado direito em: ambiência e contexto. A rede conceitual apresenta-se em formato de guarda-chuva, em analogia ao termo “conceito guarda-chuva”, que se refere ao atrator da rede (ação científica). As cores utilizadas pressupõem compreensibilidade, facilitando a identificação visual dos conceitos e a elucidação de suas respectivas relações.

No campo científico, esta rede conceitual (Fig. 1) poderá inspirar o desenvolvimento de outras redes conceituais para contemplar as demais áreas que constituem as Ciências Sociais Aplicadas, conforme delimitação dada pela Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES): Administração Pública e de Empresas, Ciências Contábeis e Turismo; Arquitetura, Urbanismo e Design; Comunicação, Informação e Museologia; Direito; Economia; Planejamento Urbano e Regional/Demografia; e Serviço Social.

Brandão (2022) cita como exemplos de ação científica, o seguinte conjunto de atividades humanas intelectuais e intencionais: elaboração de projetos de pesquisa científica; coordenação e execução de pesquisa científica; formação de redes de pesquisa ou de conhecimento; produção de obras, artigos e trabalhos científicos; comunicação e divulgação dos resultados de pesquisa científica; transmissão on-line para comunicação e/ou divulgação científica; organização de eventos científicos para comunicação científica; entre outras atividades próprias do agir científico.

Podemos concordar com Brandão (2022), portanto, quando ele afirma que a ação científica é sinônimo de prática científica (enquanto conjunto de atividades humanas), sendo, portanto, intrínseca à forma de vida científica. Em relação ao método ciência-ação, tal ação deve ser realizada com o propósito de intervir em um dado contexto social, para transformá-lo. O campo científico é um contexto social, assim como as organizações e outros espaços em que há convívio social.

No método ciência-ação, portanto, a intervenção científica se dá por meio da ação científica (com apoio das ações de informação e na ambiência do regime de informação), realizada com o propósito de intervir no campo científico para transformar teorias e práticas, sujeitos e objetos.

Por plano de ação científica, Brandão (2022) entende que se trata de um documento que tem por finalidade orientar a exequibilidade de atividades dos cientistas em torno de uma questão de pesquisa (ou mais), possibilitando a evolução do conhecimento científico a partir de uma agenda de pesquisa com metas e objetivos definidos em etapas organizadas e estimadas cronologicamente.

Inspirada nos ensinamentos de Tefko Saracevic, Freire (2004), considerando a informação enquanto fenômeno, destaca que os problemas de informação, por serem intrínsecos à comunicação humana, não podem ser plenamente compreendidos a partir de uma única disciplina. Neste sentido, o autor aponta a necessidade de a Ciência da Informação desenvolver abordagens teóricas e metodológicas que favoreçam a interdisciplinaridade e ampliem o diálogo com outros campos científicos. Tal perspectiva reforça a ideia de que a complexidade dos fenômenos informacionais exige um olhar transversal e colaborativo, rompendo com visões isoladas e tecnicistas da informação.

Nesta linha de raciocínio interdisciplinar, busca-se definir o que é evidência científica. No campo das Ciências Biológicas, Ciências Médicas e das Ciências da Saúde, é usual as práticas de pesquisa baseadas em evidências, de onde se percebe que a ciência não trabalha com verdades absolutas, mas sim com evidências, sempre disposta a mudar de ideia. No campo das políticas públicas, em estreita associação com as Humanidades e as Sociais Aplicadas, as evidências são definidas como

informações que afetam as crenças de pessoas importantes (incluindo você mesmo) sobre aspectos significativos do problema que está sendo estudado e como ele pode ser resolvido ou mitigado (BARDACH, 2009, p. 11).

Capella (2018), no contexto das políticas públicas, argumenta que as evidências cumprem funções essenciais no processo de análise de políticas públicas, servindo tanto para compreender a dimensão do problema quanto para avaliar características específicas de uma política em curso, além de permitir a comparação com outras iniciativas consideradas eficazes. Para tal, o analista pode recorrer a uma variedade de fontes — como documentos, livros, estatísticas, entrevistas e reuniões — e, desde o início, selecionar cuidadosamente quais dados serão relevantes. Esta atividade inicial é fundamental para transformar dados em informações, capazes de embasar evidências sólidas e pertinentes ao processo decisório. Tal abordagem ressalta o papel estratégico da informação na formulação e avaliação de políticas, exigindo um olhar crítico sobre as fontes e sobre os sentidos atribuídos aos dados coletados.

Brandão (2022) define evidências científicas como sendo indícios oriundos da informação científica, que possibilitam compreender, comprovar, demonstrar, descrever ou explicar algo, alguma situação ou algum fenômeno, cuja as principais fontes de informação são as bases de dados científicos, os relatórios de pesquisa, as publicações oficiais das associações e sociedades científicas, os anais de eventos científicos, e as obras em geral que compõem a literatura científica especializada e/ou interdisciplinar.

Brandão (2022) destaca, ainda, que tal conceito e contexto, não desprezam ou inferiorizam as evidências empíricas, que podem ser obtidas a partir de relatos proferidos por pesquisadores, por meio de entrevistas e demais instrumentos qualitativos de coleta de dados (observação participante, questionários, etc.).

Martins e Theóphilo (2016) ressaltam que a convergência de múltiplas fontes de evidência fortalece a credibilidade das análises realizadas em pesquisas qualitativas. Quando diferentes fontes apontam para uma mesma direção, isto pode configurar não apenas uma descoberta relevante, mas também uma evidência robusta a ser integrada a outras, com o objetivo de aprofundar a compreensão e a interpretação de um determinado fenômeno. Esta perspectiva reforça a importância da triangulação de dados como estratégia metodológica, ao permitir maior confiabilidade na construção do conhecimento e maior riqueza na análise dos contextos estudados.

No campo das Ciências Sociais Aplicadas, podemos alcançar níveis maiores de compreensão quando utilizamos evidências científicas frutos de experimentação social, analogamente ao que ocorre no campo das Ciências da Natureza e da Saúde com a experimentação laboratorial. Por exemplo: a experimentação de modelos teóricos-pragmáticos, baseados em evidências científicas, para o desenvolvimento de políticas públicas, poderá resultar em evidências científicas mais aprimoradas, que consequentemente retroalimentam os processos investigados, dentre eles, o próprio processo de criação de conhecimento científico, de subsídio à formulação das políticas públicas, entre outros. O próprio processo de formulação de políticas públicas pode ser considerado um processo de criação de conhecimento com alto valor agregado (dada a finalidade de aplicação/intervenção). Afinal, a política pública é criada e existe com a intenção de ser aplicada, de intervir em um dado contexto, com o intento de promover algum bem-estar e/ou alguma melhoria social.

No Brasil, em 2019, durante o Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação (ENANCIB), foi apresentado o conceito de competência científica (CoCient), o qual poderá vir a agregar valor à rede conceitual da ação científica no método Ciência-Ação. 

Rosetto (2019), fundamentada em Sabariego del Castillo e Manzanares Gavilán (2006), defende que 

o conceito de CoCient deve ser concebido como um processo de investigação que permite uma condição de se enfrentar problemas relevantes e reconstruir novos conhecimentos científicos e favorecer um processo de aprendizagem eficiente e significativa, podendo ser incluída também a ideia de uma ciência para todos e associada aos princípios educativos e de acesso ao conhecimento, equidade e de forma significativa para todos. (ROSETTO, 2019, n.p). 

Concorda-se com Rosetto (2019), quando esta trata a competência científica como uma vertente transversal da competência em informação e midiática. No entanto, de forma ainda embrionária, a pesquisa de tese de Brandão (2022) apontou para a necessidade de revisão conceitual da proposta acima, por defender que o processo de investigação é a própria pesquisa científica, e não a competência científica. 

Neste sentido, Brandão (2022) propôs que competência científica seja definida, a priori, como o conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes, necessário ao desenvolvimento da pesquisa científica. Ser competente cientificamente é qualitativamente ser capaz de produzir, analisar, avaliar, comunicar e/ou divulgar a informação e o conhecimento científico. Tal competência é percebida durante a observação do agir científico do pesquisador, e é uma qualidade inerente à forma de vida científica.

Complementar ao conceito de competência científica (alfabetización científica), Kemp (2002, n.p, grifo nosso, tradução nossa), menciona suas três dimensões:

- Conceitual (compreensão e conhecimento necessários). Seus elementos mais citados são: conceitos de ciência e relações entre ciência e sociedade.

 -Procedimental (procedimentos, processos, habilidades e capacidades). Os mencionados com mais frequência são: obter e usar a informação científica; aplicação da ciência na vida cotidiana; uso da ciência de uma maneira compreensível para o público.

 -Afetiva (emoções, atitudes, valores e disposição em relação à competência científica). Os elementos mais imediatos são: apreciação da ciência e interesse em Ciência.

Os conceitos apresentados e explicados na tese de Brandão (2022) são elementares para a composição da base epistemológica do método ciência-ação, e foram tratados com maior nível de profundidade e melhor propriedade durante o desenvolvimento da pesquisa que originou o presente artigo, trazendo resultados que serão discutidos nas seções seguintes.

2.2 UMA FORMA PROMISSORA DE FAZER PESQUISA-AÇÃO

Enquanto método qualitativo, o método ciência-ação apresenta-se como promissor para atender aos objetivos diversos de pesquisas futuras no campo das Ciências Sociais Aplicadas.

Concordando com Flick (2009), a pesquisa qualitativa encontra-se em evolução contínua, surgindo tanto novas abordagens, quanto novos métodos, em uma diversidade de perspectivas e nos mais diversificados campos do conhecimento científico. Portanto, é compreensível que possam surgir abordagens e métodos inéditos no campo científico. Podemos citar o exemplo do caso da tese de Brandão (2022), no campo da Ciência da Informação, que apresentou um modelo teórico-pragmático para o desenvolvimento de políticas de informação, contendo uma proposta de agenda de pesquisa interinstitucional.

Após amplo estudo dos métodos qualitativos de pesquisa disponíveis e em uso nos campos da Administração, da Educação e da Ciência da Informação, Brandão (2022) verificou que a ciência-ação seria a melhor forma do método pesquisa-ação para responder à sua questão de pesquisa. O método viabilizou o desenvolvimento de um modelo teórico-pragmático que possibilitou, entre outros fins, a teorização sobre as políticas de informação para bibliotecas aprendentes, incluindo, nesta abordagem, as práticas informacionais e educativas intrínsecas ao contexto social de análise (bibliotecas de institutos e universidades federais), com ênfase no agir científico, nas ações de informação e nas ações educativas. 

A ciência-ação, enquanto método, se aproxima da teoria fundamentada nos dados (TFD), mas há diferenças que podem vir a serem exploradas mais a fundo em estudos futuros. Antes, é preciso entender que esta é uma das cinco formas de fazer pesquisa-ação.

Numa perspectiva clássica, oriunda dos anos 80, Thiollent (1996, p. 14, grifo nosso) define a pesquisa-ação como “um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo.” Enquanto que para Barbier (2002), a pesquisa-ação consiste em uma “atividade de compreensão e de explicação das práxis dos grupos sociais por eles mesmos, com ou sem especialistas em ciências humanas e sociais práticas, com o fito de melhorar suas práxis.” Em abordagem contemporânea, Thiollent (2009, p. 47) caracteriza a pesquisa-ação como sendo do tipo “pesquisa social com função política”, explicando que “a função política da pesquisa-ação é intimamente relacionada com o tipo de ação proposta e os atores considerados. A investigação está valorativamente inserida numa política de transformação”. Compreende-se que uma política de transformação é um conceito adaptável à variadas questões de pesquisa no contexto da grande área Ciências Sociais Aplicadas. Nas Ciências Sociais Aplicadas (CCSAs), a noção de política de transformação opera como categoria transversal que: reorienta finalidades institucionais (voltadas ao bem comum e à justiça social); desconstrói práticas excludentes ou obsoletas; e promove inovação pública, inclusão e equidade em diferentes níveis (organizacional, urbano, informacional, jurídico, econômico, etc.). Trata-se de um campo fértil para pesquisas interdisciplinares, com forte potencial para articular teoria crítica, práxis transformadoras e engajamento social.

Koerich et al. (2009, p. 719), compreende a pesquisa-ação “como uma importante ferramenta metodológica capaz de aliar teoria e prática por meio de uma ação que visa a transformação de uma determinada realidade.” O objeto de estudo da pesquisa-ação segundo Francischett (1999, p. 174) “são os problemas práticos que ocorrem no cotidiano.” Assim, a pesquisa-ação torna-se uma importante ferramenta para a realização de pesquisas que buscam produzir conhecimento com o propósito intervencionista na realidade. Portanto, não necessariamente a ação precisa ocorrer durante a pesquisa, mas é imprescindível que a pesquisa seja construída em prol de uma ação, que tem a finalidade inerente de intervir em uma dada realidade, conforme a situação que se pretende estudar.

Desenvolver pesquisa é relevante e imprescindível para o crescimento de todo e qualquer campo científico. Para o campo das Ciências Sociais Aplicadas não poderia ser diferente. As pesquisas devem ser desenvolvidas com propósito claramente definido, pois geram dados confiáveis e que podem ser utilizados para a resolução de problemas coletivos ou sociais, dentro e fora das organizações. A pesquisa deve seguir padrões com métodos científicos e base empírica para gerar bons resultados. O desenvolvimento de pesquisas aliando teoria com a prática é possível com o método pesquisa-ação, que oportuniza soluções e modelos intervencionistas para resolução dos problemas coletivos.

De acordo com Chizzotti (2013) as pesquisas ativas são denominadas de pesquisa participativa e de pesquisa-ação (ou pesquisa intervencionista). O metodólogo e sociólogo Michel Thiollent (2009), destacou que toda pesquisa-ação pode ser considerada pesquisa participante, mas o contrário não é verídico. Partindo dessa premissa, a pesquisa-ação pode ser compreendida como um método de pesquisa ativa, de natureza qualitativa, que apresenta maior abrangência e versatilidade em comparação com a pesquisa participante. Tão abrangente e versátil, que vem sendo utilizado amplamente pelos campos da Administração, Ciências Sociais, Educação e Saúde.

Inspirado no estudo do cientista da informação Blaise Cronin, podemos afirmar que os conceitos robustos que compõem o núcleo intelectual da Ciência da Informação, a exemplo de informação, conhecimento e comunicação, não são de propriedade exclusiva desse campo. Nem são susceptíveis de serem organizados em uma proposta consistente, sem considerar a adição criteriosa de perspectivas e abordagens adotadas por outras áreas, como a Educação, Ciência da Computação, Linguística, Filosofia, Psicologia e Sociologia, bem como dos campos mais recentes, como a ciência cognitiva e a interação homem-máquina. Até mesmo o próprio conceito e a configuração identitária da Ciência da Informação são difíceis de estabelecer com uniformização dentro do campo. As perspectivas são plurais neste contexto, bem como são os problemas que busca resolver e os métodos utilizados para tal (SILVA; FREIRE, 2012; CRONIN; MEHO, 2008; CRONIN, 1990).

No caso da pesquisa-ação, a influência de outras áreas que se dedicam a estudá-la como método de pesquisa é inerente ao processo de criação de conhecimento na Ciência da Informação. Observa-se, portanto, que a literatura científica deste campo busca aporte teórico para questões metodológicas na Administração, Ciências Sociais, Educação e na Saúde. Estas áreas destacam-se pela abrangente abordagem e utilização deste método, o que não impede que a Ciência da Informação produza estilo e forma próprios de se utilizar dele para resolver as suas próprias questões de pesquisa aplicada. Isto também é válido para as demais Ciências Sociais Aplicadas.

Sampronha, Gibran e Santos (2012, p. 4) discorrendo sobre a dicotomia entre pesquisa básica e pesquisa aplicada no cenário do desenvolvimento científico, tecnológico e econômico, dizem que “mesmo a ciência aplicada também pode originar novos questionamentos de caráter fundamental.” Muito embora a Ciência da Informação tivesse estado desde sua origem entre as Ciências Humanas e as Sociais Aplicadas, Borko (1968, p. 3) defendeu o argumento que ela “tem ambos os componentes, de ciência pura visto que investiga seu objeto sem considerar sua aplicação, e um componente de ciência aplicada, visto que desenvolve serviços e produtos.” Faz-se necessário, portanto, continuamente (re)pensar esta relação interdisciplinar para (re)posicionar a Ciência da Informação e os seus produtos teórico-metodológicos no contexto das Ciências Sociais Aplicadas.

Saracevic (1995, p. 1-2) afirma que a Ciência da Informação “é definida pelos problemas que apresenta e pelos métodos que escolhe para resolvê-los.” A mesma “tem uma forte dimensão social e humana.” Quanto a essa forte dimensão, Cronin e Meho (2008) destacam que apesar do significativo caráter social, a mesma possui forte tradição nas humanidades. Esse caráter social e essa forte tradição humanística fazem da Ciência da Informação um lugar de investigação sobre problemáticas que se situam entre teoria e prática, ciência e sociedade, conhecimento científico e lógica de mercado, informação e intervenção. 

Enquanto método de pesquisa qualitativo, Almeida, Perucchi e Freire (2020) identificaram que há cinco tipos ou formas de se trabalhar a pesquisa-ação, a saber: tradicional, contextual, educacional, radical e action science (ou ciência-ação). De acordo com Friedman e Rogers (2008), o termo action science foi criado por Wiliam Torbert (1976). Brandão (2022) verificou que não há indícios que o método de pesquisa-ação do tipo action science tenha sido abordado no campo da Ciência da Informação no Brasil. 

Contudo, é a partir da concepção de Chizzotti (2013) sobre a pesquisa-ação, que foi possível Brandão (2022) vincular sua pesquisa de tese ao método ciência-ação. De acordo com o autor, nos dias atuais, há cinco categorias que representam formas distintas de trabalhar esse método, compreendidas por Brandão (2022) da seguinte forma:

Ciência da Ação ou Ciência-Ação (Action Science): voltada para a análise de comportamentos/atitudes que paralisam novas ações em âmbito organizacional/institucional;

Pesquisa-ação tradicional: relacionada ao mundo social e do trabalho, com base nos estudos de Kurt Lewin, nos anos 40;

Pesquisa-ação contextual: relacionada às organizações e suas relações estruturais;

Pesquisa-ação educacional: relacionada aos educadores e aos problemas nas instituições escolares;

Pesquisa-ação radical: com viés marxista, trabalhando com conceitos de poder, transformação e tensões na sociedade.

É a partir da concepção de Chizzotti (2013) sobre a pesquisa-ação, que Almeida, Perucchi e Freire (2020), em um estudo que subsidiou a pesquisa de tese de Brandão (2022), perceberam que há mais de uma forma de trabalhar com esse método. Brandão (2022) estabeleceu um novo quadro teórico que colabora com a melhor compreensão dos tipos de pesquisa-ação no campo da Ciência da Informação (Quadro 1), os quais podem ser expandidos para serem aplicados em outras Ciências Sociais Aplicadas, conforme pretendido a partir do presente artigo.

TIPO DE PESQUISA

APLICAÇÃO

TIPO DE AÇÃO

Ciência-Ação

Estudos que identificam e analisam as teorias em uso, contrapondo-as e modificando-as no próprio campo científico, com a finalidade de provocar mudanças nos comportamentos dos participantes e dos atores sociais, nas políticas e no regime de informação, e em práticas profissionais e de pesquisa, com ênfase no agir científico.

Científica

Tradicional

Estudos relacionados ao mundo do trabalho e emprego, desenvolvimento da comunidade ou da organização, qualidade de vida no trabalho, democracia dos processos de trabalho em uma organização, com ênfase no agir social.

Social

Contextual

Estudos relacionados às organizações e suas relações estruturais, com ênfase no agir comunicativo.

Comunicativa

Educacional

Estudos com a participação dos educadores profissionais (professores, pedagogos, bibliotecários e outros) com a finalidade de encontrar solução para os diversos problemas em instituições de ensino e suas unidades de informação (escolar, universitária, entre outras), com ênfase no agir pedagógico.

Pedagógica

Radical

Estudos com foco na emancipação e na superação do constrangimento do poder, na conscientização crítico-social, na mobilização popular e no processo de transformação da condição cidadã de grupos periféricos da sociedade, com ênfase no agir militante.

Militante

A ciência-ação, segundo Argyris, Putnam e Smith (1985) e Enders, Ferreira e Monteiro (2010), incorpora a prática reflexiva no método científico voltado à análise crítica da ação profissional em contextos reais. Deriva da teoria na prática, desenvolvida em 1974 durante um programa de formação de administradores escolares, cujo marco teórico foi consolidado na obra Theory in Practice (ARGYRIS; SCHÖN, 1974). Sua formalização ocorreu com a publicação de Action Science (ARGYRIS et al., 1985), estabelecendo-a como ciência da prática, com aplicação possível em diversas áreas, como Educação, Psicologia, Enfermagem, Arquivologia, Biblioteconomia, Museologia, Administração, Serviço Social, entre outras.

Friedman e Rogers (2008), conforme Almeida, Perucchi e Freire (2020), identificam cinco características centrais da ciência-ação: (a) criação de comunidades de pesquisa dentro das comunidades de prática; (b) construção individual e coletiva de teorias de ação; (c) uso de quadros interpretativos; (d) combinação de interpretação e testes rigorosos; e (e) design/mudança com base em valores livremente escolhidos. Brandão (2022) observa que tais características podem variar conforme o objetivo da pesquisa. Em sua tese, todas foram evidenciadas.

A ciência-ação promove comunidades investigativas, incentivando a deliberação coletiva e a revisão de crenças por meio da construção de teorias de ação, com foco nos modelos mentais que moldam comportamentos. A discrepância entre teorias proclamadas e teorias-em-uso é central para essa abordagem, permitindo a análise crítica das ações e o aprimoramento contínuo com base na evidência.

Além das características, Friedman e Rogers (2008) propõem cinco aplicações: Design de Ação, Discussão com Bom Julgamento, Aprender com o Sucesso, Avaliação de Ação e Aprendizagem Organizacional em Ação. As duas primeiras favorecem a aprendizagem individual e interpessoal; as demais, a aprendizagem coletiva e a sistematização da ação.

A abordagem permite compreender relações recursivas entre ação e contexto, com potencial emancipador ao identificar a responsabilidade dos sujeitos nos processos sociais (FRIEDMAN; ROGERS, 2008). Sua fundamentação teórica pode ser associada a autores como Lewin (1952), Dewey (1938), Bourdieu (1998) e, principalmente, Argyris e Schön (1974, 1978), sendo complementada pela teoria da morficidade da ação (COLLINS; KUSCH, 2010), conforme discutido por Brandão (2022).

Do ponto de vista epistemológico, Argyris, Putnam e Smith (1985) indicam que a ciência-ação emerge das interações entre pesquisa social e filosofia da ciência, ampliando os horizontes da pesquisa-ação nas Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. Na Ciência da Informação, a tese de Brandão (2022) foi pioneira ao adotar essa abordagem, articulando as contribuições de Thiollent, Dewey e Lewin com os fundamentos da ciência-ação.

A teoria da ação de Argyris e Schön fundamenta a ideia de que os profissionais atuam com base em teorias-em-uso, e não em teorias proclamadas. Brandão (2022) argumenta que tornar essas teorias explícitas é fundamental para a mudança consciente das práticas e do próprio campo científico e sua literatura. Isto exige reflexão crítica, característica essencial do profissional reflexivo, segundo Schön (apud SENGE, 2013).

A diferença entre teorias proclamadas e teorias-em-uso é também evidenciada por Senge (2013), que, ao discutir os modelos mentais, enfatiza a importância da prática reflexiva para o aprendizado organizacional. O autor destaca a necessidade de apoio externo — o “parceiro implacavelmente compassivo” — para que o sujeito reconheça suas incongruências e avance no processo de autocompreensão e transformação.

A ciência-ação, portanto, se ancora em valores como a empatia ativa, a escuta qualificada e a coautoria do conhecimento. Stake (2011) afirma que a empatia é um componente epistemológico essencial na pesquisa qualitativa, diferindo da simpatia por não exigir concordância, mas sim abertura à complexidade do outro. Brandão (2022) corrobora essa visão ao destacar que a empatia é indispensável tanto na prática profissional quanto na atuação científica em contextos sociais complexos.

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Metodologicamente, a pesquisa que originou este artigo é de natureza qualitativa, nível exploratório, ancorada na perspectiva humanista de Rubem Alves e na perspectiva metodológica de Michel Thiollent, que possibilitaram desenvolver uma análise teórico-reflexiva sobre o potencial e a viabilidade de aplicação do método difundido por Almeida, Perucchi e Freire (2020) e por Brandão (2022), no campo da Ciência da Informação.

A investigação adotou uma estratégia de triangulação metodológica, articulando três eixos fundamentais: uma revisão teórico-crítica sobre o método ciência-ação nas Ciências Sociais Aplicadas; uma análise SWOT (Strengths, Weaknesses, Opportunities, Threats) — conhecida em português como análise FOFA (Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças) — aplicada ao método em questão; e a experiência prática acumulada no projeto de pesquisa executado em 2024, cujos resultados empíricos e as evidências científicas serviram de referência reflexiva para pensar o potencial e a viabilidade de aplicação do método.

A conjugação destes três eixos reforçou o compromisso da ciência-ação com a complexidade do real, ao integrar múltiplas perspectivas analíticas e validar os achados não apenas por meio de coerência lógica e rigor epistemológico, mas também pela articulação entre teoria, método e prática. Neste contexto, a triangulação se mostrou estratégica para garantir maior robustez interpretativa, especialmente por possibilitar que diferentes fontes de evidência se confirmassem mutuamente, ampliando a confiabilidade dos resultados.

A aplicação da análise SWOT constituiu uma das principais ferramentas metodológicas do estudo. Ela permitiu uma avaliação holística e estruturada do potencial de uso do método ciência-ação nas Ciências Sociais Aplicadas, contemplando tanto aspectos internos (forças e fraquezas) quanto fatores externos (oportunidades e ameaças). Tal abordagem contribuiu para mapear as contribuições inovadoras do método — como sua versatilidade interdisciplinar, capacidade de integrar teoria e prática e foco em soluções sustentáveis —, bem como suas limitações epistemológicas, metodológicas e operacionais, que exigem atenção quanto à formação de pesquisadores, à sistematização das experiências e à construção de redes colaborativas.

A análise SWOT possibilitou identificar sinergias com paradigmas consolidados, ampliando a possibilidade de inserção do método ciência-ação em debates científicos atuais e favorecendo sua legitimação em comunidades acadêmicas. Ao mesmo tempo, antecipou possíveis obstáculos, como resistências institucionais, dificuldade de aceitação editorial e desafios de operacionalização, sugerindo a necessidade de estratégias mitigadoras, como a constituição de parcerias interinstitucionais, testes empíricos progressivos e ações científicas contínuas.

Por fim, é válido destacar que nas Ciências Sociais Aplicadas, a relação entre pesquisa e prática é intrínseca: os métodos científicos não apenas produzem conhecimento, mas também orientam políticas públicas, gestão organizacional e inovação social. Portanto, a triangulação metodológica aqui empregada reafirma o caráter crítico, emancipador e transformador da ciência-ação, contribuindo para o seu fortalecimento teórico-metodológico e para a consolidação de abordagens engajadas com a realidade social.

4 ANÁLISE SOBRE O POTENCIAL E A VIABILIDADE DE APLICAÇÃO

O quadro 2 possibilita uma análise do método ciência-ação, permitindo uma visão estratégica de suas potencialidades e desafios no contexto científico. Possibilita uma abordagem que conjuga investigação acadêmica com intervenção prática, demandando engajamento ativo dos participantes na formulação e solução de problemas concretos. Esta natureza híbrida — entre teoria e ação — justifica a pertinência de analisar o método à luz de seus pontos fortes, limitações (ou pontos fracos), oportunidades de expansão no campo das Ciências Sociais Aplicadas e ameaças externas que podem comprometer sua adoção.

PONTOS FORTES

PONTOS FRACOS

Presença de publicação de alto impacto.

Uso ainda pouco difundido em diversas áreas do conhecimento.

Aplicação versátil em áreas interdisciplinares.

Desafiador em contextos com baixa motivação ou resistentes a mudanças.

Integração entre prática e teoria.

Complexidade metodológica, exigindo treinamento e experiência eficazes.

Enfoque no desenvolvimento de soluções personalizadas e sustentáveis.

Dificuldade em mensurar e generalizar os resultados devido à natureza do método.

OPORTUNIDADES

AMEAÇAS

Repensar o método para adequá-lo às novas demandas da ciência e da sociedade.

Concorrência com métodos mais conhecidos e amplamente aceitos.

Inovação na metodologia científica, ampliando sua adoção em diferentes campos de estudo.

Resistência de instituições ou pesquisadores tradicionais.

Resolver problemas de pesquisa que outros métodos não conseguem abordar satisfatoriamente.

Escassez de literatura prática acessível para orientar.

Expansão do método em cenários de transformação organizacional.

Limitações de financiamento ou apoio institucional para pesquisas que utilizam o método.

Possibilidade de formação e treinamento de pesquisadores.

Dificuldades em consolidar uma rede de colaboração internacional devido à sua aplicação ainda restrita.

Entre os pontos fortes, destaca-se a presença de publicações de alto impacto (ALMEIDA; PERUCCHI; FREIRE, 2020; BRANDÃO, 2022) que legitimam cientificamente o método, conferindo-lhe visibilidade e credibilidade no debate acadêmico brasileiro. Sua aplicação versátil em pesquisas interdisciplinares é outro trunfo, pois permite que diferentes campos dialoguem com a Ciência da Informação, por meio do método ciência-ação, na resolução de problemas complexos. A integração entre teoria e prática oferece um diferencial em relação a métodos mais distanciados da realidade dos sujeitos pesquisados, e seu enfoque no desenvolvimento de soluções personalizadas e sustentáveis fortalece o compromisso ético com transformações duradouras.

Por outro lado, os pontos fracos revelam limitações importantes: o uso ainda pouco difundido restringe sua consolidação como metodologia de referência. Em contextos marcados por baixa motivação ou resistência à mudança, sua implementação pode ser especialmente desafiadora. Soma-se a isso a complexidade metodológica, que requer formação adequada e experiência prática e prévia por parte dos pesquisadores no uso do método pesquisa-ação. Por fim, a dificuldade em mensurar e generalizar resultados, devido à natureza situada e processual do método, levanta questionamentos sobre sua validade em ambientes acadêmicos mais voltados à quantificação.

As oportunidades demonstram como o método pode se fortalecer e expandir: há espaço para repensar e adaptar a ciência-ação às novas demandas da ciência e da sociedade, especialmente diante de agendas voltadas à inovação, equidade e justiça social. Sua adoção pode promover uma inovação metodológica, ampliando o repertório científico de diferentes áreas. Além disto, o método oferece uma via promissora para resolver problemas que outras abordagens não conseguem tratar com eficácia, notadamente em situações que exigem participação ativa e mudanças estruturais. A expansão em cenários de transformação organizacional e a formação de novos pesquisadores capacitados são caminhos viáveis para consolidar sua relevância.

Contudo, persistem ameaças que devem ser enfrentadas com estratégia e articulação interinstitucional no contexto científico. A concorrência com métodos mais consolidados e amplamente aceitos, como os quantitativos tradicionais, pode limitar sua adoção. Há também resistência de setores mais conservadores da academia ou de instituições pouco abertas à pesquisa-ação. A escassez de materiais práticos acessíveis, como guias e manuais operacionais, compromete a difusão do método. Além disso, limitações de financiamento e fragilidade das redes internacionais de colaboração dificultam a consolidação da ciência-ação como metodologia estruturante em grandes projetos ou programas de pesquisa.

Diante do exposto, o quadro analítico revela que o método ciência-ação possui potencial transformador, sobretudo em contextos onde se busca um conhecimento comprometido com a mudança social e institucional. Para além da Ciência da Informação, ele pode ser um recurso estratégico para outras áreas do conhecimento enfrentarem os desafios contemporâneos com rigor epistemológico, ética participativa e ação concreta.

O método ciência-ação constitui uma abordagem investigativa que combina pesquisa e intervenção em ciclos contínuos, participativos e reflexivos. Ao romper com o distanciamento tradicional entre sujeito e objeto, teoria e prática, esse método promove a coprodução de conhecimento entre pesquisadores e participantes. Nas Ciências Sociais Aplicadas, conforme a delimitação estabelecida pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), sua aplicabilidade se amplia significativamente, dada a natureza aplicada, ética e socialmente orientada destas áreas do saber. As duas seções seguintes discutem de forma sistematizada, respectivamente, o potencial e a viabilidade do método ciência-ação, com ênfase em exemplos pertinentes às subáreas reconhecidas pela CAPES.

4.1 O potencial do método ciência-ação nas Ciências Sociais Aplicadas

O potencial do método ciência-ação, quando concebido como método científico voltado à intervenção no próprio campo científico, reside em sua capacidade de articular teoria e prática em um movimento contínuo de análise, contraposição e reformulação crítica das teorias em uso. Trata-se de um método qualitativo que favorece o agir científico a partir da participação ativa dos sujeitos envolvidos, com vistas à transformação de comportamentos, políticas, práticas profissionais e regimes de informação. Sua aplicação implica uma postura epistemológica que rejeita a neutralidade do pesquisador e assume a ciência como prática situada, comprometida com a crítica e a transformação dos próprios fundamentos teóricos e institucionais das Ciências Sociais Aplicadas.

A seguir, destacam-se as possibilidades de aplicação do método ciência-ação nas subáreas da grande área das Ciências Sociais Aplicadas, conforme a delimitação da CAPES:

Administração Pública e de Empresas, Ciências Contábeis e Turismo: Nessas áreas, o método ciência-ação pode ser utilizado em pesquisas que visam intervir diretamente nas práticas de gestão e nos modelos organizacionais em vigor, confrontando teorias tradicionais com abordagens mais colaborativas, críticas e responsivas. Possibilita a construção e testagem de modelos de governança participativa, accountability social e gestão estratégica orientada ao bem comum. Em Turismo, permite a reelaboração de paradigmas de desenvolvimento local a partir da escuta ativa das comunidades e da integração entre saberes acadêmicos e territoriais.

Arquitetura, Urbanismo e Design: No campo projetual e urbano, o método ciência-ação se apresenta como estratégia de investigação-intervenção capaz de questionar e transformar concepções espaciais hegemônicas. A ação científica, neste caso, implica reconfigurar os referenciais projetuais a partir de práticas colaborativas com moradores, usuários e profissionais, ressignificando o fazer arquitetônico e urbanístico em contextos de exclusão e desigualdade.

Comunicação, Informação e Museologia: Nesta área, a ciência-ação permite a análise crítica de regimes e políticas de informação, contribuindo para a superação de práticas tecnicistas ou verticalizadas. Em Ciência da Informação, abre espaço para o desenvolvimento de epistemologias da informação baseadas na coprodução de conhecimento com sujeitos informacionais. Em Comunicação e Museologia, viabiliza intervenções no campo discursivo, cultural e institucional, favorecendo a crítica e a reformulação de políticas de mediação, curadoria e acesso à informação.

Direito: Embora tradicionalmente ancorado em dogmas normativos, o campo jurídico pode se beneficiar da ciência-ação como ferramenta de análise e contestação das estruturas legais e institucionais vigentes. O método permite a investigação científica de práticas jurídicas alternativas, a partir de experiências de justiça comunitária, mediação de conflitos e ações jurídicas em territórios vulneráveis. O agir científico, neste caso, visa não apenas compreender, mas propor transformações no campo normativo e nas instituições jurídicas.

Economia: A ciência-ação aplicada à Economia possibilita a análise crítica dos modelos de desenvolvimento econômico em uso, favorecendo a proposição de alternativas baseadas em valores como solidariedade, justiça distributiva e sustentabilidade. Por meio da atuação conjunta com atores locais, pesquisadores podem desafiar pressupostos convencionais da teoria econômica e contribuir para a formulação de políticas públicas contextualizadas, com base em realidades empíricas e indicadores socialmente construídos.

Planejamento Urbano e Regional / Demografia: Nesta área, o método ciência-ação possibilita a desconstrução de modelos tecnocráticos de planejamento, substituindo-os por abordagens democráticas e participativas. A intervenção científica propicia a contestação de racionalidades espaciais hegemônicas, bem como a construção colaborativa de planos e políticas urbanas. Em Demografia, abre caminho para a análise de padrões populacionais sob novas lentes teóricas, integrando saberes locais, dados estatísticos e práticas sociais historicamente invisibilizadas.

Serviço Social: O Serviço Social, por seu compromisso ético-político, encontra no método ciência-ação um campo fértil para a articulação entre teoria crítica e prática transformadora. Pesquisas neste campo podem utilizar o método para revisar categorias teóricas em uso, analisar práticas interventivas e propor formas mais dialógicas, emancipatórias e situadas de atuação profissional. O agir científico, neste contexto, se dá pela ação pedagógica com os usuários das políticas sociais e pela ressignificação crítica das práticas institucionais.

Em todas estas áreas do campo das Ciências Sociais Aplicadas, o método demonstra grande potencial para a (re)construção crítica do conhecimento científico, ao promover a intervenção direta no campo de estudo, com vistas à superação de paradigmas cristalizados e à criação de práticas mais éticas, eficazes e comprometidas com a transformação social.

4.2 A viabilidade da aplicação: defesa crítica

A viabilidade da aplicação do método ciência-ação não reside apenas na sua coerência teórica com as finalidades das Ciências Sociais Aplicadas, mas principalmente na forma como os pesquisadores o operacionalizam. Trata-se de um método que exige disposição para a escuta, o engajamento em processos coletivos e a renúncia parcial à ideia de neutralidade tradicional da pesquisa científica.

Apesar de seu potencial, o método ciência-ação enfrenta desafios operacionais, como a complexidade dos contextos, os limites institucionais e a exigência de maior tempo e investimento por parte das equipes de pesquisa. Entretanto, sua viabilidade deve ser compreendida menos como uma questão de condições objetivas e mais como uma escolha metodológica consciente. O êxito da ciência-ação dependerá, em larga medida, da capacidade dos pesquisadores de atuarem como mediadores, facilitadores e/ou coautores da intervenção, e não apenas como observadores externos.

Esta perspectiva demanda uma ética da corresponsabilidade, o compromisso com a devolução social dos resultados e a sistematização rigorosa dos processos. É necessário estabelecer estratégias de validação que reconheçam o valor dos saberes locais, dos relatos de experiência e da transformação como critério legítimo de avaliação científica. A partir disto, a viabilidade do método ciência-ação está vinculada à postura epistêmica do pesquisador, à sua capacidade de construir alianças e de reconhecer o valor político e transformador da pesquisa em contextos sociais concretos. O método ciência-ação constitui uma escolha teórico-metodológica que deve ser sustentada por princípios éticos, políticos e científicos. Cabe aos pesquisadores das Ciências Sociais Aplicadas decidir como, quando e para quê utilizá-lo, assumindo as implicações dessa escolha.

A triangulação de técnicas de pesquisa constitui um componente essencial no método ciência-ação, dada sua natureza participativa, dialógica e interventiva. Ao articular diferentes procedimentos metodológicos — como entrevistas, observações, análises documentais, oficinas e questionários —, o pesquisador amplia a profundidade da análise, reduz vieses individuais e confere maior validade aos resultados. Esta multiplicidade de perspectivas permite captar a complexidade das dinâmicas sociais envolvidas, favorecendo diagnósticos mais robustos e intervenções mais contextualizadas. No contexto das Ciências Sociais Aplicadas, a triangulação fortalece o compromisso ético e científico do pesquisador com a realidade empírica, ao integrar saberes diversos e produzir conhecimento que é, ao mesmo tempo, crítico, situado e transformador.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente artigo evidenciou o potencial do método ciência-ação como uma abordagem relevante para o avanço das Ciências Sociais Aplicadas, ao conjugar produção de conhecimento e transformação prática. Ancorada em uma perspectiva qualitativa, exploratória e humanista, a investigação demonstrou que o método, ao mesmo tempo em que enfrenta desafios epistemológicos e operacionais, oferece oportunidades de intervenção e inovação científica.

A análise SWOT revelou que a ciência-ação possui atributos valiosos, como a integração entre teoria e prática, a versatilidade interdisciplinar e o compromisso com a atualização mútua entre o fazer profissional e o fazer científico. Tais características o tornam apropriado para contextos complexos e dinâmicos, nos quais a simples descrição da realidade não é suficiente, sendo necessário intervir (ou propor intervenção) de forma ética, colaborativa e situada.

Contudo, o método também demanda cuidados específicos quanto à formação de pesquisadores, à sistematização das experiências e à construção de redes de colaboração. Sua adoção mais ampla requer o enfrentamento de resistências institucionais e epistemológicas, bem como o investimento em estratégias voltadas à sua legitimação científica — como a ampliação de publicações, a oferta de formação continuada e o fortalecimento de articulações interinstitucionais para consolidação de uma rede e agenda de pesquisa.

Diante das transformações tecnológicas, sociais e políticas do século XXI — incluindo a emergência das cidades inteligentes, da inteligência artificial e das novas formas de organização do trabalho e da informação —, métodos como a ciência-ação tornam-se ainda mais pertinentes. Sua capacidade de articular reflexão crítica com ação transformadora o posiciona como um instrumento poderoso para lidar com desafios contemporâneos e fomentar práticas organizacionais e institucionais mais justas, inclusivas e inovadoras.

Reconhecer o potencial e a viabilidade do método ciência-ação nas Ciências Sociais Aplicadas é, portanto, fundamental para o avanço epistemológico e praxiológico deste campo científico, especialmente em contextos que demandam intervenções reflexivas, colaborativas e transformadoras. Trata-se de uma abordagem que não apenas permite compreender a realidade social, mas também intervir nela de forma ética e comprometida com a transformação social sustentada pelo diálogo entre teoria e prática.

Para que este potencial se concretize em larga escala, é imprescindível ampliar sua divulgação e comunicação científica, superando barreiras disciplinares e epistemológicas que ainda restringem sua adoção. Além do exposto, o monitoramento contínuo da produção acadêmica sobre o tema se torna uma estratégia essencial para identificar tendências, lacunas e possibilidades de inovação metodológica, garantindo que a ciência-ação evolua em consonância com os desafios contemporâneos enfrentados pelas Ciências Sociais Aplicadas.

Por fim, destaca-se a importância da triangulação metodológica neste estudo, defendida como estratégia metodológico para garantir a confiabilidade e a validade dos resultados obtidos em pesquisas que fazem usto do método em análise. A conjugação da análise SWOT com a revisão teórica crítica e com a experiência prática acumulada no projeto, por exemplo, permitiu uma compreensão mais rica e contextualizada do objeto investigado. A triangulação, no caso do presente artigo, reforçou o compromisso da ciência-ação com a complexidade do real, ao integrar múltiplas perspectivas e ao validar os achados não apenas pelo rigor analítico, mas também pela coerência entre teoria, método e prática. Neste sentido, recomenda-se que futuras pesquisas que façam uso do método ciência-ação também incorporem estratégias de triangulação como recurso para fortalecer a robustez e a legitimidade das conclusões, sobretudo em estudos que se propõem a intervir nos contextos e campos científicos que investigam.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, J. L. S. de; PERUCCHI, V.; FREIRE, G. H. de A. Ciência-Ação em Ciência da Informação: um método qualitativo em análise. Encontros Bibli, Florianópolis, v. 25, p. 01- 24, 2020. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/eb/article/view/1518- 2924.2020.e66993/41947. Acesso em: 17 jun. 2024.

 

ALVES, Rubem. Filosofia da ciência: introdução ao jogo e a suas regras. 19.ed. São Paulo: Loyola, 2015.

 

ARGYRIS, C.; PUTNAM, R.; SMITH, D. M. Action science: concepts, methods, and skills for research and intervention. São Francisco: Jassey-Bass, 1985.

 

ARGYRIS, C.; SCHÖN, D. Theory in Practice: increasing professional effectiveness. San Francisco: Jossey-Bass, 1974.

 

ARGYRIS, C.; SCHÖN, D. Organizational learning: a theory of action perspective. Massachussetts: Addison-Wesley, 1978.

 

AQUINO, Mirian de Albuquerque. Ciência e Método: elementos para reflexão nas pesquisas em Ciência da Informação. In: AQUINO, Mirian de Albuquerque; OLIVEIRA, Henry Poncio Cruz de; LIMA, Izabel França de (orgs.). Experiências metodológicas em Ciência da Informação. João Pessoa: UFPB, 2013.

 

BACHELARD, G. O novo espírito científico. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2000.

 

BARBIER, R. A pesquisa-ação. Trad. Lucie Didio. Brasília: Liber Livro, 2002.

 

BARDACH, E. A practical guide for policy analysis: the eightfold path to more effective problem solving. 3. ed. Washington: CQ Press, 2009.

 

BORKO, Harold. Information Science: what is it?. American Documentation. v. 19, n. 1, p. 3-5, jan. 1968.

BOURDIEU, Pierre. Practical Reason: on the theory of action. Cambridge: Polity Press, 1998.

 

BRANDÃO, Jobson Louis Almeida. Modelo teórico-pragmático para políticas de informação em bibliotecas. 2022. Tese (Doutorado em Ciência da Informação) – Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2022. Disponível em: https://repositorio.ufpb.br/jspui/handle/123456789/24924. Acesso em: 19 jun. 2024.

 

BRONOWSKI, Jacob. O senso comum da ciência. São Paulo: Itatiaia, 1977.

 

CAPELLA, A. C. N. Formulação de políticas. Brasília: ENAP, 2018. Disponível em: https://repositorio.enap.gov.br/handle/1/3332. Acesso em: 17 jun. 2024.

 

CHIZZOTTI, A. Pesquisa qualitativa em ciências humanas e sociais. 5. ed. Petrópolis: Vozes, 2013.

 

COLLINS, H.; KUSCH, M. A forma das ações: o que os humanos e as máquinas podem fazer. Belo Horizonte: Frabrefactum, 2010.

 

CRONIN, B. Esquemas conceituais e estratégicos para a gerência da informação. R. Esc. Biblioteconomia UFMG, Belo Horizonte, v. 19, n. 2, p. 195-220, set. 1990.

 

CRONIN, Blaise; MEHO; Lokman I. The Shifting Balance of Intellectual Trade in Information Studies, Journal of the American Society for Information Science and Technology, v. 59, n. 4, p. 551–564, 2008.

 

DEWEY, J. Logic: the theory of inquiry. New York: Holt, Rinehart and Winston, 1938.

DUDZIAK, E. A. Quem financia a pesquisa brasileira? Um estudo InCites sobre o Brasil e a USP. São Paulo: SIBiUSP, 2018. Disponível em: https://www.abcd.usp.br/noticias/quem-financia-a-pesquisa-brasileira-um-estudo-incites-sobre-o-brasil-e-a-usp/. Acesso em: 01 abr. 2025.

 

ENDERS, B. C.; FERREIRA, P. B. P.; MONTEIRO, A. I. A Ciência-Ação: fundamentos filosóficos e relevância para a Enfermagem. Texto Contexto Enferm., Florianópolis, v. 19, n. 1, p. 161-167, 2010.

 

FLICK, U. Introdução à pesquisa qualitativa. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2009.

 

FRANCISCHETT, M. N. Refletindo sobre pesquisa-ação. Faz Ciência, Francisco Beltrão, v. 3, n. 1, p. 167-176, 1999. Disponível em: http://e-revista.unioeste.br/index.php/fazciencia/article/view/7478. Acesso em: 17 jun. 2024.

 

FREIRE, G. H. de A. Comunicação da informação em redes virtuais de aprendizagem. 2004. Tese (Doutorado em Ciência da Informação) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, 217 Rio de Janeiro, 2004. Disponível em: https://ridi.ibict.br/handle/123456789/674. Acesso em: 18 jun. 2024.

 

FRIEDMAN, V. J.; ROGERS, T. Action Science: linking casual theory and meaning. In: REASON, P.; BRADBURY, H. (ed.). The sage handbook of action research: participative inquiry and practice. 2. ed. Londres: Sage Publications, 2008.

 

KEMP, A. C. Implications of diverse meanings for “scientific literacy”. Paper presented at the Annual International Conference of the Association for the Education of Teachers in Science. In: Annual International Conference of the Association for the Education of Teachers in Science, 2002, Pensacola. Proceedings [...]. Pensacola, 2002.

 

KOERICH, Magda Santos; BACKES, Dirce Stein; SOUSA, Francisca Georgina Macêdo de; ERDMANN, Alacoque Lorenzini; ALBURQUERQUE, Gelson Luiz. Pesquisa-ação: ferramenta metodológica para a pesquisa qualitativa. Rev. Eletr. Enf. [Internet]. v. 11, n. 3, p. 717-723. 2009. Disponível em: https://revistas.ufg.br/fen/article/view/47234. Acesso em: 19 jun. 2024.

 

LEWIN, K. Field Theory in Social Science: selected theoretical papers. London: Tavistock, 1952.

 

MARTINS, G. de A.; THEÓPHILO, C. R. Metodologia da investigação científica para ciências sociais aplicadas. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2016.

 

ROSETTO, M. Competência científica: uma vertente transversal da competência em informação e midiática. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, 20., 2019, Florianópolis. Anais [...]. Florianópolis: Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Ciência da Informação, 2019. Disponível em: https://conferencias.ufsc.br/index.php/enancib/2019/paper/download/1106/572. Acesso em: 18 jun. 2024.

 

SABARIEGO DEL CASTILLO, J. M.; MANZANARES GAVILÁN, M. Alfabetización científica. In: CONGRESSO IBEROAMERICANO DE CIENCIA, TECNOLOGÍA, SOCIEDAD E INNOVACIÓN CTS + I, 2006, Cidade do México. Anais [...]. Cidade do México, 2006. Disponível em: https://www.oei.es/historico/memoriasctsi/mesa4/m04p35.pdf. Acesso em: 19 jun. 2024.

 

SAMPRONHA, S.; GIBRAN, F. Z.; SANTOS, C. M. D. Ciência Pura e Ciência Aplicada: a dicotomia entre pesquisa básica e pesquisa aplicada no cenário do desenvolvimento científico, tecnológico e econômico. Jornal Biosferas, Rio Claro, n. 12, 2012. Disponível em: http://www.rc.unesp.br/biosferas/Esp12-11.html. Acesso em: 14 jun. 2024.

 

SARACEVIC, T. Interdisciplinarity nature of information science. Ciência da Informação, Brasília, v. 24, n. 1. 1995.

SILVA, J. L. C.; FREIRE, G. H. de A. Um olhar sobre a origem da Ciência da Informação: indícios embrionários para sua caracterização identitária. Encontros Bibli, v. 17, n. 33, p. 1- 29, jan./abr., 2012.

 

SENGE, P. M. A quinta disciplina: a arte e a prática da organização que aprende. 29. ed. Rio de Janeiro: BestSeller, 2013.

 

STAKE, R. E. Pesquisa qualitativa: estudando como as coisas funcionam. Porto Alegre: Penso, 2011.

 

THIOLLENT, M. Repensando os fundamentos da pesquisa-ação. Live disponível no canal Agenciamentos Contemporâneos, Youtube, maio 2020. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=PoEynzBggMY. Acesso em: 17 jun. 2024.

 

THIOLLENT, M. Metodologia da pesquisa-ação. 14. ed. São Paulo: Cortez, 2009.

 

THIOLLENT, M. Metodologia da pesquisa-ação. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1996.

 

TORBERT, W. Creating a Community of Inquiry. London: John Wiley and Sons, 1976.

 

WERSIG, Gernot. Information Science: the study of postmodern knowledge usage. Information Processing & Management, v. 29, n. 2, 1993.

ACTION-SCIENCE METHOD IN APPLIED SOCIAL SCIENCES:

AN ANALYTICAL APPROACH TO ITS POTENTIAL AND FEASIBILITY OF APPLICATION

MÉTODO CIÊNCIA-AÇÃO NAS CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS:

UMA ABORDAGEM ANALÍTICA SOBRE O POTENCIAL E A VIABILIDADE DE APLICAÇÃO

Jobson Louis Almeida Brandão

ORCID: https://orcid.org/0000-0003-4146-5747

Doutor em Ciência da Informação pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação (PPGCI) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Brasil. Bibliotecário-Documentalista e Coordenador de Inovação no Instituto Federal de Educação da Paraíba (IFPB), Brasil. Professor Permanente do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação (PPGCI) da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Brasil.

E-mail: jobsonlouis@gmail.com

Figura 1 – Rede conceitual da Ação Científica no método Ciência-Ação

Fonte: Brandão (2022).

Quadro 1 - Tipos de Pesquisa-Ação em Ciência da Informação

Fonte: Brandão (2022).

Fonte: Elaboração do autor, 2025.

Quadro 2 – Análise SWOT do Método Ciência-Ação