Sobre a Revista

Foco e Escopo

A Reoriente é uma revista acadêmica associada ao Laboratório de Estudos sobre Hegemonia e Contra-Hegemonia (LEHC/UFRJ) que tem como objetivo estabelecer um espaço teórico e analítico de crítica radical à globalização neoliberal, à economia política capitalista e seu projeto civilizatório. Tal crítica torna-se indispensável em função do período de inflexão histórico que estamos vivenciando, onde transitamos do longo século XX para um período de caos sistêmico em que as lutas de classes e interestatais deverão se aprofundar, desafiando as ciências sociais a construírem alternativas para humanidade que pavimentem a construção de um século XXI socialista, baseado na democracia, na pluralidade, na liberdade, na regulação dos mercados pela esfera pública e o Estado, na sustentabilidade ecológica e na paz.   

Para isso concebe o marxismo como uma teoria social em construção que se desdobra do abstrato para o concreto, enriquecendo-se e redefinindo suas formulações gerais, ampliando sua complexidade e sofisticação, articulando-se dialeticamente se com outros enfoques, o que não significa ceder ao ecletismo. Um amplo conjunto de teorias têm sido produzidas no âmbito do marxismo: as teorias dos modos de produção, as teorias da reprodução ampliada do capital, as teorias do imperialismo, as teorias da dependência, as teorias da revolução científico-técnica, as teorias dos ciclos econômicos, as teorias do Estado e as teorias da transição para o socialismo e o comunismo, para citar algumas das mais destacadas.

A teoria marxista da dependência (TMD) assume particular relevância para o pensamento latino-americano. A cristalização da TMD obedeceu a ondas e processos históricos. Uma primeira onda, embrionária, se constitui nos anos 1920-30, em torno do pensamento anti-imperialista, encontrou em José Carlos Mariátegui. A segunda onda de avanços teóricos se estabeleceu nos anos 1960-80, em torno das obras de Ruy Mauro Marini, Theotonio dos Santos, Vânia Bambirra e sua reivindicação de uma teoria marxista da dependência. Era uma época onde o pensamento marxista ganhava terreno nas forças nacionais e populares latino-americanas, combinando com suas elaborações teóricas anti-imperialistas, dando lugar a profundas e novas formulações como as de Jorge Abelardo Ramos e Juan José Hernandez Arregui. A ascensão da esquerda e centro-esquerda de 1999 a 2015 impulsionou a articulação do pensamento crítico latino-americano, possibilitando um nível de interlocução sem precedentes. Criavam-se as bases para uma terceira onda de desenvolvimento da TMD que procurou utilizar o instrumental elaborado nos anos 1970 para uma nova realidade mundial, associada à globalização neoliberal, submetendo-o à crítica teórica e ampliando-o a partir da análise da realidade concreta. A TMD aproximou-se das análises dos sistemas-mundo, dos pensamentos decolonial e ecosocialista. Essa virada à esquerda na América Latina e o seu posterior declínio impulsionaram ainda o debate sobre as novas formas de desenvolvimento e da democracia liberal, assim como o diálogo crítico com as utopias e as desilusões neodesenvolvimentistas.

A presente inflexão histórica, marcada pelo colapso provisório ou terminal da globalização neoliberal e pela transição do sistema mundial para um novo período de caos sistêmico, põe em questão a civilização capitalista e seus fundamentos e lança o desafio à novas sínteses teóricas, abrindo o espaço para uma quarta onda de formulações da TMD em articulação com a reorganização das principais vertentes do pensamento crítico.  

Neste processo, um amplo conjunto de temas de investigação ganham destaque, como por exemplo:    

  • a crise mundial do capitalismo e da globalização neoliberal;    
  • a reorganização do Estado, dos padrões de acumulação e do trabalho na economia mundial;    
  • a crise da hegemonia estadunidense;          
  • as novas formas de imperialismo e as alternativas de poder global;    
  • a financeirização da economia mundial, a crise do padrão monetário dominante e as novas possibilidades de organização do poder financeiro;    
  • os desafios para a democracia em um mundo marcado pela crise do liberalismo, pela emergência do neofascismo e pelas tentativas de construção de novas formas socialismo;    
  • a ascensão da China, seu papel nas novas disputas geopolíticas mundiais e na articulação do projeto de um Sul Global;
  • a dependência, o desenvolvimento e o subdesenvolvimento na América Latina e nas periferias em um período de inflexão histórica;
  • a crise da civilização capitalista e a construção de novas formas de poder no século XXI, a partir das decolonialidades, dos feminismos, dos movimentos sociais e dos partidos políticos;    
  • os ciclos, os processos históricos, os novos paradigmas tecnológicos e a crise ambiental;
  • e os sistemas-mundo, as transições e as tendências do longo século XXI. 

Público-alvo: Cientistas sociais, internacionalistas, economistas, geógrafos, assistentes sociais, planejadores urbanos, filósofos e demais pesquisadores do campo das humanidades com temáticas afins às indicadas pela Reoriente.

Processo de Avaliação pelos Pares

A Reoriente (RED) aceita para avaliação e possível publicação, trabalhos de pesquisadores/as convidados/as e textos submetidos e examinados por pares, membros da Comissão Editorial ou consultores ad hoc. Os textos submetidos à RED passam por uma avaliação inicial pela equipe editorial, que pode solicitar correções e complementos. Textos que não se enquadram no escopo da Revista, bem como não cumpram requisitos da política editorial, serão rejeitados e ficarão à disposição dos autores/as.

Após essa primeira avaliação feita pela equipe editorial, em caso de alinhamento com o escopo da revista, são solicitados dois pareceres de pessoas especializadas no tema, que servirão de subsídio aos editores, permanecendo com estes a decisão última de publicação, com base na política editorial da Revista. Cabe, todavia, destacar que a publicação de trabalhos (artigos, resenhas, entrevistas) está condicionada ao cumprimento de suas recomendações. As eventuais modificações de estrutura e conteúdo serão acordadas com os autores e autoras. Serão publicados os que receberem dois pareceres favoráveis consubstanciados pelos/as pareceristas.  No processo de avaliação os/as pareceristas tomam como critérios centrais a originalidade na análise do tema, a consistência e o rigor teórico, a fundamentação empírica e sua contribuição na área das ciências sociais.

A RED destaca que as opiniões e conceitos emitidos nos trabalhos, assim como as informações neles contidas são de inteira responsabilidade dos seus autores e autoras. A RPP publica trabalhos nos idiomas Português, Inglês, Espanhol e Francês. Excepcionalmente, poderão ser aceitos trabalhos já publicados, em versão impressa ou virtual, em idioma distinto do apresentado à RED e acompanhados da autorização escrita e assinada pelos autores/ autoras.  

Visando o anonimato no processo de avaliação dos trabalhos, a Comissão Editorial da RED, orienta os atores e autoras que antes de submeterem seu texto estejam seguros de que o mesmo está desidentificado. Para isso sugerimos que o texto passe pela inspeção do Word.   

A RED não oferece qualquer remuneração para os autores e as autoras dos trabalhos aceitos para publicação.

Periodicidade

Semestral

Submissões em fluxo continuo

Política de Acesso Livre

Esta revista oferece acesso livre imediato ao seu conteúdo, seguindo o princípio de que disponibilizar gratuitamente o conhecimento científico ao público proporciona maior democratização mundial do conhecimento.

Equipe Editorial

Editores

Carlos Eduardo Martins (UFRJ)

Joana das Flores Duarte (UNIFESP)

Roberto Goulart Menezes (UnB)

 

Comissão editorial

Ana Saggioro (UFRRJ)

Fábio Maldonado (LEHC/UFRJ)

Jales Dantas da Costa (UnB)

Lourdes Flores Bordais (PEPI/ UFRJ),

Marcos Pedlowski (UENF)

Willyan Alvarez Viegas (PEPI/UFRJ)

Wilson Vieira (UFRJ)
 

Conselho Editorial
Adhemar Minero (REBRIP)

Adrian Sotelo Valencia (UNAM)

Alberto Rocha Valencia (Universidad de Guadalajara)

Alfredo Saad Filho (King’s College)

Alícia Giron (UNAM)

Andres Rivarolla Puntigliano (Stockholm University)

Antonio Brussi (UnB)

Armando Boito (Unicamp)

Atilio Alberto Boron (UBA)

Barry Gills (University of Helsinki)

Beverly Silver (Arrighi Center for Global Studies - Johns Hopkins University)

Camille Chalmers (Université d’Etat d’Haiti)

Carla Ferreira (UFRJ)

Carlos Serrano (LEHC-UFRJ)

Carolina Jimenez (Universidad de Bogotá)

Christopher Chase-Dunn (University of California)

Claudio Katz (UBA)

Denise Gentil (UFRJ)

Didimo Castillo (Universidad Autónoma de Tlaxcala)

Elias Jabbour (UERJ)

Emilio Taddei (UBA)

Emir Sader (LPP-UERJ)

Enrique Leff (UNAM)

Fábio Luiz Barbosa dos Santos (PROLAM-USP)

Francisco Lopez Segrera (ISRI – Cuba)

Gabriella Roffinelli (UBA)

Gabriel Merino (UNLP)

Gilberto Maringoni (UFABC)

Graça Druck (UFBA)

Graciela Gallarce (CLACSO)

Heitor Silva (LEHC-UFRJ)

Helton Ouriques (UFSC)

Isabela Nogueira (UFRJ)

Ivana Jinkings (Boitempo Editorial)

Jaime Preciado Coronado (Universidad de Guadalajara)

Joana Coutinho (UFMA)

Joana Salem (Cásper Líbero)

Jones Manoel da Silva (Podcaster Revolushow)

Jorg Nowack (IREL/UnB)

Jose Felix Rivas (Universidad Central de Venezuela)

José Luís Fiori (UFRJ)

Julio Gambina (SEPLA)

Leandro Morgensfield (UBA)

;Leonardo Ramos (PUC-Minas)

Leonardo Valente (UFRJ)

Lourdes Regueiro (CIPI – Cuba)

Lúcio Oliver (UNAM)

Luiz Cesar Ribeiro (UFRJ)

Luiz Felipe Osório (UFRRJ)

Luiz Filgueiras (UFBA)

Manoela Boatcã (University of Freiburg)

Marco Aurelio Santana (UFRJ)

Márgara Millán (UNAM)

Maria Caramez Carlotto (UFABC)

Maria Francesca Staiano (UNLP)

Mathias Luce (UFRJ)

Mauricio Metri (UFRJ)

Orlando Caputo (CLACSO)

Paris Yeros (UFABC)

Patrick Bond (University of the Western Cape School of Government)

Paulo Emilio Matos Martins (UFF)

Pedro Vieira (UFSC)

Ramon Torres Galarza (CLACSO - Equador)

Raphael Padula (UFRJ)

Raphael Lana Seabra (UnB)

Ravit Palat (Bynghamton University) 

Ricardo Antunes (UNICAMP)

Ricardo Dello Buono (Manhatan College, NY)

Roberta Traspadini (UNILA)

Roberto Leher (UFRJ)

Roberto Patricio Korzeniewicz (Maryland University, College Park)

Rogério Dutra (UFF)

Ronald Chilcote (Latin American Perspectives)

Saulo Pinto (UFMA)

Sedi Hirano (USP)

Vivian Urquidi (USP)

Wagner Iglecias (USP)

 

Apoio técnico

Amanda Stelitano (LEHC/UFRJ)

Fernanda Rafaela Pinheiro Morais (UNIFESP)

Pedro Martinez (LEHC/UFRJ)

Raíssa Oliveira (diagramação)

Raquel Coelho (LEHC/UFRJ)

Rodrigo Corrêa (projeto gráfico)

Talissa Barcelos (revisora

Thassiel Melo (capa)


Contato
revistareoriente@gmail.com

Fontes de Apoio     

  • Laboratório de Estudos Marxistas (LEMA/UFRJ)
  • Grupo de Pesquisa Revoluções e Contra-Revoluções (UnB)
  • Setor de Estudos sobre Sociedade e Meio-Ambiente (SESMA/UENF)
  • Fundação Maurício Grabois

Histórico do periódico

Reoriente é uma revista acadêmica associada ao Laboratório de Estudos sobre Hegemonia e Contra-Hegemonia (LEHC/UFRJ), sediado no Instituto de Relações Internacionais (IRID/UFRJ), que conta ainda com a parceria do Laboratório de Estudos Marxistas (LEMA/UFRJ), do Grupo de Pesquisa Revoluções e Contra-Revoluções (UnB) e do Setor de Estudos sobre Sociedade e Meio-Ambiente (SESMA/UENF).

A revista surge da articulação, que remonta a 2019, de professores e pesquisadores de diversos espaços institucionais para estabelecer um espaço teórico e analítico de crítica radical à globalização neoliberal, à economia política capitalista e aos limites do seu projeto civilizatório, situando ainda um horizonte de alternativas que insiram o Brasil e a América Latina no espaço mundial. Tal crítica torna-se indispensável em função do período de inflexão histórica que estamos vivenciando, onde transitamos do longo século XX para um período de caos sistêmico em que as lutas de classes e interestatais deverão se aprofundar, desafiando as ciências sociais a formularem alternativas para humanidade que fundamentem a construção de um século XXI socialista, baseado na democracia, na pluralidade, na liberdade, na regulação dos mercados pela esfera pública e o Estado, na sustentabilidade ecológica e na paz.    

Para criar esse espaço teórico e analítico, a Reoriente busca articular de forma plural e holística o marxismo, as teorias da dependência, as análises do sistemas-mundo, a decolonialidade, o ecosocialismo, o feminismo e as vertentes críticas do pensamento neodesenvolvimentista.

 

ISSN Eletrônico: 2764-104X