Reoriente • vol.2, n.1 jan/jun 2022 • DOI: 10.54833/issn2764-104X.v2i1p196-199
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é o de desenvolvimento orientado para o ser humano. A nação que mais cresceu
nas últimas décadas procura articular crescimento econômico e melhoria objetiva da
vida da sua população, para que andem de mãos dadas. Seu desenvolvimento tardio
ainda possui papel importante na realidade atual do bem-estar do povo chinês, que
ainda tem o PIB per capita abaixo da média da economia mundial.
2050 China adota, em sua análise sobre a posição atual do país no sistema
internacional, o mito de uma nação que possui uma continuidade excepcional e
uma cultura superior como características que lhe possibilitariam alcançar o topo
em poder e inuência no concerto de nações. Nada muito diferente de inúmeras
narrativas criadas em torno do nacionalismo. Para reverenciar o projeto socialista
chinês e sua contribuição ao planeta e aos seres humanos, não é necessário justicar
com narrativas inadas.
A liderança do Partido Comunista chinês defendendo e conquistando um
desenvolvimento centrado no ser humano, ao invés de indicadores de crescimento
econômico, e ao atuar para a eliminação da pobreza e o desenvolvimento avançado
dos seus sistemas sociais demonstra, na prática, que possui um projeto de poder que
resulta em conquistas concretas e consegue alcançar índices de prosperidade humana
comparativamente mais expressivos que o resto do primeiro mundo.
Essa ambição de não só alcançar, mas ultrapassar países ditos desenvolvidos, tem
consequências que talvez ainda não sejamos completamente capazes de compreender.
2050 China demonstra o não contentamento do partido com nada que não seja a
demonstração de superioridade do seu sistema de desenvolvimento. Sistema esse
que, apesar de reivindicar uma maneira própria de socialismo, nomeia entre seus
objetivos o alcançar de uma sociedade “pantissocrática”, uma espécie de governo de
todos, mas que foge de maneira consciente de conceitos ligados à esquerda histórica.
Da mesma forma, se deixa de utilizar para ns ociais, como conceito, a expressão
“luta de classes”, de maneira a “modernizar” o discurso do país.
A imagem completa da realidade chinesa não está somente nos seus sucessos,
mas também nas suas diculdades; o caminho para a sua modernização tardia teve
capacidade de aprender com países desenvolvidos, seus erros e acertos. Por m,
chega-se a um pensamento estratégico com detalhamento especíco, porém baseado
em valores essenciais ao partido e ao país para introduzir a China no concerto das
nações: uma nação grande demais para estar isolada. A partir do 13° Congresso, o
partido buscou uma posição prática de abertura política e econômica ao mundo.
Esse pensamento estratégico de médio prazo toma forma com diversos planos,
como as quatro modernizações (1964 – 2000) e a estratégia de três passos de um
país socialista moderno (1980 – 2050). Atualmente, China atua nas duas metas