CONTRIBUTO PARA A COMPREENSÃO DO INSTITUTO DA PROTEÇÃO DIPLOMÁTICA EM FACE DA VIOLAÇÃO DAS NORMAS DE JUS COGENS

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21875/tjc.v7i0.50143

Palavras-chave:

Proteção diplomática, humanização do Direito Internacional, normas de jus cogens, Direitos Humanos.

Resumo

A presente pesquisa propõe a análise minuciosa do instituto da proteção diplomática e sua relação com as normas de jus cogens. De forma introdutória, procura-se definir acuradamente as figuras jurídicas em questão. Através das seções desenvolvidas é possível perceber a natureza e finalidade jurídica das normas iuris cogentis e da proteção diplomática na mesma medida em que se compreende o processo de humanização do Direito Internacional e seus corolários para as relações internacionais. Após a assimilação dos conteúdos expostos, procura-se defrontar aspectos do Direito Internacional clássico - estes majoritariamente voltados para questões soberanas - e do Direito Internacional contemporâneo - estes notadamente mais preocupados com o ser humano e seu posicionamento no plano internacional -; para que, desta forma, seja possível auferir conclusões acerca da possibilidade do afastamento da discricionariedade inerente ao instituto da proteção diplomática em decorrência da violação de uma norma peremptória de Direito Internacional geral. Através da contraposição dos preceitos da proteção diplomática e das normas de jus cogens - em especial o dictum de que os Estados devem cooperar através de qualquer meio legal para pôr um fim em sua violação -, evidencia-se que, apesar de ser utilizada como um meio efetivo para proteção dos Direitos Humanos, a proteção diplomática demonstra não representa um Direito Humano pur sang. Ademais, ante o processo de humanização do Direito Internacional, certas particularidades inerentes à proteção diplomática demonstram estar antiquadas perante o plano internacional contemporâneo. Portanto, o objetivo do presente estudo é explorar os limites da discricionariedade característica do instituto da proteção diplomática através da eventualidade da violação de uma norma de jus cogens.

Biografia do Autor

Túllio Vieira de Aguiar, Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra

Mestre em Direito Internacional Público e Europeu pela Universidade de Coimbra.

Referências

Abi-Saab, G. (1967). « Introduction » in The concept of jus cogens - Papers and Proceedings, Conference on International Law, Carnegie Endowment for International Peace, Geneva. Accioly, H e Casella P. (2012). Manual de Direito Internacional Público, 20a edição, Editora Saraiva, São Paulo.

Almeida, F. (2003). Direito Internacional Público, 2a. Edição, Coimbra Editora, Coimbra.

Amerasinghe, C. (2008). Diplomatic Protection, Oxford University Press, Oxford.

Azevedo Soares, A. (1996). Lições de Direito Internacional Público, 4a ed., Coimbra Editora, Coimbra.

Baptista, E. (1998). Direito Internacional Público Vol. I, Alameda da Universidade, Lisboa.

Baptista, E. (1997). Jus Cogens em Direito Internacional, Editora Lex, Lisboa.

Barker, J. e Grant, J. (2009). Parry and Grant Encyclopaedic Dictionary of International Law, Oxford University Press, Oxford.

Bennouna, M. (2009). « La protection diplomatique : du standard minimum de traitement des étrangers aux droits de l’homme » in Constantinides e Zaikos (ed.), The diversity of international law : essays in honour of Professor Kalliopi K Koufa, Martinus Nijhoff Publishers, Leiden.

Bernhardt, R. (2014). Decisions of International Courts and Tribunals and International Arbitrations, North-Holland Publishing Company.

Bianchi, A. (2008). « Human Rights and the Magic of Jus Cogens » in The European Journal of International Law Vol. 19 no. 3.

Bingham, T. (2011). The Rule of Law, Penguin Books.

Bravo, R. (2003). « La pratique italienne de la protection diplomatique » in Jean-François Flauss (ed.), La protection diplomatique - mutations contemporaines et pratiques nationales, Editions Nemesis, Bruxelas.

Brito, W. (2014). Direito Internacional Público, 2a Edição, Coimbra Editora. Coimbra. Brownlie, I. (2003). Principles of Public International Law, 6th edition, Oxford University Press, Oxford.

Burgos, H. (2008). « La protección diplomática y el principio pro homine » in Estudios de derecho internacional : libro homenaje al Profesor Santiago Benadava. Librotecnia, t. 1, Santiago.

Caban, P. (2014). « Diplomatic protection and other mechanisms for the protection of the individual against serious human rights violations: limiting the discretion » in Czech yearbook of public and private international law, Vol. 5, Eva Roskotová Publishing, Praga.

Carrión, A. (2002). Lecciones de Derecho Internacional Público, 5a Ed.,Editorial Tecnos, Madrid

Combacau, J. e Sur, S. (1997). Droit International Public, 3 ed. Editions Montchrestien, Paris. Condorelli, L. (2003). « L’évolution du champ d’application de la protection diplomatique » in Jean-François Flauss (ed.), La protection diplomatique - mutations contemporaines et pratiques nationales, Editions Nemesis, Bruxelas.

Cucos, D. (2014). « The position of the individual in post-codification diplomatic protection » in Czech yearbook of public and private international law, Vol. 5, Eva Roskotová Publishing, Praga.

Daillier, P. e Pellet A. (2002). Droit International Public, 7a Ed. Librairie Générale de Droit et de Jurisprudence, Paris.

Decaux, E. (1997). Droit International Public, Éditions Dalloz, Paris.

Diez de Velasco, M. (2018). Instituciones de Derecho Internacional Público, 18a ed, Editorial Tecnos, Madrid.

Dugard, J. (2005). « Diplomatic Protection and Human Rights: The Draft Articles of International Law Comission » in Australian Year Book of international Law, Vol. 24. Dupuy, P. (1998) Droit International Public, 4a Ed, Éditions Dalloz, Paris.

Ferrão, M. (2008). « A protecção diplomática - contributo para a compreensão do seu regime jurídico » in Revista da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, Vol XLIX - N. 01 e 02, Coimbra Editora, Coimbra.

Flauss, J. (2003). « Vers un aggiornamento des conditions d’exercise de la protection diplomatique » in Jean-François Flauss (ed.), La protection diplomatique - mutations contemporaines et pratiques nationales, Editions Nemesis, Bruxelas.

Gonçalves, A. e Quadros, F. (2015). Manual de Direito Internacional Público, 3a edição, Editora Almedina.

Grandino Rodas, J. (1974). « Jus cogens em Direito Internacional » in Revista da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, vol LXIX, fasc. II, São Paulo.

Heft, T. (1989). La protection de la propriété étrangéere en droit international public, Schulthess Polygraphischer Verlag Zurich, Zurich.

Hochepied, J, (1965). La protection Diplomatique des Sociétés et des Actionnaires, Editions A. Pedone, Paris.

Leigh, G. (1971). « Nationality and Diplomatic Protection » in The International and Comparative Law Quarterly Vol. 20, No. 3, Cambridge University Press, Cambridge. Malenovsky, J. (2003). « La pratique de la protection diplomatique dans les P.E.C.O., en Republique Tcheque en particulier » in Jean-François Flauss (ed.), La protection diplomatique - mutations contemporaines et pratiques nationales, Editions Nemesis, Bruxelas.

Mazzeschi, R. (2009). « Impact on the Law of Diplomatic Protection » in Kamminga e Schenin (ed.) The Impact of Human Rights Law on General International Law, Oxford University Press, Oxford.

Mazzuoli, V. (2007). Curso de Direito Internacional Público, 2a edição, Editora Revista dos Tribunais, Sao Paulo.

Menédez, F. (1995). Derecho Internacional Público, 2a Ed, Editorial Trotta, Madrid. Miranda, J. (2012). Curso de Direito Internacional Público, 5a edição, Editora Princípia.,Cascais.

Monaco, R. (1971). Manuale di Diritto Internazionale Pubblico, Unione Tipografico - Editrice Torinese, Torino.

Moura Ramos, R. (2019). Estudos de Direito Português da Nacionalidade, 2 ed. Editora Gestlegal, Coimbra.

Nasser, S. (2005). « Jus cogens: ainda esse desconhecido » in Revista DireitoGV, v.1, n.2, São Paulo.

Pergantis, V. (2006). « Towards a ‘Humanization’ of Diplomatic Protection? » in Zeitschrift Für Ausländisches Öffentliches Recht Und Völkerrecht,

Portela, P. (2017). Direito Internacional Público e Privado, 9a edição, Editora Juspodvm, Salvador.

Rezek, F. (2018). Direito internacional público: curso elementar, 17.a Ed., Saraiva, São Paulo.

Ridruejo, J. (2003). « La pratique diplomatique espagnole de la protection diplomatique » in Jean-François Flauss (ed.), La protection diplomatique - mutations contemporaines et pratiques nationales, Editions Nemesis, Bruxelas.

Rousseau. C. (1953). Droit International Public, Recueil Sirey, Paris. Ruzié, D. (1997). Droit International Public, 13a Ed. Éditions Dalloz, Paris. Schwarzenberger, G. (1967). « International Jus Cogens? » in The concept of jus cogens - Papers and Proceedings, Conference on International Law, Carnegie Endowment for International Peace, Geneva.

Shaw, M. (2008). International Law, 6th edition, Cambridge University Press, Cambridge. Sztucki, J. (1974). Jus Cogens and the Vienna Convention on the Law of Treaties: a Critical Appraisal, Springer-Verlag, Austria.

Trindade, A. (1984). O esgotamento de recursos internos no direito internacional, Editora Universidade de Brasilia, Brasilia.

Vermeer-Künzli, A. (2007). « A Matter of Interest: Diplomatic Protection and State Responsibility Erga omnes » in The International and Comparative Law Quarterly, Vol. 56, No. 3, Cambridge University Press, Cambridge.

Warbrick, C. (2002). « Diplomatic representations and diplomatic protection » in The International and Comparative Law Quarterly Vol. 51, No. 3, Cambridge University Press, Cambridge.

Downloads

Publicado

2022-08-01

Edição

Seção

Seção Especial: Dossiê "Direitos Humanos, democracia e desenhos institucionais em tempos de crise"