Operações rítmicas e o papel da informação morfológica: o caso Tikuna (Ticuna)

Autores

  • Marilia Facó Soares Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

DOI:

https://doi.org/10.31513/linguistica.2020.v16nEsp.a22557

Palavras-chave:

fonologia, morfologia, ritmo, Tikuna, Ticuna, línguas amazônicas.

Resumo

Retomando hipótese apresentada em Soares (1992) e explorada em Soares (1999), o presente artigo verifica o grau de participação da informação morfológica na construção do ritmo em Tikuna, língua tonal usada por um grande número de falantes distribuídos por uma área extensa da Amazônia, na América do Sul. Particularmente, verifica-se a existência ou não de um ritmo morfológico na língua e o lugar que nele ocupariam as raízes - entendidas como elementos indecomponíveis e, portanto, diferentes dos radicais (concebidos como resultados de raízes já categorizadas, seja por um morfema fonologicamente nulo, seja por um afixo aberto). Entre as conclusões mais importantes está a de se ter a possibilidade de dispensar a referência à margem direita da palavra como fator prosódico primeiro para o desencadeamento da constituição de pés métricos binários em Tikuna. Tal dispensa é possível quer em casos de sufixação, quer em casos de composição. Na sufixação, tem-se como possível o aparecimento do acento rítmico alimentado por uma espécie de colaboração, do ponto de vista perceptual, entre duração e altura da voz – colaboração essa que depende de uma camada tonal completamente especificada e que abre campo para operações rítmicas de nível mais baixo. Na composição, inexiste interação perceptual da altura da voz com a estrutura métrica, havendo indicações de que as operações rítmicas são aí diferentes daquelas de nível mais baixo. No que diz respeito à relação entre constituição morfológica e construção da grade métrica, observou-se, durante a sufixação, que a própria subdivisão do espaço rítmico duracional é coincidente com a de um pé métrico no plano acentual, tendo-se constatado que tal subdivisão acompanha de perto a estruturação morfológica interna à palavra, sendo que o mesmo se dá em casos de composição.

Biografia do Autor

Marilia Facó Soares, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

Museu Nacional/Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) - CNPq.

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Publicado

2020-11-07