Diferenças eletrocorticais na computação de verbos leves e pesados

Autores

  • Aleria Cavalcante Lage UFRJ
  • Miriam Lemle UFRJ
  • Maurício Cagy UFF
  • Antonio Fernando Catelli Infantosi COPPE/UFRJ

DOI:

https://doi.org/10.31513/linguistica.2007.v3n2a4405

Resumo

Foram realizados dois experimentos em Português do Brasil, com extração de potencial relacionado a evento (event-related brain potential - ERP). As atividades eletrocorticais de 29 voluntários normais foram coletadas e armazenadas durante a estimulação linguística. Depois disso, foram aplicadas técnicas de processamento digital de sinais bioelétricos (filtragem e promediação) para se estimarem os ERPs. Com base no modelo da Morfologia Distribuída, investigamos, através das respostas eletrocorticais dos voluntários, a derivação sintática de sentenças com o verbo leve ter, como O menino tinha uma bola / * O menino tinha uma lua, e de sentenças com verbos pesados, como O menino chutou a bola / *A cadeira chutou a bola. Os achados nos mostram diferenças entre estes dois tipos de computação. Parece mesmo que não é possível se ter uma anomalia semântica dentro de um vP, do tipo [vp V[DP Det N]], com o verbo leve ter (have). Não há N400s de amplitudes diferentes, muito embora a coisa (ou pessoa) possuída seja à primeira vista semanticamente bem implausível. Parece ser uma evidência de que a anomalia semântica seria estabelecida somente a partir da computação (ou concatenação - merge) do sujeito, o que significa que a incongruência da preposição está fora do vP ou depois da concatenação verbo-complemento. Quanto aos achados referentes às sentenças incongruentes com verbos pesados, pudemos ver que a implausabilidade semântica do sujeito em relação ao verbo provoca respostas eletrocorticais completamente diferentes daquelas decorrentes de sentenças com verbos pesados e sujeitos congruentes.

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Publicado

2015-05-31