A Participação de Fundos de Venture Capital e Private Equity Adiciona Valor às Empresas Brasileiras? Um Estudo sobre IPOs

Authors

  • Gabriel de Souza Reis Bacharel em Administração pela Universidade Presbiteriana Mackenzie http://orcid.org/0000-0001-8246-3401
  • Felipe Lopes Mendes Bacharel em Administração pela Universidade Presbiteriana Mackenzie http://orcid.org/0000-0002-1750-8359
  • Michele Nascimento Jucá Doutora em Administração pela Universidade de São Paulo
  • Eli Hadad Junior Doutor em Administração pela Universidade Presbiteriana Mackenzie

DOI:

https://doi.org/10.21446/scg_ufrj.v0i0.20916

Keywords:

Venture capital, Private equity, Estudo de evento, Oferta Pública Inicial, Retorno Anormal Acumulado

Abstract

A indústria do empreendedorismo brasileira vem crescendo em número de empresas e volume. Esse crescimento, aliado à dificuldade de financiamento encontrada por empresas estreantes no mercado, caracteriza o ambiente de empreendedorismo nacional como uma oportunidade de investimento aos fundos de venture capital (VC) e private equity (PE). Estudos evidenciam que a presença desses contribui para a redução da assimetria informacional no mercado por intermédio da atuação dos seus gestores. Assim, organizações que recebem tais investimentos são vistas como mais confiáveis por investidores não ligados aos fundos, sinalizando a existência de retornos positivos, no momento de sua abertura de capital (IPO). O presente trabalho tem como objetivo comparar o retorno das empresas que recebem aportes prévios desses fundos, em relação àquelas que não contam com esses investimentos no momento do IPO. Para tanto, realiza-se um estudo de evento com 83 companhias, sendo 36 com e 47 sem a participação prévia de fundos, cuja listagem ocorre durante o período de janeiro de 2005 a dezembro de 2016 na Bolsa Balcão Brasil (B3). A análise dos retornos compreende os períodos de 22 (1 mês), 132 (6 meses) e 264 (1 ano) pregões, a partir do evento de início das negociações dessas ações na bolsa de valores. Os resultados mostram que as janelas de 132 e 264 pregões possuem diferenças de CARs positivas e estatisticamente diferentes de zero - entre as amostras com e sem participação prévia de fundos de VC/PE. Confirma-se H1 para estas janelas - companhias com participação prévia de fundos de VC/PE possuem retornos superiores àquelas sem tais participações. Entretanto, essas mesmas janelas apontam para resultados negativos que não permitem a confirmação da H2 - quanto maior a participação prévia dos fundos de VC/PE no capital dessas companhias, maior o retorno de suas ações.

Author Biographies

Michele Nascimento Jucá, Doutora em Administração pela Universidade de São Paulo

Professora da Universidade Presbiteriana Mackenzie

Eli Hadad Junior, Doutor em Administração pela Universidade Presbiteriana Mackenzie

Professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie

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Published

2019-06-03

Issue

Section

Finanças Corporativas e Mercado Financeiro