v. 3 n. 3 (2021)
Artigos

Rock como tradição e resistência em Belarus: tradução e legendagem de canções belarussas para português

Paterson Franco Costa
Universidade Federal da Bahia
Biografia

Publicado 2021-10-05

Resumo

Belarus, ex-república soviética frequentemente descrita pela mídia ocidental como “a última ditadura da Europa”, tem sido palco de constantes protestos contra o regime autoritário pró-Kremlin de Aliaksandr Lukašenka, que controla o país ininterruptamente desde 1994. Neste contexto, o rock se tornou uma das principais ferramentas de denúncia contra os abusos do governo, principalmente através de suas letras, em idioma belarusso, que remetem a elementos históricos e culturais do povo como forma de resistência frente à opressão russófona. Este artigo busca, através da tradução, analisar essas dinâmicas de resistência cultural e linguística por meio das composições de Lavon Volski, um dos maiores expoentes do rock belarusso na contemporaneidade, dentro do filme Viva Belarus!, de 2012, primeiro longa-metragem predominantemente em belarusso traduzido e legendado para o português diretamente desse idioma. Visando refletir sobre o cenário político do país a partir do filme, o artigo traz como aporte teórico nomes como Heloísa Gonçalves, no campo dos procedimentos tradutórios, Frantz Fanon e Michel Foucault, na discussão sobre relações de poder, além de intelectuais da ex-URSS, como Nelly Bekus, Aleksandr Chubin e Vitaĺ Silicki, para discutir identidades pós-soviéticas. Espera-se com este artigo contribuir no preenchimento da lacuna sobre Belarus dentro dos estudos eslavos no Brasil.

Referências

  1. AKUDOVIČ, V. Дыялогі з Богам. Minsk: Kamunikat, 2006.
  2. AULETE, C. Minidicionário contemporâneo da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2004.
  3. BACHEGA, H. As execuções secretas na última ditadura da Europa. BBC, 19 mai. 2018. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/internacional-44133545> Acesso em: 02 set. 2020.
  4. BEKUS, N. Struggle over identity: the official and the alternative Belarusianness. Budapeste: CEU Press, 2010.
  5. BELARUS. National System of Geographic Names Transmission into Roman Alphabet in Belarus. In. United Nations Conference on the Standardization of Geographical Names, 9. Nova York: ONU, 10 jul. 2007.
  6. BELSTAT. Tourism and tourist resources in the Republic of Belarus. 10 jul. 2018. Disponível em: <https://www.belstat.gov.by/en/ofitsialnaya-statistika/real-sector-of-the-economy/tourism/publications/index_9312/> Acesso em: 02 out. 2020.
  7. BELSTAT. Общие итоги миграции населения. Disponível em: <https://www.belstat.gov.by/ofitsialnaya-statistika/solialnaya-sfera/naselenie-i-migratsiya/migratsiya/> Acesso em: 10 out. 2020.
  8. BNR. The Belarusian Democratic Republic official website. 2020. Disponível em: <http://www.radabnr.org> Acesso em: 5 de outubro de 2020.
  9. BULHAKAŬ, V. Беларусь: ні Эўропа, ні Расея. Меркаваньні беларускіх эліт. Varsóvia: ARCHE, 2006.
  10. CHUBIN, A. Преданная демократия. СССР и неформалы (1986-1989). Moscou: Evropa, 2006.
  11. CIA. The CIA world factbook (2018-2019). Nova York: Skyhorse Publishing, 2018.
  12. CNN. Rice: Belarus is ‘dictatorship’. CNN International, 20 abr. 2005. Disponível em: <https://edition.cnn.com/2005/WORLD/europe/04/20/rice.belarus/> Acesso em: 14 set. 2020.
  13. EC. Managing Migration: EU Financial Support to Greece. Jul. 2019. Disponível em: <https://ec.europa.eu/home-affairs/sites/homeaffairs/files/what-we-do/policies/european-agenda-migration/201907_managing-migration-eu-financial-support-to-greece_en.pdf> Acesso em: 14 set. 2020.
  14. FANON, F. Os condenados da terra. Tradução de José Laurênio de Melo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968.
  15. FEDUTA, A. Лукашенко: политическая биография. Moscou: Referendum, 2005.
  16. FOUCAULT, M. Microfísica del poder. Traducción de Horacio Pons. Buenos Aires: Siglo veintiuno, 2019.
  17. G1. 'Melhor ser um ditador do que ser gay', diz presidente de Belarus.
  18. G1, 04 mar. 2012. Disponível em: <http://g1.globo.com/mundo/noticia/2012/03/melhor-ser-um-ditador-do-que-ser-gay-diz-presidente-de-belarus.html> Acessado em: 14 set. 2020.
  19. GONÇALVES, H. Procedimentos técnicos da tradução: Uma nova proposta. Campinas: Pontes, 1990.
  20. HRABČYKAŬ, S. Слоўнік паронімаў беларускай мовы. Minsk: Narodnaja Asvieta, 1994.
  21. ITAMARATY. Ministério das Relações Exteriores. Disponível em: <http://www.itamaraty.gov.br/> Acesso em: 14 set. 2020.
  22. JAKOBSON, R. On linguistic aspects of translation. In: BROWER, R. A. (ed.) On Translation, p. 232–239. Cambridge: Harvard University Press, 1959.
  23. JOHNSON, S. Russian language in decline as post-Soviet states reject it. Financial Times, 13 abr. 2017. Disponível em: <https://www.ft.com/content/c42fbd1c-1e08-11e7-b7d3- 163f5a7f229c> Acesso em: 21 jun. 2018
  24. KAPYLOŬ, I. Тлумачальны Слоўнік Беларускай Літаратурнай Мовы. Minsk: Bielaruskaja Encyklapiedyja imia Pietrusia Broŭki, 2016.
  25. KARTUNOVA, I. Социальная работа с детьми и молодежью. Viciebsk: VGU, 2013.
  26. KORCHUK, V. Региональный имидж беларуси в средствах массовой информации. Журнал Белорусского государственного университета. Журналистика. Педагогика. Minsk: BDU, n. 1. p. 42–55, 2018.
  27. LARA, L. Os protestos em Belarus, a 'última ditadura da Europa'. CNN Brasil, São Paulo, 27 ago. 2020. Disponível em: <https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/2020/08/27/os- protestos-em-belarus-a-ultima-ditadura-da-europa> Acesso em: 02 set. 2020.
  28. LIEPIEŠAŬ, I. Этымалагічны слоўнік фразеалагізмаў. Minsk: BelEn, 2004.
  29. LOJKA, P. Гістарычная адукацыя - аснова ідэалогіі беларускага дзяржаўнага патрыятызму. Гістарычны Альманах. Harodnia, v. 4. p. 160-164, jan. 2001.
  30. MAKUSHINA, N.; GONCHARENKO, R. Fight over migrant centers in Belarus. DW. 24 jan 2017. Disponível em: <https://p.dw.com/p/2WLA4> Acesso em: 14 set. 2020.
  31. MELETÍNSKI, E. M. Os arquétipos literários. Tradução de Aurora Fornoni Bernardini, Homero Freitas de Andrade e Arlete Cavaliere. Cotia: Ateliê Editorial, 1998.
  32. MINOVA, M. Классификация, сущность и функции детских и молодежных объединений в Республике Беларусь. Вестник КГУ им. Н.А. Некрасова. Kostroma: KGU, v. 21, n. 4. p. 246-251, jul-ago. 2015.
  33. N.R.M. Менск і Мінск. In: N.R.M. 06. Minsk: PRO2 Studio, 2007. 1 CD. Faixa 4.
  34. OLIVEIRA, M. VYGOTSKY: Aprendizado e desenvolvimento. Um processo sócio-histórico. São Paulo: Scipione, 1996.
  35. ROCHA, C. Kolkhoz e colcoz. Ciberdúvidas da língua portuguesa. Disponível em: <https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/kolkhoz-e-colcoz/32828> Acesso em: 27 set. 2020.
  36. ROTH, A. Is this the beginning of the end for ‘Europe’s last dictator’?. THEGUARDIAN, 02 ago. 2020. Disponível em: <https://www.theguardian.com/world/2020/aug/02/is-this-the- beginning-of-the-end-for-europes-last-dictator> Acesso em: 02 set. 2020.
  37. SHOTTER, J; SEDDON, M. Europe’s ‘last dictator’ in a brutal fight for survival. Financial Times, Varsóvia, Moscou, 14 ago. 2020. Disponível em: <https://www.ft.com/content/ 4b9c32a1-2494-4f36-a10f-2777 ec429e5d> Acesso em: 02 set. 2020.
  38. SVABODA. Zapis. 20 nov. 2015. Disponível em: <https://vk.com/wall-36069860_187326> Acesso em: 21 de setembro de 2020.
  39. SOYUZ. Информационно-аналитический портал союзного государства. 2020. Disponível em: <https://soyuz.by> Acesso em: 08 de outubro de 2020.
  40. SUSSEX, R; CUBBERLEY, P. The Slavic Languages. Nova York: Cambridge University Press, 2006.
  41. UCHAKOV, D (red.). Толковый словарь русского языка. Moscou: Sovietskaia Entsiklopediia, 1935. Disponível em: <http://enc.biblioclub.ru/Termin/1125213_VVALIT> Acesso em: 14 set. 2020.
  42. VIAČORKA, F. Armiejski dziońnik Franaka Viačorki. Minsk, 12 jun. 2009. Disponível em: Acesso em: 28 jan. 2016.
  43. VIVA BELARUS!. Direção: Krzysztof Łukaszewicz. Produção: Tadeusz Drewno, Daniel Markowicz e Wlodzimierz Niderhaus. Intérpretes: Dzmitry Papko; Vadim Affanasiev; Karolina Gruszka; Anatolii Kot e outros. Roteiro: Krzysztof Łukaszewicz e Franak Viačorka. Música: Lavon Volski. Polônia: WFDIF, Canal +, Polski Instytut Sztuki Filmowej, 2012. 1 DVD (98 min.), widescreeen, color.
  44. WYSON, K. Viva Belarus! Premieres In Washington. Radio Free Europe / Radio Liberty, 14 nov. 2014. Disponível em: <http://www.rferl.org/content/viva-belarus-premieres-in- washington/25168573.html> Acesso em: 3 out. 2014.
  45. ŠUPA, S. Менск. In: СЛОЎНІК СВАБОДЫ: ХХ стагодзьдзе ў беларускай мове. Слова на дзень для памяці і для роздуму. Praga: RFE/RL, 2012.