A gramática do silêncio em Winnicott

Autores

  • Luiz Henrique Lessa UFRJ

DOI:

https://doi.org/10.59488/tragica.v11i1.27193

Palavras-chave:

Spinoza, Winnicott

Resumo

A psicanálise freudiana – e seus continuísmos – é, além de um método clínico, um projeto ontológico que toma o que é propriamente humano como opondo-se à natureza, entendida como perigosa e enlouquecedora, e cerceado pela cultura, esta compreendida como uma organização frágil e defensiva contra a natureza. As diversas dicotomias fundantes da tradição psicanalítica – natureza e cultura; pulsão de vida e pulsão de morte; inconsciente e consciência; etc. – se traduzem no método clássico estruturado em três regras fundamentais: a associação livre por parte do paciente, a atenção flutuante do analista e o princípio da abstinência. Nesse cenário, cabe ao analista escutar e interpretar o que é dito e não dito pelo paciente que, por sua vez, deve dizer tudo que lhe vem à cabeça e aceitar as interpretações do analista, sem receber deste qualquer conforto em relação ao seu sofrimento. O paciente deve dizer através da palavra falada ou atuada sobre seu mal-estar para que o analista interprete explicita ou implicitamente o recalque e seus derivativos que atuam sobre o corpo e psiquismo do analisando. O silêncio é interpretado em termos de formações reativas diante do excesso pulsional destrutivo, do recalque ou resistência ao tratamento. A postura da psicanálise clássica diante do silêncio é a de denúncia. Ora ele é sintoma, ora resistência.

Biografia do Autor

Luiz Henrique Lessa, UFRJ

Psicanalista, mestre em Saúde Coletiva (UFRJ), professor de Psicologia da Universidade Veiga de Almeida (UVA)

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Publicado

2018-03-23