Endeia e euporia, “falta” e “inventividade”

o léxico socrático da natureza de eros no Banquete

Autores

DOI:

https://doi.org/10.25187/codex.v11i2.57956

Palavras-chave:

eros, falta, euporia, lógos

Resumo

Este artigo foca nas primeiras partes do discurso de Sócrates no Banquete, no qual o filósofo descreve a natureza de eros, antes de discutir seus efeitos. Propõe-se que Platão introduz ali um vocabulário específico para descrever o fenômeno erótico que, diferente de outras abordagens sobre o desejo amplamente dito através do corpus, substitui o modelo de preenchimento e esvaziamento (πλησμονή e κένωσις) mais característico dos chamados “apetites” (ἐπιθυμίαι). Neste diálogo, o eros socrático, intermediário por excelência, oscila entre estados fugazes de ἔνδεια, falta, e εὐπορίαinventividade, sem visar à saciedade. A primeira seção do texto se debruça sobre o vocabulário da falta estabelecido, na maior parte, durante o elenchos de Agatão (199c-201d), personagem cuja tese, apoiada na superabundância divina, é refutada pelo estabelecimento do caráter necessitado e aporético (sem-recursos) de eros. Na segunda seção, a escolha de Poro (Recurso) e Penía (Penúria) por Diotima como os genitores de eros (203b-204c) é analisada a partir dos usos relevantes destes termos na literatura precedente. É pela interação das características parentais que eros será definido como euporético ou “inventivo”. Tendo estabelecido o par endeia (aporia) x euporia – termos familiares às leitoras do corpus por sua aplicação eminentemente discursiva –, Sócrates poderá descrever a melhor atividade ou expressão do desejo erótico como a busca incessante por um lógos

Biografia do Autor

Julia Guerreiro de Castro Zilio Novaes, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

Mestra em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Doutoranda em Filosofia na mesma universidade.

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Publicado

2024-03-09

Como Citar

Guerreiro de Castro Zilio Novaes, J. (2024). Endeia e euporia, “falta” e “inventividade”: o léxico socrático da natureza de eros no Banquete. CODEX - Revista De Estudos Clássicos, 11(2), e112202302. https://doi.org/10.25187/codex.v11i2.57956