Um Ulisses Suíno

a recepção da Odisseia em Millôr Fernandes

Autores

DOI:

https://doi.org/10.25187/codex.v12i2.65318

Palavras-chave:

Millôr Fernandes, épica homérica, Odisseia, recepção da literatura grega

Resumo

A fábula mitológica “Odisseu e a Odisséia ou Ulisses e a Ulisséia” apresenta um panorama inteiramente irônico sobre a jornada de retorno de Ulisses a Ítaca. Por um lado, trata-se do jogo lúdico usualmente empreendido pelo autor carioca a fim de desmistificar verdades bem estabelecidas, ícones e ideais: o autor põe em xeque a configuração do herói, atentando para a desconstrução do que é mito e do que é a possibilidade real do âmbito humano. Por outro lado, a recriação fabular se presta a indicar uma elaboração moralizante para o leitor, apresentando as peças desfeitas da narrativa odisseica a fim de questionar a humanidade e a dinâmica entre os sexos. Desta forma, com enfoque nas imperícias do herói e nas influências lascivas e rebaixadoras das personagens femininas, o artigo propõe uma análise da recepção do mito de Odisseu pelo viés satírico e dessacralizador de Millôr Fernandes.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Giovanna Angela Agulha Sarti, Universidade de São Paulo

Graduanda em letras - português e linguística na Universidade de São Paulo.

Referências

ARISTÓTELES. Poética. Tradução, introdução, comentários e apêndice de Eudoro de Sousa. Lisboa: Imprensa Nacional–Casa da moeda, 1994.

ATWOOD, M. A Odisseia de Penélope. Tradução de C. Nogueira. Rio de Janeiro: Rocco, 2020.

BENSON, C. Circe. In: REEDER, E. D. (org.). Pandora: Women in classical Greece. Baltimore; New Jersey: The Walter Art Gallery; Princeton University Press, 1995. p. 403.

BRASETE, M. F. Semónides de Amorgos, fr. 7. Ágora. Estudos Clássicos em Debate, v. 7, pp. 153-162, 2005. Disponível em: https://core.ac.uk/download/pdf/78556245.pdf. Acesso em 29 dez. 2023.

BUDELMANN, F.; HAUBOLD, J. Reception and Tradition. In: HARDWICK, L. e STRAY, C. (orgs.). A companion to Classical Receptions. West Sussex: Willey-Blackwell, 2011. pp. 13-25.

CRESCÊNCIO, C. L. Veja o machismo: discursos sobre machismo produzidos por Millôr Fernandes na revista Veja (1968-1984). In: Anais do Simpósio Nacional de História - ANPUH, XXVI, São Paulo, 2001. pp. 1-15. Disponível em: https://anpuh.org.br/uploads/anais-simposios/pdf/2019-01/1548855457_3d09d9e93ff053b1dc4fbed203733d63.pdf. Acesso em 30 mai. 2023.

ESPÍRITO. verbete. In: DICIONÁRIO Michaelis. São Paulo: Editora Melhoramentos, 2023. Disponível em: https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/espirito. Acesso em 28 dez. 2023.

FELSON, N. SLATKIN, L. M. Gender and Homeric Epic. In: FOWLER, R. (ed.). The Cambridge Companion to Homer. Cambridge: Cambridge University Press, 2004. pp. 91-116.

FERNANDES, M. Odisseu e a Odisséia ou Ulisses e a Ulisséia. In: FERNANDES, M. 100 Fábulas Fabulosas. Rio de Janeiro: Record, 2003.

FERNANDES, M . Millôr definitivo: a Bíblia do Caos. Porto Alegre: L&PM, 2002. Edição digital.

FOLEY, H. P. Women in Ancient Epic. In: FOLEY, J. M. (ed.). A companion to Ancient Epic. Hoboken: Blackwell Publishing, 2008. pp. 105-118.

FOSTER, C. L. E. Familiarity and recognition: towards a new vocabulary for classical reception studies. In: POURCQ, M. et alii (eds.). Framing Classical Reception Studies: different perspectives on a developing field. Leiden: Brill, 2020. pp. 33-69.

HAUSER, E. ‘There is another story’: writing after the Odyssey in Margaret Atwood’s The Penelopiad. Classical Receptions Journal, v. 10, n. 2, pp. 109–126, 2018.

HERÓDOTO. Histórias: Livro II - Euterpe. Tradução de Maria Aparecida Oliveira Silva. São Paulo: Edipro, 2016.

HOMERO. Odisseia. Tradução de Carlos Alberto Nunes. São Paulo: Hedra, 2011.

HUNTER, R. Homer and Greek literature. In: FOWLER, R. (Ed.). The Cambridge Companion to Homer. Cambridge: Cambridge University Press, 2004. pp. 235-253.

KITCHELL, K. F. Jr. Animals in the ancient world from A to Z. New York: Routledge, 2014.

MACIEL, M. E. Animalidades: zooliteratura e os limites do humano. São Paulo: Instante, 2023.

MONTIGLIO, S. From Villain to Hero: Odysseus in Ancient Thought. Michigan: Michigan University Press, 2011.

NEWTON, R. M. Odysseus and Melanthius. Greek, Roman, and Byzantine Studies 38.1. Durham: Duke University Press, pp. 5-18, 1997.

PANAGIOTARAKOU, E. Peace and gendered agricultural festivals in Aristophanes’ Acharnians. Logeion. A Journal of Ancient Theatre, 5, pp. 161-182, 2015. Disponível em: https://logeion.upatras.gr/sites/logeion.upatras.gr/files/pdffiles/06%20PANAGIOTARAKOU%20Logeion%205%202015.pdf. Acesso em 29 dez. 2023.

READY, J. L. Homer, Hesiod and the Epic Tradition. In: SHAPIRO, H. A. (ed.). The Cambridge Companion to Archaic Greece. New York: Cambridge University Press, 2007. pp. 111-140.

RELIHAN, J. C. Introduction. In: APULEIUS. The golden ass, or, A book of changes. Transl. and notes Joel C. Relihan. Indiana / Cambridge: Hackett Publishing Company, 2007. pp. IX-XLI.

SARTI, G. A. A. A Vênus de Millôr. Nuntius Antiquus, [S. l.], v. 19, n. 1, 2023. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/nuntius_antiquus/article/view/47650. Acesso em: 28 dez. 2023.

SCHMIDT, M. Sorceresses. In: REEDER, Ellen D. (org.). Pandora: Women in classical Greece. Baltimore; New Jersey: The Walter Art Gallery; Princeton University Press, pp. 57-61, 1995.

SERAFINI, B. Millôres dias virão. Porto Alegre: Libretos, 2013.

SLATKIN, L. M. Homer’s Odyssey. In: FOLEY, John M. (org.). A companion to Ancient Epic. Hoboken: Blackwell Publishing, 2008. pp. 315-329.

Downloads

Publicado

2025-08-09

Como Citar

Sarti, G. A. A. (2025). Um Ulisses Suíno: a recepção da Odisseia em Millôr Fernandes. CODEX - Revista De Estudos Clássicos, 12(2), e1222403. https://doi.org/10.25187/codex.v12i2.65318