Solidão, doença e alimentação
o problema da selvageria e civilização no Filoctetes de Sófocles
DOI:
https://doi.org/10.25187/codex.v12i2.65933Palavras-chave:
solidão, doença, alimentação, selvageria, civilizaçãoResumo
Partindo de uma premissa interpretativa que compreende a tragédia grega como forma de expressão cultural, política e social no interior na pólis clássica democrática – nomeadamente, Atenas –, o presente artigo visa criar um espaço de problematização e reflexão sobre as questões que dizem respeito às noções de selvageria e civilização no pensamento grego a partir de uma leitura da tragédia Filoctetes de Sófocles (encenada em Atenas no ano de 409 AEC e vencedora do primeiro prêmio na Grande Dionisíaca daquela ocasião). Para isso será realizada uma análise dos tópicos “solidão”, “doença” e “alimentação” no drama escolhido. O foco se dá sobre o personagem Filoctetes e a própria ilha de Lemnos (local de encenação da peça sofocliana). Em relação ao primeiro, trata-se de um homem abandonado e doente, que por dez anos vive no limite de sua humanidade, onde sua dieta – ausente de pão e vinho, marcadores da civilidade grega – permite o debate sobre o tema da selvageria. O mesmo se dá em relação à Lemnos, caracterizada como espaço deserto e ermo, que em nada remete à pólis organizada dos gregos. Assim, busca-se compreender os sentidos que o drama Filoctetes possa assumir em relação ao seu contexto da produção quando analisado pelas chaves de leitura propostas.
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