A RECONSTRUÇÃO DA FILOSOFIA, DA DEMOCRACIA E DA EDUCAÇÃO COMO EXPERIÊNCIA REFLEXIVA

Auteurs-es

  • Darcísio Natal Muraro UEL - Universidade Estadual de Londrina

Résumé

RESUMO: O debate sobre o ensino de Filosofia no Brasil tem se pautado por uma argumentação voltada preponderantemente para a defesa daquilo que pode ser chamada de ensino da “tradição filosófica” ou do desenvolvimento da habilidade de pensamento. Invariavelmente essas abordagens do ensino da filosofia se convertem num exercício retórico, reduzindo o filosofar a uma arte literária fechada que não ilumina nem transforma a confusão em que a criança e o jovem encontram em suas experiências de vida. Pretendo argumentar neste artigo que a educação filosófica pode ser pensada em outro patamar, estabelecendo como seu objeto primeiro de reflexão o campo contínuo, interconectado e conflituoso da experiência de vida. Para desenvolver minha argumentação, tomo como referência a compreensão da filosofia tal como desenvolvida nas principais obras de John Dewey, como uma atividade social e cultural de valor indispensável, uma vez que ela tem a tarefa de pensar os problemas da experiência presente. A filosofia passa a habitar a experiência gerando e vitalizando os sentidos. Seguindo essa linha de argumentação, a filosofia tem duas tarefas a cumprir: primeira, ela deve fazer a indagação que leva à reflexão crítica da experiência, detectando e delineando as interpretações e classificações que a sobrecarregam, de forma a permitir a clarificação e a emancipação desses preconceitos infundidos na cultura; segundo, a investigação filosófica, diagnóstica e projetiva, deverá localizar e interpretar os conflitos éticos, políticos, educacionais que ocorrem na experiência de vida, de forma a projetar meios para resolver tais problemas. Ambas as tarefas pressupõem o diálogo e a democracia na criação de uma forma de vida social com liberdade de inteligência para problematizar, investigar, partilhar e comunicar os sentidos da experiência. A filosofia empírica que se almeja para a educação filosófica é a filosofia da, na e para a experiência. A filosofia empírica tem como preocupação criar aquela atitude de amor pela contínua busca da significação humana mais profunda da experiência, rompendo com a tendência da cultura de massa que busca manter os indivíduos na superficialidade do consumismo. Somente assim a filosofia poderá criar raízes na experiência e ser uma fonte de reflexão transformadora das situações problemáticas cumprindo sua função educativa de promover o crescimento da própria experiência, rompendo com a condição mero conteúdo a ser transmitido ou habilidade a ser treinada como produto de consumo para fins externos.
PALAVRAS-CHAVE: Filosofia. Democracia. Experiência.

THE RECONSTRUCTION OF PHILOSOPHY, DEMOCRACY AND EDUCATION AS REFLECTIVE EXPERIENCE
Abstract: The debate over the teaching of philosophy in Brazil has been based by an argument turned mainly to the defense of what might be called the teaching of "philosophical tradition" or of the development of thinking skills. Invariably these approaches of the teaching of philosophy become a rhetorical exercise, reducing the philosophizing to a literary art that does not illuminate or transforms the confusion into which children and youth are in their life experiences. I intend to argue in this article 12
Revista Redescrições -- Revista on line do GT de Pragmatismo Ano 3, Número 4, 2012
that the philosophical education can be thought of in another level, establishing as its primary reflection object the field continuous, interconnected and conflicting life experience. To develop my argument, I take as reference the understanding of philosophy, as developed in the major works of John Dewey, as a social and cultural activity of essential value, since it has the task of thinking about problems of present experience. The philosophy inhabits the experience generating and vitalizing the meanings. Following this line of reasoning, the philosophy has two tasks to perform: first, it should do the quest that leads to critical reflection of experience detecting and delineating the interpretations and classifications that burden it, in order to allow clarification and emancipation of these prejudices infused in the culture; second, the philosophical research, diagnostic and projective, should locate and interpret the ethical, political and educational conflicts, that occur in the life experiences in order to design ways to solve such problems. Both tasks require dialogue and democracy in the creation of a form of social life with freedom of intelligence to question, investigate, share and communicate the meanings of experience. The empirical philosophy that aims to philosophical education is the philosophy of, in and for the experience. The empirical philosophy is to create concern that attitude of love for the continuous quest for deeper meaning of human experience, breaking with the trend of mass culture that seeks to keep individuals in the superficiality of consumerism. Only in this way, philosophy can take root in the experience and to remain as a source of transformative reflection of the problematic situations and not remain merely content to be taught and transmitted as a consumer product for external purposes.
Key-words: Philosophy. Democracy. Experience.

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