A viagem celestial e a busca pela fonte da memória nas iniciações órficas

Autores

  • Daniel Vecchio Alves Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) / Doutorando em História Cultural

DOI:

https://doi.org/10.17074/cpc.v1i37.16840

Resumo

Resumo: O problema que se apresenta neste artigo é: o mito órfico, nas formas que a civilização grega lhes deu, deve também ser vinculado ao domínio do saber ou somente ao domínio do delírio ou do devaneio, imagem instaurada pela figura de Dionísio? Numa tentativa de resposta, realizaremos a interpretação de que o conjunto poético das lendas órficas constitui uma enciclopédia de conhecimentos de que o grego dispõe em relação às experiências físicas e espirituais de deslocamento, ou seja, tais lendas são também relatos ou documentos de ordem sociocultural. Nesse sentido, não atribuiremos às fontes órficas apenas um caráter evasivo, pois elas são, antes de tudo, um verdadeiro tesouro para a formação da cultura grega. Para nos atentarmos a esse fato, observaremos que o mito, no geral, possui competência para registrar o mundo e o pensamento do ser humano de um modo válido e autêntico, e isso pode ser constatado ao adotarmos a seguinte mudança: substituir a leitura primitivista da religião órfica feita pelos primeiros antropólogos, sociólogos e historiadores, que reduziu o mito ao campo do devaneio e do delírio, por uma hermenêutica que revela, sob a trama da narração dos mitos órficos, um ensinamento análogo ao processo de construção da memória e do imaginário.

Biografia do Autor

Daniel Vecchio Alves, Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) / Doutorando em História Cultural

Daniel Vecchio Alves possui formação interdisciplinar nas Ciências Humanas: é mestre em Estudos Literários e licenciado em História pela Universidade Federal de Viçosa (UFV).  Atualmente cursa o doutorado em História Cultural pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), onde é pesquisador-bolsista do CNPq. Possui também formação na área educacional, com especialização em Docência no Ensino Superior pelo Senac-SP e com mestrado em andamento em Educação e Tecnologias Digitais pela Universidade de Lisboa. Publicou recentemente o livro “Bestas e reinos lendários no imaginário das navegações ultramarinas” (Novas Edições Acadêmicas, 2016), e tem publicado artigos em diversos periódicos científicos nacionais e internacionais. Seus interesses de pesquisa permeiam os hibridismos entre História e Ficção, a História dos Imaginários (em especial o Imaginário Português), a Literatura Ibérica de Viagens Ultramarinas dos séculos XV e XVI (incluindo também a Historiografia dos Descobrimentos), a História da Literatura, o Romance Português e a História da Educação. Faz parte dos Grupos de Pesquisa NEP (Núcleo de Estudos Portugueses da UFV) e Mare Liberum (Centro de Estudos e Referências sobre a Cartografia Histórica da Unicamp).

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Publicado

03-11-2019

Edição

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Artigos