OS ELEMENTOS SOCRÁTICOS DA CONSTITUIÇÃO DOS LACEDEMÔNIOS DE XENOFONTE

Autores

  • Luis Filipe Bantim de Assumpção Universidade Federal do Rio de Janeiro - Pós-doutorado

DOI:

https://doi.org/10.17074/cpc.v1i41.37190

Palavras-chave:

Xenofonte, Esparta, Sócrates, Constituição dos Lacedemônios

Resumo

Após analisarmos o corpus de Xenofonte, notamos que a liderança, a piedade e o autocontrole eram qualidades virtuosas dos líderes protagonistas das obras. No entanto, os escritos socráticos de Xenofonte evidenciam que essas características exaltadas pelo autor são manifestações da sua representação de Sócrates. Sendo assim, propomos discutir a similitude entre as atitudes do mítico legislador Licurgo para aprimorar Esparta com aquilo que o Sócrates de Xenofonte havia “ensinado”. Para tanto, levantamos a hipótese de que a Constituição dos Lacedemônios seria uma denúncia aAtenas, sociedade responsável por condenar Sócrates à morte e exilar Xenofonte, o qual se utilizou dos costumes de uma Esparta ideal para demonstrar como seria uma politeía capaz de produzir e formar “homens socráticos”, logo, cidadãos “perfeitos”.

Biografia do Autor

Luis Filipe Bantim de Assumpção, Universidade Federal do Rio de Janeiro - Pós-doutorado

Luis Filipe Bantim de Assumpção é Doutor pelo Programa de Pós-graduação em História Comparada da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Enquanto pesquisador, Assumpção atua junto ao Laboratório de História Antiga (LHIA) e no Espaço Interdisciplinar de Estudos da Antiguidade, ambos pela mesma Universidade. Assumpção possui Mestrado pelo Programa de Pós-graduação em História da UERJ, onde desenvolveu pesquisa sobre a pólis de Esparta no período Clássico, com ênfase em práticas rituais e alimentares, discurso, representações e relações de poder. O referido pesquisador possui estágio supervisionado no ANHIMA – Anthropologie et Histoire des Mondes Antiques (2018), École Française D'Athènes (2012), no Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos da Universidade de Coimbra (2012 e 2014), e visitação ao Centro Arqueológico de Sagunto - Espanha (2012). Atualmente, Assumpção realiza o Pós-doutorado no Programa de Pós-graduação em Letras Clássicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro, sob a supervisão do Prof. Dr. Rainer Guggenberger.

Referências

Documentação literária

ARISTOTLE. Politics. Trans.: H. Rackham. Cambridge, MA: Harvard University Press, 1932.

EURIPIDES. Children of Heracles. Hippolytus. Andromache. Hecuba. Trans.: D. Kovacs. Cambridge, MA: Harvard University Press, 1995.

HERODOTUS. Histories. Books V-VII. Trans.: A. D. Godley. Cambridge, MA: Harvard University Press, 1938.

_____. Histories. Books I-II. Trans.: A. D. Godley. Cambridge, MA: Harvard University Press, 1975.

JENOFONTE. Anábasis. Trad.: R. B. Pellicer. Madrid: Gredos, 2010.

_____. Helénicas. Trad.: O. G. Tuñon. Madrid: Gredos, 1994.

JENOFONTE/PSEUDO JENOFONTE. Obras Menores; La República de los Atenienses. Introducciones, traducciones y notas de O. G. Tuñon. Madrid: Gredos, 2008.

_____/_____. Constitución de los Lacedemonios; Constitución de los Atenienses; Hierón. Estudio preliminar, traducción y notas de C. Mársico, R. Illarraga y P. Marzocca. Bernal: Universidad Nacional de Quilmes, 2017.

XENOPHON. Hellenica. Trans.: C. L. Brownson. Cambridge, MA: Harvard University Press, 1918-1921. 2 v.

_____. Memorabilia; Oeconomicus; Symposium; Apology. Trans.: E. C. Marchant (Mem.; Oec.) and O. J. Todd (Symp.; Ap.) Cambridge; London: Harvard University Press, 2013.

XENOPHON/PSEUDO-XENOPHON. Scripta Minora; Constitution of the Athenians. Trans.: E. C. Marchant (Scripta Minora) and G. W. Bowersock (Ath. Pol.). Cambridge; London: Harvard University Press, 1968.

Referências Bibliográficas

ASSUMPÇÃO, L. F. B. de. Em busca de Licurgo – debates documentais e historiográficos sobre a tradição política espartana. In: ESTEVES, A. de A. M.; ASSUMPÇÃO, L. F. B. de; NOGUEIRA, R. de S. (Org.). Líderes Políticos da Antiguidade. Rio de Janeiro: Desalinho, 2016a, p. 56-87.

_____. Antigas críticas e novas perspectivas sobre a biografia – um estudo de caso sobre Xenofonte (V a.C.). In: SOUZA NETO, J. M. G. de; BUENO, A. da S.; BIRRO, R. M. (Ed.). Antigas Leituras: Olhares do presente ao passado. Rio de Janeiro: Autografia, 2016b, p. 278-292.

_____. Revisitando os valores sociais espartanos no discurso de Xenofonte, Fato & Versões – Revista de História, v.9, n.18, p. 60-73, 2017.

_____. A tragédia de Esparta – discurso, poder político e gênero na Andrômaca de Eurípides, Perspectivas e Diálogos: Revista de História Social e Práticas de Ensino, v.1, n.1, p. 196-213, jan./jun. 2018.

_____. A relação de Esparta e Héracles – discursos, representações e legitimidade política. In: MOTA, A. J.; CAMPOS, C. E. da C. (Org.). Sistemas de Crenças, Mitos e Rituais na Antiguidade. São João de Meriti, RJ: Desalinho, 2019, p. 145-166.

BARROS, J. D’A. Interdisciplinaridade na História e em outros campos do saber. Petrópolis, RJ: Vozes, 2019.

BERNARDO, G. C. Honra e Philotimía na Esparta do Século IV a.C. Dissertação (Mestrado em História) apresentada como requisito para a obtenção do título de Mestre, Universidade de São Paulo. São Paulo, 2018. 365 f.

CARTLEDGE, P. The Socratics’ Sparta and Rousseau’s. In: HODKINSON, S.; POWELL, A. (Ed.). Sparta: New Perspectives. Swansea: The Classical Press of Wales, 2009, p. 311-338.

CERTEAU, M. de. A escrita da História. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2008.

CHRISTESEN, P. Xenophon’s Views on Sparta. In: FLOWER, M. (Ed.). The Cambridge Companion to Xenophon. Cambridge; United Kingdom; New York: Cambridge University Press, 2017, p. 376-399.

DA MATTA, R. Carnavais, Malandros e Heróis: para uma sociologia do dilema brasileiro. Rio de Janeiro: Rocco, 1997.

DORION, L.-A. Xenophon’s Socrates. In: AHBEL-RAPPE, S.; KAMTEKAR, R. (Ed.). A Companion to Socrates. Oxford: Blackwell, 2006, p. 93-109.

_____. Xenophon and Greek Philosophy. In: FLOWER, M. (Ed.). The Cambridge Companion to Xenophon. Cambridge: Cambridge University Press, 2017.p.37-56.

FERRARIO, S. B. Xenophon and Greek Political Thought. In: FLOWER, M. (Ed.). The Cambridge Companion to Xenophon. Cambridge: Cambridge University Press, 2017, p. 57-83.

FLOWER, M. Piety in Xenophon’s Theory of Leadership. In: BUXTON, R. F. Aspects of Leadership in Xenophon. Histos Supplement 5. Newcastle: Newcastle Upon Tyne, 2016, p. 85-119.

_____. Introduction. In: _____ (Ed.). The Cambridge Companion to Xenophon. Cambridge: Cambridge University Press, 2017, p. 1-13.

HODKINSON, S. Was Classical Sparta a Military Society? In: _____; POWELL, A. (Ed.). Sparta and War. Swansea: The Classical Press of Wales, 2006, p. 111-162.

HORNBLOWER, S.; SPAWFORTH, A. (Ed.). The Oxford Classical Dictionary. 4th Ed. Oxford: Oxford University Press, 2012.

HUMBLE, N. Xenophon’s view of Sparta: A study of the Anabasis, Hellenica and Respublica Ladedaemoniorum. A thesis submitted to the School of Graduate Studies in Partial Fulfilment of the Requirements for the Degree of Doctor of Philosophy. Ontario, McMaster University, 1997.

_____. The Author, Date and Purpose of Chapter 14 of the Lakedaimonion Politeia. In: TUPLIN, C. (Ed.). Xenophon and his World. Stuttgart: Franz Steiner Verlag, 2004, p.215-228.

KEIM, B. Honour and the Art of Xenophontic leadership. In: BUXTON, R. F. Aspects of Leadership in Xenophon. Histos Supplement 5. Newcastle: Newcastle Upon Tyne, 2016, p.121-162.

LESSA, F. de S.; ASSUMPÇÃO, L. F. B. de. Discurso e representação sobre as espartanas no período clássico, Synthesis, v. 24, n.2, p. 77-92, 2017.

LIPKA, M. Xenophon’s Spartan Consitution: Introduction, text and commentary. Berlin; New York: Walter de Gruyter, 2002.

MAINGUENEAU, D. Novas Tendências em Análise do Discurso. Trad.: F. Indursky. Campinas: Editora da Universidade Estadual de Campinas, 1997.

MÁRSICO, C.; ILLARRAGA, R.; MARZOCCA, P. Estudio preliminar. In: JENOFONTE/PSEUDO JENOFONTE. Constitución de los Lacedemonios; Constitución de los Atenienses; Hierón. Estudio preliminar, traducción y notas de C. Mársico, R. Illarraga y P. Marzocca. Bernal: Universidad Nacional de Quilmes, 2017, p. 9-110.

STRAUSS, L. The Spirit of Sparta or the Taste of Xenophon. Social Research, Vol.6, nº 4, p. 502-536, november 1939.

TAMIOLAKI, M. Virtue and Leadership in Xenophon: Ideal Leaders or Ideal Losers? In: HOBDEN, F.; TUPLIN, C. (Ed.). Xenophon: Ethical Principles and Historical Enquiry. Leiden; Boston: Brill, 2012, p. 563-590.

WATERFIELD, R. Xenophon’s Socratic Mission. In: TUPLIN, C. (Ed.). Xenophon and his World. Stuttgart: Franz Steiner Verlag, 2004, p.79-114.

Downloads

Publicado

2021-08-27

Edição

Seção

Artigos