Uma História Íntima: um Lugar Para a História em Pedro Páramo, de Juan Rulfo.

Autores

  • Guilherme Belcastro de Almeida Universidade Federal do Rio de Janeiro / UFRJ

Resumo

A crítica literária, no decorrer do tempo, vem assignando ao que se convencionou chamar de
romance realista, principalmente a partir do século XIX, um lugar privilegiado nas relações entre a
obra literária e a história. Esse artigo propõe uma mudança de perspectiva nessa relação, buscando
pensar como uma obra como Pedro Páramo (2014), que ultrapassa os limites do realismo tradicional
do século XIX -- seja ela considerada fantástica, um exemplar do realismo-maravilhoso ou outras
categorizações possíveisi - representa alguns acontecimentos históricos relevantes para a historiografa mexicana. No decorrer dessa argumentação, será possível perceber que as estratégias e técnicas
literárias que o romance de Rulfo lança mão não podem se limitar ao que se convencionou a chamar
como romance histórico ou mesmo a própria historiografa tradicional. Para isso, se desenvolverá
uma leitura cerrada de Pedro Páramo e também dos textos teóricos, de modo que as questões emerjam
da própria leitura, respeitando ao máximo os caminhos que os textos propõem em sua materialidade.
Assim, o caminho percorrido precisará pensar algumas questões que nascem a partir da estrutura do romance, como é o caso da ruína, tão marcante na obra de Rulfo e pensada conjuntamente com Benjamin, em seu ensaio Sobre o conceito de história (2014). O percurso do trabalho passa,
nesse sentido, pela questão de como se colocam em relação as tensões entre a ruína e a história, seja
ela a história de uma nação ou a história individual. Esse, aliás, é um problema que se apresenta em
primeiro plano na análise aqui proposta: como essas duas noções diferentes de história são chocadas uma contra a outra a partir da obra de Rulfo.

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Publicado

2017-12-06

Edição

Seção

Artigos