Estados, governança global e as mudanças na matriz energética mundial: uma análise sob a perspectiva das ‘instituições como regimes’

Autores

  • Francisco Ebeling Mestre em Políticas Públicas, Estratégias e Desenvolvimento pelo Instituto de Economia da UFRJ.

Palavras-chave:

Instituições como regimes, Governança global, Governança estatal, Mudanças climáticas, Matriz energética mundial

Resumo

O aquecimento global e as suas mazelas implicam na necessidade de alterar radicalmente a matriz energética do mundo. Em um momento de aparente euforia com os investimentos em energia renovável, este artigo tem como objetivo analisar, com base na perspectiva das “instituições como regimes” (Streeck e Thelen, 2009), se o lócus central das mudanças será a dimensão mundial (governança global) ou se os Estados nacionais (governança estatal) carregarão esta responsabilidade. A este nível de governança, é mais fácil taxar o carbono ou subsidiar a transição para fontes de energia renovável. Se ao nível da governança global os ‘rule takers’ conseguem reescrever as regras a seu favor ou são eles próprios os ‘rule makers’, ao nível da governança estatal os ‘rule makers’ conseguem domar, com maior facilidade, os interesses dos ‘rule takers’. Neste nível de governança, ainda, a sociedade civil ou a política tradicional – que definimos como ‘rule takers’ – pode influenciar com maior facilidade essa trajetória, de baixo para cima. Por fim, argumentamos que os interesses econômicos, políticos e geopolíticos dos grandes atores do cenário global – como China e Estados Unidos – geram ‘externalidades de rede’ sobre os regimes de governança global, tornando mais fácil o cumprimento de metas para outros países. No entanto, a mudança será do tipo ‘state led’, e não ‘regime led’.

Biografia do Autor

Francisco Ebeling, Mestre em Políticas Públicas, Estratégias e Desenvolvimento pelo Instituto de Economia da UFRJ.

MestreemPolíticasPúblicas,EstratégiaseDesenvolvimentopeloInstitutodeEconomiadaUFRJ.

Referências

ALTVATER, E.; BRUNNENGRÄBER, A. After Cancún. Wiesbaden: Springer, 2011.

ARRIGHI, G. The Developmentalist Illusion: A Reconceptualization of the Semiperiphery. In.: MARTIN, W.G. Semiperipheral States in the World-Economy. Westport: Greenwood Press, 1990. pp. 11-42.

BIEL, R. The entropy of capitalism. Chicago: Haymarket Books, 2013.

BOMTEMPO, J.V. O futuro dos biocombustíveis. In.: DUAILIBE, A.K. Combustíveis no Brasil. Rio de Janeiro: Synergia, 2012. pp.114-127

BOND, P. Politics of Climate Justice. Scotsville: University of KwaZulu-Natal Press, 2012 BRASIL. Lei nº 12.187, de 29 de dezembro de 2009. Institui a Política Nacional sobre Mudança do Clima - PNMC e dá outras providências.. Lex: Diário Oficial [da República Federativa do Brasil], Brasília, 2009. Disponível em <

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l12187.htm>. Acesso em 18 mar. 2015.

BRIDGE, G.; LE BILLON, P. Oil. Cambridge: Polity, 2013.

BRUNNENGRÄBER, A. Die Ökonomie des Klimawandels. Ökologisches Wirtschaften, n. 4, 2008.

CAMARGO, A. New Deal verde e desenvolvimento sustentável: um novo ciclo virtuoso para o desenvolvimento? In.: VELLOSO, J.P.R.; ALBUQUERQUE, R.C. A questão ambiental e a Rio + 20. Rio de Janeiro: Campus, 2012. pp.13-46

CAROLLO, S. Understanding Oil Prices. Chichester: Wiley Finance, 2012.

CHESTER, L.; PATON, J. Greening economic theory: Heterodox possibilities. Paper presented at the 2012 Association of Heterodox Conference, 2012.

COLL, S. Private Empire: ExxonMobil and American Power. New York: Penguin, 2012.

COURVISANOS, J. Political Aspects of Innovation, Research Policy, 38 (7), 1117-24, 2009.

DI MUZIO, T. The crisis of petro-market civilization: the past as prologue? In.: GILL, S. (ed.) Global Crises and the Crisis of Global Leadership. New York: Cambridge University Press, 2012. pp.73-88

DINIZ, E. Governabilidade, Democracia e Reforma do Estado: Os Desafios da Construção de uma Nova Ordem no Brasil dos anos 90. Dados – Revista de Ciências Sociais, Rio de Janeiro, Vol. 38. No 3. 1995. pp. 385-415.

____. Governabilidade, governance e reforma do Estado: considerações sobre o novo paradigma. Revista do Serviço Público/Fundação Escola Nacional de Administração Pública, vol. 1, no 1, mai-ago/1996.

____. Uma perspectiva analítica para a reforma do Estado. Lua Nova, no. 43, São Paulo, 1998a.

____. Governabilidade e democracia. In.: RUA, M.G.; CARVALHO, M.I.V. (orgs.) O estudo da política. Brasília: Paralelo 15, 1998b. pp.261-290

____. O Pós-Consenso de Washington: globalização, Estado e governabilidade reexamina- dos. In: DINIZ, E. (org) Globalização, Estado e Desenvolvimento. Rio de Janeiro: FGV, 2007.

DRECHSLER, W. Governance In and Of Techno-Economic Paradigm Shifts: Considerations For and From the Nanotechnology Surge. In.: DRECHSLER, W.; KATTEL, R.; REINERT, E.S. (eds.) Tech- no-Economic Paradigms: Essasys in Honour of Carlota Perez. London: Tulika, 2011. pp. 95-104.

DUGGER, W.M., SHERMAN, H.J. Reclaiming Evolution. London: Routledge, 2000.

EAGLETON, T. Ideologia: uma introdução. São Paulo: Boitempo Editorial, 1997.

EL-GAMAL, M. JAFFE, A.M. Oil, Dollars, Debt, and Crises: The Global Curse of Black Gold. Cam- bridge: Cambridge University Press, 2010.

EVANS, P. In Search of the 21st Century Developmental State. The Centre for Global Political Economy. University of Sussex. UK. Working Paper Nº 4, 2008.

EXXONMOBIL. Outlook for Energy - a view for 2040. 2015. Disponível em: http://cdn.exxonmobil. com/~/media/Reports/Outlook%20For%20Energy/2015/2015-Outlook-for-Energy_print-reso- lution.pdf

FIORI, J.L. História, Estratégia e Desenvolvimento. São Paulo: Boitempo Editorial, 2014.

GALBRAITH, J.K. O novo estado industrial. São Paulo: Nova Cultural, 1988.

____. Capitalismo Americano. São Paulo: Novo Século, 2009.

GILL, S. Leaders and led in an era of global crises. In. GILL, S. Global Crises and the Crisis of Global Leadership. Cambridge: Cambridge University Press, 2012. pp. 23-37

GONZALEZ, G. An Eco-Marxist Analysis of Oil Depletion via Urban Sprawl. Environmental Politics, vol. 15, nº. 4, 515 – 531, agosto de 2006.

GUDYNAS, E. Transitions to post-extractivism: directions, options, areas of action. In.: LANG, M., MOKRANI, D. Beyond Development: Alternative Visions from Latin America. Quito: Fundación Rosa Luxemburgo, 2013. pp. 165-188

GUSTAFSON, B. Fossil Knowledge Networks: Industry Strategy, Public Culture and the Chal- lenge for Critical Research. In.: MCNEISH, J.-A.; LOGAN, O. (orgs.) Flammable Societies. London: Pluto Press, 2012. pp.311-334

HARVEY, D. The Enigma of Capital. New York: Oxford, 2010.

HOLT,R.P.F.; PRESSMAN, S.; SPASH, C. Post Keynesian and Ecological Economics: Confronting Environmental Issues. Cheltenham: Edward Elgar, 2009.

IBP. Agenda Prioritária da Indústria de Petróleo, Gás e Biocombustíveis – 2014-2015. Disponível em http://issuu.com/ibp_pub/docs/ibp_agendaprioritaria_web?mode=embed&layout=http%3A%- 2F%2Fskin.issuu.com%2Fv%2Flight%2Flayout.xml&backgroundColor=e6e6e6.

IEA. World Energy Outlook. Paris: OECD/IEA, 2013.

IRENA. U.S. Can Reach 50% Renewable Generation by 2030, Says IRENA. PowerMag, 01/12/2015. Disponível em http://www.powermag.com/u-s-can-reach-50-renewable-generation-by-

-says-irena/

JACOBS, M. The Real Lima Deal. Project Syndicate, 15/12/2014. Disponível em: < https://www. project-syndicate.org/commentary/lima-global-climate-change-agreement-by-michael-jaco- bs-2014-12>

JIANKUN, H.; STERN, N. China’s Climate Commitment. Project Syndicate, 23/07/2014. Disponível em: <http://www.project-syndicate.org/commentary/he-jiankun-and-nicholas-stern-praise-the- chinese-authorities-for-their-euorts-to-fight-global-warming>

LEFF, E. La Ecología Política en América Latina. Un campo en construcción. In: ALIMONDA, H.(ed.): Los tormentos de la materia. Aportes para una ecologia política latinoamericana. Buenos Aires: CLACSO, 2006, pp. 21-39.

LISTER, M.; MARSH, D. Conclusion. In.: HAY, C., LISTER, M., MARSH, D. (eds.) The State: Theories and Issues. Basingstoke: Palgrave MacMillan, 2005. p. 248-260.

MAGDOFF, F.; FOSTER, J.B. What Every Environmentalist Needs to Know About Capitalism. Nova Iorque: Monthly Review Press, 2011.

MARTÍNEZ-ALIER, J. O Ecologismo dos Pobres. São Paulo: Editora Contexto, 2007.

MAZZUCATO, M. The entrepreneurial state. London: Anthem Press, 2013.

MITCHELL, T. Carbon Democracy. New York: Verso, 2011.

MCNEISH, J-A.; LOGAN, O. Conclusion: All Other Things Do Not Remain Equal. In.: MCNEISH, J.-A.; LOGAN, O. (orgs.) Flammable Societies. London: Pluto Press, 2012. pp.335-352

MUSGRAVE, R. Theories of Fiscal Crisis: an Essay in Fiscal Sociology. In.: BOSKIN, M. (ed.). The Economics of Taxation. Washington DC: Brookings, 1980-81.

NADAL, A. Macroeconomics for sustainability. London: Zed Books, 2011.

NAYYAR, D. A corrida pelo crescimento: países em desenvolvimento na economia mundial. Rio de Janeiro: Contraponto, 2013.

NEWELL, P., PATERSON. M. Climate Capitalism. Cambridge: Cambridge University Press: 2010.

NOBRE, M., AMAZONAS,M.C (org). Desenvolvimento Sustentável. Brasilia:.Edições Ibama, 2002.

OFFE, C. Strukturprobleme des kapitalistischen Staates: Aufsätze zur Politischen Soziologie. Frank- furt: Campus Verlag, 2006.

O’HARA, P.A. Marx, Veblen, and Contemporary Institutional Political Economy. Cheltenham: Edward Elgar, 2000.

____. Political economy of climate change, ecological destruction and uneven devel- opment. Ecological Economics, nº 69, 2009. pp.223–234.

PASINETTI, L. Keynes and the Cambridge Keynesians. Cambridge: Cambridge University Press, 2009.

PEREZ, C. Technological Revolutions and Financial Capital: The Dynamics of Bubbles and Golden Ages. Cheltenham: Edward Elgar, 2003.

PINTO JR., H. Q. (org.). Economia da Energia. Rio de Janeiro: Campus, 2007.

RESNICK, S.A.; WOLFF, R. New Departures in Marxian Theory. London: Routledge, 2006.

RODRIK, D. From Welfare State to Innovation State. Project Syndicate, 14/01/2015. Disponível em: <http://www.project-syndicate.org/commentary/labor-saving-technology-by-dani-ro- drik-2015-01>

SACHS, J.D. Financing Climate Safety. Project Syndicate, 26/12/2014. Disponível em:

chs-2014-12>

SERÔA DA MOTTA, R. A Regulação das emissões de gases de efeito estufa no Brasil. In. SALGA- DO, L.H.; FIUZA, E. (org). Marcos Regulatórios no Brasil: revendo o papel do Estado após a crise financeira. Rio de Janeiro: Ipea, 2010. p. 307-325

____. A Política nacional sobre mudança do clima: aspectos regulatórios e de governança. In. SERÔA DA MOTTA, R. (org). Mudança do clima no Brasil: aspectos econômicos, sociais e regulatórios. Brasilia: Ipea, 2011. p. 31-42

SERRANO, F. A Economia Americana, o Padrão Dólar Flexível e a Expansão Mundial nos Anos 2000. In. FIORI, J.L.; MEDEIROS, C.; SERRANO, F. O Mito do Colapso do Poder Americano. Rio de Janeiro: Record, 2008. p.71-172

SHAH, S. Crude: the story of oil. New York: Seven Stories Press, 2004.

SCHUTTE, G.R. Energia e Desenvolvimento Sustentável no Brasil – Trajetórias recentes e perspecti- vas. Análise, Friedrich Ebert Stiftung Brasil, agosto de 2014.

SHORT, N. Leadership, neoliberal governance and global economic crisis: a Gramscian Analysis. In. GILL, S. Global Crises and the Crisis of Global Leadership. Cambridge: Cambridge University Press, 2012. pp.38-55

SILVA, C.M.S. Reforma tributária: a CIDE e a variação de preços de combustíveis no Brasil. In.: BICALHO, R. (org). Ensaios sobre política energética. Rio de Janeiro: Interciências, 2007. pp.116-9

STILWELL, F. Political Economy: The Contest of Economic Ideas. Melbourne: OUP Australia and New Zealand, 2012.

STREECK, W.; THELEN, K. Institutional Change in Advanced Political Economies. In. HANCKÉ, B. (org). Debating Varieties of Capitalism. New York: Oxford University Press 2009. p. 95-131

SVAMPA, M. Resource extractivism and alternatives: Latin American perspectives on develop- ment.In.: LANG, M., MOKRANI, D. Beyond Development: Alternative Visions from Latin America. Quito: Fundación Rosa Luxemburgo, 2013. pp. 117-144

URRY, J. Societies beyond oil. Zed Books: London, 2013.

VAN DER PLOEG, F. Macroeconomics of sustainability transitions: Second-best climate policy, Green Paradox, and renewables subsidies. Environmental Innovation and Societal Transitions, v.1, p. 130-134, 2011.

VICTOR, P. Managing Without Growth. Cheltenham: Edward Elgar, 2008

WEISS, L. The myth of the powerless state. Ithaca: Cornell University Press, 1998

WINNETT, A. Environmental Economics. In.: KING, J.E. (ed.) The Elgar Companion to Post Keyne- sian Economics. Chelthenham: Edward Elgar, 2012. pp.170-175

YERGIN, D. The Prize. New York: Free Press, 2003.

ZALIK, A. Oil ‘futures’: Shell’s Scenarios and the social constitution of the global oil market. Geoforum, n. 41, 2010, p. 553-564,

Downloads

Publicado

2020-02-09

Edição

Seção

Artigos