O liberal-desenvolvimentismo da FIESP nos governos do PT: a construção pragmática de uma agenda político-econômica

Autores

  • Francisco Duarte rograma de Pós-graduação em Políticas Públicas, Estratégias e Desenvolvimento, Instituto de Economia, Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Palavras-chave:

Agenda da Fiesp, liberal-desenvolvimentismo, convenções do desenvolvimento, pragmatismo, governos do Partido dos Trabalhadores

Resumo

Após ter reivindicado as políticas econômicas que contribuíram para o fracassodo governo Dilma, a Fiesp participou da derrubada da presidente e da formulação da agenda ultraliberal que alçou Temer ao poder. Este comportamento expôs o pragmatismo histórico da Fiesp, que busca alianças para alcançar seus interesses, mas não hesita em rompê-las, com certa autonomia, a depender do contexto. Para testar essa tese, recuamos aos governos Lula e analisamos como o pragmatismo e a busca por autonomia contribuem na construção da agenda da Fiesp. Abordamos, qualitativamente, fontes primárias e secundárias. Sem partido definido, a Fiesp tem uma agenda ancorada na convenção liberal-desenvolvimentista, que pendulaentre pautas desenvolvimentistas e neoliberais. O comportamento pendular da Fiesp é sensível às conjunturas. Na década passada, diante do pactolulistae da retomada do crescimento, movimentou-semoderadamente. Nesta década, com a queda das taxas de lucro e a crescente desindustrialização, acompanhou a radicalização dos abastados.

Biografia do Autor

Francisco Duarte, rograma de Pós-graduação em Políticas Públicas, Estratégias e Desenvolvimento, Instituto de Economia, Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Doutor em Política Social e professor do Programa de Pós-graduação em Políticas Públicas, Estratégias e Desenvolvimento,
Instituto de Economia, Universidade Federal do Rio de Janeiro.

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Publicado

2021-07-07

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Seção

Artigos