Percepções e representações sociais de famílias pobres e atores institucionais sobre pobreza e ação pública

Autores

  • Andréia Tecchio Universidade Federal de Santa Catarina
  • Geneviève Cortes Université Paul Valéry Montpellier III,
  • Monique Medeiros Universidade Fderal do Pará
  • Ademir A. Cazella Universidade Federal de Santa Catarina

Palavras-chave:

percepção, representação, pobreza, ação pública.

Resumo

O artigo analisa a subjetividade da pobreza e de ações públicas a partir da perspectiva de famílias pobres e atores institucionais, no Oeste de Santa Catarina. Para além da pesquisa documental foram realizadas entrevistas com 40 famílias pobres e 38 atores institucionais. O estudo se apoia nos conceitos da territorialização da ação pública, da pobreza
objetiva com ênfase na sua dimensão absoluta e relativa e da pobreza subjetiva, com foco na sociologia da pobreza. Entre os entrevistados, mais da metade se considera pobre e atribui esta situação à falta de bens materiais, enquanto os demais não se consideram pobres, condição associada a status social desqualificado. As ações públicas  territorializadas melhoraram as condições de vida das pessoas, mas os investimentos públicos não foram suficientes para promover a superação da condição de pobreza. A pobreza é estigmatizada pela maioria dos atores institucionais, dificultando uma eficaz implementação de ações públicas para seu tratamento. 

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Publicado

2021-07-09

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Artigos