Da marginalização à mobilização: A articulação dos movimentos sociais na luta contra o racismo ambiental na Região Metropolitana do Recife (RMR)
DOI:
https://doi.org/10.51861/ded.dmvqt.1.214Palavras-chave:
Racismo Ambiental, Desigualdade Socioespacial, Região Metropolitana do Recife, Movimentos Sociais.Resumo
O racismo ambiental, enquanto fenômeno, permite um maior aprofundamento analítico e decolonial acerca das dinâmicas de produção e ocupação desigual do espaço urbano. Na prática, este se materializa pela precarização de assentamentos, maiores índices de doenças infectocontagiosas e maior vulnerabilidade a desastres ambientais para determinados grupos raciais. Tendo isso como base, o artigo tem por objetivo — analisar o fenômeno do racismo ambiental na Região Metropolitana do Recife (RMR) e a atuação dos movimentos sociais no seu combate. Dialeticamente, esta parte de uma pesquisa bibliográfica, documental, e de estudo de caso dos movimentos sociais CAUS e Fruto de Favela, via fontes secundárias. Como resultados, tornou-se possível construir um paralelo histórico acerca da ocupação territorial da região com o fenômeno observado, além de identificar a conscientização, mobilização, e articulação dos movimentos sociais aqui analisados.
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