A gestão de recursos hídricos baseada na abordagem dos serviços ecossistêmicos
DOI :
https://doi.org/10.51861/ded.dmvqt.2.694Mots-clés :
Modelos de Gestão, Instrumentos de Gestão, Valoração, Recursos Naturais, Cobrança pelo uso da águaRésumé
O uso além da capacidade de reposição/recuperação da natureza resulta em escassez, o que compromete não só o funcionamento do ecossistema, mas também das atividades desenvolvidas pela sociedade. Assim, é necessário propor modelos de gestão ambiental que sejam capazes de coibir a sobreutilização dos recursos naturais. No caso da água, vários modelos de gestão foram criados ao longo do século XX. Neste contexto, o objetivo é apresentar e discutir a evolução dos modelos e instrumentos de gestão dos recursos hídricos e a adoção da cobrança pela água a partir dos pressupostos básicos da Economia Ecológica, da abordagem baseada em serviços ecossistêmicos e em experiências na gestão de bacias hidrográficas. O estudo foi desenvolvido com base em informações secundárias, pesquisa bibliográfica e documental. Frente aos objetivos em comum da abordagem de SEs e da gestão integrada dos recursos hídricos e os resultados positivos obtidos em programas que adotaram os SEs como foco de suas políticas, sugere-se que esta conexão pode trazer grandes benefícios socioeconômicos e ambientais para diferentes regiões.
Références
AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS (ANA). Cadernos de capacitação em recursos hídricos: Cobrança pelo uso de recursos hídricos. Brasília: ANA, 2014. v. 7
AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS (ANA). Plano Nacional de Segurança Hídrica. Brasília: ANA, 2019.
ANDRADE, D. C. Economia e meio ambiente: aspectos teóricos e metodológicos nas visões neoclássica e da economia ecológica. Leituras de Economia Política, Campinas, n. 14, p. 1–31, 2008.
ANDRADE, D. C.; ROMEIRO, A. R. Capital natural, serviços ecossistêmicos e sistema econômico: rumo a uma “Economia dos Ecossistemas”. Texto para Discussão (IE/UNICAMP), n. 159, p. 24, 2009.
ANDRADE, D. C.; ROMEIRO, A. R. Valoração de serviços ecossistêmicos: por que e como avançar? Sustentabilidade em Debate, v. 4, n. 1, p. 43–58, 2013.
BRASIL. Lei nº 14.119, de 13 de janeiro de 2021. Institui a Política Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais; e altera as Leis nºs 8.212, de 24 de julho de 1991, 8.629, de 25 de fevereiro de 1993, e 6.015, de 31 de dezembro de 1973, para adequá-las à nova política. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/L14119.htm>. Acesso em: 18 jul. 2022.
BRAUMAN, K. A. et al. The Nature and Value of Ecosystem Services: An Overview Highlighting Hydrologic Services. Annual Review of Environment and Resources, v. 32, n. 1, p. 67–98, 2007. https://doi.org/10.1146/annurev.energy.32.031306.102758
BRAUMAN, K. A.; MEULEN, S. VAN DER; BRILS, J. Risk-Informed Management of European River Basins. Heidelberg: Springer Berlin, v. 29, 2014.
CAMPOS, V. N. de O. O Comitê de Bacia Hidrográfica do Alto Tietê e o Consejo de Cuenca del Valle de México: potencialidades e limites da gestão participativa da água 1980-2005. 2008. Tese (Doutorado em Integração da América Latina) - Integração da América Latina, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007.
CAVALCANTI, C. Uma tentativa de caracterização da economia ecológica. Ambiente & Sociedade, v. 7, n. 1, p. 149–158, 2004. https://doi.org/10.1590/S1414-753X2004000100009
CECHIN, A.; VEIGA, J. E. da. O fundamento central da Economia Ecológica. In: MAY, P. (Org.). Economia do meio ambiente: teoria e prática, n. Janeiro 2009, p. 33–48, 2010.
CHRISTIE, M. et al. An evaluation of economic and non-economic techniques for assessing the importance of biodiversity to people in developing countries. London, 2008.
COOK, B. R.; SPRAY, C. J. Ecosystem services and integrated water resource management: Different paths to the same end? Journal of Environmental Management, v. 109, p. 93–100, 2012. https://doi.org/10.1016/j.jenvman.2012.05.016
COSTANZA, R. What is ecological economics? Ecological Economics, v. 1, p. 1-7, 1989.
COSTANZA, R. et al. The value of the world’s ecosystem services and natural capital. Nature, v. 387, p. 253–260, 1997. https://doi.org/10.1038/387253a0
COSTANZA, R. et al. Changes in the global value of ecosystem services. Global Environmental Change, v. 26, n. 1, p. 152–158, 2014. https://doi.org/10.1016/j.gloenvcha.2014.04.002
COSTANZA, R.; DALY, H. E. Natural capital and sustainable development. Conservation Biology, v. 6, n. 1, p. 37–46, 1992.
DAILY, G. C. What are ecosystem services. In: DAILY, G. C. (Ed.). Nature’s Services: societal dependence on Natural Ecosystems. Washington, DC.: Island Press, 1997. p. 10.
DALY, H. E. Economics in a full world. IEEE Engineering Management Review, v. 33, n. 4, p. 21, 2005.
DALY, H. E.; FARLEY, J. C. Ecological economics: principles and applications. Island Press, 2011.
DE GROOT, R. S.; WILSON, M. A.; BOUMANS, R. M. J. A typology for the classification, description and valuation of ecosystem functions, goods and services. Ecological Economics, v. 41, n. 3, p. 393–408, 2002. https://doi.org/10.1016/S0921-8009(02)00089-7
DOWNS, P. W.; GREGORY, K. J.; BROOKES, A. How Integrated Is River Basin Management ? Environmental management, p. 209-309, 1991. https://doi.org/10.1007/BF02393876
FROTA, P. V. Propostas Para Gestão Integrada De Recursos Hídricos Na Bacia Hidrográfica Do Rio Jardim - DF. 2006. 167 f. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Sustentável) - Universidade de Brasília, Brasília, 2006.
GARCIA, J. R.; ROMEIRO, A. R. O papel da modelagem econômico-ecológica na gestão integrada dos ecossistemas. Revista da ANPEGE, v. 10, p. 131–153, 2014. https://doi.org/10.5418/RA2014.1014.0006
GARCIA, J. R.; ROMEIRO, A. R. Pagamento por serviços ambientais em extrema, Minas Gerais: avanços e limitações. Revista Iberoamericana de Economía Ecológica, v. 29, n. 1, p. 11–32, 2019.
GARCIA, J. R.; ROMEIRO, A. R. Gestão Integrada dos Recursos Hídricos: a experiência de Nova Iorque. In: Águas: Boletim n. 40/EcoEco. Sociedade Brasileira de Economia Ecológica, 2020. p. 49–55.
GRIZZETTI, B. et al. Environmental Science & Policy Assessing water ecosystem services for water resource management. Environmental Science and Policy, v. 61, p. 194–203, 2016. https://doi.org/10.1016/j.envsci.2016.04.008
HARDIN, G. Environmental ethics for engineers. Science, v. 162, n. 3859, p. 1243–1248, 1968.
INTERNATIONAL FORUM COMMITTEE (IFC). Global Water Framework: 6th World Water Forum. Marseille, 2012. Disponível em: <http://www.worldwaterforum6.org/fileadmin/user_upload/pdf/publications_elem/global_water_framework.pdf>. Acesso em: 22 jun. 2018.
JARDIM, M. H. Pagamentos por serviços ambientais na gestão de recursos hídricos: o caso de Extrema-MG. 2010. 221 f. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Sustentável) - Universidade de Brasília, Brasília, 2010.
JASPERS, F. G. W. Institutional arrangements for integrated river basin management. Water Policy, v. 5, n. 1, p. 77–90, 2003. https://doi.org/10.2166/wp.2003.0004
LANNA, A. E. L. A Inserção da gestão das águas na gestão ambiental. In: Interfaces da Gestão de Recursos Hídricos: desafios da Lei de Águas de 1997. Secretaria de Recursos Hídricos, 2000, p. 75–108.
LANNA, A. E. L. Introdução à Gestão das Águas no Brasil. Porto Alegre. 2001.
LANNA, A. E. L.; CÁNEPA, E. M. O gerenciamento de bacias hidrográficas e o desenvolvimento sustentável: uma abordagem integrada. Ensaios FEE, v. 15, n. 1, p. 269–282, 1994.
LUSTOSA, M. C. J.; CÁNEPA, E. M.; YOUNG, C. E. F. Política Ambiental. In: MAY, P. H. (Ed.). Economia do meio ambiente: teoria e prática. 2a ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. p. 163–179.
MAIA, A. G.; ROMEIRO, A. R.; REYDON, B. P. Valoração de recursos ambientais – metodologias e recomendações. Texto para Discussão (IE/UNICAMP), n. 116, p. 38, 2004.
MILLENNIUM ECOSYSTEM ASSESSMENT (MA). Ecosystems and Human Well-being: A Framework for Assessment. Washington: Island Press, 2003.
MILLENNIUM ECOSYSTEM ASSESSMENT (MA). Ecosystems and human well-being: Wetlands and Water. Washington: World Resources Institute, 2005a.
MILLENNIUM ECOSYSTEM ASSESSMENT (MA). Overview of the Millennium Ecosystem Assessment. 2005b. Disponível em: <https://www.millenniumassessment.org/en/About.html#1>. Acesso em: 28 maio. 2018.
MOTTA, R. S. da. Manual para valoração Econômica de recursos ambientais. Rio de Janeiro: IPEA/MMA/PNUD/CNPq, 1997.
MOTTA, R. S. da. Utilização de critérios econômicos para a valorização da água no Brasil. IPEA: Texto para discussão, n. 556, p. 80, 1998.
MOTTA, R. S. DA; RUITENBEEK, J.; HUBER, R. Uso de instrumentos econômicos na gestão ambiental da América Latina e Caribe: lições e recomendações. IPEA: Texto para discussão, n. 440, p. 66, 1996.
MOURA, A. M. M. de. Aplicação dos instrumentos de política ambiental no Brasil: avanços e desafios. In: Moura, A. M. M. de (Ed.). Governança ambiental no Brasil: instituições, atores e políticas públicas. Brasília: IPEA, 2016. p. 111–145.
MUNK, N. Inclusão Dos Serviços Ecossistêmicos na Avaliação Ambiental Estratégica. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2015.
NOGUEIRA, J. M.; PEREIRA, R. R. Critérios e Análise Econômicos na Escolha de Políticas Ambientais. NEPAMA, p. 1–20, 1999.
ORGANISATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND DEVELOPMENT (OECD). Water. In: OECD Environmental Outlook to 2050: The Consequences of Inaction. OECD Environmental Outlook, 2012. p. 207–274.
ORGANIZAÇÃO PARA A COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO (OCDE). Governança dos recursos hídricos no Brasil. Paris: OECD Publisher, 2015. https://doi.org/10.1787/9789264238169-pt
OSTROM, E. Governing the Commons: The Evolution of Institutions for Collective Action. Cambridge University Press, 1990.
OSTROM, V.; TIEBOUT, C. M.; WARREN, R. The organization of government in metropolitan areas: a theoretical inquiry. American political science review, v. 55, n. 4, p. 831–842, 1961.
PAGIOLA, S. Payments for environmental services in Costa Rica. Ecological Economics, v. 65, n. 4, p. 712–724, 2008. https://doi.org/10.1016/j.ecolecon.2007.07.033
PAHL-WOSTL, C.; KNIEPER, C. The capacity of water governance to deal with the climate change adaptation challenge: Using fuzzy set Qualitative Comparative Analysis to distinguish between polycentric, fragmented and centralized regimes. Global Environmental Change, v. 29, p. 139–154, 2014. https://doi.org/10.1016/j.gloenvcha.2014.09.003
PIRES, M. Watershed protection for a world city: The case of New York. Land Use Policy, v. 21, p. 161–175, 2004. https://doi.org/10.1016/j.landusepol.2003.08.001
PREFEITURA DE EXTREMA. 2019. Conservador das Águas chega aos Tenentes Rural. Disponível em: <https://www.extrema.mg.gov.br/noticias/conservador-das-aguas-se-expande-para-a-regiao-norte-da-cidade/>. Acesso em: 22 jun. 2022.
RESENDE FILHO, M. DE A.; CORREA, J. S. O.; TORRES, M. de O. Water Pricing in Brazil: Successes, Failures, and New Approaches. In: DINAR, A.; POCHAT, V.; ALBIAC-MURILLO, J. (Eds.). Water Pricing Experiences and Innovations. Switzerland: Springer, 2015. v. 9, p. 41–62.
ROMEIRO, A. R. Economia ou economia política da sustentabilidade. Economia do Meio Ambiente: Teoria e Prática, n. 102, p. 28, 2001.
ROMEIRO, A. R. Desenvolvimento sustentável: uma perspectiva econômico-ecológica. Estudos Avançados, 2012.
THE ECONOMICS OF ECOSYSTEMS AND BIODIVERSITY (TEEB). Mainstreaming the economics of Nature: A synthesis of the approach, conclusions and recommendations of TEEB. 2010
THE WORLD BANK. Data about environment. Disponível em: <https://data.worldbank.org/topic/environment>. Acesso em: 18 jul. 2022.
TUNDISI, J. G. Recursos hídricos no futuro: problemas e soluções. Estudos Avançados, v. 22, n. 63, p. 7–16, 2008. https://doi.org/10.1590/S0103-40142008000200002
UNITED NATIONS ENVIRONMENT PROGRAMME (UN Environment). Advancing integrated water resources management. Disponível em: https://www.unenvironment.org/explore-topics/water/what-we-do/advancing-integrated-water-resources-management>. Acesso em: 2 mai. 2018.
UNITED NATIONS WORLD WATER ASSESSMENT PROGRAMME (WWAP). The United Nations World Water Development Report 2015: Water for a Sustainable World. Paris: UNESCO, 2015.
UNITED NATIONS WORLD WATER ASSESSMENT PROGRAMME (WWAP). The United Nations World Water Development Report 2019: Leaving No One Behind. Paris: UNESCO, 2019.
VAN HOFWEGEN, P. J. M. ; JASPERS, F. G. W. Analytical framework for integrated water resources management: guidelines for assessment of institutional frameworks. Rotterdam: A.A. Balkema, 1999.
WORLD RESOURCES INSTITUTE (WRI). Water: Mapping, measuring, and mitigating global water challenges. WRI, 2017.
WORLD RESOURCES INSTITUTE (WRI). Como funciona o pagamento por serviços ambientais a quem protege e restaura florestas. 2021. Disponível em: <https://wribrasil.org.br/pt/blog/florestas/como-funciona-o-pagamento-por-servicos-ambientais-quem-protege-e-restaura-florestas>. Acesso em: 22 jun. 2022.
WORLD WATER COUNCIL (WWC). 7th World Water Forum Final Report. República da Coréia: World Water Council, 2015.