A Agenda FIESP II: uma análise econômica do apoio da entidade ao impeachment de 2016

Autores

DOI:

https://doi.org/10.51861/ded.dmvqt.1.906

Palavras-chave:

FIESP, Impeachment, Agenda FIESP II, Burguesia Interna, Bloco no Poder

Resumo

O apoio formal da FIESP ao processo de impeachment, que afastou a presidenta Dilma Rousseff, além de ter sido algo inédito na história da entidade industrial, foi uma guinada na relação criada com o PT e, mais precisamente, com o governo da citada mandatária. Assim, o objetivo do artigo é investigar o apoio desta entidade ao impeachment, buscando elucidar a projeção econômica que o empresariado industrial do estado de São Paulo materializou ao decidir atuar politicamente a favor do impedimento e, portanto, contra a manutenção de um projeto que, desde meados dos anos 2000, combinava crescimento econômico com certo grau de distribuição de renda. Foi identificado que o apoio da referida entidade industrial ao impeachment buscava, em um novo cenário econômico e político, manter o processo de redução de custos para o setor industrial, que já estava em curso, mas agora ocorreria em novas bases.

Biografia do Autor

Daniel Alem Rego, Banco do Brasil

Mestre em Economia na Universidade Federal da Bahia. Graduado em Ciênciais Econômicas pela Universidade Estadual de Feira de Santana. Tem experiência na área de Economia, com ênfase em Economia Brasileira e Economia Institucional. 

Leonardo Bispo de Jesus Júnior, Universidade Federal da Bahia (UFBA)

Doutor em Ciência Econômica pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Mestre em Economia (2009) e Bacharel em Ciências Econômicas (2006) pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Estágio Pós-Doutoral no Programa de Pós-Graduação em Economia (PPGE) da UFBA. Atualmente é professor Adjunto, em regime de dedicação exclusiva, da Faculdade de Economia da UFBA e Pesquisador da Unidade de Estudos Setoriais (UNES-UFBA). Tem experiência na área de Economia, com ênfase em Microeconomia, Organização Industrial e Estudos Industriais, atuando, principalmente, nos seguintes temas: Indústria em Rede, Política Industrial, Instalações Essenciais, Regulação Econômica, Legislação Antitruste e Governança Corporativa.

Referências

ABREU, M. P.; WERNECK, R. Estabilização, abertura e privatização, 1990-1994. In: ABREU, M. P. A ordem do progresso: dois séculos de política econômica no Brasil. 2ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014.

ALENCAR, K. Kennedy Alencar entrevista Paulo Skaf (Bloco 1/3). Programa "É Notícia" exibido em 26/05/13. Publicado em 12 de jul. de 2013. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=pJga98rgKVY&t=5s>.

ALMEIDA, J. S.; NOVAIS, L. F. Indústria e política industrial no contexto pós-crise. In: NOVAIS, L. F. et al. (Orgs). A economia brasileira no contexto da crise global. São Paulo: Fundap, 2014.

ALMEIDA JR., M. A política fiscal no Brasil e perspectivas para 2015/2018. In: GIAMBIAGI, Fabio; PORTO, Claudio. Proposta para o governo 2015/2018: Agenda para um país próspero e competitivo. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.

ALMEIDA JR., M.; LISBOA, M. B.; PESSOA, S. O ajuste inevitável ou o país que ficou velho antes de se tornar desenvolvido. 2019. Disponível em:<http://igepp.com.br/uploads/arquivos/folha-ajuste-inevitavel-almeida_lisboa_pessoa.pdf>.

ALMEIDA, J. S. G.; NOVAIS, L. F.; ROCHA, M. A. A fragilização financeira das empresas não financeiras no Brasil pós-crise. Campinas: Instituto de Economia / Unicamp, 2016 (Working Paper).

ARBACHE, J. Como elevar a produtividade? In: GIAMBIAGI, Fabio; PORTO, Claudio. Proposta para o governo 2015/2018: Agenda para um país próspero e competitivo. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.

BARBOSA, C. A. A Fiesp e o Estado Nacional: De escudeiros e opositores (Uma breve história do empresariado industrial paulista e a crise do regime autoritário) 1979 a 1985. Dissertação (Mestrado em Geografia Humana). Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas. Universidade de São Paulo: São Paulo, 2008. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8136/tde-01102009-165641/pt-br.php>.

BARBOSA FILHO, F. H. A crise econômica de 2014/2017. Estud. av. [online]. 2017, vol.31, n.89, pp.51-60.

BARBOSA-FILHO, N. H. Revisionismo histórico e ideologia: as diferentes fases da política econômica dos governos do PT. BRAZILIAN KEYNESIAN REVIEW, v. 4, p. 102, 2018.

BASTOS, P. P. Z. Ascensão e crise do governo Dilma Rousseff e o Golpe de 2016: Poder estrutural, contradição e ideologia. In: Revista de Economia Contemporânea, núm. esp., 2017, p. 1-63. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1415-98482017000200209&script=sci_abstract&tlng=pt>.

BERRINGER, T. A burguesia interna brasileira e a integração regional da América do Sul (1991-2016). OIKOS (Rio de Janeiro), v. 16, n. 1, 2017.

BOITO JR., A. Reforma e crise política no Brasil: os conflitos de classe nos governos do PT. Campinas: Edunicamp, 2018.

BOITO JR., A. As bases políticas do neodesenvolvimentismo. 2012. Disponível em: <http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/handle/10438/16866>. Acesso em: 10 mar. 2018.

BOITO JR., A. Governos Lula: a nova burguesia nacional no poder. In: BOITO JR.,A.; GALVÃO, A. Política e classes sociais no Brasil dos anos 2000. São Paulo: Alameda Editorial, 2012.

BOITO JR., A. Política neoliberal e sindicalismo no Brasil. 1. ed. São Paulo: Xamã Editora, 1999.

BOITO JR., A.; BERRINGER, T. Brasil: classes sociais, neodesenvolvimentismo e política externa nos governos Lula e Dilma. Revista de Sociologia e Política, 2013, 21.47: 31-38.

BORGES, B. Como a Lava-Jato afetou o PIB? Novas evidências para o debate. In: BLOG DO IBRE/FGV. 14 de setembro de 2018. Disponível em:<https://blogdoibre.fgv.br/posts/como-lava-jato-afetou-o-pib-novas-evidencias-para-o-debate>.

CAETANO, M. A. Reforma previdenciária, cedo ou tarde. In: GIAMBIAGI, F.; PORTO, C. Proposta para o governo 2015/2018: Agenda para um país próspero e competitivo. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.

CALICCHIO, V.; DELGADO, I. G. Verbete: Centro das Indústrias do Estado de São Paulo. In: Dicionário Histórico Biográfico Brasileiro. FGV-CPDOC. Disponível em: <http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-tematico/centro-das-industrias-doestado-de-sao-paulo>. 2019.

CAMPOS, P. H. Os efeitos da crise econômica e da operação Lava-jato sobre a indústria da construção pesada no Brasil: falências, desnacionalização e desestruturação produtiva. Mediações-Revista de Ciências Sociais, 24.1: 127-153. Mediações, Londrina, v. 24 n. 1, p .127-153, jan./abr. 2019.

CANO, W. Crise e industrialização no Brasil entre 1929 e 1954: a reconstrução do Estado Nacionale a política nacional de desenvolvimento. Brazilian Journal of Political Economy, v. 35, n. 3, p. 444-460, 2015.

CARVALHO, L. Valsa Brasileira: do boom ao caos econômico. São Paulo: Todavia, 2018.

CARVALHO, S. S. Uma visão geral sobre a reforma trabalhista. Boletim Mercado de Trabalho - Conjuntura e Análise, Brasília-DF, n. 63, p. 81-92, 2017. Disponível em: http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/mercadodetrabalho/171024_bmt_63_07_politica_em_foco_visao_geral.pdf. Acesso em: 07 mai. 2023.

CASTRO, L. B. Privatização, abertura e desindexação: a primeira metade dos anos 90 (1990-1994). In: GIAMBIAGI, Fabio... [et al]. Economia Brasileira Contemporânea. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.

CIESP. História. Disponível em: <http://www.ciespoeste.org.br/sobre/historia/>. Acesso em 12 jan. 2019.

CODACE. Comitê de Datação de Ciclos Econômicos. Rio de Janeiro, 30 de outubro de 2017. Disponível em: <https://portalibre.fgv.br/data/files/F3/C1/F8/E8/A18F66108DDC4E66CA18B7A8/Comite%20de%20Data__o%20de%20Ciclos%20Econ_micos%20-%20Comunicado%20de%2030_10_2017%20_1_.pdf>.

DUARTE, F. J. M.. O liberal-desenvolvimentismo da FIESP nos governos do PT: a construção pragmática de uma agenda político-econômica. Desenvolvimento em Debate (INCT/PPED), v. 8, p. 35-63, 2020.

FERREIRA, F. H. C.; FIRMO, M. G. Uma política social para uma economia competitiva. In: GIAMBIAGI, F.; PORTO, C. Proposta para o governo 2015/2018: Agenda para um país próspero e competitivo. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.

FIESP. Brasil do Diálogo pela Produção e Emprego. 2011. Disponível em: <https://www.fiesp.com.br/indices-pesquisas-e-publicacoes/documento-brasil-do-dialogo-pela-producao-e-emprego/>.

FIESP. Campanha da FIESP “NÃO VOU PAGAR O PATO” é contra aumento e a criação de impostos. Disponível em: <http://www.fiesp.com.br/imprensa/campanha-da-fiesp-nao-vou-pagar-o-pato-e-contra-aumento-e-a-criacao-de-impostos/>. Acesso em 10 jan. 2019.

FIESP. Sobre a FIESP: departamentos. Disponível em: <https://www.fiesp.com.br/sobre-a-fiesp/departamentos/>. Acesso em 10 jan. 2019.

FILGUEIRAS, L. A. M. Política, Economia e Corrupção: A Reconfiguração do Bloco no Poder no Brasil. In: OAPS Salvador, 26 de abril de 2017. Disponível em: <http://www.analisepoliticaemsaude.org/oaps/pensamentos/5be24078b400ab6191da0e8afa8c38f3/11/>.

FUNDAÇÃO ULYSSES GUIMARÃES. Uma ponte para o futuro. Brasília, 29 de outubro de 2015. Disponível em: <https://www.fundacaoulysses.org.br/wp-content/uploads/2016/11/UMA-PONTE-PARA-O-FUTURO.pdf>.

KRUGMAN, P. Que diabos aconteceu com o Brasil? In: IHU, 15 de novembro de 2018. Disponível em: <http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/584650-que-diabos-aconteceu-com-o-brasil>.

MARTUSCELLI, D. E. Poulantzas e o conceito de burguesia interna. Demarcaciones, n.2, 2014.

MARX, K.; ENGELS, F. Manifesto comunista. 4. reimpressão. São Paulo: Boitempo, 2005.

MORAIS, L.; SAAD-FILHO, A. Da economia política à política econômica: o novo-desenvolvimentismo e o governo Lula. Brazilian Journal of Political Economy, 2011, 31.4: 507-527.

PALOCCI FILHO, A. Sobre formigas e cigarras. Rio de Janeiro: Objetiva, 2007.

PINTO, E. C.; BALANCO, P. Estado, bloco no poder e acumulação capitalista: uma abordagem teórica. REVISTA DE ECONOMIA POLÍTICA (IMPRESSO), v. 34, p. 55-78, 2014.

REIS, D. A. O Partido dos Trabalhadores: trajetória, metamorfoses, perspectivas. 2019. Disponível em: <https://www.historia.uff.br/culturaspoliticas/files/daniel4.pdf>.

ROCHA, M. A. Transformações produtivas e patrimoniais no Brasil pós-crise. In: Centro de Gestão e Estudos Estratégicos. (Org.). Dimensões estratégicas do desenvolvimento brasileiro. Brasil: em busca de um novo modelo de desenvolvimento. 1ed. Brasília: Centro de Gestão e Estudos Estratégicos, 2015, v. 4, p. 161-202.

ROMERO, C. País mudou sua matriz econômica, diz Holland. In: VALOR.GLOBO, Brasília, 17 de dezembro de 2012. Disponível em: <https://valor.globo.com/brasil/coluna/pais-mudou-sua-matriz-economica-diz-holland.ghtml>.

ROSSI, P.; MELLO, G. Componentes macroeconômicos e estruturais da crise brasileira: o subdesenvolvimento revisitado. Brazilian Keynesian Review, 2017, 2.2: 252-263.

ROSSI, P.; BIANCARELLI, A. Do industrialismo ao financismo. Revista Política Social e Desenvolvimento, 2015.

SAFATLE, C.; BORGES, J.; OLIVEIRA, R. Anatomia de um Desastre. São Paulo: Portfolio-Penguin, 2016.

SINGER, A. Cutucando onças com varas curtas: O ensaio desenvolvimentista no primeiro mandato de Dilma Rousseff (2011-2014). Revista Novos Estudos, n. 102, Julho, 2015.

SINGER, A. Os sentidos do lulismo. Reforma gradual e pacto conservador. 1. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.

SKAF, P.; HENRIQUE, A.; SILVA, P. P. Um acordo pela indústria brasileira. FOLHA UOL. São Paulo, quinta-feira, 26 de maio de 2011. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz2605201107.htm>.

SOUZA, N. A. Economia Brasileira Contemporânea: de Getúlio a Lula. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 2008.

VILLAVERDE, J. Perigosas Pedaladas: Os bastidores da crise que abalou o Brasil e levou ao fim o governo Dilma Rousseff. São Paulo: Geração Editorial, 2016.

Downloads

Publicado

2025-03-08

Edição

Seção

Artigos