Editorial Português
DOI:
https://doi.org/10.54948/desidades.v0i18.16888Resumo
Frequentemente as injustiças se disfarçam na trama social, quando é mais difícil se dar
conta de algumas situações injustas que clamam por mudanças na sociedade. O processo
de “familialização” das crianças e jovens, termo usado para descrever a invisibilidade destes
atores na dinâmica social a não ser pela ótica de seu pertencimento familiar, determina também a “familialização” das responsabilidades e de uma ética de cuidado em relação à população de crianças e jovens. Seria o caso, por exemplo, de circunscrever as responsabilidades de cuidado àqueles que se gerou -- os próprios filhos e filhas, os descendentes. As “outras” crianças e jovens, assim se crê, devem ser responsabilidade de suas próprias famílias, ou do Estado. Se o fato de ter filhos/as pode até se constituir como uma decisão individual, vir ao mundo significa, de um modo muito mais amplo, tornar-se parte da comunidade humana compartilhando com ela uma longa história, ao mesmo tempo trágica e aventurosa, e um destino. Cada nascimento, como diria Hannah Arendt, instaura a possibilidade de um outro começo para toda a humanidade. Assim sendo, a nova geração representa para todos e todas, um verdadeiro cataclismo de vida e esperança e, portanto, faz sentido perguntar: a quem cabe o cuidado das crianças e jovens a despeito de quem as pôs no mundo?
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