Jovens nem nem brasileiros/as: entre desconhecimento das experiências, espetacularização e intervenções

Autores

  • Paulo Roberto da Silva Junior
  • Claudia Mayorga

DOI:

https://doi.org/10.54948/desidades.v0i23.28068

Resumo

A preocupação com a continuidade do social e os modos ideais de integração dos/as jovens na
sociedade, principalmente os/as de origem popular, torna os jovens nem nem um campo propício
de intervenções por diferentes atores da sociedade. Os incômodos com a inatividade dos/as
jovens pobres estão presentes ao longo da história da juventude brasileira e, na atualidade,
é sob o nome de jovens nem nem que determinadas parcelas da juventude têm ganhado
grande destaque na mídia, nos projetos sociais e nas políticas p’blicas. Analisamos como a
construção do lugar de problema social para os/as jovens chamados/as nem nem é sustentada
por um desconhecimento das experiências dos/as jovens pobres, uma espetacularização do
fenômeno e pela constituição de um conjunto de práticas para solucioná-lo. Reletimos como
essas nomeações reatualizam a noção de jovens perigosos/as do passado e constroem práticas
sociais paradoxais.
Palavras-chave: jovem nem nem, jovem pobre, mídia, intervenção, experiência.

Referências

ABRAMO, H. W. Considerações sobre a tematização social da juventude no Brasil. Revista Brasileira de Educação, Número especial: Juventude e Contemporaneidade, São Paulo: ANPED, n. 5/6, p. 25-36, 1997.

ABRAMOVAY, M. et al. Gangues, galeras, chegados e rappers: juventude, violência e cidadania nas cidades da periferia de Brasília. Rio de Janeiro: Unesco, Instituto Ayrton Senna; Setur; Garamond, 1999.

ADORNO, T. W.; HORKHEIMER, M. Dialética do esclarecimento: fragmentos filosóficos. Rio de Janeiro: J. Zahar, 1985.

ARANTES, E. M. M. Direitos da criança e do adolescente: um debate necessário. Psicologia Clínica (PUCRJ. Impresso), Rio de Janeiro, v. 24.1, p. 45-56, 2012.

CARDOSO, A. Juventude, trabalho e desenvolvimento: elementos para uma agenda de investigação. Caderno CRH (UFBA. Impresso), Salvador, v. 26, n. 68, p. 293-314, Maio/Ago. 2013.

COIMBRA, C. M. B., NASCIMENTO, M. L. DO. Ser jovem, ser pobre é ser perigoso? JOVENes, Revista de Estudios sobre Juventud, México, v. 9, n. 22, p. 338-355, 2005.

DEBORD, G. A sociedade do espetáculo. Comentários sobre a sociedade do espetáculo. 11. ed. Rio de Janeiro: Editora Contraponto, 2007.

FORACCHI, M. M. O estudante e a transformação da sociedade brasileira. São Paulo: Editora Nacional, 1977.

FOUCAULT, M. Microfísica do poder. 12. ed. Rio de Janeiro: Graal, 1996.

GUAZINA, L. O conceito de mídia na comunicação e na ciência política: Desafios interdisciplinares. Revista Debate, Porto Alegre, n. 1, p. 49-64, 2007.

GUIMARÃES, L. G. S. Juventude e Desenvolvimento Social na América Latina: um estudo sob a perspectiva da cooperação. Hegemonia – Revista Eletrônica de Relações Internacionais do Centro Universitário Unieuro. Brasília, n. 13, p. 202-234, Jun. 2014.

HADLER, O. H., GUARESCHI, N., SCISLESKI, A. Observâncias: Sobre psicologia, políticas de segurança e juventude. In: SCISLESKI, A; GUARESCHI, N. (Org.). Juventude, marginalidade social e direitos humanos: da psicologia às políticas públicas. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2015. p. 55-74.

LECCARDI, C. Por um novo significado do futuro: mudança social, jovens e tempo. Tempo Social, Revista de Sociologia da USP, São Paulo, v. 17, n. 2, p. 35-57, 2005.

LEMOS, F. C. S. et al. Algumas interrogações acerca das produções midiáticas sobre a juventude. Fractal: Revista de Psicologia, Niterói, v. 26, n. 2, p. 415-428, Maio/Ago. 2014.

MAYORGA, C. et al. Gênero, feminismo e psicologia social no Brasil: análise da revista Psicologia & Sociedade (1996-2010). Psicologia & Sociedade, Belo Horizonte, v. 28, n. 3, p. 589-603, 2016.

MAYORGA, C. et al. Protagonismo juvenil: a politização do jovem ou a redução da ação política?. In: BARBOSA, J. L.; SOUZA E SILVA, J. SOUSA, A. I. (Org.). Políticas Públicas e Juventude. Rio de Janeiro/RJ: Coleção Grandes Temas do Conexões de Saberes, 2009.

MENEZES FILHO, N. A.; CABANAS, P. H. F.; KOMATSU, B. K. A condição “nem – nem” entre os jovens é permanente? Policy Paper, São Paulo, n. 7, Ago. 2013.

MONTEIRO, J. Quem são os jovens Nem-Nem?: uma análise sobre os jovens que não estudam e não participam do mercado de trabalho. Texto para Discussão n.34, FGV-IBRE, Rio de Janeiro, Set. 2013.

ROSE, N. Inventando nossos selfs: psicologia, poder e subjetividade. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011.

SHAW, C.; McKAY, H. Juvenile delinquency and urban areas. Chicago: The University of Chicago Press, 1928.

SILVA JUNIOR, P. R.; MAYORGA, C. Experiências de jovens pobres participantes de programas de aprendizagem profissional. Psicologia & Sociedade (Online), v.28, n. 2, p. 298-308, 2016.

SOBRINHO, A. L. S. “Jovens de Projetos” nas ONGs: olhares e vivências entre o engajamento político e o trabalho no “social”. 2012. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Federal Fluminense, Rio de Janeiro, 2012.

SOUZA, J. A má-fé da sociedade e a naturalização da ralé. In: SOUZA, L. (Org.). A ralé brasileira: quem é e como vive. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2009. p. 385-431.

SPOSITO, M. P. Juventude e Educação: interações entre educação escolar e a educação não-formal. Educação e Realidade, Porto Alegre, n. 33(2), p. 83-98, Jul/Dez. 2008.

SPOSITO, M. P., SILVA, H. H. C.; SOUZA, N. S. Juventude e poder local: um balanço de iniciativas voltadas para jovens em municípios de regiões metropolitanas. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, v. 11, n. 32, p. 238-257, Maio/Ago. 2006.

TOMMASI, L. “Juventude em pauta”: a juventude como campo de intervenção social. Projeto de Pesquisa, Departamento de Sociologia, Universidade Federal Fluminense, Rio de Janeiro. Documento não publicado. 2010.

TOMMASI, L. Enfoques y prácticas de trabajo con los jóvenes. Una mirada de las organizaciones no gobernamentales brasileñas. JOVENes, Revista de Estudios sobre Juventud, México, v. 9, n. 22, p. 48-69, 2005.

ZALUAR, A. M. Da Revolta ao Crime S.A. Rio de Janeiro: Moderna, 1996.

Downloads

Publicado

19-08-2019

Edição

Seção

TEMAS EM DESTAQUE