Institucionalização da juventude pobre no Brasil: questões históricas, problemas atuais

Autores

  • Marianne de Camargo Barbosa
  • Danichi Hausen Mizoguchi

DOI:

https://doi.org/10.54948/desidades.v0i23.28071

Resumo

Em tempos de retrocesso, nos quais discursos pela institucionalização da juventude pobre e
negra ganham cada vez mais força, faz sentido questionar seus atravessamentos. Tais discursos atualizam o caráter tutelar e punitivo construído historicamente sobre essa juventude e nos provocam inquietações quanto a medidas de abrigamento e internação psiquiátrica. Sendo assim, o presente artigo busca tecer análises sobre os discursos que levam à institucionalização do público mencionado. A passagem por dois serviços destinados ao cuidado de crianças e adolescentes evidenciou a semelhança entre as justiicativas que recorrem ao abrigamento e à internação psiquiátrica dos jovens. As histórias encontradas em ambos os serviços servem de palco a questões sobre a institucionalização da juventude – em abrigos e hospitais psiquiátricos – hoje. Confrontando as histórias e a legislação atual sobre o cuidado com o p’blico infantojuvenil, propomos questionamentos que reletem as marcas deixadas por um longo tempo de criminalização da juventude brasileira e pobre ainda hoje.
Palavras-chave: juventude, abrigamento, internação psiquiátrica, políticas p’blicas.

Referências

ARANTES, E. M. M. De criança ‘infeliz’ a menor ‘irregular’. Vicissitudes na arte de governar crianças. In: RODRIGUES, H. B. C. e JACÓ-VILELA, A. M. (Org.). Clio-Psyché: Histórias da Psicologia no Brasil. Rio de Janeiro: NAPE/UERJ, 1999, v. 1, p. 257-260.

BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da criança e do adolescente. Rio de Janeiro: Imprensa Oficial, 2002.

COIMBRA, C. M. B.; SILVA, M. M.; RIBEIRO, R.S.T. Especialistas do Juizado e a Doutrina de Segurança Nacional. In: NASCIMENTO, M. L. (Org.). PIVETES – A produção de infâncias desiguais. 1ed. Rio de Janeiro: Oficina do Autor e Intertexto, 2002, v. 1, p. 166-197.

COUTO, M. C. V.; DELGADO, P. G. G. Crianças e adolescentes na agenda política a saúde mental brasileira: inclusão tardia, desafios atuais. Psicologia Clínica, v. 27, p. 17- 40, 2015.

FOUCAULT, M. A vida dos homens infames. In: Ditos e escritos, volume IV: estratégia, poder-saber. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2012.

LOBO, Lilia Ferreira. Os infames da história: pobres, escravos e deficientes no Brasil. 2ª ed. Rio de Janeiro: Lamparina, 2015.

MENORES prontos para o ataque. O Fluminense. Niterói, 30 mar. 2017. Disponível em:

http://www.ofluminense.com.br/pt-br/pol%C3%ADcia/menores-prontos-para-o-ataque

. Acesso em 03 de mai. 2018.

NASCIMENTO, M. L.; SCHEINVAR, E. (Org.). Intervenção socioanalítica em conselhos tutelares. Rio de Janeiro: Lamparina, 2010.

RIZZINI, I; RIZZINI, I. A Institucionalização de crianças no Brasil. Percurso histórico e desafios do presente. 1. ed. Rio de Janeiro: PUC-Rio, 2004. v. 1.

SILVA, R. A. No meio de todo caminho, sempre haverá uma pedra. In: Conselho Federal de Psicologia Drogas, Direitos Humanos e Laço Social – Brasília: CFP, 2013, p. 60-72.

TENÓRIO, F. R. A Reforma Psiquiátrica Brasileira, da Década de 1980 aos Dias Atuais: História e Conceitos. História e Conceitos. História, Ciências, Saúde-Manguinhos (Impresso), v. 9, p. 25-59, 2002.

Downloads

Publicado

19-08-2019

Edição

Seção

TEMAS EM DESTAQUE