Discutindo projetos de vida com crianças e adolescentes em vulnerabilidade social
DOI:
https://doi.org/10.54948/desidades.v0i29.43332Resumo
Objetivou-se analisar um trabalho sobre projetos de vida com crianças e adolescentes de uma região periférica de Belo Horizonte, Brasil, que se deu por oficinas de educação em saúde ocorridas em uma instituição filantrópica durante 10 meses. Foram abordados temas como autoconhecimento, autoestima, relações familiares e vínculos afetivos, cuidados com o corpo, cidadania, desigualdades, violências. A análise foi empreendida por meio de questionário diagnóstico aplicado a participantes, atividades realizadas pelo grupo e caderno de campo. Os meninos demonstraram predileção por carreiras de menor qualificação e as meninas por profissões de Ensino Superior. Observou-se a ausência de articulação entre os projetos mencionados e as ações concretas para empreendê-los. A escola não foi mencionada positivamente como um espaço para o alcance dos objetivos. As oficinas de educação em saúde focadas na promoção de projetos de vida se mostraram estratégias potentes para a construção do autoconhecimento, oportunizando a projeção do futuro desejado.
Palavras-chave: projetos de vida, crianças e adolescentes, vulnerabilidade social, educação em saúde.
Referências
AFONSO, M. L. M. (Org.). Oficinas em Dinâmica de grupo: um método de intervenção psicossocial. Belo Horizonte: Campo Social, 2000.
ASSIS, S. G. de; AVANCI, J. Q. Labirinto de Espelhos: Formação da Auto-Estima na Infância e Adolescência. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2004.
AZEVEDO, I. C. de; VALE, L. D.; ARAÚJO, M. G. de. Compartilhando saberes através da Educação em Saúde na Escola: Interfaces do Estágio Supervisionado em Enfermagem. Revista de Enfermagem do Centro Oeste Mineiro, vol. 4, n. 1, p. 1048-1056, 2014.
BARDIN, L. Análise de Conteúdo. 3 ed. São Paulo: Edições 70, 2011.
BOURDIEU, P. Espaço social e poder simbólico. In: BOURDIEU, P. Coisas ditas. 1 ed. São Paulo: Brasiliense, 1990. p. 149–168.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretária de Vigilância em Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Política Nacional de Promoção da Saúde. 3 ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2010. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_promocao_saude_3ed.pdf>. Acesso em: 10 ago. 2019.
CHACHAM, A. S.; MAIA, M. B.; CAMARGO, M. B. Autonomia, gênero e gravidez na adolescência: uma análise comparativa da experiência de adolescentes e mulheres jovens provenientes de camadas médias e populares em Belo Horizonte. Revista Brasileira de Estudos de População, v. 29, n. 2, p. 389–407, 2012.
COSTA, M. C. O.; BIGRAS, M. Mecanismos pessoais e coletivos de proteção e promoção da qualidade de vida para a infância e adolescência. Ciência & Saúde Coletiva, v. 12, n. 5, p. 1101–1109, out. 2007.
DURU-BELLAT, M. Filles et garçons à l’école, approches sociologiques et psychosociales. In: FOURQUIN, J. C. (Org.). Sociologie de l’éducation : nouvelles approches, nouveaux objets. Paris: INRP, 2000. p. 221–287.
FELTRAN, G. de S. Margens da política, fronteiras da violência: uma ação coletiva das periferias de São Paulo. Lua Nova. n. 79, p. 201–233, 2010.
FERRETTI, C. J. Uma nova proposta de orientação profissional. São Paulo: Cortez/Autores Associados, 1988.
FONTANELLA, B. J. B. et al. Amostragem em pesquisas qualitativas: proposta de procedimentos para constatar saturação teórica. Cadernos de Saúde Pública, v. 27, n. 2, p. 388–394, fev. 2011.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 25 ed. São Paulo: Paz e Terra, 2002.
GOMES, F. Z. et al. Adolescentes e construção do projeto de vida: um relato de experiência. Revista do Programa de Residência Multiprofissional em Atenção Básica / Saúde da Família, v. 3, p. 1–14, 2016.
JULIANO, M. C. C.; YUNES, M. A. M. Reflexões sobre rede de apoio social como mecanismo de proteção e promoção de resiliência. Ambiente & Sociedade, v. 17, n. 3, p. 135–154, set. 2014.
LEÃO, G.; DAYRELL, J. T.; REIS, J. B. dos. Juventude, projetos de vida e ensino médio. Educação & Sociedade, v. 32, n. 117, p. 1067–1084, dez. 2011.
MASCARENHAS, M. Aula de projeto de vida prepara jovem para desafios. PORVIR. Disponível em: <http://porvir.org/aula-de-projeto-de-vida-prepara-jovem-para-desafios/>. Acesso em: 19 jun. 2019.
MINAYO, M. C. de S. Contextualização do debate sobre violência contra crianças e adolescentes. In: LIMA, C. A. de. (Org.). Violência faz mal à saúde. Série B. Textos Básicos de Saúde. 1 ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. p. 13–17.
MINAYO, M. C. de S. O desafio do conhecimento. São Paulo: HUCITEC, 2014.
MORAES, S. P. de; VITALLE, M. S. de S. Direitos sexuais e reprodutivos na adolescência: interações ONU-Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, v. 20, n. 8, p. 2523–2531, ago. 2015.
NASCIMENTO, I. P. As representações do projeto de vida dos adolescentes: um estudo psicossocial. Psicologia da Educação, v. 14-15, p. 265–283, 2002.
NAVARRO, A. M. A. S.; ANDRADE, R. G. N. Questões da autonomia e da vulnerabilidade cultural da comunidade da Mangueira do Rio de Janeiro. V Congresso Norte Nordeste de Psicologia, Maceió, 2007.
PÁTARO, C. S. de O.; ARANTES, V. A. A dimensão afetiva dos projetos vitais: um estudo com jovens paranaenses. Psicologia em Estudo, v. 19, n. 1, p. 145–156, mar. 2014.
PICHON-RIVIÈRE, E. O processo grupal. São Paulo: Martins Fontes, 1994.
PILON, A. F. O jovem e seu projeto de vida. Revista de Saúde Pública, v. 20, n. 3, p. 246-252, jun. 1986.
PINHEIRO-MACHADO, R.; SCALCO, L. M. Da esperança ao ódio: a juventude periférica bolsonarista. In: SOLANO, E. (Org.). O ódio como política. São Paulo: Boitempo, 2018. p. 53–63.
PRATTA, E. M. M.; SANTOS, M. A. dos. Família e adolescência: a influência do contexto familiar no desenvolvimento psicológico de seus membros. Psicologia em Estudo, v. 12, n. 2, p. 247–256, ago. 2007.
RICOLDI, A.; ARTES, A. Mulheres no ensino superior brasileiro: espaço garantido e novos desafios. Ex Aequo Revista da Associação Portuguesa de Estudos sobre as Mulheres, n. 33, 1 jun. 2016. Disponível em: <http://exaequo.apem-estudos.org/artigo/33-mulheres-no-ensino-superior-brasileiro-espaco-garantido-e-nov>. Acesso em: 14 jun. 2020.
SARRIERA, J. C. et al. Formação da identidade ocupacional em adolescentes. Estudos de Psicologia, v. 6, n. 1, p. 27–32, jun. 2001.
SENKEVICS, A. S.; CARVALHO, M. P. de. “O que você quer ser quando crescer?”: Escolarização e gênero entre crianças de camadas populares urbanas. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, v. 97, n. 245, p. 179-194, abr. 2016.
SERRÃO, M.; BALEEIRO, M. C. Aprendendo a ser e a conviver. 2 ed. São Paulo: FTD, 1999.
TEIXEIRA, E. J. Juventude pobre, participação e redes de sociabilidade na construção do projeto de vida. 2005. Dissertação (Mestrado em Psicologia) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2005.
UNICEF. Situação Mundial da Infância 2011, Caderno Brasil. Brasil: UNICEF, 2011.
VENTURINI, A. P. C.; PICCININI, C. A. Percepção de adolescentes não-pais sobre projetos de vida e sobre a paternidade adolescente. Psicologia & Sociedade, v. 26, número especial, p. 172–182, 2014.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Todo o conteúdo da Revista está licenciado sob a Licença Creative Commons BY NCND 4.0.