Mobilidade e autonomia na vivência de crianças urbanas: uma etnografia do parque público infantil

Autores

DOI:

https://doi.org/10.54948/desidades.v0i30.46012

Resumo

O estudo teve como foco as crianças em um parque público e fundamenta-se na perspectiva dos estudos sociais das infâncias, para pensar a criança como construtora de possibilidades de ver e viver na cidade e produzir sentidos para aquilo que foi instituído a partir de suas percepções e vivências. Foram realizadas sessões de observação não participante em um parque público da cidade de Recife, tendo como foco as formas de apropriação das crianças, considerando o uso dos equipamentos disponibilizados e as interações com seus pares e seus acompanhantes adultos. A análise aponta o exercício da autonomia da criança, ao escolher parceiros, brinquedos e brincadeiras, e a mobilidade pelos espaços e equipamentos disponíveis. Também se evidenciam as intervenções dos adultos nas formas de organização dos tempos e espaços das crianças. Como conclusão, o estudo reflete a condição de cidadania da criança e o seu direito à cidade.

Referências

ABRAMOWICZ, A. Sociologia da Infância: traçando algumas linhas. Contemporânea: Revista de Sociologia da UFSCar, v. 8, n. 2, p. 371-383, 2018.

AITKEN, S. Do apagamento à revolução: o direito da criança à cidadania/direito à cidade. Educação e Sociedade, Campinas. v. 35, n. 128. p. 675-697, 2014.

ALVES, F. D.; DUARTE, C. T.; SOMMERHALDER, A. Interações entre crianças em brincadeira na educação infantil: contribuições para a construção da identidade. Nuances: estudos sobre Educação, v. 28, n. 2, p. 153-173, 2017.

ANDRADE FILHO, N. F. de; SILVA, R. L.; FIGUEIREDO, Z. C. C. O brincar/jogar como fenômeno transicional na construção da autonomia e da identidade da criança de zero a seis anos. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 27, n. 2, p. 75-90, 2008.

ARAÚJO, A. L. C. Infância e cidade: reflexões sobre espaço e lugar da criança. Aprender: Cadernos de Filosofia e Psicologia da Educação, Vitória da Conquista, v. 1, n.16, p. 107-127, 2016.

ARIÈS, P. História social da criança e da família. Rio de Janeiro: Zahar, 1981.

BELLONI, M. L. Infância, mídias e educação: revisitando o conceito de socialização. Perspectiva, v. 25, n. 1, p. 57-82, 2007.

BORBA, A. M. A brincadeira como experiência de cultura. In: MEC. O cotidiano na Educação infantil. Campinas: Autores Associados, 2009, p. 46- 54.

CHRISTENSEN, P. H. et al. Mobilidades cotidianas das crianças: combinando etnografia, gps e tecnologias de telefone móvel em pesquisa. Educação & Sociedade, v. 35, n. 128, p. 699-716, 2014.

CHRISTENSEN, P. H. Lugar, espaço, conhecimento: crianças em pequenas e grandes cidades. Infância em Perspectiva. São Paulo: Cortez, 2010, p. 143-164.

COHN, C. Antropologia da Criança. Rio de Janeiro: Zahar, 2005.

CORSARO, W. Sociologia da Infância. São Paulo: Artmed, 2011.

COSTA, B. M. F.; LOPES, J. M. Geografia da infância: onde encontramos as crianças? Acta Geográfica, n. esp., p.101-118, 2017.

FARIAS, R. N. P.; MÜLLER, F. A cidade como espaço da infância. Educação & Realidade, v. 42, n. 1, p. 261-282, 2017.

FERNANDES, F. As “trocinhas” do Bom Retiro. Proposições, v. 15, n. 1, p. 229-250, 2004.

FIAES, C. S. et al. Gênero e brincadeira em parquinhos públicos de Salvador (BA). Interação em Psicologia, v. 14, n. 1, p.31-41, 2010.

FINCO, D. F. Relações de gênero nas brincadeiras de meninos e meninas na educação infantil. Pro-posições, v. 14, n. 3, p. 89-101, 2003.

GOMES, A. M. R.; GOUVÊA, M. C. S. A criança e a cidade: entre a sedução e o perigo. In: DEBORTLI, J. A. O.; MARTINS, M. de F. A.; MARTINS, S. (Org.). Infâncias na metrópole. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2008. p. 47-70.

KISHIMOTO, T. M.; ONO, A. T. Brinquedo, gênero e educação na brinquedoteca. Pro-posições, v. 19, n. 3, p. 209-223, 2008.

KRAMER, S. Infância, cultura contemporânea e educação contra a barbárie. Revista Teias, v. 1, n. 2, p.1-14, 2000.

KOHAN, W. O. A infância escolarizada dos modernos. In: KOHAN, W. O. (Org.). Infância: entre Educação e Filosofia. Belo Horizonte: Autêntica, 2005, p. 61-95.

KOHAN, W. O. Vida e morte da infância, entre o humano e o inumano. Educação & Realidade, v. 35, n. 3, p. 125-138, 2010.

KUHNEN, A.; SABBAG, G. M.; VIEIRA, M. L. A mobilidade independente da criança em centros urbanos. Interações (Campo Grande), v. 16, n. 2, p. 433-440, 2015.

LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Técnicas de Pesquisa. São Paulo: Atlas, 2002.

LAZZAROTTO, G. D. R.; NASCIMENTO, M. L. Childhood and city: inventing spaces and ways of living. Fractal: Revista de Psicologia, v. 28, n. 2, p. 257-265, 2016.

MAYALL, B. A History of the Sociology of Childhood. London: Institute of Education Press, 2013.

MONTANDON, C. Sociologia da Infância: balanço dos trabalhos em língua inglesa. Caderno de Pesquisa, n.112, p. 33-60, 2001.

MONTANDON, C; LONGCHAMP, P. Você disse autonomia? Uma breve percepção da experiência das crianças. Perspectiva, v. 25, n. 1, p. 105-126, 2007.

MÜLLER, F. Infâncias nas vozes das crianças: culturas infantis, trabalho e resistência. Educação & Sociedade, v. 27, n. 95, p. 553-573, 2006.

MÜLLER, F. Infância e cidade: Porto Alegre através das lentes das crianças. Educação & Realidade. Porto Alegre, v. 37, n. 1, p. 295-318, 2012.

MÜLLER, F. Mobilidade urbana de crianças: agenda de pesquisa e possibilidades de análise. Educação, v. 41, n. 2, p. 177-188, 2018.

MÜLLER, F.; NUNES, B. F. Infância e cidade: um campo de estudo em desenvolvimento. Educação & Sociedade, v. 35, n. 128, p. 659-674, 2014.

NETO, C.; MALHO, M. J. Espaço urbano e independência de mobilidade na infância. Boletim do IAC, Lisboa, n. 73, separata n. 11, p. 1-4, 2004.

O'BRIEN, M. et al. Children's independent spatial mobility in the urban public realm. Childhood, v. 7, v. 3, p. 257-277, 2000.

PEREIRA, A. S.; OLIVEIRA, E. M. B. Brincadeiras de meninos e meninas: cenas de gênero na educação infantil. Reflexão e Ação, v. 24, n. 1, p. 273-288, 2016.

PROUT, A. Reconsiderando a nova sociologia da infância. Cadernos de Pesquisa, v. 40, n. 141, p. 729-750, 2010.

QVORTRUP, J. A infância enquanto categoria estrutural. Educação e Pesquisa, v. 36, n. 2, p. 631-644, 2010.

RIBEIRO, J. S. B. Brincadeiras de meninas e de meninos: socialização, sexualidade e gênero entre crianças e a construção social das diferenças. Cadernos Pagu, n. 26, p. 145-168, 2006.

RICHARDSON, R. J. Pesquisa Social: métodos e técnicas. São Paulo: Atlas, 1999.

SARMENTO, M. J. As culturas da infância nas encruzilhadas da 2a modernidade. In:SARMENTO, M. J.; CERISARA A. B. (Org.). Crianças e miúdos: perspectivas sociais pedagógicas da infância e da educação. Porto: ASA, 2004. p. 9-34.

SARMENTO, M. J. Gerações e alteridade: interrogações a partir da sociologia da infância. Educação e Sociedade, v. 26, n. 91, p. 361-378, 2005.

SARMENTO, M. J. Infância e cidade: restrições e possibilidades. Educação, v. 41, n. 2, p. 232-240, 2018.

SAYÃO, D. T. A construção de identidade e papéis de gênero na infância: articulando temas para pensar o trabalho pedagógico da educação física infantil. Pensar a prática, v. 5, p. 1-14, 2002.

SIROTA, R. Emergência de uma sociologia da infância: evolução do objeto e do olhar. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, FCC, n.112, p.7-31, mar. 2001.

WHO (World Health Organization). WHOQOL and spirituality, religiousness and personal beliefs (SRPB). Report on WHO consultation. Genebra: MNH/MAS/ MHP/98.2 WHO, 1998, 22 pp.

Downloads

Publicado

30-08-2021

Edição

Seção

TEMAS EM DESTAQUE - SEÇÃO TEMÁTICA: MOBILIDADES E TERRITORIALIDADES DE CRIANÇAS E JOVENS NA AMÉRICA LATINA