UNICEF, (des)colonidades e infâncias: vidas negras importam

Autores

DOI:

https://doi.org/10.54948/desidades.v0i30.46018

Resumo

Este artigo busca problematizar práticas do UNICEF de (des)colonização e, paradoxalmente, de silenciamento e controle dos corpos de crianças e pela atualização dos mecanismos de colonialidades das vidas negras, a partir de uma conversação entre Mbembe, Foucault, Sontag, Carneiro, Gonzalez e Butler. O texto é resultado de pesquisas com documentos do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). Trabalha-se com documentos sobre a situação da infância brasileira, produzidos em português pela referida agência internacional, no país. Problematiza-se o enquadramento das vidas de crianças negras e como elas são construídas como precárias a ponto de serem vulnerabilizadas por mecanismos biopolíticos e necropolíticos de desautorização e interdição discursivos de todos(as) que são classificados(as) como não humanos, logo, alvos de colonização. Por fim, abordam-se fragmentos de relatórios do UNICEF em que os enquadres de guerra biopolíticos e necropolíticos são materializados por tanatopolíticas.

Referências

BOLSANELLO, M. A. Darwinismo social, eugenia e racismo "científico": sua repercussão na sociedade e na educação brasileira. Educar em Revista, v. 12, n. 12, p. 153-165, 1996.

BUTLER, J. Quadros de guerra: quando a vida é passível de luto? Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2018.

BUTLER, J. Vida precária: os poderes do luto e da violência. Belo Horizonte: Autêntica, 2019.

CARNEIRO, S. Racismo, sexismo e desigualdade no Brasil. São Paulo: Selo Negro, 2011.

CASTEL, R. A discriminação negativa: cidadãos ou autóctones? Petrópolis/RJ: Vozes, 2008.

CÉSAIRE, A. Discurso sobre o colonialismo. Tradução Noêmia de Sousa. Lisboa: Livraria Sá da Costa Editora, 1977.

CHAUÍ, M. Brasil: mito fundador e sociedade autoritária. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2006.

CHAUÍ, M. Cultura e democracia: o discurso competente e outras falas. São Paulo: Cortez, 1996.

DOMINGUES, P. O mito da democracia racial e a mestiçagem no Brasil (1889- 1930). Diálogos Latino-americanos [online], v. 6, n. 10, p. 116-131, 2005. Disponível em: <https://tidsskrift.dk/dialogos/article/view/113653>. Acesso em: 15 jan. 2019.

FERNANDES, F. Significado do protesto negro. São Paulo: Cortez, 1989.

FOUCAULT, M. A ordem do discurso. São Paulo: Loyola, 2004.

FOUCAULT, M. Em defesa da sociedade. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

FOUCAULT, M. Os anormais. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

FOUCAULT, M. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal, 1979.

FOUCAULT, M. Nascimento da biopolítica. São Paulo: Martins Fontes, 2008b.

FOUCAULT, M. Segurança, território e população. São Paulo: Martins Fontes, 2008a.

GONZALEZ, L. Racismo e sexismo na cultura brasileira. Ciências Sociais Hoje, v. 2, n. 1, p. 223- 244, 1984.

MBEMBE, A. Crítica da razão negra. Tradução Marta Lança. Lisboa: Antígona, 2014.

MBEMBE, A. Necropolítica. São Paulo: N-1, 2018.

MBEMBE, A. Sair da grande noite. Ensaios sobre a África descolonizada. Petrópolis/RJ: Vozes, 2019.

SCHUCMAN, L. V. Entre o "encardido", o "branco" e o "branquíssimo": raça, hierarquia e poder na construção da branquitude paulistana. 2012. Tese (Doutorado em Psicologia) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012.

SONTAG, S. C. Contra a interpretação e outros ensaios. São Paulo: Companhia das Letras, 2020.

SONTAG, S. C. Diante da dor dos outros. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.

SONTAG, S. C. Sobre a fotografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.

SPIVAK, G. C. Pode o subalterno falar? Tradução Sandra Regina Goulart Almeida, Marcos Pereira Feitosa e André Pereira Feitosa. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2010.

UNICEF. O impacto do racismo na infância. Brasília: UNICEF, 2010.

WEINMANN, A. O. Infância: um dos nomes da não razão. Brasília: Editora UNB, 2014.

Downloads

Publicado

30-08-2021

Edição

Seção

TEMAS EM DESTAQUE