Licença parental e os processos de constituição subjetiva do bebê

Autores

DOI:

https://doi.org/10.54948/desidades.v0i33.50160

Palavras-chave:

licença parental, constituição subjetiva, estágios de dependência, saúde da família

Resumo

O objetivo do presente artigo é discutir as problemáticas referentes aos períodos de licença maternidade e paternidade no Brasil diante das demandas de constituição subjetiva do bebê apontando para a licença parental como estratégia de suporte social e promoção de saúde da família. Para isso, discutiu-se, a partir de revisão de literatura não sistemática, os estágios de dependência emocional propostos por Winnicott, bem como a paternidade participativa e as diretrizes do Ministério da Saúde sobre aleitamento materno, que estão em dissonância com o período de licença concedido às mães brasileiras. Por fim, discutiu-se a implementação da licença parental como medida de promoção de saúde apontando para a importância da aprovação do Projeto de Lei 1974/21 que tramita na Câmara e versa sobre a instituição da licença parental no Brasil.

Biografia do Autor

Mariana Gouvêa de Matos, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

Doutora em Psicologia Clínica pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUCRio), Brasil. Professora do curso de especialização em Psicoterapia de Família e Casal (PUC-Rio). Pesquisadora autônoma

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Publicado

14-11-2022

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Seção

TEMAS EM DESTAQUE - SEÇÃO TEMÁTICA: BEBÊS